Cautela com exterior e Ibope
O dólar continua subindo no exterior, por conta do aumento da aversão ao risco, impulsionada, nessa fase, pelos problemas oriundos nos emergentes. O anúncio das medidas de ajuste fiscal na Argentina pode trazer um fôlego ao peso, mas sua estabilização depende, no curto prazo, da liberação dos recursos do FMI e, no médio prazo, da manutenção de um ambiente político relativamente estável no país.
As bolsas estão caindo na Europa, junto com os futuros dos EUA, em um dia que promete aumento da aversão aos riscos. A volta do feriado recoloca as questões relativas à ofensiva americana em relação à China, à UE e ao Canadá. Em todas essas frentes as ações do governo Trump indicam que o recrudescimento no tratamento comercial continuará. Os futuros do S&P500 e do Nasdaq operam em queda moderada.
O petróleo teve a sua trajetória recente de alta intensificada com a possibilidade de furacão no golfo do México. Algumas plataformas foram evacuadas e isso aumentou as expectativas em relação ao recuo da oferta. O barril WTI está sendo negociado a US$ 71,24, com alta de mais de 2%.
As altas simultâneas do petróleo e do dólar colocam um desafio à Petrobras: apesar da disposição da atual direção, de manter uma política ativa de repasses dos aumentos aos consumidores de diesel e gasolina, ela não pode fugir das restrições objetivas a essas altas. A empresa se defronta com uma tendência de alta inequívoca dos preços internacionais do petróleo e do dólar, diante de uma demanda que terá dificuldades para absorver os repasses desses aumentos.
Os caminhoneiros sinalizaram, em sua greve de maio, que a política de aumentos pode disparar reações fortes desse setor, que implicam em prejuízos, ou para empresa, ou para o setor público. A alocação dos investimentos no setor pode se desorganizar, à medida que o governo tente resolver os conflitos.
No lado da gasolina, os consumidores têm um limite para absorver as altas do combustível e deve reagir com a queda da demanda. Apesar de ser uma monopolista, a Petrobrás enfrenta uma demanda que é sensível (elástica) aos aumentos de preços. A demanda por diesel e petróleo deve recuar, as pressões políticas sobre o governo devem aumentar e, por fim, a pressão sobre a inflação deve se intensificar, à medida que esses aumentos forem percebidos como permanentes.
O IBGE anunciou os resultados da Pesquisa Industrial Mensal e eles mostram recuo da atividade manufatureira em julho, de 0,2%. As quedas de bens de capital (-6,2%) e bens de consumo (-1,2%) foram compensadas pela alta de bens intermediários (+1,0%). A notícia mais importante desse indicador é que o IBGE considera que as influências da greve dos caminhoneiros acabaram. O terceiro trimestre teve seu primeiro indicador anunciado e ele indica que teremos outro período de atividade muito fraca.
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