O Gosto e o Bolso
Algumas regras para escolher uma boa ação.
Na última nota que escrevi para este “site” (Regras simples para decidir o valor de uma ação) apontei alguns problemas relacionados com o conflito que enfrentamos no processo de escolher uma ação. O problema é simples com uma resposta complexa. Relutamos na hora de escolher uma ação porque existe um conflito mental e natural entre o útil (necessidade) e o agradável (o prazer). Como diz o ditado – tudo que é bom engorda e faz mal a saúde. Sabe-se que o enjoou das mulheres grávidas é uma defesa natural do organismo para proteger o feto contra as toxinas de certos alimentos. O contraste entre as parturientes e os investidores é marcante. Estes não devem investir somente aquilo que gostam porque faz mal ao bolso, e aquelas devem comer o que gostam porque faz bem a saúde!
"Sabemos que devemos comprar na baixa e vender na alta, mas quando a maioria está vendendo na baixa, fazemos o mesmo para evitar prejuízo e, perdemos. Por outro lado, quando a maioria está comprando na alta fazemos o mesmo e, perdemos com a desculpa de que precisávamos aproveitar a oportunidade"A dicotomia entre o prazer e a necessidade financeira produz as toxinas que transformam o mercado num ambiente enganoso e cruel. A propensão da maioria é de trabalhar mais com a emoção do que com a razão e sofre as consequências do relaxamento. Temos dificuldades para fugir do conflito entre o necessário e o agradável. Somos vítimas de nossa formação biológica. E, por isso, somos nervosos, apressados e, às vezes, agimos de forma irracional e precipitada. Não tomamos os devidos cuidados na nossas decisões financeiras e arrastamo-nos pela avenida dos prazeres pregando uma racionalidade infundada. Sabemos que devemos comprar na baixa e vender na alta, mas quando a maioria está vendendo na baixa, fazemos o mesmo para evitar prejuízo e, perdemos. Por outro lado, quando a maioria está comprando na alta fazemos o mesmo e, perdemos com a desculpa de que precisávamos aproveitar a oportunidade. O cerne da solução é conciliar os desejos emocionais de tal modo que não contrariem a racionalidade financeira.
Parece que os bons investidores intuitivamente reconhecem o problema e tornam-se pessoas solitárias que agem independentemente da multidão. Eles não entram na “onda” porque sabem que todas bolhas econômicas foram provocadas por paixão, ganância e astúcia de uma minoria infiltrada para provocar o estouro da boiada crédula na miragem da fortuna fácil. Tudo isso já foi documentado mas pouco lido e apreciado porque não convém à nossa necessidade emocional. E assim caímos naquela velha historia do sujeito que diz – não me confunda com os fatos porque já tomei minha decisão!
Infelizmente, ainda não temos totalmente a salvaguarda da força mental pra nos proteger da lassidão indolente que provoca erros grosseiros em nossas decisões financeiras. A mente pode nos proteger da impaciência e da arbitrariedade de nossas emoções. Todavia, temos que ter cuidado e ser livres para pensar e agir, pois quando a mente não consegue nos libertar da força da paixão, transforma-nos em covardes que se curvam à tirania das multidões.
"A melhor forma para se proteger das emoções é se agarrar e seguir, à risca, uma metodologia lógica e consistente"A tarefa não é fácil, como aludi acima, mas apesar da formação natural que gera emoções que contrariam a força de vontade ainda existe bastante espaço para avançarmos de forma prazerosa sem afrontar a racionalidade. A melhor forma para se proteger das emoções é se agarrar e seguir, à risca, uma metodologia lógica e consistente.
Na ultima nota, apresentei uma ideia simples de como escolher uma boa ação. Agora, aproveito para adicionar uma forma ou uma técnica mais complexa, porém mais factível e menos falível entre todas que conheço. Infelizmente, ela exige paciência, cuidados e alguns conhecimentos de análise gráfica, mas ajuda eliminar o conflito mental que domina as decisões. A ideia é conciliar o desejo de ter algo agradável mas que produza resultados financeiros positivos. Não podemos negar o poder de nossas emoções, mas precisamos reconhecê-lo para nos proteger de seus efeitos negativos. Vejamos alguns pontos.
Primeiro – deve-se trabalhar com ações de qualidade. Caso, o leitor não tenha tempo ou prazer para escolher e analisar uma determinada ação, fique com aquelas mais conhecidas e prestigiadas pelo mercado. Em geral, elas são boas e tem um volume grande de negócio que facilita a venda na hora da necessidade. Neste caso, sugiro que o leitor verifique a lista de ações brasileiras negociadas no mercado americano. Este site, entre outros: stockrake, trás uma lista completa.
Segundo – é melhor comprar ações que já caíram de preço, mas estão numa tendência de alta.
Terceiro – compare o preço histórico da ação com a média de preço das ações do ramo, como expliquei na última nota. Para isso, deve-se usar um índice de preço do setor. Na ausência deste, devemos nos valer da média do mercado. O índice Bovespa serve. Ações que subiram muito acima da média são candidatas a queda, e as que caíram abaixo da média, eventualmente vão se alinhar com o mercado – lei natural de regressão.
Quarto – compre somente no recuo dos preços. Olhando para qualquer tendência de alta, podemos ver que os preços recuam de vez em quando. Estes recuos são os melhores pontos de compra. Existem uma variedade de técnicas gráficas que ajudam aproveitar esses pontos e aumentar o rendimento do investimento.
Quinto – não compre ação sem tendência definida ou em tendência de baixa na esperança de que ela pode subir. Paciência! – É melhor esperar sem perder do que se apressar e levar prejuízo!
Boas pesquisas e bons lucros!
Fonte:InvestMax
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