domingo, 27 de janeiro de 2019

Marink Martins: O encontro entre a Vale e a Volatilidade- Opinião - 27/01/2019 -

Por Marink Martins, do blog MyVol e autor da newsletter Global Pass
Opinião - 27/01/2019 - 

A paixão de Christopher Cole, gestor da Artemis Capital Management, pelo tema volatilidade é algo inspirador. Para Cole só há uma classe de ativos e essa é, sem dúvida alguma, a VOLATILIDADE.
Diz ele, “you are either long or short volatility!” (em tradução livre, você está sempre exposto a volatilidade; seja para o bem ou para o mal). Observe que mais de 95% de todas as exposições nos mercados estão expostas negativamente a aumentos na volatilidade. Isso é normal, pois operações que se beneficiam de um aumento na volatilidade normalmente tem um carregamento negativo; isto é, custam dinheiro. Pense em um seguro de automóvel. Tal proteção vem com um boleto a ser pago. Nos mercados todos querem receber o valor do boleto, e não ter que pagá-lo.
Sua visão quanto ao mundo se assemelha aquela descrita por Nassim Taleb em seu livro O Antifragil. Se você está simplesmente comprado em uma ação, o mais provável é que você jamais tenha pensado estar exposto negativamente à volatilidade (“short vol”). Mas, para Chris Cole, sua aposta é, em grande parte, uma que se beneficia da manutenção do status quo e/ou da expectativa de uma eventual reversão à média.
Abordei justamente este tema durante a apresentação que fiz na última quinta-feira para os assinantes do Clube dos Ganhos Absolutos que gerencio através da Inversa Publicações. O título da apresentação era “Short VOL com um TWIST”, justamente explicando que buscamos lucrar com a passagem do tempo, porém, implementando uma estratégia defensiva que nos protegerá em caso de situações voláteis.
Situações estas como a que será enfrentada por acionistas da Vale na próxima segunda-feira. Não posso prever a magnitude do “gap” negativo na abertura das negociações na segunda-feira, mas posso afirmar que a volatilidade associada ao preço da ação da Vale ficará elevada por um prazo de, no mínimo, 3 meses.
Como um “hardcore” no mundo da volatilidade, Chris Cole gosta de descrevê-la como um instrumento em busca da verdade. Diz ele, de forma quase poética:
Volatility is no different in markets than it is to life.
(A volatilidade que afeta os mercados é a mesma presente em nossas vidas)
Regardless of how it is measured volatility reflects the difference between the world as we imagine it to be and the world that actually exists
(Independente da forma como esta é medida, ela reflete a diferença entre o mundo que imaginamos e o real)
We will only prosper if we relentlessly search for nothing but the truth, otherwise the truth will find us through volatility
(Só iremos prosperar a partir do mundo que sairmos em busca do real; caso contrário a verdade, ou aqui “o real”, nos achará através da volatilidade)
Na próxima segunda-feira a Vale tem um encontro marcado com a  Volatilidade! Ou será a Volatilidade que sairá em busca da Vale? 
A percepção de uma empresa bem administrada, grande geradora de caixa e na iminência de entrar em uma longo ciclo de distribuição de dividendos se encontrará com uma realidade divergente!
Não quero aqui ser leviano com uma empresa que reconheço dispor de ótimos profissionais. Mas, neste momento em que a empresa se prepara para distribuir bilhões de reais a seus acionistas, não há como não questionar o tratamento dado pela diretoria e Conselho de Administração ao quesito SEGURANÇA.
Será que as autoridades reguladoras e o estado irão punir a Vale da mesma forma como fizeram no caso de Mariana? Ou será que perceberão que é necessário algo mais relevante, mais alinhado com a punição que foi dada a empresa British Petroleum (BP) no caso da explosão da plataforma Deep-Water Horizon no campo de Macondo em 2010?
Entre multas e outros custos associados ao estrago provocado pelo acidente, a BP teve que pagar mais de US$60 bilhões; uma quantia superior a 40% de seu valor de mercado.
Tudo isso só o tempo irá dizer. Até lá prepare-se para ter uma boa relação com a visita da Volatilidade.

Fonte: MONEY  TIMES

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