A pergunta que dá título a este artigo é bastante capciosa. Ser) rico é ganhar milhões na loteria? É poder comprar iates? Nunca mais ter de trabalhar? Pois é, talvez seja algo muito mais próximo do que você imagina.
Primeiramente, pare para pensar no quanto você ganha por mês – isso incluindo seu salário e todas as rendas extras. Em seguida, pense no que você consome deste valor com os gastos e investimentos do dia a dia. Após essa conta, o que você encontra de saldo? Um valor positivo ou negativo?
Já tratamos no Terraço Econômico dessa conversa entre arrecadação e gastos para o caso do governo. A condição de financiamento dele é diferente, uma vez que, ao menos teoricamente, ele é o ente com maior poder garantidor de devolução corrigida de valores emprestados. Justamente por ter uma possibilidade de crédito muito mais limitada que o governo que vale a pena colocar na ponta do lápis essa conta de que saldo você encontra no fim do mês.
Se você faz parte do grupo de quase 65 milhões de pessoas com inadimplência, sabemos que infelizmente a resposta para a pergunta é “encontro um saldo negativo ao final do mês”. Todos temos imprevistos, mudanças bruscas e necessidades novas, é algo a qual todos estamos sujeitos. Mas, tirando as situações não previstas, é muito interessante que você esteja preparado para não cair nessa estatística.
A segunda possibilidade é que você se encontre no imenso grupo de pessoas que não possuem reserva financeira – segundo dados mais recentes, essa é a situação de 65% dos brasileiros (importante notar que deve haver sobreposição entre os dados de quem não tem reserva financeira e quem está no grupo de inadimplentes descrito acima). A crise econômica pela qual ainda estamos passando fez com que o apertar de cintos fosse grande o suficiente para que todos – sim, todos – tivessem de mudar hábitos e consumir reservas disponíveis.
É possível ainda que você esteja num terceiro grupo e, se você estiver, está em situação privilegiada. Este é o grupo dos brasileiros que consegue guardar dinheiro – segundo dados recentes, 22% da população está aqui.
Você deve estar lendo tudo isso e pensando: tudo bem, mas o que isso tem a ver com a pergunta que dá título a este artigo?
Seguindo a definição do IBGE a respeito das classes econômicas por via da renda, que utiliza a relação de salários mínimos por família, você está na classe E se a renda familiar for de até dois salários mínimos, na classe D se essa renda for entre dois e quatro salários mínimos, classe C se estiver entre quatro e dez, B se estiver entre dez e vinte e A se a renda familiar for superior a vinte salários mínimos.
Porém, esta definição leva em consideração o quanto as famílias recebem de renda, não o saldo no final do mês – que colocaria então as famílias no grupo “inadimplência”, “empatando o jogo” ou “com reservas”.
Chegamos então ao ponto de encarar a pergunta do título, finalmente. Já parou para pensar que “ser rico” depende muito mais do que você consegue fazer com sua renda do que especificamente com o que você demonstra ter com ela? No final das contas, vai importar mais o quanto sobra do que o quanto você ganha, independente do quanto você ganhar.
Peguemos dois exemplos extremos para demonstrar como “o que importa é o que sobra depois dos gastos” é uma verdade.
Em termos de fazer dinheiro, o que você me diria do Michael Jackson? Devia faturar alto, ganhar um bom dinheiro, correto? Sim, correto. Ainda assim, após seu falecimento, dívidas de alta monta – superando a faixa dos US$500 milhões – ficaram para trás. As causas podem ser diversas, mas envolvem diretamente a má gestão do dinheiro recebido (ou seja, o não controlar desse saldo entre o que entra e o que sai).
Já do lado de uma entrada menor de dinheiro por mês: e se eu te disser que um taxista que comprou seu primeiro sapato aos 15 anos tem hoje imóveis, carros e até conseguiu dar um apartamento para sua filha? Independentemente da área que o taxista tenha trabalhado – pode ser a área mais nobre e cara do país -, ele não ganhava mais dinheiro que o Michael Jackson. Ainda assim, em termos de nossa discussão do saldo no fim do mês, encontra situação mais favorável do que o Rei do Pop.
Provavelmente esse é o momento em que você diz que são situações extremas. Mas, se um quinto da população consegue guardar dinheiro para o futuro, como é que será que ela faz?
Pense na frase de Warren Buffet – que, mesmo sendo uma das pessoas mais ricas do mundo, valoriza bastante seu dinheiro, por exemplo morando na mesma casa que comprou em 1958 – e busque encontrar uma resposta:
“Não guarde o que resta depois de gastar, gaste o que sobrou depois de guardar.”
E se você colocasse seu “eu de amanhã” em seu próprio orçamento? Não precisa ser muito. Dez, vinte, cinquenta, cem reais por mês, todos os meses, ao longo de anos, farão seu futuro ser mais suave e seu presente mais tranquilo.
Fonte: ADVFN
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