sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Zé Arara – Maior Comprador de Ouro da História de Itaituba morre em Santa Catarina

Zé Arara – Maior Comprador de Ouro da História de Itaituba morre em Santa Catarina
Morre José Cândido de Araújo, o lendário “Zé Arara”, o rei do ouro









Faleceu em Florianópolis-SC, o senhor José Cândido de Araújo, o lendário “Zé Arara”, encerrando sua trajetória hollywoodiana. Maranhense de Santa Quitéria, mas que criou sua grife em Itaituba, no Pará, tornando-se o maior comprador de ouro da história do Brasil. Centenas de kg do metal precioso por dia. Coisa de ir a São Paulo, de jatinho, pela manhã, e devido ao volume de negócios, voltar no mesmo dia à “Cidade Pepita”, apesar de ter um confortabilíssimo apto na megalópole “Cidade da Garoa”.



Chegou a possuir muitas aeronaves pequenas. Comandou, por muito tempo, o famoso Garimpo Patrocínio, um dos maiores da região. Implantou o hotel “Pousada das Araras”, na paradisíaca Parnaíba-PI.



Na inauguração, no fim dos anos 80, levou vários amigos de Itaituba, em seus aviões. Os que iam em outros, na rota, em escala, bastava dizer: “Sou convidado do Zé Arara”. Pronto. Combustível liberado.

Em sua história empresarial, ajudou muita gente a levantar um patrimônio considerável. Digamos que foi “pai de muitos”. Excêntrico, porém, com um grande coração.

Nas décadas de 60, 70 e 80, o aeroporto de Itaituba foi um dos mais movimentados do Brasil, em termos de aeronaves pequenas.



Tempos do Ouro - Globo Repórter - Registro Histórico



A cidade foi chamada de último faroeste brasileiro, a capital dos garimpos. No auge da febre do ouro, Itaituba recebia hordas de gente vinda de todos os cantos do país. Vinte toneladas de ouro por ano chegaram a ser extraídos dos garimpos do Alto Tapajós no fim dos anos 80.



Mesmo com a decadência da mineração no rio do ouro, eles não perderam a esperança. Dos mais de 700 garimpos, só 200 ainda estão em funcionamento. A produção não chega a três ou quatro toneladas por ano.



Zé Arara é o mais lendário garimpeiro do Tapajós. Na década de 60, foi o garimpeiro mais famoso da Amazônia. Ele formou um império, no município de Itaituba, de aviões, mansões, fazendas, muito dinheiro, tudo tirado do ouro. Aí veio a crise e ele teve que recomeçar tudo.



“Antes da crise fui o único brasileiro que vendeu na faixa de 40 toneladas de ouro ao governo brasileiro”, conta ele. Zé Arara perdeu muito, mas nunca foi um garimpeiro de alma livre, capaz de gastar em uma noite, com mulheres e bebida, tudo o que levou meses para ganhar.

Ao contrário, ele construiu um patrimônio. “Além de ter um jato, tinha 15 aviões pequenos e quatro bandeirantes”, ressalta. Um problema com o jato em Itaituba fez com que Zé Arara trasladasse o avião de volta para a fábrica, em Nova York.



“O avião explodiu no ar. Morreram dois tripulantes, dois comandantes e dois mecânicos. Para eu desenrolar esse rolo e não ser preso nos Estados Unidos, tive que gastar 200 quilos de ouro”, conta o garimpeiro.



Desde então, ele está sem sair do garimpo. São onze anos pagando dívidas. “Não devo mais, agora estou lutando para reerguer nosso negócio”, conta. Zé Arara se diz dono de 23 mil hectares de terra, toda a área do garimpo de Patrocínio. Mesmo assim, os moradores criaram uma associação e querem transformar a região em uma comunidade.



Zé Arara se sente ameaçado. “Temo até pela minha segurança. Hoje, estou recomeçando aos 70 anos”, ele diz. O garimpo não é mais como antes. Das dez mil pessoas que buscavam ouro em Patrocínio só restam duas mil.




Fonte: O Liberal

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