"O ourives é um artesão que transforma ouro bruto em joias. Exige dom e anos de experiência", define Wagner Bieniek que aprendeu a ourivesaria ainda menino com o pai Ervino Bieniek
A arte de moldar ouro atravessou geração. Foi com o pai, Ervino Bieniek, um mestre formador de muitos ourives da região, que Wagner Bieniek, 48, aprendeu o ofício com que lida até hoje. Viver desde criança entre brutas ferramentas e joias delicadas lhe rendeu a experiência suficiente para continuar o trabalho com a facilidade de quem já nasce com o ofício cravejado no destino. Hoje soma 38 anos de trabalho como ourives, tempo que faz guardar muitas histórias em uma atividade praticamente artesanal.
Na frente, o atendimento da loja, ao fundo, por cima de uma escada caracol, a oficina. Ferramentas, instrumentos, peças e funcionários trabalhando sentados enquanto a TV mostrava a programação local. "O ourives é um artesão que transforma ouro bruto em joias. Exige dom e anos de experiência", define o proprietário da loja.
Ele recebe o ouro bruto dos fornecedores, derrete e inclui as ligas que tornam 24 quilates (99,9%) em 18 quilates (75%). Desse produto é que saem as mais variadas formas de pingentes, anéis e correntes, material acostumado a trabalhar desde os 11 anos, seja consertando ou criando novos itens para um mercado muito tradicional. "É um trabalho bastante antigo, mas que se renova sempre, seja em um tipo de cravação ou na tecnologia para manusear o material", ensina.
As joias possuem valor comercial muito grande, mas a questão é que, normalmente, elas contêm alto grau de valor sentimental. Bieniek já trabalhou em joias que atravessaram gerações e já viveu muitos apuros também. "Uma vez perdi um diamante até grande, era de uma cliente. Fizemos uma varredura total, peneiramos e nada. Para avisar a cliente, foi bem triste, nós sabíamos que estava aqui, mas não sabíamos onde", recorda. Três dias depois, encontraram a peça no canto de uma das ferramentas. "Eu fiz oração para Nossa Senhora e ela me mostrou no sonho. Eu me arrepiei inteiro quando eu achei a pedra."
Além de perder - e achar - uma peça de valor comercial e sentimental, também presenciou o arrependimento de alguns clientes, mas não por sua culpa. "Aconteceu mais de uma vez uma pessoa terminar o relacionamento, vir aqui pedir para derreter aliança, depois reatar e correr para desfazer o pedido. Já devolvi a peça antes do processo, mas já aconteceu de não dar tempo de resgatar também", ri com o fato.
Anel, aliança, pulseiras, colares, pingentes, são vários trabalhos realizados em uma oficina cheia de equipamentos e ferramentas. Entre os serviços mais procurados estão a produção de alianças e consertos pequenos de correntes que arrebentam. Uma atividade que exige tanta concentração e delicadeza, o profissional precisa trabalhar com lupa para lidar com peças de até 0,5 mm.
É preciso ter muita responsabilidade e compreensão sobre o valor que vai além do dinheiro, coisa que ele vivencia no trabalho e na família. "É muito gratificante. Você vê a alegria da pessoa na hora que ela pega a peça. Vi famílias em que veio a avó, a filha e depois a neta, acompanhei a joia passando de uma para outra, porque é o melhor presente que tem, uma coisa eterna. Na minha família, quem vai receber um presente meu já sabe que vai ganhar uma pecinha", sorri.
Fonte: Portal do Geologo
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