segunda-feira, 18 de março de 2019

Morgan Stanley enxerga ativos de risco “ricamente avaliados” no Brasil

Morgan Stanley enxerga ativos de risco “ricamente avaliados” no Brasil




Valter Outeiro da Silveira - 18/03/2019 - 12:36
Wealth Management do banco norte-americano enxerga panorama econômico nebuloso
“Navegando na terra de ninguém”. É com esta afirmação que a equipe de Wealth Management do Morgan Stanley inicia relatório semanal sobre investimentos, no qual aponta nebulosidade em torno do horizonte dos mercados financeiros para este ano, “embora muitos mercados já tenham ultrapassado as projeções de retorno”.
Para os analistas do banco norte-americano, os mercados estão precificados em panorama com crescimento decente, sem inflação, incertezas no comércio internacional e indefinição no uso de ferramentas monetárias pelos bancos centrais ao redor do mundo. “Ações e títulos possuem pouco suporte de valuation”, dispara o Morgan Stanley.
Neste sentido, a equipe de research avalia que os investidores tem muito o que se atentar, mas pouco escopo de ação. “Com pouco espaço para maiores surpresas cautelosas complementares do Federal Reserve, a extensão das exposições nos portfólios requerem convicção em um fim das contrações nos lucros e, por sua vez, forte recuperação econômica no segundo semestre”.

Goldlock predomina

Destacando ainda a falta de previsibilidade com o cenário futuro, o Morgan Stanley destaca que “em alguns momentos, os mercados entram em fases nas quais as contracorrentes econômicas são tão fortes que a direção não é discernível, a maior parte dos valuations das classes de ativos parece justamente avaliadas”, com dificuldade na identificação de catalisadores.
“Acreditamos que estamos em um destes períodos frustrantes”, afirmam os analistas, ainda em destaque ao momentum “Goldlock” na economia, em que o crescimento não é capaz de gerar inflação, tampouco capaz de provocar recessões.
Em meio ao panorama, o Morgan Stanley aponta dificuldade de dar suporte a recomendações overweight (alocação acima da média do portfólio) ou underweight (exposição aquém da média da carteira de investimentos) em relação aos benchmarks estratégicos.
Como decorrência, “este é um período para ser paciente e deixar o ciclo de mercado e o ciclo de negócios se revelarem por si só”. Para o banco, existem três variáveis para se atentar no segundo semestre: retomada da inlação nos EUA, desvalorização do dólar frente as principais divisas e aceleração nos investimentos ao redor do mundo.
“Considerem realizar lucros em ativos com performances acima da média no acumulado do ano para realizar alocações estratégicas de ativos”, completa a equipe de Wealth Management do Morgan Stanley.

Setor financeiro atrativo

Dentre as classes de ativos existentes na renda variável de todo o mundo, os mercados com P/L (Preço/Lucro) mais baixo permanecem os emergentes, com relação de 12 vezes. Para efeitos de comparação, os P/E dos índices S&P 500 e MSCI AC World estão atualmente em 16,4 vezes e 14,8 vezes – respectivamente.
Em relação aos setores do S&P 500, os múltiplos mais atrativos são os do setor financeiro, com P/L de 11,7 vezes para 12 meses. Por sua vez, o setor imobiliário detém múltiplo mais elevado, na casa de 18,9 vezes.

Valuation esticado

Em relação as variáveis macroeconômicas e o momentum das mesmas, o Morgan Stanley lista recomendações para o Brasil. Os analistas avaliam as estimativas para a inflação como “baixas e moderadas”.
O banco manteve a visão de que a “estabilidade política dá suporte à recuperação”, agora com viés “neutro” frente ao crescimento econômico, enxerga curva de juros mais “steepening” (com a parte mais longa da curva em alta e a parte mais baixa em queda), viés mais pessimista em relação a confiança, acredita que os “ativos de risco estão ricamente avaliados” e projeta expectativas de lucros descendentes para as companhias brasileiras.


Fonte: MONEY TIMES

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