Ainda existe um fator capaz de impulsionar os mercados para novas máximas?
Por Charley Blaine/Investing.com
Já percorremos um terço do ano de 2019, e os mercados acionários nos EUA e no mundo mostram solidez. A maioria dos principais índices pode registrar novas máximas – possivelmente daqui a uma ou duas semanas.
Mas a recuperação iniciada após o Natal perdeu força. O mais importante, no entanto, é que o combustível para impulsionar os mercados além dos picos do ano passado ainda não apareceu. Além disso, tensões políticas podem provocar a queda dos mercados.
Quase todos os mercados tiveram uma grande valorização em janeiro, em parte porque os investidores encontraram barganhas depois da queda feia ocorrida no quarto trimestre de 2018, que foi o pior trimestre para as ações americanas desde 2011. Desde então, os ganhos continuaram, mas têm sido muito menos intensos.
Em dezembro, o Dow teve alta ou queda 1% em 12 dias distintos; o S&P 500 e o NASDAQ Composto tiveram desempenho similar em 10 dias diferentes. Até agora em abril, só houve dois dias assim no Dow e um no S&P 500 e no NASDAQ.
Os mercados na Europa se comportaram de forma parecida e, em sua maioria, tiveram valorização.
O DAX da Alemanha subiu cerca de 16%. Apesar dos distúrbios causados pelo Brexit, o FTSE 100 do Reino Unido subiu 11%. O Nikkei do Japão teve alta de 10,4%. O Sensex da Índia subiu 8,5%, enquanto o Bovespa do Brasil, que está fortemente atrelado à gigante do petróleo Petrobras (NYSE:PBR), valorizou-se 7,6%.
A única exceção a esse padrão é o Xangai Composto da China, que subiu 30% neste ano graças às constantes notícias de que o país finalmente firmaria um acordo com os Estados Unidos para pôr fim à atual disputa comercial entre as duas potências. O desempenho do Xangai tem sido muito melhor do que a queda de 25% sofrida pelo índice em 2018.
Som e fúria no mercado americano, mas sem ganhos reais desde 2017
Qualquer nova pernada de alta requer um fator que seja pelo menos tão poderoso quanto o combustível que fez as ações americanas dispararem 40% após a vitória do presidente Trump nas eleições de 2016: o enorme corte de impostos realizado pelo republicados em 2017.
Infelizmente, parece que esse combustível acabou. De fato, o mercado acionário nos EUA produziu certo som e fúria desde o fim de 2017, mas, apesar de todo o barulho, não se movimentou tanto. O Dow caiu 0,7% desde o seu pico de janeiro de 2018 e está 1,5% abaixo da máxima de 3 de outubro. O S&P subiu 1,1% desde o pico de janeiro de 2018 e está 1,2% abaixo da máxima de 52 semanas registrada no dia 21 de setembro. O NASDAQ se valorizou 5,4% desde o pico de março de 2018 e está 1,7% abaixo da máxima de 52 semanas atingida no dia 30 de agosto.
Porém, ainda que os índices superem as máximas da última primavera, fatores técnicos gerarão uma forte pressão vendedora.
Por isso vale a pena perguntar: existe algum fator capaz de ter o mesmo impacto do corte de impostos de 2017? Talvez.
Taxas de juros baixas. O rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro americano é de cerca de 2,5% neste momento, abaixo dos 2,69% registrados em 31 de dezembro. O Federal Reserve (Fed) afirmou que as preocupações com o crescimento doméstico e global provavelmente evitarão um aumento de juros neste ano. Entretanto, as fortes vendas de varejo divulgadas na sexta-feira são uma indicação de que a economia norte-americana pode estar mais forte do que o Fed imaginava. Alguns analistas acreditam que pode haver mais pressão para que o Fed aumente as taxas de juros.
Acordo comercial com a China. Esse acordo já foi precificado pelos mercados. No entanto, os detalhes do acordo, principalmente os mecanismos do seu cumprimento, podem ser um fator relevante. Se não existirem, os investidores não ficarão nada satisfeitos.
Uma nova onda de mega-acordos capaz de fazer Wall Street e investidores institucionais ficarem com água na boca. As taxas de juros baixas podem facilitar o financiamento. E recompras de ações constantes e em grande volume ajudarão a dar suporte às ações.
Grandes ganhos com os próximos IPOs de tecnologia, principalmente do Uber (NYSE:UBER), podem se disseminar no mundo tech, a menos que os investidores achem que o Índice Nasdaq 100 tenha ficado caro demais após a valorização de 60% desde a eleição de 2016.
Entretanto, quatro possíveis obstáculos podem criar um fator de natureza distinta, que também deve ser observado.
O Brexit está criando uma bagunça para o Reino Unido, e a incerteza está pesando sobre a Europa.
Os preços do petróleo e da gasolina estão subindo, em grande parte porque a Arábia Saudita quer ver o petróleo bruto a US$ 80 ou mais para financiar sua economia interna. Além disso, o governo Trump pretende restringir drasticamente as exportações iranianas, acreditando que isso evitará que a República Islâmica ajude em esforços terroristas no Oriente Médio e em outras partes do mundo. O petróleo se valorizou 2,5% no início do pregão de segunda-feira, depois que o Washington Post divulgou que os Estados Unidos anunciariam ao Japão, Turquia, Coreia do Sul, China e Índia que não poderiam importar o petróleo iraniano após 2 de maio, sem enfrentar as sanções dos EUA. O West Texas Intermediate, referência nos EUA, se valorizou cerca de 45% no ano. O Brent subiu 37% no acumulado do ano. Os preços da gasolina no varejo dos EUA tiveram uma alta de 25%, para cerca de US$ 2,85 por galão, com os preços da gasolina na Califórnia acima de US$ 4, segundo dados da Associação Automotiva Americana.
Direção do dólar. Uma valorização do dólar, que está relativamente estável no ano, tornaria as exportações norte-americanas mais caras para os compradores estrangeiros e reduziria os lucros das empresas sediadas nos EUA. Vale lembrar que o petróleo é precificado em dólares americanos, e uma ascensão da moeda seria um peso para os importadores de petróleo.
Eleição nos EUA em 2020. A campanha começou assim que a eleição de 2016 terminou. Como indicam as reações ao relatório de Mueller no fim de semana, haverá muito sangue emocional para ser derramado.
Fonte: Investing.com Brasil - -
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