Bolsa cai 1% e dólar sobe com tensão externa antes de comissão da Previdência
Por TradersClub
A bolsa começou a semana descendo aos 95 mil pontos, com um possível retrocesso nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China, que disseminou tensão entre investidores em todo o mundo. Tudo isso na véspera do início da discussão da reforma da Previdência na comissão especial, nessa terça-feira.
Cientes dos ruídos políticos que podem contaminar esta etapa de tramitação da reforma neste e no próximo mês, gestores adotam uma postura mais defensiva, monitorando com cautela o desenrolar do debate em Brasília. “O grande desafio é o governo lidar com o lobby mais pesado do servidor público, em uma comissão que tende a ser mais longa, com debate focado só no mérito, então há inúmeras armadilhas que podem aparecer”, disse à TC News Lucas de Aragão, analista político e sócio da Arko Advice.
Aragão avalia que as conversas nesta comissão deverão se estender por dois meses, com aprovação ao fim de junho. Na visão dele, haverá pressão para desidratação do projeto, mas até o fim do ano o Congresso tende a dar o aval a uma reforma que prevê economia fiscal entre R$650 bilhões e R$800 bilhões na próxima década, ante a proposta original de pouco mais de R$1,2 trilhão.
Internacional
O índice Bovespa caiu 1,04%, encerrando aos 95.008 pontos, enquanto o dólar futuro subiu 0,68%, cotado a R$3,975, em reflexo de ventos contrários do exterior nesta segunda-feira. Por meio de seu perfil no Twitter, o presidente americano Donald Trump ameaçou elevar tarifas de 10% para 25% sobre US$200 bilhões de produtos chineses a partir de 10 de maio, o que surpreendeu negativamente o mercado, que esperava por um acordo iminente na disputa tarifária entre as duas potências.
Operadores de mesa comentaram ao longo do dia que a iniciativa de Trump soava como mais uma tática de negociação do que uma deliberação, com o objetivo de pressionar os chineses. Conforme essa linha de raciocínio, o sinal inequívoco de recrudescimento ou não da guerra comercial viria em caso de cancelamento da visita do vice-premiê chinês, Liu He, aos Estados Unidos, nesta semana.
E, segundo apuração da rede CNBC, uma delegação do governo chinês viajará aos EUA para prosseguir nas conversas com Washington, mesmo após o possível fim da trégua tarifária sinalizado por Trump. O mercado aliviou as perdas com a notícia e os índices Dow Jones e S&P500 fecharam com queda de 0,25% e 0,45%, respectivamente.
Mercados
Os juros futuros por aqui não definiram tendência única, alternando entre a alta do dólar diante da maior aversão ao risco no exterior e as evidências de fraqueza da atividade econômica no Brasil. O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, trouxe mais uma queda na projeção dos analistas para o crescimento do PIB deste ano, com redução de 1,70% para 1,49%.
Simultaneamente, a estimativa para o IPCA, o índice oficial de inflação do país, neste ano subiu de 4,01% para 4,04%. Neste contexto de projeção de inflação aumentando, apesar da atividade fraca, as apostas de eventual corte na taxa básica de juro, a Selic, perdem força, ainda mais frente a uma agenda carregada nos próximos dias.
Fonte: MONEY TIMES
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