Historicamente, a presença de coríndon no Brasil tem sido relatada desde...
Coríndon no Brasil Historicamente, a presença de coríndon no Brasil tem sido relatada desde os anos 30, mas sempre em ocorrências inexpressivas e sem viabilidade econômica. Na década de 60 safiras azuis (e, em menor quantidade, amarelas) com boa qualidade gemológica foram encontradas no Rio Coxim (Mato Grosso do Sul). Outras ocorrências vêm surgindo desde então, às vezes com boa qualidade gemológica, mas com produção incipiente ou ainda com cristais muito pequenos. Nos anos 90 a principal ocorrência explotada foi Indaiá, em Minas Gerais, que durante dois ou três anos apresentou produção constante em escala comercial, mas que está paralisada desde 1996. O significativo aumento de ocorrências registradas (Figura 2.5) e o fato dos terrenos granulíticos no Brasil, semelhantes aos do Sri Lanka, grande produtor de rubis e safiras, terem sido ainda pouco estudados, são indício de boas perspectivas para um aumento na produção de coríndon gemológico brasileiro. Além disso, as novas técnicas de tratamento de gemas estão viabilizando ocorrências até há pouco consideradas anti-econômicas. Existem atualmente 29 ocorrências de coríndon registradas no Brasil (Figura 2.5), sendo a maioria encontrada em depósitos aluvionares associados a terrenos metamórficos de alto grau ou associadas a complexos alcalinos. Das ocorrências conhecidas, algumas apresentam boas possibilidades de aproveitamento gemológico (número que pode ser aumentado considerando-se as possibilidades de tratamento térmico). A melhor situação encontra-se em Minas Gerais, em regiões de potencial econômico favorável para coríndon como em Malacacheta e Indaiá, onde são encontrados cristais azuis/transparentes de qualidade gemológica comprovada, e nas novas ocorrências de Palmeiras e Sapucaia, onde ocorrem belíssimos (apesar de pequenos) exemplares de rubis e safiras azul e violeta com efeitos alexandrita, asterismo e seda. Ainda em Minas Gerais são conhecidas outras ocorrências como Campo Belo, Cláudio, Novo Cruzeiro, Conceição do Mato Dentro, Caputira, Datas, Passos e Bom Jesus da Penha. Na Bahia são conhecidas há muitos anos as ocorrências de Anagé e Capim Grosso sem, no entanto, possibilidades em escala comercial. Mais recentemente, o surgimento de coríndon com qualidade suficiente para a produção de cabochões em Lajedinho, Catingal e Uauá, e os novos investimentos do governo da Bahia na pesquisa de minerais-gemas, podem trazer bons resultados em relação à produção de rubi e safira. Em Santa Catarina, os depósitos secundários de Barra Velha produzem intermitentemente rubis e safiras rosa com baixa transparência, mas com interessantes efeitos de asterismo e seda. Esses depósitos foram estudados por Chodur (1997), que associa a origem do coríndon a uma gênese metamórfica, o que é reforçado pelo fato das ocorrências estarem encaixadas em terrenos granulíticos. Na Paraíba, são noticiadas ocorrências localizadas como a de Patos, asssociada a pegmatitos, com pequena produção de safira azul, também com baixa transparência. Zanardo et al. (1996) descrevem em Passos e Bom Jesus da Penha (Minas Gerais), ocorrências de coríndon associadas a seqüências metassedimentares que sofreram metamorfismo regional de pressão média e alta. No Rio de Janeiro e em Tocantins, ocorre coríndon azul associado a rochas alcalinas. Zimbres (1987) registra três ocorrências de coríndon azul com qualidade gemológica em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, e associa a gênese destas ocorrências a pegmatitos alcalinos. Kitajima & Gaspar (1998) descrevem a presença de coríndon azul em corpo plutônico mesoproterozóico de rochas alcalinas miasquíticas (nefelina sienitos, sienitos, quartzo sienitos e granitos), no chamado Complexo Alcalino de Peixe, em Tocantins. Este corpo é cortado por pegmatitos e está em contato intrusivo com metassedimentos. No Brasil ainda não se pratica nenhum tipo de tratamento térmico em rubi e safiras, pois a tecnologia para se conseguir bons resultados (com atmosfera controlada e altas temperaturas) não é de uso comum em escala comercial. O tratamento térmico é de fundamental importância para esse tipo de gema, pois parte do material descartado como sendo de baixa qualidade poderia ter seu valor sensivelmente aumentado se devidamente tratado. Portanto, a implementação desse processo pode viabilizar novas jazidas, pois análises preliminares realizadas em várias amostras mostraram que parte apresenta composição química adequada para mudanças de cor se tratadas termicamente. Considerando-se a demanda crescente de rubi e safiras no mercado mundial e as perspectivas de diminuição de produção nos depósitos tradicionais, abrem-se boas possibilidades para a produção desse mineral também no Brasil. O aumento no número de ocorrências (Quadro 2.3) e as novas tecnologias de tratamento poderão possibiliitar, em futuro próximo, a participação do Brasil também no mercado dessas gemas.
Fonte: CPRM
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