Quatro grandes regiões econômicas, quase autônomas, caracterizavam a sociedade brasileira à época da independência por: o Grupo Grão-Pará e Maranhão vivendo na base da economia florestal das especiarias, das "drogas do sertão" e da agricultura do cacau, arroz e algodão; a Região Nordeste, onde dominava a economia do açúcar na zona da mata, do criatório no sertão e no rio São Francisco; o Complexo Minas-Rio de Janeiro-São Paulo, com certo grau de articulação política, agricultura mais diversificada e núcleos de mineração; a Frente Gaúcha com predominância pecuária e uma política voltada à defesa, face ao contato e a possibilidade de conflito com a fronteira platina .
Os relacionamentos entre essas atividades econômicas eram tênues e desarticulados. Já se observava certo grau de interligação entre a região mineira e a pecuária do sul, e entre a região açucareira com a do criatório do agreste baiano e do sertão do Piauí. Porém, essas interações estavam subordinadas às oscilações, aos interesses dominantes e aos centros de decisão dos grandes mercados europeus e norte-americanos.
A região amazônia atravessou a primeira metade do século XIX em completo isolamento. A relativa prosperidade agrícola ressentia-se da falta de mão-de-obra e capitais, agravada pela dificuldade de comunicação e transporte e pela escassa população já que grande parte da população indígena havia sido dizimada pelas epidemias e pela escravidão.
A excessiva centralização administrativa e política dessa época levou à incorporação como províncias do Império apenas as capitanias do Pará, Maranhão, Goiás e Mato Grosso. A autonomia da Amazônia deu-se somente em 1850, quando foi criada a Província do Amazonas, com sede na cidade da Barra, que adotou o nome de Manaus em 1856.
Por essa época, começou nos Estados Unidos uma forte campanha para a colonização da Amazônia e o aproveitamento de seus recursos naturais em benefício do progresso da humanidade. Inglaterrra e França tinham claras intenções de expandir seus territórios nas Guianas, fazendo-os chegar até o rio Amazonas. Desde o início da colonização portuguesa, o governo imperial havia mantido a política de fechamento, evitando possíveis ameaças à soberania do Brasil na área. Como as pressões foram grandes, o governo brasileiro acabou por abrir o Amazonas à navegação estrangeira em 1866. Isso facilitou o acesso à borracha.
O látex foi elevado à categoria de matéria-prima industrial a partir de 1823, com a descoberta da impermeabilização por MacIntosh, nesse mesmo ano, e da vulcanização, por Goodyear, em 1839. Com a expansão do comércio da borracha, iniciava-se nova fase de ocupação da Amazônia.
Até 1850, a exploração da borracha estava restrita à região de Belém e às ilhas. Entre 1900 e 1910, a borracha foi o produto mais exportado, ao lado do café. Os primeiros rios a serem utilizados para o transporte comercial foram o Xingu e o Tapajós, depois o Amazonas até atingir o Solimões, o Purus, o Alto Madeira e o Juruá.
Grandes empresas estrangeiras, importadoras de bens e exportadoras de borracha, estabeleceram suas filiais em Belém e Manaus, e fixaram os preços no mercado internacional. Financiavam os seringalistas, donos ou posseiros das áreas onde estavam as seringueiras. O seringalista fornecia ferramentas e alimentação aos trabalhadores, que deviam trazer-lhe determinadada quantidade de borracha.
Com a exploração da borracha, as principais companhias de navegação passaram a ligar Belém e Manaus aos portos europeus e norte-americanos de maior importância.
Nessa época, iniciou-se a migração de turcos, sírios, libaneses e judeus. Eles praticavam o comércio baseado na troca de mercadorias. Recebiam principalmente a borracha - furtada da quota que deveria ser entregue ao patrão - e outros produtos regionais.
Em 1910, a borracha alcançou no mercado internacional a maior cifra, tendo o Brasil exportado o equivalente a 50% da produção mundial. Em 1911, a cotação da borracha começou a baixar, devido ao baixo preço oferecido pelo sudeste asiático; em 1877, mudas de seringueira haviam sido levadas ilegalmente pelos ingleses para a Malásia, estabelecendo plantações que superariam a produção brasileira. Em 1926, a produção brasileira equivalia a apenas 5% do mercado. O volume de borracha cultivada, que em 1910 era de 8 mil toneladas, subiu para 360 mil toneladas em 1920. Mas a baixa oferta da borracha pelos asiáticos deu origem às falências no Brasil, concretizada em 1913. Embora o governo federal, já em 1912, tentasse uma operação de salvamento com o Plano de Defesa da Borracha, os resultados foram insatisfatórios. A fome atacou a região. Muitos dos migrantes voltaram para suas terras, deixando para trás um território que voltou à letargia de meio século antes.
A decadência da borracha permitiu que se canalizasse a infra-estrutura já existente para a coleta da castanha-do-pará, cuja exportação teve uma enorme expansão no início deste século. A principal zona em que se concentram os castanhais nativos, o Médio Tocantins, teve, em conseqüência, grande impulso econômico: Marabá, centro dessa região, tornou-se a segunda cidade mais importante do Pará.
Várias regiões amazônicas desenvolvem a pecuária desde tempos remotos da colonização. A mais tradicional é a ilha de Marajó, onde a criação de gado é uma herança dos missionários. Durante todo o período colonial até os anos 40, a ilha teve a maior concentração de gado da Amazônia.
A partir dos anos 20, para encorajar a ocupação e garantir uma atividade econômica estável, foram feitas várias concessões de terras, principalmente a empresários ou imigrantes estrangeiros.
Desses megaprojetos de colonização, ficou famoso o de Henry Ford, que, em 1926, comprou do governo paraense uma área de 2 milhões e meio de hectares, com isenção de impostos, para cultivar seringueiras, pretendendo produzir ali 40 mil toneladas anuais de borracha. O fracasso da colônia, localizada às margens do Tapajós, em Fordlândia e Belterra, foi atribuído por Ford à presença de fungos que destruíam as folhas das árvores. Na realidade, deveu-se à imperícia de derrubar a floresta natural, rompendo o equilíbrio ecológico, ocasionando mudanças nas condições do solo e do clima.
A partir de 1929, os nipônicos começaram a fixar-se em vários pontos da região amazônica. Tomé-Açu, no Pará, tornou-se o assentamento mais importante, ficando famosa pela produção de pimenta, transformando-se no terceiro município em receita no Estado.
As pimentas são uma das grandes cobiças do homem branco na região. Foto: Etiénne Samain |
As plantações de pimenta se espalharam por todo o Pará e outros estados, como Amapá, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso. A crise econômica, entretanto, fez com que, só em 1990, 3 mil pessoas abandonassem Tomé-Açu. Os japoneses do Pará, reunidos em cooperativas, cultivam, ainda hoje, vários tipos de frutas.
Em 1938, os nipônicos introduziram a juta na região. Os caboclos aprenderam as técnicas da produção dessa fibra, hoje cultivada nas várzeas do Amazonas, desde Santarém (PA) até Manacapuru (AM).
Nos anos 40 surgiu, no Médio Tocantins, uma atividade complementar à coleta da castanha: a garimpagem de diamantes. A partir de Marabá, houve surtos localizados que precipitaram a ocupação dos vales do Tocantins e do Araguaia. O ouro, desde a época dos bandeirantes, vem sendo explorado em várias localidades de Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Amapá, Pará e Tocantins. As explorações de ouro e diamante utilizam técnicas primitivas de extração.Mas como o ouro era tão abundante(aluvião) os garimpeiros tiravam 10 kilos dia,cada um, com pouco esforço. Agora o ouro está mais difícil,não dá mais tão fácil, como era, dizem que era só cavar 30/60 cms e tirar kilos de ouro aluvionar, mas a reserva é enorme para minerações,ouro no quartzo, primário, teor alto,falta pesquisar. O mercúrio, utilizado cada vez mais na extração do ouro, representa um grave dano ao ecossistema local.