sexta-feira, 19 de junho de 2020

Liquidez global ofusca tensão política interna e Ibovespa sobe 4% na semana

Liquidez global ofusca tensão política interna e Ibovespa sobe 4% na semana



Ações3 horas atrás (19.06.2020 17:40)
© Reuters. Operador indica telas com cotações durante sessão da bolsa de valores de São Paulo© Reuters. Operador indica telas com cotações durante sessão da bolsa de valores de São Paulo
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista teve uma sessão volátil nesta sexta-feira, com o Ibovespa encerrando em alta e acumulando desempenho semanal positivo, em meio a um ambiente de ampla liquidez global, que continuou prevalecendo sobre tensões políticas e um cenário econômico ainda desafiador no país.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,46%, a 96.572,10 pontos. Na semana, acumulou alta de 4,07%. O volume financeiro nesta sexta-feira totalizou cerca de 38,4 bilhões de reais.
O Ibovespa chegou a alcançar 97.540,33 pontos na primeira etapa da sessão em meio a notícias de que a União Europeia começou o processo de aprovação de um pacote de estímulo sem precedentes no bloco de 750 bilhões de euros, além de notícias mais positivas sobre as relações comerciais EUA-China.
No começo da tarde, porém, notícia de que a Apple (NASDAQ:AAPL) voltará a fechar algumas lojas nos Estados Unidos por causa de aumento no número de novos casos de coronavírus naquele país derrubou Wall Street e arrastou o Ibovespa, que tocou a mínima da sessão, renovada mais tarde, a 95.874,30 pontos.
Além disso, o chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que a recuperação econômica dos EUA da epidemia do coronavírus é desafiadora enquanto o presidente do Fed de Mineápolis, Neel Kashkari, disse que pode haver uma segunda onda de infecções no outono norte-americano.
O Departamento de Pesquisa Econômica do Bradesco observa que a possibilidade de uma segunda onda de contágio pelo novo coronavírus aumenta a incerteza sobre o ritmo de recuperação da economia global, com novos casos de Covid-19 voltando a aparecer na China e em alguns Estados dos EUA.
"As sondagens empresariais e com consumidores nas principais economias continuam apontando para recuperação já em maio, mas essa percepção precisa ser corroborada pelos dados efetivos", afirmou, ponderando, contudo, que o Fed e outros BCs continuam sinalizando que estímulos seguirão presentes.
Na visão do estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, o excesso de liquidez disponibilizado pelos bancos centrais continua a se sobrepor sobre qualquer outro aspecto econômico ou financeiro, e até mesmo político, enquanto não houver risco de um evento mais extremo, como um processo de impeachment.
A prisão de um ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, acrescentou Kawa, traz mais uma pitada de incerteza ao ambiente, e a bolsa pode vir a sofrer. Mas ele ressaltou que o mercado acionário brasileiro está sendo bem sustentado pela liquidez global, além de uma taxa de juros historicamente baixa.
DESTAQUES
- CCR ON (SA:CCRO3) e ECORODOVIAS ON (SA:ECOR3) subiram 2,7% e 1,85%, respectivamente, endossadas pelo cenário de juros baixos, além de perspectiva de reabertura de atividades no país.
- SULAMÉRICA UNIT avançou 3%, tendo de pano de fundo relatório do UBS recomendando a compra dos papéis, com preço-alvo em 12 meses de 54 reais.
- BB SEGURIDADE ON (SA:BBSE3) subiu 3,5%, ajudada por relatório do BTG Pactual (SA:BPAC11), no qual os analistas relatam reunião com executivo da empresa em que ele afirmou que a tendência de recuperação positiva continuou nas últimas semanas e que o desempenho operacional está perto das expectativas pré-Covid.
- MRV ON (SA:MRVE3 fechou em alta de 5,7%, como setor imobiliário entre os destaques, uma vez que tende a se beneficiar o ambiente de juros baixos.
- CVC (SA:CVCB3BRASIL ON subiu 3,3%, tendo no radar fala do presidente da operadora de turismo ao Valor Econômico de que a empresa se prepara para retomar 100% das suas atividades a partir de 1º de julho. A ação está entre as que mais sofreram com a pandemia e ainda acumula perda de mais de 50% em 2020.
PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) caíram 0,6% e 1,4%, respectivamente, abandonando o fôlego da primeira etapa da sessão, apesar de nova alta dos preços do petróleo no exterior.
- VALE ON (SA:VALE3) caiu 1,8%, em sessão de variação tímida dos preços do minério de ferro na China, embora os contratos futuros tenham registrado o sétimo ganho semanal.
USIMINAS PNA (SA:USIM5) valorizou-se 2,65%, ajudada por relatório do Bradesco BBI, que elevou recomendação para 'neutra', assim como aumentou o preço-alvo da empresa e suas pares no setor. GERDAU PN (SA:GGBR4) subiu 0,98%, mas CSN ON (SA:CSNA3) encerrou em baixa de 3,8%.
- ITAÚ UNIBANCO PN avançou 1,96%, ampliando o desempenho positivo da véspera, na esteira da forte valorização recente das ações da XP, na qual tem participação relevante. Neste mês, a XP já acumula alta de cerca de 55%. Já BRADESCO PN (SA:BBDC4) subiu 0,3% e BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) cedeu 1,34%.
- MARFRIG ON (SA:MRFG3) caiu 2%, em meio à queda do dólar ante o real, além de notícia de que a autoridade aduaneira da China pediu que os exportadores de alimentos ao país assinem uma declaração de que seus produtos não estão contaminados pelo novo coronavírus MINERVA ON (SA:BEEF3) terminou em alta de 1,3% e JBS ON (SA:JBSS3), que chegou a oscilar no azul, fechou em queda de 0,4%.

Fonte: Reuters

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