Estudo em serras da Amazônia
O Journal of the Geological Survey of Brazil, periódico científico do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), publicou artigo que discute a idade de um grupo de rochas situadas em uma região remota da Amazônia, nas serras Demêni e Mocidade, no limite entre os estados do Amazonas e Roraima. A pesquisa examinou seis amostras de granitos provenientes das duas serras. Os resultados possibilitaram o melhor entendimento da geologia da região, permitindo elaborar premissas sobre sua evolução geológica. O artigo completo pode ser acessado pelo link: https://bit.ly/3uuJM52.
O estudo evidencia a coexistência de granitóides alcalinos e cálcio-alcalinos gerados em um mesmo ambiente tectônico e aborda três hipóteses: (1) O magmatismo cálcio-alcalino pode estar associado a processos relacionados à subducção; (2) As rochas granitóides foram formadas em um ambiente intracontinental sob condições tectônicas mais estáveis (pós-orogênicas) e, (3) As rochas granitóides foram formadas predominantemente por magmatismo alcalino em estabelecimento intraplaca. O pesquisador do SGB-CPRM Nelson Reis, diz que a Amazônia, e em particular Roraima, permanecem sendo um grande palco aos mais variados estudos 2científicos. Segundo Reis, a região ainda mantém restrições de conhecimentos em áreas notadamente ínvias, caso específico para a serra da Mocidade, na atualidade, uma região que recobre parte da reserva indígena Ianomâmi, um Parque Nacional (ICMBio) e uma área do Exército. “A possibilidade de poder coletar amostras de rocha que possibilitem futuros estudos analíticos (químicos, geocronológicos, etc.) e cujos resultados venham contribuir ao conhecimento sobre a evolução da Amazônia Ocidental possibilita o avanço da ciência geológica”, destacou.
O pesquisador diz ainda que o trabalho abre novas perspectivas para outras investigações geológicas, ao fomentar a atualização cartográfica, as quais atenderão a muitos outros temas de interesse de órgãos gestores federais, estaduais e municipais, no que se refere ao conhecimento do subsolo e potencialidade mineral.
O estudo surgiu de um convite feito pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), cujas atividades de campo tiveram o apoio e logística fornecidos pelo Exército Brasileiro, no translado por helicóptero do tipo Black Hawk a partir de Caracaraí (RR), além da montagem e suporte de acampamento para um grupo grande de biólogos em diversas áreas do conhecimento (fauna e flora). “A integração multidisciplinar junto a cientistas de variadas áreas do conhecimento e de diferentes instituições foi de fundamental importância, sendo promissora ao compartilhamento de informações que, agregadas, possibilitem uma melhor gestão de áreas institucionalizadas na Amazônia”, comentou.
O estudo de campo teve duração de 15 dias e contou com a participação de 44 pessoas, incluindo pessoal de filmagem, de apoio (mateiros, cozinheiras) e cientistas, além de um médico. A publicação refere-se a um domínio de rochas plutônicas cálcio-alcalinas que registram idades correlacionadas à SLIP Uatumã. As SLIPs ("Silicic Large Igneous Province”) são formadas por rochas intrusivas e extrusivas originadas em um ambiente tectônico que não apenas aqueles de dispersão de cadeia oceânica ou subducção (intracratônico, por exemplo). O estudo reconhece também a presença de termos plutônicos e subvulcânicos na mesma suíte, a qual registra assinatura geoquímica semelhante a da Suíte Água Branca do setor sudeste de Roraima.
Fonte: Brasil Mineral/CPRM
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