Como o diamante é formado?
O diamante é um mineral composto de carbono, formado sobre alta pressão e temperatura. Já o kimberlito é uma rocha vulcânica formado em grande profundidade e ele é a rocha onde o diamante está presente como fonte primária.
Com a erosão, a rocha (kimberlito) vai se desagregando e diminui de tamanho, com isso, o diamante é jogado no sistema de intemperismo e pode ser transportado, principalmente pela água. Neste texto, vamos focar nos diamantes como depósitos primários e não para os secundários. Portanto, não falaremos sobre aluviões.
O passo a passo que vai ser abordado é:
1. Seleção de alvos
2. Exploração
3. Desobertas
4. Pré Avaliação
5. Avaliação de recursos minerais
A medida que a prospecção mineral vai obtendo sucesso e são necessários os trabalhos de detalhe, os custos aumentam bastante. No começo, eles são muito pequenos, no final, muito grandes e o risco é muito grande no começo e vai diminuindo ao longo das etapas.
Seleção de Alvos para encontrar diamantes
A primeira parte é a análise da geologia regional, dessa forma, você deve entender quais são as formações geológicas que se fazem presentes naquela determinada área. Essa seleção de alvos se dá basicamente nos cratons que são áreas tectonicamente estáveis que se mantiveram preservadas ao longo do tempo (de acordo com determinado evento geológico).
Nessa fase, você precisa entender sobre os dispersores e as fontes secundárias, para tentar mapear as fontes primárias. Dessa forma, você vai conseguir ter uma análise das possíveis fontes. Existem ocorrências de diamantes secundários nos estados do Amapá, Roraima, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, São Paulo, entre outros.
Além disso, você pode procurar livros históricos e anotações sobre diamantes. A partir disso, você faz o planejamento estratégico, alinhando a análise de geologia regional com dados geofísicos em uma base de dados. Com todas as informações juntas, você monta seu modelo geológico primário e define o que está procurando para encontrar diamantes.
Você pode definir as etapas de campo a partir das áreas e da análise, em alguns pontos fazendo levantamentos aerogeofisicos, em outros amostragens em campanhas de campo, tudo depende do seu modelo. Além do diamante, você pode buscar minerais indicadores e pode tentar entender em quais possíveis formações pode ocorrer diamante como fonte secundária.
Ainda nesta fase é muito importante definir os protocolos e padrões de amostragem, procedimentos de coleta em relação a todos os parâmetros e todos os processos necessários para a pesquisa mineral.
Pesquisa Mineral para diamante
Quando o resultado de amostragem é ruim, dificilmente você avança, então a fase de exploração inicial é a que traz sucesso para o empreendimento. Nesta fase você vai definir o alvo, vai começar de um bem maior e vai diminuindo. Comumente, primeiro você faz o levantamento geofísico aereo.
Em alguns casos, os kimberlitos pequenos não vão aparecer no aerolevantamento, pois, outras rochas vão mascarar aquela anomalia. Quando se possuem muitas rochas magnéticas, você as vezes não consegue ver o kimberlito.
Outra etapa importante é a descrição de garimpos, você deve entender qual o tipo de diamante, quais os minerais que estão associados a eles. A partir disso, você consegue pegar as informações e os indicadores. Nessa parte, você começa a amostragem. Para o diamante o recomendado é fazer amostragem aluvionar de sedimento de corrente.
Você deve procurar as melhores armadilhas de cursos de água, coletar o material e realizar o tratamento, no campo ou numa central de tratamento para pegar os concentrados. Esse tratamento geralmente é com peneira e bateia, as frações geralmente de 1mm, 2mm e abaixo de 0,5mm. Nesta parte, você vai tentar identificar os indicadores kimberliticos.
As etapas de amostragem de química mineral iniciam com a coleta de amostra, normalmente amostragem aluvionar. Se tiver um pequeno sucesso, você pode aumentar a densidade de amostragem e tentar descobrir se os grãos estão frescos, qual o fracionamento deles e outras características.
Você deve tentar amostrar em afluentes se as rochas possuem muitos minerais pesados, pois eles tendem a retirar os minerais indicadores de diamantes. Ao final disso, você envolve amostra de rocha, solo, tenta analisar no cascalho qual a proveniência e identificar para onde está a fonte daqueles determinados sedimentos.
Minerais indicadores de diamante
Os minerais indicadores são granada, espinélio, ilmenitas, diopsidios e também o diamante. É mais raro encontrar diamantes, mas por vezes isso pode acontecer. Esses concentrados minerais são acidificados em laboratório, é realizada uma análise microscópica, são feitas também análises com a lupa binocular ou até análise de grãos em campo, a depender da logística. Essa última atividade citada é comum somente em fases mais avançadas.
Quando os grãos são separados, eles são contados, classificados e é feito a química mineral dos grãos kimberliticos. A partir da química mineral, você pode identificar melhores indicadores para encontrar diamantes. Ainda nesta fase, é muito importante seguir todos os procedimentos da maneira mais correta possível, seguir os procedimentos QA/QC e amostragem.
A geofísica terrestre usando a magnetometria, gravimetria, EM, VLF, entre outras pode ser muito importante ainda nessa etapa e se torna bem mais fácil identificar os corpos. Você pode também usar sondagens de trado manual, mecânico e outras maiores, dependendo da profundidade que você quer alcançar.
Etapa 3: Descoberta
Após descobrir seu corpo kimberlítico, você deve analisar qual o potencial mineral dele. Cabe ressaltar que a única mina ativa no Brasil é a Braúna 3. Nesta fase você define o potencial diamantífero, pois, a grande maioria dos kimberlitos encontrados é não diamantifero. Apenas 1% dos kimberlitos descobertos viram mina e 10% são diamantiferos. Com a Geofísica de detalhe com malha menor espaçada a anomalia geofísica define muito melhor os contornos kimberlíticos. Para fazer esse detalhamento, a gravimetria é muito importante.
Se o kimberlito está raso, você pode usar poços e trincheiras para analisar o material e também a sondagem para delimitar contatos entre kimberlitos e rocha encaixante. Com os testemunhos de sondagem você pode fazer a petrografia, para analisar se o kimberlito é diamantifero, qual rocha amostrou melhor o diamante e outras possíveis análises.
Nesta fase, você pode fazer a análise isotópica, datação, entre outros paramêtros. Além disso, você pode tentar recuperar o microdiamante e fazer curvas de progressão para tentar encontrar os diamantes maiores. É muito importante volume para a amostragem para a diamante, existem exemplos de teores de 44 partes por bilhão. Ou seja, amostras de 10-20 kg dão uma chance muito pequena de ter qualquer teor de diamante.
Quando começa a amostrar o kimberlito, seus custos aumentam por conta desses estudos mais detalhados. Na fase final é até mil toneladas ou mais.
Etapa 4: Pré Avaliação
Você faz diversas sondagens para definir geometria e volume do corpo kimberlitico. Você deve entender muito bem o modelo geológico, pois ele vai ajudar a fazer o planejamento de lavra. Você tem que ter uma planta para fazer a amostragem na etapa final de maneira bem feita.
Etapa 5: Definição das Reservas
Por fim, você vai pegar bastante diamante para ter a definição de qual a estimativa do quantitativo de diamantes naquela determinada área e realiza os estudos finais da pesquisa mineral, para analisar se há viabilidade.
Você vai analisar preço médio, teor, entre outros parâmetros para definir a viabilidade. Por fim, você tem que ter uma sondagem de largo diâmetro para não “destruir” seu diamante. O metro da sondagem é caro, mas você consegue muitas amostras para utilizar na sua planta.
Além disso, você pode fazer em um modelo mais raso shafts e poços para começar a testar na planta. A partir dos testes nas plantas, você vai ter uma noção do preço médio do diamante (custo) e a partir disso você vai aplicar todos os custos que vai ter e analisar se há viabilidade para a instalação ou não de uma mina.
Com tudo isso, você tem a vida útil da mina, produção, profundidade do open pit, qual sua receita por tonelada, qual o custo operacional, entre outros e depois você vai para a próxima fase que é implementar a mina.
Cabe ressaltar que todo o procedimento citado aqui é para fontes primárias de diamante, existem também os chamados garimpos onde os diamantes são retirados como fontes secundárias a partir do regime de permissão de lavra garimpeira. Para estes casos, são utilizados outros métodos de prospecção mineral.
Agora que você já sabe quais as etapas necessárias para a prospecção de diamante e como encontrar diamante.
Fonte: Geoscan
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