quinta-feira, 4 de julho de 2013

“OBSIDIANA” OU “VIDRO-DA-TERRA”

“OBSIDIANA” OU “VIDRO-DA-TERRA”
Infelizmente os mercados de minerais, de gemas e de cristais esotéricos têm sofrido com um grande número de erros de classificação ( intencionais ou não ), bem como fraudes de diversos tipos. Isso leva os compradores menos preparados ou desatentos a adquirir “gato por lebre”, bem como dificulta o trabalho dos comerciantes honestos que têm de competir com imitações de menor ou nenhum valor.
Daremos ênfase ao que ocorre no mercado de minerais para coleção e de cristais esotéricos, pois no caso das gemas existe uma estrutura bem montada de laboratórios gemológicos que vêm sistematicamente estudando e publicando informações sobre materiais sintéticos e processos de modificação de cor, o que não ocorre na mesma escala no caso dos minerais e dos cristais.
No primeiro número desta série abordaremos uma fraude bastante atual, que é tentar classificar VIDRO como “OBSIDIANA” ou “VIDRO-DA-TERRA”.
A obsidiana é um vidro natural, sem estrutura cristalina nem composição química constante, encontrado no interior de lava vulcânica. Ocorre em vários países do mundo, mas apenas onde houve vulcanismo relativamente recente ( o que não é o caso do Brasil, onde as mais recentes erupções vulcânicas ocorreram há cerca de 40 milhões de anos! ). As cores são sempre muito escuras ( marrom, marrom-esverdeada, marrom-avermelhada ou preta ), e o material é, com raras exceções, translúcido ou opaco.
Como se trata de material de baixo valor seu uso como material ornamental se restringe à produção de pedras roladas, ovos, esferas e esculturas ( com a exceção da “obsidiana arco-íris” ou “rainbow obsidian”, encontrada no México ). As variedades naturais mais conhecidas são as seguintes:
- OBSIDIANA “LÁGRIMA-DE-APACHE”

- ocorre no Arizona como nódulos semi-esféricos ou alongados, de cor marrom-escura, translúcidos ou quase transparentes, medindo até cerca de 5 cm, e encontradas em solos resultantes da decomposição recente de lavas vulcânicas claras denominadas “perlitas”.

- OBSIDIANA “LÁGRIMA-DE-APACHE” NA PERLITA

- OBSIDIANA “FLOCOS-DE-NEVE”

- é um material preto opaco com nódulos brancos com aparência de flocos de neve ( causados pelo início de formação do mineral “cristobalita” ), é encontrada no estado do Utah, USA.
- OBSIDIANA “DOURADA”

- ocorre no México, tem cor marrom-esverdeada muito escura, translúcida, e apresenta inclusões tubulares, ocas, que proporcionam reflexões internas da luz do tipo “olho-de-gato”; os índios aztecas e os toltecas a utilizavam intensivamente na confecção de esculturas, ferramentas e pontas de flecha.
- OBSIDIANA “MOGNO”

- ou obsidiana “mahogany”, tem cor preta, opaca, com manchas marrom-avermelhadas, ocorre no México bem como em vários estados norte-americanos ( Arizona, Califórnia, Novo México e Oregon ).
- OBSIDIANA “ARCO-ÍRIS”

- é a variedade mais valiosa, consiste de uma matriz negra, opaca, com zonas internas iridescentes, o que resulta, ao se lapidar o material em cabochão ou na forma de coração, em reflexões internas verdes/ roxas/ azuis/ vermelhas. A ocorrência mais importante se localiza no México
Por outro lado, os vidros, sintéticos, vendidos fraudulentamente como “obsidianas” ou “vidros-da-terra” são verdes ou azul-esverdeados, completamente transparentes, o que jamais foi visto em obsidianas naturais. Sua ocorrência natural é geologicamente impossível: o solo, onde essas “obsidianas” teriam sido encontradas ( é sempre a mesma história, um garimpeiro de “total confiabilidade”, “que não mente”, encontrou a peça escavando a terra, ou um fazendeiro também “totalmente confiável” coletou-a do mesmo modo ), provém sempre da decomposição de uma rocha, seja ela sedimentar, metamórfica ou ígnea; nos dois primeiros casos jamais poderá ser encontrada uma massa de vidro natural, e as rochas ígneas encontradas no Brasil não são do tipo lava vulcânica extrusiva, que poderia conter massas de obsidiana natural ( mas nunca grandes, transparentes e azuis ); as lavas vulcânicas que existiram no Brasil há mais de 40 milhões de anos já foram completamente erodidas.
Recebemos recentemente uma oferta de uma fantástica “obsidiana verde” de 53 kg. A pedra é a das fotos abaixo.

Governo vai mapear ocorrências de opala em Pedro II



Governo vai mapear ocorrências de opala em Pedro II

Serviço será executado pela CPRM e deverá ficar pronto até o fim deste ano

Francisco Leal
(Foto:Francisco Leal)
A pedido do governador Wilson Martins, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) - antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - está fazendo o mapeamento de todas as ocorrências de opala no município de Pedro II, a 195 quilômetros ao Norte de Teresina.
Segundo o chefe da Residência de Teresina da CPRM, Antônio Reinaldo Soares Filho, metade do serviço já foi realizado e até o fim do mês de dezembro todo trabalho deverá ficar pronto. Será pesquisada toda área onde há registro de opala.
Ele anunciou para 2013 a realização de estudos mais detalhados, com sondagens e, se for preciso, geofísica, que envolve o estudo das partes profundas da terra - que não pode ser vista através de observações diretas - medindo suas propriedades físicas com instrumentos sofisticados e apropriados, geralmente colocados na superfície. Também inclui a interpretação dessas medidas para se obter informações úteis sobre a estrutura e sobre a composição das zonas inacessíveis de grandes profundidades.
Pedro II possui a única reserva de opala nobre do Brasil e o produto é o principal item de exportação do município. As minas do Piauí, junto com os depósitos existentes na Austrália, constituem as únicas fontes importantes do mineral no mundo.
A opala do município começou a ser explorada na década de 1930, quando um agricultor encontrou em seu roçado de mandioca, na localidade conhecida hoje como “Boi Morto”, uma pedra estranha. Examinada por um engenheiro em Teresina foi identificada como opala.

Projeto Guaporé

Projeto Guapo




Objetivo e Justificativas

Levantar as informações geológicas em escala compatível com as demandas da sociedade como um todo e mais especificamente do setor mineral, além de auxiliar no planejamento estadual e municipal e definir o potencial mineral da região. A atualização do conhecimento geológico a nível regional da Província Mineral do Guaporé servirá de suporte para a realização dos levantamentos de outros temas, como solos, geomorfologia e recursos hídricos. O detalhamento dos levantamentos geológicos contribuirá sobremaneira para a elaboração do planejamento territorial, utilização do subsolo e ocupação do solo, inclusive na zona fronteiriça Brasil-Bolívia.

A Província Mineral do Guaporé está inserida no contexto geológico que apresenta substrato rochoso constituído dominantemente por uma sequência sedimentar terrígeno-química, intrudida por rochas máficas toleiíticas e ultramáficas, além de granitoides do tipo A. Esses litotipos foram fortemente deformados durante evento tectônico de idade aproximadamente 1.3 Ga, o qual imprimiu uma estruturação gerada por uma tectônica transpressiva, desenvolvida sob condições metamórficas da fácies anfibolito superior, com fusões localizadas gerando granitos S.

Vários garimpos de ouro foram ativos em décadas passadas, além de prospecção e cubagem de depósitos, executados por empresas de mineração. As principais ocorrências de ouro estão associadas a veios de quartzo em zonas de cisalhamento, como ouro livre e/ou associados a sulfetos. Ocorrências de minerais do grupo da platina e sulfetos de cobre-níquel estão associados às rochas máfico/ultramáficas de ampla distribuição na referida província, além de gossans níquelíferos de ocorrência restrita. Esses corpos máfico/ultramáficos são ainda desconhecidos geologicamente, tanto a nível cartográfico como geoquímico. Adicionalmente ocorre uma ampla cobertura sedimentar cenozoica dominada por lateritos e materiais de origem aluvionar distribuída por toda a planície do Rio Guaporé e que também não se encontra devidamente cartografada e muito menos se sabe do seu potencial metalogenético. Além disso, existem ocorrências de diamante em depósitos aluvionares e corpos de kimberlitos ainda não cadastrados, sendo atualmente alvo de prospecção de empresas mineradoras como BHP, RTZ, Santa Elina e outras.

O nível de conhecimento geológico e metalogenético desta região é insuficiente para atrair investimentos do setor mineral; portanto, surge a necessidade de se definir modelos geotectônico-metalogenéticos em bases sólidas, além de observância dos eixos de desenvolvimento e exportação desta importante região do país.


Localização e Acesso

A Província Mineral do Guaporé estende-se desde a porção meridional do estado de Rondônia até o sudoeste do estado do Mato Grosso. As folhas Vilhena (SD-20-X-B) e Pimenteiras (SD-20-X-D) são limitadas por um polígono regular que abrange os municípios de Vilhena, Pimenta Bueno, Colorado d’Oeste, Cabixi, Cerejeiras, Corumbiara, Chupinguaia e Pimenteiras, em Rondônia, e parte do Município de Comodoro, no Mato Grosso.

O acesso ao bloco oriental é relativamente simples e pode ser realizado através da rodovia BR-364 e por rodovias estaduais e municipais, além dos rios principais que cortam transversalmente a área de estudo. A área pode ser visualizada na Figura 1.

Província Mineral do Guaporé
Província Mineral do Guaporé


Geologia Regional

A Suíte Metamórfica Colorado, unidade litotectônica predominante no extremo sudeste de Rondônia, constitui-se de rochas polideformadas em condições metamórficas da fácies anfibolito superior representadas por: 1) metamonzogranitos porfiríticos associados a anfibolitos (magmatismo bimodal máfico e félsico); 2) intercalações de rochas metassedimentares clásticas, químicas (sillimanita xistos e formações ferríferas) com rochas máficas/ultramáficas e 3) muscovita-granada leucogranitos.

O magmatismo bimodal possui distribuição regional e está representado por anfibólio-biotita metamonzogranitos porfiríticos, que se mostram intrusivos nas rochas máficas transformadas em anfibolitos de granulação média a fina. A feição mais característica dessa associação é a migmatização que acompanhou o cisalhamento de alto ângulo, resultando em foliação milonítica sigmoidal e boudins de anfibolito.

Adicionalmente ocorre uma ampla cobertura sedimentar cenozoica dominada por lateritos colunares e concrecionários e por materiais de origem coluvio-aluvionares distribuídos por toda a planície do Rio Guaporé, os quais não se encontram devidamente cartografados e muito menos se sabe do seu potencial metalogenético. Além disso, existem ocorrências de diamante em depósitos aluvionares e corpos de kimberlitos ainda não cadastrados.


Metodologia

A metodologia a ser adotada compreende as seguintes etapas:

Mapeamento Geológico: o trabalho a ser realizado envolve a execução de perfis geológicos, em seções principalmente transversais à estruturação regional, na escala 1:250.000.

Análise de sensores remotos: consistirá na análise de todos os sensores disponíveis - como fotografias aéreas, imagens de radar e imagens de satélite -, que, interpretada conjuntamente com os dados dos mapas geológicos de trabalhos anteriores e em várias escalas, permitirá a elaboração de mapas preliminares de integração que nortearão a programação das atividades de campo.

Análises laboratoriais: está prevista a realização de análises petrográficas em número compatível com a amostragem e necessidade técnica, tendo em vista uma melhor caracterização das litologias da área estudada; assim como de análises mineralógicas de concentrados de bateia para definir a extensão das mineralizações de ouro, cassiterita e outros metais pesados. Também serão executadas análises geoquímicas e geocronológicas de rochas, as quais auxiliarão na caracterização e na interpretação geotectônica da área de estudo.

Elaboração dos mapas geológico preliminar e final: finalizadas as etapas de campo e de análises laboratoriais, será executada uma reinterpretação com a utilização de todos os sensores já empregados na fase inicial bem como do mapa geológico preliminar, para a compatibilização e uniformização de legendas, levando-se em consideração todas as informações obtidas em campo e laboratório. Logo após analisadas e consistidas, todas essas informações serão utilizadas na elaboração do mapa geológico final.

Prospecção geoquímica: concluída a elaboração dos mapas geológicos e de recursos minerais preliminares, será elaborada uma programação de amostragens geoquímicas de sedimentos de corrente e concentrados de bateia nas áreas com maior potencial metalogenético, como forma de melhor definir as assinaturas geoquímicas e avaliar com maior consistência essas áreas potenciais.

Elaboração do Relatório Final.

Resultados Esperados

Com a execução do levantamento geológico-geoquímico das folhas Vilhena (em andamento) e Pimenteiras (já concluído) pretende-se obter como resultado o relatório geológico com a descrição das unidades mapeadas, além da evolução tectônica da área, relacionando-a, regionalmente com as unidades ocorrentes no país vizinho (Bolívia) e com a evolução paleogeográfica entre o sudoeste do Cráton Amazônico e a Laurência (similaridades entre as Orogenias Sunsás e Grenville).

Adicionalmente, os resultados contemplarão a definição do potencial mineral e os mapas geológico e de recursos minerais.

PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA DE BERILO VARIEDADE ESMERALDA

PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA DE BERILO VARIEDADE ESMERALDA NA REGIÃO DA FAZENDA BONFIM (LAJES, RN)

Geochemical prospecting of emerald beryl in the Bonfim Farm (Lajes, Rio Grande do Norte State)


Ricardo SCHOLZI; Antônio Wilson ROMANOII; Fernanda Maria BELOTTIIII; Mario Luiz de Sá Carneiro CHAVESII
IDepartamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto / UFOP / Campus do Morro do Cruzeiro. CEP 35400-000. Ouro Preto, MG. Endereço eletrônico: r_scholz_br@yahoo.com
IICentro de Pesquisa Prof. Manoel Teixeira da Costa, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais / UFMG / Campus da Pampulha. Avenida Antônio Carlos, 6.627. CEP 31270-010. Belo Horizonte, MG. Endereços eletrônicos: romanoaw@gmail.com; mchaves@ufmg.br
IIIPós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais / UFMG / Campus da Pampulha. Avenida Antônio Carlos, 6.627. CEP 31270-010. Belo Horizonte, MG. Endereço eletrônico: fbelotti2004@yahoo.com.br




RESUMO
A recente descoberta de uma nova ocorrência de esmeralda no Brasil, no Rio Grande do Norte, levou à condução de trabalhos de mapeamento geológico associados à prospecção por geoquímica de solos, visando a melhor definição do depósito. As principais estruturas geológicas e as rochas com potencial de mineralização em esmeralda apresentam-se orientadas segundo a direção geral NNESSW, correspondendo à direção de cisalhamentos regionais associados aos grandes lineamentos E-W do nordeste brasileiro. Amostragem e respectiva análise química de 1.351 amostras de solo residual foram utilizadas para a elaboração de mapas geoquímicos de isoteores para os elementos principais berílio, cromo, potássio e lítio, bem como para magnésio, sódio, niquel e vanádio. Tendo em vista que a esmeralda é um berilo rico em cromo, esses mapas possibilitaram a delimitação das zonas primariamente mineralizadas ou com maior potencial de mineralização, relacionadas a pegmatitos sin-tectônicos. As áreas anômalas em cromo apresentaram valores acima de 500 ppm, com valor máximo de 1794 ppm. Para o berílio, foram considerados valores anômalos aqueles acima de 2,0 ppm, com valor máximo de 9,5 ppm. Anomalias de potássio (>1%) e lítio (>70 ppm), bem como outras (Mg, Na, Ni e V), também auxiliaram na localização das zonas de ocorrência de intrusões pegmatíticas. Pesquisas adicionais estão sendo conduzidas para a determinação das reservas e teores da mineralização.
Palavras-chave: Esmeralda; Berílio; Geoquímica; Prospecção mineral; Pegmatito.

ABSTRACT
The recent discovery of a new brazilian emerald occurrence, in the Rio Grande do Norte state, works on geological mapping and soil geochemical prospecting were done in order to know the definition of the deposit. The main geological structures and the rocks with potential to host emerald mineralization are orientated with general direction NNE-SSW, corresponding to de regional shear zone direction, associated to the E-W lineaments of the northeastern Brazil. Sampling and analysis of 1,351 soil samples were utilized to drawing the geochemical maps of the main elements beryl, chromium, potassium and lithium, as well as magnesium, sodium, nickel and vanadium. Like the emerald is a Cr-rich beryl, such maps allowed the determination of primary mineralized or with potential zones for emerald deposits, that are related to sin-tectonic pegmatites. Areas with chromium anomalies had values above 500 ppm, with maximum of 1794 ppm. For beryllium, anomalous values were considered those above 2.0 ppm, with the maximum value of about 9.5 ppm. Anomalies of potassium (>1%) and lithium (>70 ppm), as well others (Mg, Na, Ni and V) also helped in locating the zones of pegmatite intrusions. Additional searches have been conduced to determine the ore reserves and grade of the mineralization.
Keywords: Emerald; Beryllium; Geochemistry; Mineral exploration; Pegmatite.



INTRODUÇÃO
O Brasil é um importante produtor de berilos industrial e gemológico. As variedades água-marinha e esmeralda se destacam entre esses últimos, sendo principais produtores os estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia. As primeiras descobertas datam da década de 1960, localizadas nas regiões de Carnaíba-Socotó, na Bahia; seguidas pelos depósitos de Santa Terezinha de Goiás, em Goiás e Itabira-Nova Era, em Minas Gerais, já na década de 1980.
Recentemente, uma nova ocorrência foi descoberta em área abrangendo os municípios de Lajes (o principal da região), São Tomé e Caiçara do Rio do Vento, na localidade conhecida como Fazenda Bonfim. Essa região nordestina é caracterizada pelo clima quente semi-árido, com solos pouco profundos e relevo composto principalmente por maçicos graníticos elevados e vales estreitos, com rios intermitentes.
A área da pesquisa localiza-se a sudeste de Lajes, a aproximadamente 110 km a oeste de Natal (Figura 1) e a 21 km da sede do município de Caiçara do Rio do Vento. O acesso é realizado a partir desta última cidade, percorrendo-se 8 km através da BR-304, no sentido Lajes. Em seguida, alcança-se a Fazenda Bonfim através de um trecho com cerca de 19 km por estrada municipal, que dá acesso secundário à sede do município de São Tomé.
O principal objetivo do presente trabalho foi o de utilizar o mapeamento geoquímico de solos para alguns elementos especialmente selecionados, técnica que ultimamente vem se mostrando eficiente na prospecção de diversos minerais gemológicos (Rupasinghe & Dissanayake, 1984; Rupasinghe et al., 1984; Dissanayake et al., 1994), como uma ferramenta para localizar e delimitar áreas com potencial para a ocorrência de mineralizações de esmeralda na região.

ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
De acordo com IBGE (2006), o relevo da área está inserido no domínio morfoestrutural dos "Cinturões Móveis Neoproterozóicos do Nordeste Oriental", o qual apresenta dois compartimentos geomorfológicos: a "Depressão Sertaneja" e o "Planalto da Borborema". A Depressão Sertaneja constitui a paisagem típica do semi-árido nordestino, possuindo relevo predominantemente suave-ondulado, cortado por vales estreitos, com ocorrência isolada de elevações residuais, os quais testemunham os ciclos intensos de erosão que atingiram a região. De outro modo, o Planalto da Borborema é formado por maciços elevados, com morros e cristas que culminam entre 650 a 1.000 m de altitude, apresentando relevo movimentado que formou vales profundos e estreitos.
O clima corresponde ao tipo "Tropical Nordeste Oriental" (IBGE, 2002), caracterizado por um clima quente semi-árido, com temperaturas médias elevadas em todos os meses do ano; onde o mês mais frio – setembro – apresenta média de 23,5 °C. A região apresenta um período seco de agosto a fevereiro, sendo o trimestre de outubro a dezembro o período de menor precipitação, com médias de 76 mm; e um período chuvoso de março a julho, com chuvas concentradas de março a maio, totalizando médias anuais em torno de 575 mm de precipitação.
Os cursos d'água da região pertencem à sub-bacia do Rio Ponta da Serra, da bacia hidrográfica do Rio Ceará-Mirim, a quinta maior bacia do Rio Grande do Norte, com 2.635 km2 (equivalente a cerca de 5% da área estadual). Apresenta uma rede hidrográfica de alta densidade, subordinando-se às condicionantes geomorfológicas, estruturais e climáticas. Entretanto, a maior parte dos cursos d’água possui caráter intermitente, drenando apenas no período chuvoso, tendo em vista a escassez hídrica crônica da região (IBGE, 2002).
Duas classes de solos ocorrem na área: os "Neossolos Litólicos" e os "Luvissolos Crômicos" (conforme IBGE & EMBRAPA, 2003). Os Neossolos Litólicos são solos jovens, de reduzida espessura e profundidade, caracterizados por um horizonte A com menos de 40 cm de espessura, assentado diretamente sobre o substrato rochoso, ou sobre um material com 90% de sua massa constituída por fragmentos líticos com diâmetros superiores a 2 mm (horizontes C ou Cr). Os Luvissolos Crômicos são normalmente pouco profundos, com espessura variando entre 60 a 120 cm, que apresentam mobilização da argila do horizonte A e concentração no horizonte B (horizonte subsuperficial), levando à formação de um nível impermeável abaixo do horizonte de superfície. A reduzida espessura dos solos da área é diretamente relacionada à escassez de água, elemento essencial ao intemperismo e principal condicionante na formação de solos mais profundos e evoluídos.

METODOLOGIA DE TRABALHO
Foram realizados trabalhos de mapeamento geológico e amostragem de solos para prospecção geoquímica, possibilitando a delimitação de camadas de flogopita xisto e corpos de pegmatitos mineralizados em esmeralda. Um total de 1.351 amostras de solo foram coletadas em malha geométrica a partir de linhas segundo direção E-W, espaçadas a cada 125 m. As amostragens foram realizadas a cada 50 m e seus produtos analisados por Fluorescência de Raios-X e por espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), nos laboratórios do SGS–Geosol Ltda (Belo Horizonte, MG).
Para os elementos de maior importância prospectiva, tais como Be, Cr, K, Li, Mg, Na, Ni e V, foram elaborados mapas geoquímicos de isoteores, possibilitando a melhor determinação das camadas ou lentes de flogopitaxisto com potencial para a ocorrência de mineralizações de esmeralda. Para esse fim foi utilizado o programa computacional ArcView 9.x. O método de interpolação escolhido para a representação final dos mapas foi o de krigagem, por possuir maior flexibilidade para interpolação e podendo abranger grandes áreas, além dos valores interpolados coincidirem com os valores dos pontos amostrais.
Tendo em vista a elaboração dos mapas geoquímicos, os valores dos intervalos para os elementos anteriormente citados foram estabelecidos por tentativa e erro até que se obtivessem mapas com contrastes mais fortemente evidenciados. Os valores das anomalias foram determinados considerando-se os teores médios de tais elementos para os tipos de rocha presentes na área (Levinson, 1980; Wedepohl, 1995).

SÍNTESE GEOLÓGICA REGIONAL
A área encontra-se inserida na região nordeste da Província Borborema, no domínio setentrional da Faixa de Dobramentos Seridó (Almeida et. al., 1977). Essa província estrutural ocupa uma área com aproximadamente 500.000 km2 no nordeste brasileiro, sendo dividida em três grandes domínios demarcados por duas grandes zonas de cisalhamento transcorrentes de direção E-W, denominadas Lineamento Patos, ao norte, e Lineamento Pernambuco, ao sul. O setor situado entre esses dois lineamentos é denominado de Zona Transversal, enquanto as áreas situadas a norte e sul daqueles lineamentos são designadas, respectivamente, de domínios Setentrional e Meridional (Jardim de Sá, 1994). A área enfocada situa-se no Domínio Setentrional (Figura 1).
De modo geral, essa região é formada por um mosaico fatiado de blocos crustais arqueanos a paleoproterozóicos, os quais compõem o embasamento gnáissico-migmatítico antigo ou retrabalhado, com faixas de rochas supracrustais meso a neoproterozóicas, metamorfizadas no facies xisto-verde a granulito, sobrepostas de forma discordante (Jardim de Sá et al., 1981). Ambos os terrenos são intrudidos por plútons, em sua maioria rochas granitóides com idades paleoproterozóicas a neoproterozóicas (Van Schmus et al., 1984; Leterrier et al., 1990). As sequências supracrustais, são designadas de grupos (ou complexos) Cachoeirinha e Seridó (Figura 1). O primeiro é constitituído por filitos, conglomerados e rochas vulcânicas ácidas a intermediárias (riolitos, dacitos, andesitos e rocha piroclásticas), de idade précambriana ainda incerta (Costa, 1980). O Grupo Seridó é subdividido em três formações, da base para o topo: Jucurutu (biotita gnaisses com intercalações de rochas carbonáticas e calcissilicáticas), Seridó (micaxistos localmente com intercalações de quartzitos, mármores e rochas calcissilicáticas) e Equador (muscovita quartzitos com intercalações de metaconglomerados) (Jardim de Sá, 1994).
A Faixa Seridó sofreu uma complexa evolução tectônica durante o Ciclo Brasiliano, no Neoproterozóico, marcada pela formação de estruturas de baixo a alto ângulo (foliações S2 e S3, respectivamente), sobre as quais ocorreram cavalgamentos (S2) e cisalhamentos transcorrentes geralmente dextrais, paralelos à direção NNE da S3 (Jardim de Sá, 1994; Jardim de Sá et al., 1981). Nesse contexto, as condições metamórficas foram de fácies xisto verde a anfibolito alto. As intrusões sintectônicas brasilianas aproveitaram esses planos para ascenderem na crosta e originaram um evento hidrotermal importante dentro das encaixantes, cuja expressão mais importante na região é representada por mineralizações de scheelita e ouro (Legrand, 2004).

GEOLOGIA LOCAL
As rochas predominantes na região compreendem gnaisses tonalíticos, localmente migmatíticos e/ou milonitizados, correspondendo ao embasamento arqueano/paleoproterozóico, além de metassedimentos, representados por gnaisse, micaxisto e quartzito inseridos na Formação Jucurutu (Figura 2). Em faixas estreitas e restritas, ocorrem ainda anfibolitos, rochas ultramáficas e corpos pegmatíticos de controles tectônicos diversos.


O embasamento é formado por uma associação de gnaisses tonalíticos (localmente granodioríticos), os quais provavelmente fazem parte de um complexo tonalítico-trondjemítico-granodiorítico, com intercalações de anfibolito. Predominam rochas homogêneas, às vezes com texturas migmatíticas, de mineralogia macroscópica formada por quartzo, plagioclásio, biotita, feldspato potássico e anfibólio. Quando não intemperizadas, possuem coloração cinza, enquanto os migmatitos são esbranquiçados nas porções quartzofeldspáticas e cinza escuro/esverdeados naquelas ricas em biotita e anfibólio. Essas rochas apresentam textura granoblástica, passando a granolepidoblástica nos melanossomas. A granulação em geral varia de média a grossa, formando uma matriz com grãos milimétricos a submilimétricos, embora localmente seja possível observar cristais centimétricos de feldspato, com típica textura do tipo augen.
As rochas supracrustais da Formação Jucurutu correspondem a uma sequência de metassedimentos pelito-psamíticos, representados por paragnaisse, muscovita-quartzoxisto e quartzito, este último predominante. Tais rochas, aflorantes a noroeste da área, sobrepõem-se aos gnaisses do embasamento cristalino, embora contatos diretos não tenham sido observados. Os quartzitos aparecem como rochas homogêneas, bastante intemperizadas e de cores variando de branca a rósea. Os tipos mais micáceos apresentam uma coloração amarelada/avermelhada, enquanto os puros são esbranquiçados. Localmente são observados blocos de quartzito verde, ricos em muscovita cromífera. Variações composicionais laterais e verticais fazem com que essas rochas gradem para paragnaisses ou xistos de granulação grossa, ambos com maior quantidade de muscovita e/ou plagioclásio.
Rochas intrusivas ocorrem distribuídas por toda a área, e correspondem a corpos de rochas ultramáficas e a pegmatitos pré a sin-tectônicos. As rochas ultramáficas constituem uma associação de serpentinito com flogopita-tremolitaxisto e tremolita-talcoxisto; as mesmas são responsáveis por fornecer os elementos cromóforos para a formação da esmeralda. Uma zona de cisalhamento atravessa a área, com direção NNESSW, e as atitudes da foliação são coincidentes com tal direção, apresentando mergulhos fortes para NW e SE.
Os pegmatitos pré-tectônicos possuem textura grossa, geralmente homogênea, e são compostos por quartzo, muscovita, microclínio, schorlita e, localmente, berilo, estando na maior parte das vezes encaixados em gnaisses e muito raramente nos xistos. Os minerais apresentam dimensões que variam entre 2 e 10 cm, algumas vezes atingindo até 20 cm de comprimento. Os corpos são de forma lenticular e em geral observa-se estiramento ou por vezes boudinagem no trend regional NNE-SSW. Em alguns corpos cuja foliação é mais penetrativa eles se mostram xistificados, ou eventualmente milonitizados. Em alguns poucos locais foram também encontrados de forma discordante.
Os pegmatitos sin-tectônicos apresentam textura sacaroidal, às vezes de grão muito fino assemelhandose a um aplito; eles geralmente são homogêneos. A mineralogia observada a nível macroscópico é dada por albita, quartzo, muscovita e berilo; por vezes, a riqueza em albita faz a rocha corresponder a um albitito. Esses pegmatitos possuem extensão lateral máxima de 12 m, com espessura de até 3 m. Nas proximidades dos contatos com a rocha ultramáfica xistificada, ocorre a variedade esmeralda do berilo.
A sudeste da área, ocorre um solo residual espesso, de natureza eluvio-coluvionar.
PRINCIPAIS ASPECTOS DA MINERALIZAÇÃO
A variedade esmeraldo do berilo, segundo Webster (1983), possui coloração típica verde-grama, cuja intensidade da cor é diretamente proporcional à presença de cromo, ferro e/ou vanádio em substituição ao alumínio em sua estrutura cristalina. Dentre os vários processos geradores de depósitos de berilo, a esmeralda está frequentemente associada ao processo metamórfico de caráter metassomático, onde a interação de fluidos pegmatíticos com rochas máficas-ultramáficas propicia a substituição parcial do alumínio pelos cátions metálicos cromóforos.
O depósito de esmeralda da Fazenda Bonfim está relacionado a pegmatitos sin-tectônicos, de composição albítica e textura sacaroidal, em associação a níveis estreitos de rochas ultramáficas. No contato entre essas duas rochas, ocorre uma zona de biotita-flogopitaxisto, onde é observada a maior parte da mineralização. A estruturação do depósito se associa a uma zona de cisalhamento de direção NNE-SSW, com caimento variando entre 40° e 55° para noroeste (Figura 2). A espessura da camada de flogopitaxisto varia em geral entre 20 cm a 3 m, podendo atingir localmente 5 m. Em alguns locais foram identificadas duas camadas mineralizadas paralelas.
A esmeralda da ocorrência da Fazenda Bonfim é caracterizada pela sua cor verde intensa, verde azulada e mais raramente verde-amarelada. Alguns fragmentos apresentam zonamento de cor, valorizando seu aproveitamento gemológico. Em geral, os cristais tem forma irregular, mostrando-se sem a forma cristalográfica típica do prisma hexagonal (0001). São mais comuns os fragmentos transparentes variando entre 2 e 5 mm, entretanto já foram recuperados cristais com até 5 cm de comprimento segundo o eixo cristalográfico "c".

RESULTADOS E DISCUSSÕES
A geoquímica de solos e rochas foi efetuada em região com grande volume de rocha aflorante e porções de solos residuais in situ, portanto os halos de dispersão geoquímica dos elementos refletiram, a composição original da rocha, não sendo mascarados por fenômenos superfíciais posteriores. Os valores de background locais para cada elemento foram estimados em função dos teores máximo e mínimo observados. O estudo geoquímico foi centrado nos elementos indicadores de ambiente mais propício à mineralização, tais como potássio, berílio e lítio, que caracterizam magmas graníticos, e cromo e magnésio, elementos comuns em magmas máfico-ultramáficos.
Os resultados analíticos para esses e outros elementos foram utilizados para a elaboração de mapas geoquímicos de isoteores, os quais possibilitaram a delimitação de anomalias e áreas de forte contraste geoquímico (Figuras 3 e ,4). Na condução das pesquisas, quatro elementos foram considerados principais (Be, Cr, K e Li), e outros quatro acessórios (Mg, Na, Ni e V). Os valores mínimos e máximos encontrados nas análises, e aqueles a partir dos quais foram caracterizados os índices das anomalias estão apresentados na Tabela 1.






BERÍLIO
Elemento químico com origem relacionada a pegmatitos graníticos, apresentou anomalias localizadas na porção centro-norte da área, indicando elevado potencial para ocorrências de intrusões desse tipo. Devido à baixa mobilidade do berílio e do intemperismo químico incipiente, foram tratados como anomalias geoquímicas valores acima de 1,5 ppm, considerando que para rochas ultramáficas os valores de berílio são desprezíveis (Wedepohl, 1995). As anomalias observadas distribuem-se segundo a direção NNESSW, coincidindo com a posição e direção dos corpos pegmatíticos conhecidos. Tais anomalias foram úteis também para realçar o carater sin-tectônico das intrusões férteis; nos trabalhos de pesquisa, observouse que as mineralizações de esmeralda estavam localizadas tanto nos veios pegmatíticos quanto no interior do flogopitaxisto, como um mineral formado em condições sintectônicas, possuindo cristais alinhados paralelamente à foliação da rocha. Os cristais de esmeralda observados no contato do pegmatito com o flogopitaxisto são geralmente de qualidade inferior. Nota-se, portanto, uma mobilidade acentuada do berílio em direção ao flogopitaxisto.
CROMO
O cromo associa-se ao magnésio nas rochas ultramáficas e deve estar presente na estrutura da flogopita, ocupando os sítios octaédricos com valência 3+ substituindo o Al3+, correspondendo ao principal elemento cromóforo da esmeralda. Valores acima de 350 ppm foram considerados anômalos, por evidenciarem contrastes mais fortes. Os valores máximos observados foram da ordem de 1.794 ppm. As anomalias apresentam-se segundo a direção NNE-SSW, ressaltando as estruturas observadas em campo. Os valores mais elevados localizam-se nas porções central, onde se instalaram as unidades de produção e beneficiamento de esmeralda, e nordeste da área. Através desses resultados foram locadas trincheiras e furos de sondagem, possibilitando inclusive a caracterização de novos pontos de ocorrência do mineral.
POTÁSSIO
O potássio ressalta tanto a presença das intrusõespegmatíticas como dos gnaisses regionais, devendo assim ser usado com a devida cautela, pois indica somente que tais rochas possuem minerais ricos neste elemento, tais como feldspatos e mica. No presente caso, entretanto, a comparação dos mapas de isoteores em potássio, com os de berílio e lítio, permitiu também identificar a direção estrutural dos corpos e orientar pesquisas subsequentes. Considerou-se valores anômalos aqueles acima de 1%, e o valor máximo observado foi de 1,8%. Devido a uma grande incidência de corpos pegmatíticos, não foi possível a individualização destes pelo mapeamento geoquímico, embora a sobreposição das anomalias de potássio com as de cromo, tenha facilitado a delimitação das áreas de maior potencial para a ocorrência de corpos mineralizados em esmeralda.
LÍTIO
O lítio, assim como o berílio, é indicador da fase residual do magma granítico e está, no caso enfocado, relacionado aos corpos de pegmatito. Contrariamente ao berílio, tem uma mobilidade acentuada e aloja-se facilmente na estrutura dos filossilicatos trioctaédricos, ocupando seus sítios dodecaédricos. O elemento tem também facilidade para se combinar com vários ânions, gerando uma variedade de minerais no ambiente pegmatítico, tais como elbaíta e lepidolita. Portanto, as anomalias de lítio devem ser analisadas conjuntamente com as de potássio e de berílio, considerando-se anômalos valores acima de 70 ppm, onde o máximo dosado foi de 120 ppm.
MAGNÉSIO, SÓDIO, NÍQUEL E VANÁDIO
Esse grupo de elementos em geral apresentou valores mais dispersos pela área, com a excessão do níquel. O magnésio, assim como o cromo, encontra-se estreitamente relacionado com a presença das rochas ultramáficas, na parte central da área, ocorrendo de modo subordinado em associação à faixa dos níveis anfibolíticos nos gnaisses regionais, logo a oeste. Quando ao sódio, este apresentou valores muito dispersos e inconclusivos, o que realça a forte mobilidade desse elemento. A zona de anomalia do níquel, entretanto, revelou-se importante, por estar fortemente concentrada junto com cromo e magnésio, na zona principal de ocorrência das ultramáficas. Os resultados quanto ao vanádio também foram pouco satisfatórios; embora se esperasse uma associação com as anomalias de ultramáficas, ele se concentrou um pouco mais a oeste, junto das anomalias secundárias de magnésio na zona de ocorrências dos anfibolitos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A geoquímica de solos foi utilizada com sucesso em uma região do nordeste brasileiro com a finalidade de prospecção do berilo variedade esmeralda. Como a região é de clima semi-árido, praticamente com ausência de transporte do solo, assegurou-se o bom resultado das análises, através da confecção de mapas que mostraram a dispersão de diversos elementos químicos especialmente selecionados como indicadores tanto do ambiente granítico/pegmatítico como também do básico-ultrabásico. O principal desafio foi a determinação de um background local que permitisse refletir a mineralização com um maior índice de certeza. Os dados obtidos foram consistentes com a estrutura geológica da região, e se mostraram também uma valiosa ferramenta para a prospecção de minerais gemológicos, auxiliando ainda na pesquisa detalhada posterior. De tal maneira, os resultados do mapeamento geoquímico foram utilizados para orientar as pesquisas, possibilitando a locação de trincheiras e furos de sondagem na faixa centro-norte da área. Esses estudos técnicos, visando o cálculo das reservas mineráveis e seus teores, encontram-se em andamento.

Recursos Minerais em Barcelona RN Brazil

Recursos Minerais em Barcelona RN Brazil


Em Barcelona RN há talco, diversos tipos de granito, quartzo (ametista), berilo, minerais metálicos, pagmatito e água marinha. Vejamos à seguir algumas informações sobres eles:
Quartzo
A fórmula química do quartzo é D = 7, d = 2.65, SiO2, Brilho = Vítreo as vezes gorduroso em algumas variedades, Cor = A cor da origem a diferentes variedades ( cristal de rocha, ametista, quartzo rosa, quartzo enfumaçado, citrino, quartzo leitoso, olho-de-gato), Uso = O quartzo tem muitos e variados usos. Suas formas coloridas são largamente usadas como gemas e pedras ornamentais, Ocorrência = Um dos principais constituintes das rochas ácidas.

Berilo

O Berilo existe na forma de D = 7.5 a 8, d = 2.75 a 2.80, Be3Al2(Si6O18). Brilho = vítreo , cor = Verde azulado, amarelo do ouro, rosa branco ou incolor, uso = gema de várias cores e também grande fonte de berílio.Metal alcalino terroso pertencente ao segundo grupo da Tabela Periódica. Z = 4, configuração eletrônica: 1s22s2, MA = 9,012, d = 1,85 g.cm-3, PF = 1285°C, PE = 2970°C. O berílio ocorre nos minerais berilo (3BeO.Al2O3.6SiO2) e crisoberilo (BeO.Al2O3).
A ocorrência do berilo é em rochas graníticas tanto em drusas como em diques pegmatíticos com micas, xistos associado com minério de estanho. O berilo possue também a variedade esmeralda.
A esmeralda, a água marinha e o berilo são as gemas dos silicatos de alumínio e berílio. O metal é extraído a partir da mistura fundida de BeF2 / NaF por eletrólise ou por redução de magnésio por BeF2. É usado na manufatura de ligas de Be – Cu que são utilizadas em reatores nucleares como refletores e moderadores devido à sua pequena seção transversal. O óxido de berílio é usado em cerâmicas e em reatores nucleares. O berílio e seus compostos são tóxicos e podem causar graves doenças pulmonares e dermatites. O metal é resistente à oxidação pelo ar devido à formação de uma camada de óxido mas reage com os ácidos clorídrico e sulfúrico diluídos. Os compostos de berílio apresentam forte caráter covalente. O elemento foi isolado independentemente pelos pesquisadores F. Wohler e A. A. Bussy em 1828.
 
Ametista
Variedade violeta de quartzo, que ocorre na Rússia, Brasil, Uruguai, EUA, Zâmbia, Tanzânia, Madagáscar, Sri Lanka e Índia. Produzem-se largas toneladas de ametista sintética por processos hidrotermais. Imitações: vidro e dobletes.

Talco
O talco também é conhecido como pedra sabão. A fórmula química do talco é D = 1, d = 2.7 a 2.8, Mg3(SiO3)2(OH)2 , o brilho é nacarado a gorduroso; cor = verde da maçã, cinza, branco, verde; composição = silicato de magnésio, cristalografia = pseudo-hexagonal, classe = prismática, propriedades ópticas = biaxial negativo, uso = tampos de mesa de laboratório e aparelhos sanitários.
Também é usado na indústria de papel, sabões e cerâmica, moldes refratários, bicos de lâmpadas de acetileno, isoladores de alta tensão, aparelhos de calefação elétrica, cargas para artigos de borracha, inerte para veículos de inseticidas, polimento de arroz, branqueador para algodão, velas para automóveis, produtos medicinais etc. Hábito = micáceo, clivagem = perfeita em (001), dureza = 1, densidade relativa = 2,7 - 2,8, brilho = perláceo, cor = verde pálido, amarelo ou cinza-esverdeado, associação = geralmente associada a biotita, clorita, serpentina e carbonatos, propriedades diagnósticas = pode ser identificada pela sua baixa dureza, e sedosidade, ocorrência = De origem secundária, formado pela alteração dos silicatos de magnésio; olivinas, piroxênios e anfibólitos. Gerada em processos de alteração hidrotermal de minerais magnesianos, especialmente olivina e ortopiroxênio e metamorfismo regional ou de contato sobre calcários magnesianos ou rochas ultrabásicas.

Água-marinha
Variedade azul a azul esverdeada de berilo (os melhores exemplares são azul intenso). O tratamento térmico é frequentemente efectuado para remover a componente verde, evidenciando o azul. Ocorre no Brasil (Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará), Madagáscar, Moçambique (em Macula), Nigéria, Paquistão e Rússia. Imitações: vidro, espinela sintética e topázio azul.

Amianto
Em Barcelona há grandes reservas de amianto, um minério que tem causado muita polêmica.
Por amianto designam-se as variedades fibrosas de 6 minerais do grupo dos silicatos. É o "linho da montanha" com o qual já na antiguidade se faziam tecidos.
Devido às suas qualidades excepcionais foi-lhe dado o nome "rainha das fibras"; não arde, é resistente ao calor, é dificilmente atacado por químicos, é imputriscível, um bom isolador térmico, eléctrico e acústico, não é destruído por microrganismos, é mais resistente à tracção do que aço com a mesma secção, e consegue-se tecer.
As principais fibras de amianto com interesse comercial são a amosite (de cor cinzento escuro) e a crocidolite (amianto azul) do grupo das anfíbolas, cujas fibras têm a forma de uma agulha, e o crisótilo (amianto branco) que pertence as serpentinas, cujas fibras em serpentinas são mais finas.
As fibras mais compridas são teadas junto com fibras de suporte (p.ex. algodão) em fio. Das fibras mais curtas fazem-se papel, cartão, fibrocimento etc.
Qual é o perigo do amianto?
O amianto desfaz-se sobre a influência atmosférica em fibras microscópicas, que devido à sua forma - finas e compridas-, podem manter-se durante muito tempo no ar e depositar-se nas zonas aonde foram libertadas.
Especialmente as fibras com um comprimento superior a 5 µm, um diâmetro inferior a 3 µm e a relação comprimento-diâmetro superior a 3:1 são as responsáveis pelas várias doenças provocadas pelo amianto, as chamadas fibras respiráveis. Mesmo um milhão destas fibras num metro cúbico de ar não se vêm. É na inalação despercebida daquelas fibras que reside o perigo.
Uma vez inaladas, podem penetrar nos tecidos pulmonares, podem avançar até aos alvéolos, ( onde são feitas as trocas gasosas com o sangue),penetrar na pleura, no peritoneu e no pericárdio, manter-se-ão ai durante anos, sem que a defesa do corpo humano as possa destruir todas, e podem provocar 10 a 60 anos depois da exposição várias doenças.
Porque não há controle possível? O amianto foi utilizado durante muitos anos em grande escala. Existem mais de 3000 produtos contendo amianto:electrodomésticos antigos como torradeiras, fogões, caloríferos, secadores de cabelos etc; cabos, fitas de isolamento eléctrico; calços e pastilhas de travões, discos de embreagem; argamassa, tinta, cola; têxteis, papeis; filtros de ar, de gás, de líquidos; isolamentos térmicos; isolamentos acústicos; fibrocimento, etc. Ninguém sabe dizer qual a exposição ao amianto que não provoqua riscos de doenças a ele associadas.
Está a aumentar o número de pessoas com doenças associadas ao amianto, que não pertencem ao grupo dos trabalhadores nas fábricas de amianto, as esposas ou crianças dos trabalhadores ou as pessoas em redor dessas zonas fabris etc. Agora há canalizadores, electricistas, mecânicos de automóveis etc. que mostram sintomas de doenças relacionadas com amianto e um número de pessoas afectadas cuja exposição ao amianto não consegue ser esclarecida. Não se pode esquecer que a doença se mostra às vezes décadas após a exposição, a qual pode ser mínima. O próprio doente, muitas vezes, não sabe identificar a altura em que teve em contacto com amianto durante a sua vida. E há doenças provocadas pelo amianto que não se distinguem de doenças com outras origens. Assim muitas vezes a origem não é conhecida.
A avaliação do perigo, só pode ser feita através da medição regular das fibras de amianto existentes nos ambientes, o que não é economicamente viável. É preciso uma manutenção minuciosa dos produtos, exigência muito difícil de implementar e controlar.
A identificação dos produtos contendo amianto é para o comum mortal quase impossível. Por isso, se suspeitar de um produto contendo amianto deve trata-lo com tanta precaução como se tivesse a certeza.
Se o saneamento dos edifícios que contêm amianto não for efectuado segundo as regras mais severas, as fibras então libertadas contaminarão o ambiente em redor: a contaminação será maior do que antes do saneamento.
É praticamente impossível controlar a exposição da população em geral ao amianto.