sábado, 20 de julho de 2013

Sema estabelece normas para extração de ouro em garimpos

Sema estabelece normas para extração de ouro em garimpos

Instrução normativa foi publicada nesta quinta, 4, no Diário Oficial.
Atividade garimpeira só pode ser exercida com licença de operação.


Garimpo ilegal foi contrado pelo Ibama durante operação na região (Foto: Divulgação/Ibama)Atividade garimpeira deverá ser licenciada, a fim de evitar degradação ambiental. (Foto: Divulgação/Ibama)
O trabalho em garimpos pode ser considerado muito nocivo ao meio ambiente quando exercido de forma irregular. Por isso tornou-se indispensável uma Política Estadual para disciplinar essa atividade. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) publicou nesta quinta-feira (4), no Diário Oficial do Estado, a Instrução Normativa nº 006/2013, que dispõe sobre licenciamento para lavra garimpeira de ouro no Estado do Pará.
As disposições gerais do documento prevêem que a atividade garimpeira só pode ser exercida com licença de operação, que tem validade de até dois anos. Após obter a licença ambiental, o empreendedor deverá comparecer à Sema para receber treinamento e assistir a palestras sobre saúde, segurança no trabalho, gestão e educação ambiental, que são obrigatórios para o licenciamento do garimpo.
Entre os documentos exigidos para a habilitação jurídica estão a Declaração de Informações Ambientais (DIA), manifestação da Prefeitura Municipal sobre uso e ocupação do solo, declaração do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) sobre a exploração do recurso mineral e demais exigências.
Para a habilitação técnica são obrigatórios documentos como estudos ambientais apresentados para análise técnica e o Cadastro Técnico de Atividade de Defesa Ambiental (Ctdam).
Determinações
A publicação determina ainda que a lavra deverá respeitar distância mínima das áreas de preservação permanente, conforme o Código Florestal Brasileiro; o reflorestamento da área total do barranco explorado, conforme Plano de Recuperação de Área Degradada (Prad); distância mínima de 100 metros da margem do corpo hídrico, e que os equipamentos flutuantes de lavra garimpeira tenham identificação, com informações sobre o registro da autoridade competente e do processo de licenciamento, por meio de placas afixadas em local visível, além de sinalização noturna.
Com relação à utilização de substância química na atividade de lavra garimpeira, somente será permitido o uso mediante comprovação da origem e com o Cadastro Técnico Federal (CTF). Deverá também ser apresentado o documento de origem da aquisição dos equipamentos de garimpo e o devido cadastramento nos órgãos ambientais municipais, entre outras exigências.

RR é rota do garimpo do Suriname e Guiana

ROTA DO OURO
RR é rota do garimpo do Suriname e Guiana



Fonte: a A A A
Foto:  

Condições de trabalho dos garimpeiros são precárias: brasileiros são maioria
ANDREZZA TRAJANO
Cerca de 20 mil pessoas trabalham nos garimpos de ouro no Suriname. Setenta e cinco por cento são brasileiros, segundo dados oficiais divulgados em 2005, além das profissionais do sexo. Muitos desses garimpeiros e prostitutas partem de Roraima, que virou rota para quem deseja entrar naquele país, que é vizinho à Guiana.
Há uma grande atividade de brasileiros nos garimpos do Suriname, Guiana Francesa, República da Guiana e Venezuela, uma vez que as condições geológicas desses terrenos são semelhantes às do Brasil. Logo, os brasileiros já sabem trabalhar nestas áreas, além de enfrentarem menos restrições burocráticas.
Segundo levantamentos feitos pela Folha, a chamada rota “transgarimpeira” é feita via aérea e custa cerca de R$ 1.200,00. Uma aeronave com capacidade para poucos passageiros parte de Belém (PA), faz uma parada em Boa Vista para pegar mais passageiros, segue para Georgetown, na Guiana, e finaliza em Paramaribo, capital do Suriname, retornando em seguida para Belém.
Roraima também se tornou uma parada estratégica para os garimpeiros depois que a fronteira do Brasil, no Amapá, com a Guiana Francesa passou a ter fiscalização apertada pelas autoridades. Com o cerco fechado, os amapaenses passaram a usar a “transgarimpeira”.
Mas quem não quer desembolsar esse montante pode ir de ônibus – quando a estrada esta boa - até Georgetown e de lá seguir para os garimpos naquele país ou no Suriname. A passagem é mais barata.
Outra “transgarimpeira” parte de Mato Grosso, dá uma parada em Rondônia, Amazonas e Roraima, e tem como destino final esses países de grande atividade garimpeira.
Paramaribo é a porta de entrada, segundo os garimpeiros. É tida como a “currutela” [vila garimpeira], na linguagem deles. Lá eles se abastecem de equipamentos, comida, bebida e de mulheres brasileiras nas boates.
A maioria desses garimpeiros trabalha em situação irregular. Mas a Embaixada Brasileira estuda regularizar a situação, criando uma permissão por dois anos.
Há cerca de um mês, a Folha conversou com um garimpeiro no Aeroporto Internacional de Boa Vista, enquanto ele aguardava o momento de embarcar para Paramaribo. Ao lado dele estavam garimpeiros do Amazonas, Rondônia e Mato Grosso.
Semi-analfabeto, disse que se enfia na selva por meses em busca de riqueza e melhores condições de vida. Ele manda o dinheiro para a família em Mato Grosso.
Seu filho de 17 anos tem apenas o ensino fundamental e por “não gostar de estudar” e estar desempregado, quer seguir a carreira arriscada do pai. “É uma profissão arriscada, que pode dar sorte ou azar. Conheço gente que facilmente ficou rica e outras que rapidamente empobreceram. Só vai para garimpo quem realmente precisa”, declarou.
Garimpeiros buscam principalmente o ouro
Segundo especialista consultado pela Folha e que já esteve nos garimpos do Suriname, o principal minério procurado pelos garimpeiros é o ouro, pois apesar da crise financeira global ou por causa dela - os preços das commodities minerais despencaram -, ele mantém os preços altos, em torno de R$ 70,00 o grama. Isto provocou mais uma corrida do ouro em toda a Amazônia.
“É cíclico. Para se ter uma ideia do número de garimpeiros que atuam na Amazônia é só observar o preço do metal da bolsa de Londres”, explicou o especialista.
A extração do ouro é feita por desmonte hidráulico dos aluviões (areia, cascalho e argila depositados nos rios e igarapés pelas enxurradas), em que a água em alta pressão das mangueiras remove o sedimento e o bombeia para uma caixa de madeira.
Antes passa por uma caneleta de madeira, conhecida entre os garimpeiros como “cobra fumando”, com o fundo coberto por sacos de farroupilha, carpetes e até tapetes de carro, que aprisionam o ouro mais fino. O resto é sedimentado na caixa. 
No fim de semana é feita a “despesca”, onde o material da “cobra fumando” e da caixa é lavado e concentrado na bateia. Para este processo adiciona-se o mercúrio que captura (amalgama) as partículas de ouro, formando uma bola achatada. Depois é queimada com maçarico, evaporando o mercúrio e ficando o ouro.
A produção é repartida entre os garimpeiros depois de descontada as despesas com diesel, comida, e equipamentos. Sempre tem uma “cantina” do dono do garimpo ou pista onde se compra o ouro, vende bebida, comida e pequenas coisas, além das mulheres. O dono dever ser surinamês ou preposto dele.
O ouro aluvionar dos garimpos ou contido no solo alterado é de alto teor e baixo volume, ou seja, é mais fácil de ser concentrado, mas não sustenta uma produção de longo prazo. Por exemplo: um aluvião pode ter mais de 20 gramas de ouro por metros cúbicos de material, e na rocha uma empresa pode produzir com teores de menos de 0.3 grama por tonelada. Mas as empresas removem milhões de toneladas de material.
Quando o ouro dos aluviões e solo se exaure, os garimpeiros partem para o filão, que é o ouro contido na rocha. Mas, por problemas tecnológicos, como dificuldade de escavar e bombear a água subterrânea, e também de seguir o veio, eles acabam invariavelmente perdendo o investimento. É nesse estágio que deve entrar a mineração industrial, na avaliação do especialista.
Garimpo está em alta, diz especialista
Nos tempos de crise, com o preço alto dos minérios, o garimpo torna-se uma atividade muito lucrativa. O garimpeiro vive, sobrevive e pode guardar e mandar dinheiro para a família.
“Mas tem que ser safo [esperto] para não acumular um crédito grande com o dono do garimpo, pois aí ele pode ser trocado pelo ouro. Acho que por isso eles gastam tudo com mulheres e bebidas, além do fascínio e poder que podem exercer naquelas condições. São tratados como gente por elas”, observa o especialista consultado pela Folha.
Quem ganha mais são os comerciantes de ouro. Compram barato e vendem a preço internacional. O ouro é moeda em qualquer país.
No Brasil, a Caixa Econômica Federal compra o ouro em alguns locais de produção, como em Itaituba (PA), Humaitá (AM) e Porto Velho (RO). Na década de 80, no auge da Serra Pelada, o ouro brasileiro literalmente pagava a dívida brasileira, pois ia direto da Caixa em Marabá para Whashington, conforme lembrou o profissional.

TURMALINA PARAÍBA


terça-feira, 11 de junho de 2013

MAIS VALIOSA QUE O DIAMANTE: GARIMPEIROS DE SÃO JOSÉ DA BATALHA DENUNCIAM A PRESENÇA DE TRAFICANTES EM BUSCA DE TURMALINA PARAÍBA

(Turmalina Paraíba: Exclusividade nossa, mas contrabandeada)
Garimpeiros de São José da Batalha, na zona rural de Salgadinho, no Sertão do Estado, denunciam que contrabandistas de turmalina Paraíba voltaram a agir na região. Eles alegam que os ‘traficantes’ do mineral, que é considerada a pedra preciosa mais valiosa do mundo, estariam extraindo em minas clandestinas, e vendendo para estrangeiros. 
(Pedra lapidada: o grama chega a 100 mil reais)
A região é um dos recantos mais cobiçados do mundo por mineradores, grandes exploradoras e contrabandistas, atraídos pela turmalina Paraíba, que chega a custar até “100 mil reais” por grama, sendo mais cara que diamante.
A pedra, que é utilizada em joias de grifes como Amsterdam Sauer, H.Stern, Dior e Tiffany, que comercializam peças únicas por até “um milhão e meio de reais”, nunca representou desenvolvimento para a região de Salgadinho, onde a população sobrevive em maior parte, de programas sociais, como o Bolsa Família.
(Salgadinho: Pouco usufrui da riqueza do seu solo?)

Em meio ao risco de acidentes dentro das minas que possuem até 100 metros de profundidade e 40 de extensão, os garimpeiros alegam que a única coisa que sobra para eles é o rejeito (espécie de material descartado nas minas). 

(Mina: "Se arriscar é preciso")
Eles se aventuram na retirada do produto em busca de encontrar pequenos fragmentos de turmalina.
“Arriscamos nossas vidas em busca de turmalina, mas não temos sequer o prazer de contemplar uma pedra que é do nosso lugar. Trabalhamos de empregado de outras pessoas que pagam um salário mínimo para que possamos nos arriscar em busca da pedra que depois desaparece, ninguém sabe pra onde. Quem pelo menos esconder uma pedrinha, é capaz de morrer”, disse um minerador que não quis se identificar com medo de sofrer represálias.
Os garimpeiros denunciam que para mandar as gemas para fora do país os contrabandistas utilizam várias formas de escondê-las, colocando as turmalinas na língua e até em partes do corpo.
A turmalina Paraíba, considerada uma das cinco pedras preciosas mais caras do mundo, possui este nome por ter sido encontrada no distrito de São José da Batalha em 1982.
(Tão bela, tão rara e cobiçada)
De 1989 até hoje, estima-se que a exploração da pedra já tenha rendido aos contrabandistas aproximadamente 100 milhões de dólares. Os maiores compradores de turmalina Paraíba, são os japoneses, americanos e alemães.
A área possui apenas três garimpos legais.
Para que possam explorar a turmalina Paraíba, os garimpeiros precisam solicitar junto à autarquia federal, uma autorização e se responsabilizar pelo pagamento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CEFM).
(Turmalina: usar é privilégio de poucos)
Após recolher o CEFM, a União divide o valor arrecadado junto aos garimpeiros. São 65% destinados ao município, 23% ao Estado e 12% para União. No entanto, nem a Prefeitura e nem órgãos como o DNPM estariam recebendo os tributos. Apesar das denúncias de que a exploração está acontecendo, as empresas insistem em alegar que o mineral se esgotou.
Policia Federal
O delegado da Polícia Federal, Leonardo Paiva, da delegacia de combate a crimes contra o meio ambiente, diz haver procedimentos instaurados que investigam denúncias na região de São José da Batalha, mas que nunca foi possível comprovar o ‘tráfico’ de pedras preciosas.
“Não chegam até nós denúncias que ofereçam dados concretos, com os quais possamos trabalhar e comprovar o contrabando. Já foram feitos trabalhos investigativos, mas é muito difícil obter informações sobre isso. Temos procedimentos instaurados que apuram denúncias ambientais. É preciso que as pessoas que querem denunciar procurem a polícia e façam uma denúncia formal”.
Raridade

(Turmalina azul neon: "a gema das gemas")
Exclusividade da Paraíba, a turmalina de cor azul neon, a mais cara no mercado de gemas, só foi encontrada em jazidas de São José da Batalha. A raridade é explicada pela gemologia por conta da coloração incandescente de uma combinação de traços de cobre e manganês dentro da pedra.          
Nós últimos meses, os mineradores do Seridó passaram a encontrar novos indícios da existência de turmalina bicolor, com mais destaque para jazidas das cidades de Nova Palmeira, Picuí e Salgadinho.

BRASIL . MINAS GERAIS . MARIANA Garimpo do topázio imperial no Arraial de Antônio Pereira

BRASIL . MINAS GERAIS . MARIANA
Garimpo do topázio imperial no Arraial de Antônio Pereira
Nas cercanias de Mariana, antiga capital de Minas Gerais, funciona um garimpo muito conhecido na região, o do topázio imperial, no arraial de Antônio Pereira. Chovia quando o visitámos, daí que os garimpeiros não estivessem a trabalhar. É perigoso o garimpo, as terras são pouco firmes, podem aluir, soterrando os mineiros. Nessa paisagem estranhamente desolada, como um grande buraco aberto na terra, sem vegetação, os homens acorrem, quando há visitas, para venderem o fruto do seu trabalho: além do topázio imperial, outras pedras, mais valiosas como o diamante, e menos valiosas como a hematite ou as ametistas. Enfim, decerto tudo o que contém o «Kit da sorte - os 7 chacras», recordação vendida aos turistas noutros locais de Minas: ametista, jaspe, citrino, quartzo rosa, quartzo branco, sodalita e quartzo verde. Cada uma tem as suas propriedades e produz os seus efeitos. Como trouxe o kit completo, vou rejuvenescer e enriquecer rapidamente. A ametista, por exemplo, «traz grande prosperidade para quem a possui». O garimpo tem proprietário, que recebe rendas. Os garimpeiros podem trabalhar livremente para eles, mas, acima de mil reais por venda, pagam uma percentagem à dona.
O termo «arraial» é muito antigo, em Portugal já não o usamos, a não ser com valor semântico de festa. Ali, diz respeito à implantação de um povoado, que depois pode crescer até cidade, como Ouro Preto, anteriormente arraial de Vila Rica. No Brasil conserva-se um léxico muito antigo, por vezes até medieval, perdido no nosso discurso atual, em Portugal. De outra parte, usam-se termos que nós nunca usámos na acepção brasileira, como «contos», na área semântica do dinheiro. Em vez de «dez escudos», no tempo do escudo, nós diríamos «dez paus». Em São Paulo e em Curitiba, ouvi dizer «dez contos, vinte contos», significando «dez, vinte reais».
Pois as pedras preciosas, compradas na origem, têm valor diferente consoante o tamanho, a pureza e o tipo das pedras, mas sempre poderei adiantar que comprei um punhado delas para presentear amigos. Terei gasto uns cinquenta «contos», no máximo. Digamos mesmo que cheguei aos cem. E anote, se quer um futuro na vida: em Diamantina, um comerciante de pedras preciosas contou que fez negócio com um português que lhe encomenda pedras para as vender em Portugal. Está rico, o português. A minha companheira de viagem comprou uma variedade de topázios que a irmã, em Portugal, vai engastar e vender na sua loja. Vou imaginar que as jóias serão compradas, na Rua de Santa Catarina, no Porto, supondo, dez vezes mais caras, se não for mais do que isso.
Serão ricos, os garimpeiros? Como acontece com qualquer atividade primária, haja em vista a de escritor, a exploração é muita. Os trabalhadores, neste nível da produção, ganham pouco ou nada. Quem ganha são os intermediários. Entre o preço do produto na origem e o preço na loja há um abismo tão grande como o das cavernas escavadas pelos mineiros, e que, quantas vezes, lhes caem em cima, soterrando-os.
Maria Estela Guedes
Britiande, 9 de Dezembro de 2010
 
O Arraial de Antônio Pereira é um povoado pequeno, pobre, cuja rua principal vemos à esquerda.
À esquerda, um velho garimpeiro que já teve melhores dias, pois, dizem eles, este trabalho é de sorte: ora se tem, ora se perde, como na roleta.
Estas pedras compram-se no garimpo ao preço da chuva, o seu valor real é o da loja, depois de transformadas em jóias,
e de preferência nas casas famosas.
 
O garimpo é um lugar de beleza assustadora,
e realmente oferece perigo para os mineiros.
Abaixo desta superfície, há galerias e subterrâneos,
que a máquina fotográfica, por sofrer de vertigens, não conseguiu captar.

TESOURO ROUBADO: CONTRABANDO DE TURMALINA LEVA RIQUEZAS DA PARAÍBA

TESOURO ROUBADO: CONTRABANDO DE TURMALINA LEVA RIQUEZAS DA PARAÍBA



A pedra utilizada em joias de grifes como Amsterdam Sauer, H.Stern, Dior e Tiffany que comercializam peças únicas por até R$ 1,5 milhão, nunca representou desenvolvimento para a região

Daniel Motta e Fernanda Souza
Turmalina Paraíba lapidada,estimada em R$ 200 mil
No dicionário, a palavra batalha é sinônimo de combate, duelo, luta guerra, significados que estão no inconsciente dos paraibanos quando se fala no distrito de São José da Batalha, pertencente ao município de Salgadinho (a 245 quilômetros de   João Pessoa).
A região é um dos recantos mais cobiçadas do mundo por mineradores, grandes empresas e contrabandistas, atraídos pela turmalina paraíba. Enquanto um grama da pedra pode custar R$ 100 mil, a maioria dos moradores da cidade sobrevive da agricultura e dos programas sociais do governo federal e toda a receita anual inferior a R$ 5,8 milhões.
A pedra utilizada em joias de grifes como Amsterdam Sauer, H.Stern, Dior e Tiffany que comercializam peças únicas por até R$ 1,5 milhão, nunca representou desenvolvimento para a região. O garimpeiro Pedro da Silva trabalha na extração do caulim de uma das minas da região que está desativada para a exploração de Turmalina. Ele recebe um salário mínimo, mas na esperança de encontrar a pedra, já conseguiu até R$ 2 mil lavando o rejeito e catando os pequenos fragmentos de turmalina.
Minerador se arrisca na busca por turmalina em minas
Em meio ao risco de acidentes dentro das minas que possuem até 100 metros de profundidade e 40 de extensão, os garimpeiros se aventuram na retirada de rejeito, que compram por R$ 500, a carrada. Com o material, eles podem conseguir até R$ 2 mil, mas caso não consigam encontrar restos de turmalina, perdem o dinheiro empregado, que geralmente é a única economia que possuem. "Arriscamos nossas vidas em busca de turmalina, mas não temos sequer o prazer de contemplar. Trabalhamos de empregado de outras pessoas que pagam um salário mínimo para que possamos nos arriscar em busca da pedra. Quem pelo menos esconder uma pedrinha, é capaz de morrer", disse um minerador que não quis se identificar.


 Extrair a turmalina das rochas no subsolo não é nada fácil e por isso sempre houve enorme dificuldade na exploração da pedra. Para encontrá-la, é necessário trabalho árduo, para escavar túneis de até cem metros de profundidade.
"Já sofri acidentes dentro de minas e já vi muitos amigos morrerem por aqui, mas não temos outra opção. Trabalhamos com a riqueza, mas vivemos na pobreza. É triste ter que ver nossa riqueza natural sendo roubada e nós sem poder fazer nada para evitar", lamenta o garimpeiro.

Na cidade conhecida por conflitos e mortes no passado, o clima é de aparente calmaria. As informações são de que a reserva de turmalina se esgotou devido à extração patrocinada predominantemente por estrangeiros e responsáveis pela evasão de divisas para outros países.
Para mandar as gemas para fora do país, há informações de que os contrabandistas utilizam várias formas de escondê-las, colocando as turmalinas na língua e outras partes do corpo.
A turmalina paraíba, considerada uma das cinco pedras preciosas mais caras do mundo, possui este nome por ter sido encontrada no distrito de São José da Batalha, distante 250 quilômetros de João Pessoa, em 1982. Por ser tão valiosa, a gema atraiu a atenção de garimpeiros e investidores, inclusive estrangeiros, que passaram a explorar o mineral de forma irregular.
De 1989 até hoje, estima-se que a exploração da pedra já tenha rendido aproximadamente US$ 50 milhões. Os maiores compradores de turmalina paraíba, são os japoneses, americanos e alemães.

Área possui apenas 3 garimpos legais

Em São José da Batalha coexistem garimpos legais e outros ainda não legalizados. Segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), apenas três possuem licenciamento do governo federal para funcionar, as demais atuam de maneira clandestina.
Para que possam explorar a turmalina paraíba, os garimpeiros precisam solicitar junto à autarquia federal, uma autorização e se responsabilizar pelo pagamento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CEFM), uma espécie de royalty que representa um pequeno percentual da produção.
Após recolher o CEFM, a União divide o valor arrecadado junto aos garimpeiros. São 65% destinados ao município, 23% ao Estado e 12% para União. Conforme dados do DNPM, nos últimos anos, as empresas não  têm repassado os valores referentes aos impostos por não estarem conseguindo produção. Por outro lado, a autarquia recebe inúmeras denúncias de que ainda há exploração da pedra e que os proprietários estão sonegando impostos.
A prefeita de Salgadinho, Débora Morais, afirmou que a cidade nunca foi beneficiada com a exploração do mineral. Ela disse que se os garimpeiros pagassem os impostos pela terra que exploram, o município seria mais desenvolvido.

Evasão de divisas e degradação


Degradação ambiental provocada pela exploração irregular na PB
Dentre as principais queixas da administração municipal, estão a evasão de divisas e a degradação ambiental, problemas que são reforçados pela falta de estrutura dos orgãos controladores para uma fiscalização mais efetiva. Sobre a exploração mineral, o orgão designado pelo Ministério das Minas e Energia (MME) para fazer a fiscalização, é o DNPM.
Contudo, em São José da Batalha é que a autarquia não tem conseguido monitorar as minas, entre eles, o número reduzido de funcionários. O DNPM em Campina Grande conta com apenas 12 funcionários, que se revezam para atender a demanda de todo o Estado.
De acordo com a superintendência  do DNPM tem procurado fazer o possível para atender às necessidades de todo o Estado, mas as dificuldades são grandes. A autarquia federal que não dispõe de programa permanente de fiscalização ostensiva, depende muitas vezes de provocação por denúncias, para agir.
Outro impasse que tem prejudicado a ação fiscalizadora do órgão é a reação na maioria dos casos, violenta dos garimpeiros das minas de turmalina Paraíba.  Eles têm consciência de que é obrigação do DNPM fiscalizar a área, mas tentam evitar a presença dos fiscais, por estarem em alguns casos, agindo clandestinamente.
Para conter a ação dos exploradores ilegais, o DNPM conta com a participação da Polícia Federal. Ao identificar as irregularidades, a autarquia encaminha o caso à PF para que seja feita uma possível autuação.
Segundo o delegado da Polícia Federal da Delegacia de Campina Grande, Alexandre Paiva, existem vários inquéritos sendo apurados sobre a exploração irregular da turmalina Paraíba em São José da Batalha. Ele disse que a maioria dos casos, trata de questões de danos ambientais provocados pela pratica abusiva da exploração do mineral.
O delegado informou que quando o DNPM solicita a atuação da PF, é realizada uma investigação preliminar para identificar o caso e em seguida, é efetuada a prisão dos envolvidos em flagrante. Até hoje, a PF em Campina Grande não realizou nenhuma prisão relacionada ao tráfico da pedra, mas já recebeu muitas denúncias e que estão sendo investigadas.

“Mercado é muito fechado”

De acordo com Marcos Magalhães, gestor do projeto de Extração Mineral do Sebrae, o mercado de trabalho da turmalina é muito fechado, concentrado em apenas três propriedades no município de Salgadinho, e isto dificulta que haja estatísticas sobre a atividade.
“É difícil medir a extração do minério. Nas áreas de extração só entram pessoas credenciadas e até para o governo é difícil a fiscalização, porque como a pedra é muito valiosa, uma de tamanho pequeno é facilmente escondida no bolso”. Ele afirma que um quilate está avaliado em torno de U$S 20 mil e que a turmalina azul é a mais preciosa, mas há mais de 80 cores do minério.


Raridade que conquista e desperta cobiça 
 Turmalina Paraíba. Única, bela, rara, preciosa e pra lá de sofisticada. Encantadora, virou moda na Europa, França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Suíça, Japão e China, enlouquecendo a cabeça da mulherada, sobretudo rainhas, princesas e as maiores socialites do mundo. A turmalina Paraíba é a pedra mais precisa que existe, sendo considerada por geólogos e joalheiros, como dez mil vezes mais rara que o diamante. Para se ter uma ideia do poder do mineral, apenas um grama custa mais de R$100 mil.
           
Essa preciosidade é exclusividade da Paraíba e só é encontrada em São José da Batalha, distrito de Salgadinho, no Seridó paraibano. A raridade é explicada pela gemologia por conta da coloração incandescente de uma combinação de traços de cobre e manganês dentro da pedra.
           
A turmalina Paraíba foi descoberta por um mineiro em 1989 e desde então se tornou objeto de cobiça de colecionadores, empresários e mulheres ricas do mundo todo. Depois de ser extraída do subsolo rochoso das minas da Batalha, a turmalina Paraíba passa a ser disputada pelas maiores grifes e joalherias, como as brasileiras Amsterdam Sauer e H. Stern, e as internacionais Dior e Tiffany. Após produzir anéis, colares, broches, pingentes e pulseiras e outros acessórios, as grifes chegam a comercializar peças únicas por até R$ 1,5 milhão.
            A pedra de cor azul é a mais cara do mundo, no entanto, a Paraíba também se destaca com turmalinas que podem ser encontradas nas cores branca negra, verde e até bicolor. No mês de abril, um grupo de mineradores de Picuí encontrou a maior turmalina bicolor já extraída na história da mineração, com um peso de 804 gramas. Eles venderam a pedra por US$ 1,3 milhão, o equivalente a mais de R$ 2,6 milhões. As joalherias já estão de olho na pedra para transformá-la em várias joias para depois comercializarem a preço milionário.
No mundo sofisticado das socialites francesas, suíças, italianas, americanas e alemãs, usar um colar, pulseira ou mesmo um mínimo broche que seja cravejado de turmalina, significa status, poder, autoafirmação. Os joalheiros renomados dizem que as mulheres mais ricas do mundo não economizam no bolso na hora de adquirir uma joia com turmalina Paraíba. Já em relação aos maridos, as joalherias revelam que eles se também sentem afago no ego ao andar com a uma mulher usando joias turmalinizadas.
Nós últimos meses, os mineradores do Seridó passaram a encontrar novos indícios da existência de turmalina bicolor, com mais destaque para jazidas das cidades de Nova Palmeira, Picuí e Salgadinho.