quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O brilho do carbono

O brilho do carbono
John Chadwick, editor da revista International Mining (IM), analisa as recentes novidades e mudanças no setor de diamantes, onde a alta demanda promete emoções.

De Beers afirma que “a crescente demanda dos consumidores por jóias com diamantes, impulsionada pela China e Índia, juntamente com a produção estável no curto e médio prazo, resultará em um déficit estrutural da oferta, que deve resultar na valorização de preço para a indústria.”
 
Foi também declarado na Reunião Instrucional de Diamante da Anglo American no dia 30 de novembro do ano passado que a “indústria de diamante bruto agora exige investimentos em novos projetos até mesmo para manter a produção. Nos próximos anos, a produção adicional das minas Gahcho Kue, Argyle e Petras poderão trazer a produção de volta para (mas não acima) os níveis de pré-recessão”.

Ele também sugeriu que a China e a Índia poderiam ser as responsáveis por metade da demanda mundial até 2025 (em comparação com 12% em 2008). O fornecimento de diamantes brutos está estruturalmente limitado, com nenhuma nova produção prevista em futuro próximo. Existe um declínio da produção das minas atuais; a produção mundial máxima foi alcançada em 2006 e algumas descobertas de grandes jazidas foram feitas durante as últimas duas décadas.

De Beers lista os principais produtores mundiais por valor, com a maior base de reserva, fornecendo escala e futura produção sustentável, conforme a tabela:

Houve algumas mudanças significativas entre as principais mineradoras de diamante recentemente. Em agosto passado, a Anglo American completou a aquisição de uma participação de 40% na De Beers da CHL (que representa os interesses da Família Oppenheimer), aumentando assim a sua participação para 85%.

Em novembro de 2012, Harry Winston Diamond Corp firmou contratos de compra de ações da BHP Billiton Canada, juntamente com várias associadas, visando ao controle de todos os ativos de diamante da BHP Billiton, incluindo a sua participação controladora na mina de diamantes Ekati, bem como a instalação para triagem de diamante e vendas em Yellowknife, Territórios do Noroeste do Canadá e Antuérpia, na Bélgica. A mina Ekati consiste na Zona central, que inclui a mina de operação e outros de kimberlitos já licenciados, assim como a Zona Tampão, área adjacente de kimberlitos com potencial para desenvolvimento e exploração.

Ekati, a primeira e maior produtora de diamantes do Canadá, cuja produção foi iniciada em1998, fica a cerca de 310 km ao nordeste de Yellowknife nos Territórios do Noroeste. Ela inclui tanto operações a céu aberto e subterrâneas e está localizada próxima a mina de diamantes Diavik, na qual Harry Winston detém uma participação de 40%. Ekati tem produzido uma média de cerca US$ 0,75 bilhão/ano de diamantes brutos ao longo dos últimos cinco anos. Essa produção representa aproximadamente 6% do fornecimento mundial de diamantes brutos em termos de valor. A fase atual da produção na mina processa minérios de qualidade inferior, mas com alto volume em quilates, na cava a céu aberto de Fox, complementado pela lavra subterrânea da parte baixa dos kimberlitos de Koala e Koala Norte. Embora a produção nos próximos dois anos seja inferior à média alcançada ao longo dos últimos cinco anos, espera-se que ela retorne a níveis mais altosquando a lavra atingir camadas de maior teor nas minas a céu aberto de Misery e Pigeon. O plano atual da mina Ekati prevê sete anos de produção, mas há recursos complementares que poderiam se tornar econômicos com o aumento dos preços dos diamantes.

Harry Winston tem estado envolvido na indústria de diamantes canadense desde a descoberta de Diavik, em 1994. Ele diz que “está entusiasmado com a oportunidade de prolongar a vida da mina Ekati. Diavik é a maior mina de diamantes do Canadá, com a descoberta de quatro kimberlitos em 1994 e 1995. A mina está localizada em uma ilha de 20 km², em Lac de Gras, Territórios do Noroeste, a cerca de 300 km de Yellowknife, e apenas a 220 km ao sul do Círculo Polar Ártico.

Harry Winston não opera a mina, cuja tarefa cabe à Diavik Diamond Mines, uma subsidiária da Rio Tinto. Ela opera a mina e a Harry Winston paga 40% dos custos operacionais e de capital da mina e recebe 40% da produção de diamantes.

Os três kimberlitos atualmente lavrados, A154 Sul, A154 Norte e A418, são pequenos em diâmetro por termos globais da indústria, porém são de alta qualidade, com alguns dos maiores teores por tonelada do mundo. Em 31 de dezembro de 2011, a Diavik tinha 16,1 milhões de quilates de reservas provadas e 42,8 milhões de quilates de reservas prováveis ??(com base de 100%).


Grupo De Beers opera minas no Canadá, Namíbia, Botswana e África do Sul

As qualidades excepcionais da Diavik tornam-na uma das minas de diamantes mais valiosas e rentáveis ??do mundo. O plano atual da mina prevê produção comercial até 2022.



Brilho da Índia

O parceiro na Diavik de Harry Winston, Rio Tinto, tem empolgado o setor de diamantes recentemente com notícias de seu projeto Bunder na Índia, a 500 km ao sudeste de Delhi. Este é o projeto mais avançado de diamantes da Rio Tinto em todo o mundo e a descoberta mais importante no país durante muitas décadas. Ela está localizada na região Bundelkhand de Madhya Pradesh e é a primeira descoberta de diamantes na Índia em mais de 50 anos e uma de apenas quatro novas minas de diamantes programadas a entrar em operação no mundo nos próximos anos.

A Rio Tinto concluiu estudos que identificaram um recurso inferido de 37 milhões t com 0,7 quilate/t para a chaminé de lamproíto de Atri. A empresa vem pesquisando diamantes na Índia desde 2001 e até agora descobriu mais de 40 lamproítos e kimberlitos. Ela descobriu as chaminés de Bunder em 2004.

O projeto Bunder inclui um conjunto de oito chaminés de lamproítos alojadas em rochas sedimentares proterozóicas de disposição plana. As sondagens foram até agora focadas no lamproíto de Atri, duas chaminés fundidas com uma área de 17 ha. A chaminé é exposta ao longo de sua margem sudoeste, mas em outros lugares é coberta por até 23 m de colúvio.

A geometria do lamproíto tem sido limitada pelas perfurações HQ e NQ à profundidade de 400 m abaixo da superfície. O teor de diamante é baseado em onze furos centrais de 203 mm de diâmetro, com 50 a 75 m de espaçamento até 250 m de profundidade. A avaliação do preço do diamante usou de 320 quilates recuperados a partir de uma amostragem a granel de superfície e a partir de outros 90 quilates recuperados de um furo de sondagem. As amostras foram processadas usando técnicas de separação em meio denso para recuperar pedras de escala comercial (> 0,85 mm).

O projeto Bunder deve iniciar sua produção em 2016 ou no início de 2017 – ao nível estimado de 2-3 milhões de quilates/ano. Madhya Pradesh, onde está localizado o projeto, passa a ser classificada entre as 10 melhores regiões produtoras de diamantes no mundo, em termos de valor e volume.

No final de agosto, a Rio Tinto lançou o Courageou Spirit, o conjunto inaugural de joias feitas com diamantes do projeto Bunder. Jean-Marc Lieberherr, Diretor Comercial da Rio Tinto Diamonds, relatou recentemente ao Financial Times que os diamantes de Bunder são «o sonho de um comerciante».

“Estamos retomando a história de diamantes da Índia e sua rica tradição que podemos potencializar em nossa mensagem de marketing. Podemos falar sobre a história da Índia como a terra dos diamantes e contos de marajás com seus tesouros.

“Com uma história como Bunder, ela age aos quatro fatores C [claridades, cor, quilate, corte] um elemento emocional, muito importante no marketing de brilhantes”.

Austrália

A Mina Argyle Diamond, 100% controlada pela Rio Tinto, está em funcionamento desde 1983. Localizada na região leste de Kimberley, ao norte da Austrália Ocidental, a Argyle é a maior fornecedora mundial de diamantes. Os diamantes produzidos pela Argyle são encontrados em uma variedade de cores, incluindo brancochampagne e rosa. A Argyle é a principal fonte mundial de diamantes rosa raros, que se tornaram a pedra de assinatura da mina.

Em 2005, a Rio Tinto aprovou a construção de uma mina subterrânea abaixo da cava a céu aberto existente. O desenvolvimento subterrâneo está progredindo e a primeira planta de britagem foi comissionada este ano.

Gahcho Kue

Desde 1993, os estudos de exploração e ambientais e outros trabalhos estão em andamento para o desenvolvimento da mina de diamante de Gahcho Kué, em Kennady Lake, a cerca de 280 km ao nordeste de Yellowknife e a 80 km ao sudeste da mina Snap Lake, da De Beers. O projeto é um empreendimento conjunto entre a De Beers Canada (51%) e a Mountain Province Diamonds (49%). Três depósitos de Kimberlitos têm potencial para ser explorados: 5034Hearne e Tuzo.

Em 8 de novembro, a Mountain Province Diamonds anunciou os resultados de recuperação de micro diamantes do programa de sondagem sondagem em Tuzo, concluído em abril de 2012. Este programa definiu a extensão de profundidade da Kimberlito Tuzo ao longo de aproximadamente 214 m, começando a 350 m até profundidade de 564 m.

O recurso atual indicado de Tuzo, de 1,21 de quilates/t, é a partir da superfície até uma profundidade de 300 m. O recurso inferido, com uma classificação média de 1,75 quilate/t, é de uma profundidade de 300 m a 350 m.

Uma avaliação independente em marco de 2012 sobre os diamantes de Tuzo, recuperados a partir de amostragem de massa precedente, indica um valor real do minério por quilate de US$ 316 e um valor modelado de US$ 104/quilate. O maior e mais valioso diamante recuperado até o momento do projeto Gahcho Kue vem de Tuzo - uma pedra de 25,13 quilates, um octaedro de cor H, o qual tem sido valorizado de forma independente em $20,000/quilate.

Tuzo é um dos quatro kimberlitos conhecidos dentro do empreendimento conjunto da Gahcho Kue. Três dos quatro kimberlitos (5034, Hearne e Tuzo) têm uma reserva provável de 31,3 Mt com um grau totalmente diluído de 1,57 quilate/ t, para um  teor total de diamante de 49 milhões de quilates. Com base nessa reserva, o empreendimento conjunto está atualmente viabilizando a primeira mina, que deverá produzir uma média de 4,5 milhões de quilates por ano para os primeiros 11 anos. A Gahcho Kue poderá estar em operação já em 2015/2016.

O Líder do Mercado       

De Beers é o maior produtor naquilo que ela descreve como “a parte mais rentável da cadeia de valor da indústria”. [Ela tem] um portfólio global de ativos de alta qualidade e recursos inigualáveis e base de reserva, [com] “controle de parte das minas emblemáticas da indústria. Também reivindica liderança em termo de custos com cerca “de 70% da sua produção na extremidade inferior da curva de custo”.

E relata que “20% dos quilates de alto valor correspondem a quase 75% do valor total de diamantes  brutos da De Beers.”

A integração da De Beers e da Anglo American segue as seguintes premissas:

• Mudanças limitadas na estrutura de gestão de De Beers

• Suporte às iniciativas estratégicas de De Beers

• Ênfase na manutenção da marca De Beers

• Aproveitar os benefícios de escala do Grupo Anglo American

• Centralização de certas funções corporativas dentro da Anglo American

• Melhoria dos sistemas e padrões de relatórios da De Beers

• Aprofundamento das relações de colaboração com os parceiros chave da De Beers

• Consolidar a coesão na gestão

A De Beers tem uma carteira de projetos bem posicionada para o longo prazo, com plano de desenvolvimento geograficamente diversificado. Além da Gahcho Kue, esse plano inclui o Cut 8 de Jwaneng (Botswana) e o projeto subterrâneo de Venetia (África do Sul

Debswana, a maior produtora do grupo, é uma joint venture de 50/50 com o governo da República do Botswana. Ela opera quatro minas a céu aberto: Jwaneng, Orapa, Letlhakane, Damtshaa, que produziram 22,9 milhões de quilates em 2011.

As operações a céu aberto de Jwaneng utilizam métodos de caminhões e escavadeiras, localizadas a 160 km a oeste de Gaborone. Existem quatro jazidas conhecidas (três chaminés de grande porte e uma menor), ao longo de cerca de 54 ha. A Jwaneng é a maior produtora de diamantes do mundo, por valor. O projeto Cut 8 e as operações atuais prolongarão a vida da mina de 2017 a 2028:

• Rejeito do Cut 8 a ser lavrado: 660 milhões t

• Minério do Cut 8 a ser extraído: 91 milhões t

• Quilates do Cut 8  do minério extraído: 102 milhões de quilates

• Custo de capital de infraestrutura: aproximadamente US$ 450 milhões

• Primeiro minério processado na planta 8

• Estágio atual do projeto:

• Projeto de infraestrutura concluído abaixo do orçamento (2010-2012)

• Frota do equipamento em grande parte adquirida

• Mineração de rejeitos iniciada em 2010

• Rejeito escavado até o momento – 112 milhões t

O projeto subterrâneo de Venetia prolongará a vida da maior mina de diamante da África do Sul pelo menos até 2043, produzindo cerca de 111 milhões de quilates. Trata-se de duas jazidas abaixo da cava a céu aberto atual (Cut 4), a iniciar-se em 2021.

O projeto prevê dois poços verticais (serviços e produção) a 1040 m. Ele empregará sublevel caving (SLC) para produzir, em média, 6 milhões t/ano e 4,4 milhões de quilates por ano. A Autorização Ambiental (EA) foi emitida em Julho de 2012, enquanto que o EMP foi aprovado em outubro. A Anglo afirma que “as aprovações regulamentares finais são iminentes.”

A Namdeb Holdings é um empreendimento conjunto 50/50 com o governo da Namíbia, e detém 100% das licenças da Namdeb (terra) e Debmarine da Namíbia (mar) até 2020. As operações de mineração ocorram na costa da Namíbia, em profundidades de água de 80-130 m. As operações de terras aluviais são realizadas ao longo da costa sudoeste e áreas do interior da região de Karas e entre as cidades costeiras de Oranjemund e Liideritz. Em 2011, as operações marinhas produziram 990.000 quilates, e as operações terrestres produziram 346.000 quilates.

A frota da marinha é composta por cinco embarcações de lavra vertical e uma de lavra horizontal, além de embarcações subcontratadas para exploração e levantamentos geológicos. Duas embarcações foram modernizadas em 2013 para aumentar as taxas de lavra. A tecnologia patenteada da De Beers lhe dá vantagem competitiva e o “Sea Walker” usado para extrair diamantes ao longo da zona de arrebentação é um exemplo disso.

No Canadá, além da mina subterrânea Snap Lake nos territórios do noroeste; a mina a céu aberto Victor, no norte de Ontário; e o projeto Gahcho Kue, a De Beers está examinando o depósito de diamante Chidliak, na Ilha Baffin, em Nunavut. A campanha de exploração avançada foi concluída. A De Beers mantém uma opção de parceria com a Peregrine Diamonds até o final de 2013.

A Embarcação Debmar Atlantic atracada a cerca de 35 km da costa da Namíbia.
(*) Matéria originalmente publicada na edição de janeiro de 2013 da revista International Mining. Conteúdo editado por questões de tamanho.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Metade da população de Coober Pedy mora debaixo da terra


Metade da população de Coober Pedy mora debaixo da terra

No verão, o calor chega a 50°C. Já debaixo da terra, a temperatura é sempre agradável. Tem uma caverna-livraria, e a pequena igreja ganha iluminação de acordo com a hora do dia.

Estamos no Outback do sul da Austrália. Escondida nessa imensidão, surge a solitária Coober Pedy. A cidade mais próxima fica a 700 quilômetros. Os 3,5 mil habitantes têm algo em comum: a mineração de opalas. E metade deles mora debaixo da terra. Esta é uma herança dos ex-soldados da primeira guerra mundial que trouxeram para o local, o know how das trincheiras dos campos de guerra.

Nos meses de inverno, faz até frio em Coober Pedy. Mas no verão faz muito calor na cidade. A temperatura chega a 50°C. Por isso, as pessoas se adaptaram tão facilmente à vida subterrânea, onde a temperatura é sempre agradável.


O dia a dia dos moradores é quase como em qualquer outro lugar. A caverna-livraria está sempre aberta. A pequena igreja ganha iluminação de acordo com a hora do dia. E a refeição com a família debaixo da terra é aconchegante.

Mas há mais detalhes nesse estranho cenário de Coober Pedy. Essas chaminés funcionam como entradas de ar. E essas imensas máquinas usadas nas minas de opala estão por toda a cidade.

O velho mineiro Ken Male conta que, na afastada Coober Pedy, encontrou o que queria. “Aqui eu encontrei a liberdade de fazer o que quisesse, sem a burocracia do governo”, diz Ken. “Quando eu cheguei, 20 anos atrás, eu pude ter minha própria casa. Se eu quisesse trabalhar, eu ia, mas, se eu não quisesse, não precisava”.

Com o dinheiro das opalas, Ken construiu uma vida em Coober Pedy. A casa onde mora fica no mesmo lugar da antiga mina que explorava. Na parte da frente, fica a loja. Descendo a escada, está o subterrâneo, a cozinha, com uma falsa janela, a sala e os quartos.

Ken diz que é uma ótima experiência, mas que não gosta de ficar embaixo da terra todo o tempo. Tem a vantagem de a temperatura ser sempre a mesma, cerca de 22°C no verão ou no inverno. Não faz diferença.

O nosso hotel em Coober Pedy também é subterrâneo. No quarto, não tem janela. Mas dormir no subterrâneo é bom demais. É sempre escurinho, faz silêncio e, se andarmos pelo hotel, temos a oportunidade de se deparar com uma parte da mina.

É que, nos corredores do hotel, ficava a mina cavada no passado pelos pais da gerente do hotel Debby Clee. Hoje, eles se dedicam aos hóspedes, mas não deixaram as opalas de lado. Lidar com essas pedras está no sangue da família.

Debby explica que há milhões de anos, quando essa região toda era mar, havia conchas na areia. A areia se transformou em pedra, e as conchas se desintegraram, deixando moldes naturais, que foram preenchidos com água e sílica. Ao se solidificarem, viraram opalas.
As opalas mais valiosas têm mais brilho e cores, mudam de tom conforme a luz. A mais cara, no entanto, ainda está do jeito que foi achada. Escondida dentro de uma pedra sem valor, uma espécie de ouro de tolo da região. Foi uma surpresa e uma sorte, pois a opala guardada ainda bruta por pouco não foi para o lixo. Ela vale US$ 69 mil, e Debby a achou quando estava cavando para construir a sala de jantar.

As opalas encontradas no hotel até hoje são polidas pela mineira Valerie Clee, mãe de Debby, em um cantinho bem especial, perto de uma das entradas da mina. É um trabalho de artesã, feito com carinho. O amor pelas opalas transparece no olhar de Valerie, que brilha quando fala delas.

“É fascinante. Tem lindas cores”, diz Valerie. “Quando você corta a opala, não vê as cores. Contra um fundo preto, a cor aparece”. Ela conta ainda que faz esse serviço com opala, há 26 anos e que já achou a sua opala, que ela carrega pendurada no pescoço.
Entusiasmada com a nossa curiosidade, Valerie nos leva pelos túneis formados pelas antigas minas nos subterrâneos da cidade. É um labirinto interminável. Agora dá para entender de onde vem o nome Coober Pedy: Kupa Piti. Em aborígene, quer dizer homem branco no buraco.
A Austrália produz 90% das opalas do mundo, e 70% desta produção sai daqui de Coober Pedy.
Atualmente, quase tudo é exportado, principalmente para a China. Mas já não está tão fácil encontrar opalas. A nova mina de Ken fica há alguns quilômetros da cidade.

O velho mineiro diz que nada é como dez anos atrás. É preciso cavar cada vez mais fundo.
Mas ele acredita que ainda há muitas opalas nessa região.
Coober Pedy sempre atraiu gente do mundo inteiro. Hoje, há pessoas de 52 nacionalidades vivendo na cidade. A construtora Irene Spillmann é suíça e veio para a cidade atrás das opalas há nove anos. Nunca encontrou uma pedra valiosa. Quer dizer, ainda não. Ela é casada com Michael, australiano de Brisbane. O sócio deles é Steve, de Montenegro, ex-República Iugoslava. Eles estão construindo uma casa subterrânea, para vender. Em Coober Pedy, quem cava está sempre de olho nas opalas.

O sonho de encontrar uma opala valiosa em Coober Pedy pode se tornar realidade para qualquer um. É só procurar. E até mesmo visitantes como nós podem tentar a sorte.

Para velhos mineiros como Ken, encontrar uma opala preciosa é uma esperança que se renova. Como a flor Sturt Desert Pea, que é um dos símbolos do sul da Austrália. Mesmo na aridez do solo de Coober Pedy, ela não se acanha. É por isso que Ken quer ser enterrado na cidade, junto ao que ainda hoje o faz sonhar.

“Eu sempre fui um garoto do campo. Nasci no campo, amo o campo e esta liberdade. Você olha para todo o lado e nada, ninguém. Talvez somente uns poucos cangurus”, afirma Ken.

Contrabando de Opala

Contrabando de Opala

Um minério usado na fabricação de jóias, a opala, é contrabandeado livremente em Pedro Segundo, no interior do Piauí.
Sem fiscalização, os garimpeiros vendem as pedras diretamente aos contrabandistas, que as levam para fora do País.
Em Pedro Segundo, a 210 quilômetros de Teresina, está localizado o único garimpo de Opala do País.

O minério, considerado muito raro, é usado na fabricação de jóias. Um grama da Opala chega a custar 200 reais, 2 x  mais o valor do ouro.

O estudo do Ministério das Minas e Energia, mostra que nessa região, a Opala pode ser encontrada numa área de 8 mil hectares.

Seria uma reserva com 1200 toneladas do minério avaliadas em 800 milhões de dólares.

Com a fiscalização dos garimpos desativada, a Opala explorada do Piauí está contrabandeada para o exterior. Após lapidar as pedras, os garimpeiros vendem o minério no meio da rua e em plena luz do dia.

"A gente vende para australiano, japonês, alemão, americano...Esse pessoal todo vem comprar aqui".

Um garimpeiro que é suplente de vereador do município confirma o contrabando de pedras.

"Eu faço contrabando mesmo. Não pago imposto, não".

O governo alega que não tem como evitar a ação dos contrabandistas.

A opala é uma pedra preciosa que vale de acordo com o conjunto de cores que apresenta. Vários tons, várias cores... É usada em anéis e colares também.

Uma das mais valiosas é a opala negra. Além do Brasil, a opala é produzida pela Austrália e pelo México.

Diamante bate recorde ao ser leiloado por US$ 30 milhões em Hong Kong

Diamante bate recorde ao ser leiloado por US$ 30 milhões em Hong Kong

France Presse
HONG KONG, 07 Out 2013 (AFP) - Um diamante branco de 118,28 quilates foi leiloado nesta segunda-feira, em Hong Kong, por 30 milhões de dólares, um recorde mundial.
A pedra preciosa foi comprada por um lance feito por telefone durante leilão realizado pela Sotheby's que durou apenas seis minutos.
A pedra ovalada foi descrita como a mais refinada de seu tipo jamais leiloada. Seu valor inicial foi calculado entre 28 e 35 milhões de dólares.
A pedra, apelidada de 'Magnífico Diamante Ovalado', foi descoberta em 2011 em uma mina profunda de um país africano não identificado. Como diamante bruto, pesava 299 quilates.
A Sotheby's disse ainda que o diamante de cor D recebeu a maior classificação de qualidade do Instituto Gemológico da América.
Os diamantes de cor D - incolores - são muito pouco frequentes e costumam alcançar preços exorbitantes.
O preço de venda deste diamante superou o recorde estabelecido no ano passado, de um diamante de 101,73 quilates que foi vendido por 26,7 milhões de dólares.

Uma mina de diamantes no sertão da Bahia



Início do conteúdo

Uma mina de diamantes no sertão da Bahia

Descoberta pode multiplicar por cinco a oferta do mineral no País


Na pequena Nordestina, de apenas 12,4 mil habitantes, encravada no meio do sertão baiano, a mineradora belga Lipari se prepara para iniciar a exploração da primeira mina de diamantes extraídos diretamente da rocha (fonte primária do mineral) na América Latina.
A companhia, comandada pelo geólogo canadense Kenneth Johnson, já aplicou R$ 60 milhões na unidade e planeja aplicar mais R$ 30 milhões ao longo deste ano para acelerar as pesquisas e iniciar a comercialização do minério já no fim de 2014. O dinheiro que financiou toda essa operação saiu dos controladores da Lipari – a companhia Aftergut & Zonen, da Bélgica, e o fundo Favourite Company, de Hong Kong.
Ainda em fase de pesquisas, o geólogo que coordena o trabalho da Lipari no sertão baiano, Christian Schobbenhaus, afirmou ao Estado que estima em pouco mais de 2 milhões de quilates de diamante a capacidade total das minas em Nordestina, que fazem parte do projeto Braúna. Um quilate de diamante de rocha kimberlítica é negociado, hoje, a cerca de US$ 310.
O kimberlito é uma rocha rara, que forma o manto da terra. Chega à superfície após uma erupção vulcânica. Foi nessas explosões, ocorridas há bilhões de anos, que o kimberlito trouxe para próximo da superfície terrestre os diamantes.
Desde então, por meio da erosão natural do solo, os diamantes podem se soltar e chegar até aluviões de rios, onde são encontrados na maior parte das vezes.
Produção atual - O Brasil, até agora, tem "produzido" diamantes dessa forma, tendo produção anual de 47 mil quilates, estimada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), cerca de 0,04% de todo o diamante explorado no mundo. Agora, apenas a produção de Nordestina deve multiplicar por cinco a oferta nacional de diamantes, aumentando também o valor do minério, uma vez que não é oriundo de aluviões, mas de fonte primária – da própria rocha.
Há apenas 20 minas de kimberlito em atividade no mundo. O grupo de países do qual o Brasil vai fazer parte é pequeno: as minas estão no Canadá, em países no sudoeste africano e na Rússia. O bloco de rocha kimberlítica no qual está a pequena Nordestina pertence ao cráton (bloco de rocha com mais de 1 bilhão de anos) do São Francisco, que ficava junto ao cráton do Congo, na África, antes da separação dos blocos em continentes.
Profundidade - Em Nordestina, o diamante está a cerca de 3 quilômetros da superfície, e a pesquisa total da área só deve ser concluída no fim do ano. Dada a complexidade da operação – as máquinas que tiram os diamantes das rochas são importadas da África do Sul e operadas por técnicos qualificados em mineração de diamantes –, a comercialização do minério de Nordestina só deve começar no último trimestre do ano que vem, ganhando força a partir de 2015. A Lipari estima em sete anos a vida útil da mina na cidade.
Praticamente todo o diamante de Nordestina será exportado para Dubai, Bélgica, Israel e Canadá, onde o comércio do minério é concentrado e tradicional. Assim, a companhia aposta que, até 2015, quando a produção estará a todo vapor, a recuperação da economia mundial terá ficado mais consistente e, com isso, os preços do diamante devem aumentar, puxados por uma demanda mais firme.
"Para um geólogo, esta é uma oportunidade inacreditável. Estamos trabalhando na primeira mina de diamante oriundo diretamente do kimberlito de toda a história da América Latina", disse Schobbenhaus, que mora em Nordestina desde 2010, quando as pesquisas se intensificaram.
O governo da Bahia deve licenciar a produção ainda neste ano, e o pedido de lavra feito pela Lipari ao DNPM também deve ser concedido. Segundo o diretor de fiscalização do departamento, Walter Lins Arcoverde, a mina da Lipari é "a confirmação de que o Brasil tem, de fato, a primeira mina de diamante oriundo de kimberlito na América Latina, e o segundo em todo o continente, atrás apenas do Canadá, que é um dos maiores produtores do mundo". Até este ano, apenas Brasil, Guiana e Venezuela produziam diamantes na região, mas todos os minérios eram de fontes secundárias, isto é, de aluviões de rios.