terça-feira, 12 de novembro de 2013

Brasil deverá importar alumínio em breve

Brasil deverá importar alumínio em breve

Continuando com a estratégia de focar nos negócios principais a Vale já vendeu mais de quatro bilhões de dólares de ativos desde 2012.
Ela vendeu por US$1,1 bilhões seus ativos de alumínio no Brasil recebendo, como parte do pagamento, 22% das ações da norueguesa Norsk Hydro.  A Vale, agora, se prepara para vender as suas ações da Norsk Hydro avaliadas em US$1,8 bilhões.
A Norsk é a terceira maior produtora de alumínio da Europa e, tem a Vale como a sua segunda maior acionista. Ela controla 51% da Albras, 91% da Alunorte, 81% da CAP e 60% de Paragominas.
A Vale alegou não ter acesso a fontes de energia de baixo custo e que o preço da energia no Brasil torna essas operações marginais, o que a levou à venda dos seus ativo e a abandonar o alumínio do Brasil.
Os elevados custos de energia estão acabando com várias indústrias no Brasil. Eles já haviam forçado a Vale a fechar a sua planta de alumínio Valesul no Rio de Janeiro. O mesmo ocorreu com a Novelis do Brasil que fechou a planta de alumínio de Aratu na Bahia em 2010.
Estas notícias só fazem enfatizar o desastre que está acontecendo no Brasil, onde o Governo asfixia a indústria com um dos maiores custos de energia do mundo. As consequências estão aí: empresários fecham as portas, abandonam ativos e migram para outras áreas.

Nós temos excelentes reservas de bauxita, mas em breve, estaremos importando alumínio metálico. Um desastre econômico criado por total falta de planejamento e de sensibilidade.

Gás do carvão salvará vidas em Beijing

Gás do carvão salvará vidas em Beijing

A China é a maior consumidora de carvão do mundo e a poluição causada pela queima deste fóssil está matando seus habitantes. O uso de carvão em indústrias poluidoras, sem filtragem adequada e com equipamentos obsoletos e sujos é uma das caraterísticas chinesas. O consumo chinês de carvão é astronômico, ficando em torno de 4 bilhões de toneladas por ano. Somente em Beijing os casos de câncer de pulmão subiram 50%. Isso ocorre apesar do número de fumantes estar em franca redução. Em Beijing os casos de câncer de pulmão afetam 63,09 pessoas em 100.000 o que é 4,5 maior do que no Brasil. Em toda a China quase 1 milhão de pessoas morrem, anualmente, em decorrência da poluição do ar, apenas.  No mês passado a cidade de Harbin, com mais de 10 milhões de habitantes, foi simplesmente paralisada pela poluição. O Governo foi obrigado a fechar a cidade, o aeroporto e paralisar as aulas até que os índices de poluição caíssem. Calcula-se que a China produza 20% de todo o gás de efeito estufa do planeta.
Com a chegada do gás do carvão a poluição deverá cair significativamente. Esse projeto, que transforma o carvão em gás, estará custando 14 bilhões de dólares. A Datang Power, empresa governamental, começa a bombear o gás, em poucas semanas, a partir de uma planta piloto situada no norte da China. No início serão entregues quatro milhões de metros cúbicos por dia em Beijing. Os problemas com o gasoduto de 430km foram as principais causas do atraso no projeto que deveria estar fornecendo gás desde o ano passado. A PetroChina planeja construir uma rede de gasodutos com mais de 53.000km que conectará as principais fontes de gás aos centros consumidores. Em 2015 estarão sendo distribuídos 4 bilhões de metros cúbicos de gás a partir do carvão: um mega-projeto que irá salvar vidas e poluir menos.

MRN: sai o substitutivo – volta o direito de prioridade

MRN: sai o substitutivo – volta o direito de prioridade

Acaba de  ser divulgado o substitutivo do novo Marco Regulatório da Mineração (veja  na íntegra).
Existem  inúmeras mudanças no corpo deste novo PL. No entanto, a que se refere ao  direito de prioridade está conforme a sugestão dada pelo Portal do  Geólogo que cabe o direito de prioridade em áreas que não serão trabalhadas pela  CPRM (Veja sugestão do Portal do Geólogo).
Alguns pontos interessantes que afetam a pesquisa mineral:
  • volta a prioridade àquele que requerer a área
  • pessoa física pode requerer
  • capacidade técnica e valor a ser investido irão ser  preponderantes, ou seja uma empresa terá maior chance de ganhar a concessão.
  • o poder Concedente pode negar a concessão caso houver  interesse de fazer licitação. Existirão áreas para licitação a serem  trabalhadas pela CPRM e as demais a serem pesquisadas por todos. A CPRM tem  6 meses para iniciar os trabalhos.
  • não mais existirão filas no DNPM: os pedidos serão TODOS por forma eletrônica

Nos próximos dias estaremos debatendo esse PL.
Mas no momento o que vemos é uma grande evolução em relação  ao original.
Parabéns aos Deputados que ouviram os pleitos dos  mineradores.
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 Abaixo os pontos do PL que embasam o falado acima:
Seção II
Da  Autorização de Pesquisa Mineral
Subseção I
Das  Condições de Outorga
Art.  22. O Poder Concedente autorizará a realização de pesquisa mineral,  considerando:
I -  plano de pesquisa submetido pelo requerente, que conterá orçamento e cronograma;
II -  capacidade técnica para pesquisa;
III  - qualidade do programa exploratório mínimo; e
IV -  valor a ser investido na pesquisa.
§  1˚A autorização de pesquisa poderá ser outorgada a pessoa  física ou jurídica.
§ 2º  A autorização de pesquisa terá limite máximo de área de dez mil hectares.
§ 3˚ O titular da autorização de pesquisa poderá realizar os trabalhos de  pesquisa para todo tipo de substância mineral.
§ 4˚  O Poder Concedente poderá negar a autorização de pesquisa em área na  qual pretenda realizar pesquisa mineral para fins de futura licitação.
§ 5˚  Caso a autorização de pesquisa seja negada com base no parágrafo anterior e os  trabalhos de pesquisa mineral para fins de futura licitação não sejam iniciados  pelo poder público em seis meses, aplicar-se-á à área o  disposto
21
no  art. 15 deste Código, assegurando-se, por dez dias a partir da data em que a  área voltar a ser considerada livre, exclusividade para realização de novo  requerimento ao interessado que a requerera anteriormente.
§ 6˚  Na hipótese do parágrafo anterior, a autorização de pesquisa não poderá ser  novamente negada pelo Poder Concedente com base no § 4˚.
Art.  23. O requerimento de autorização de pesquisa mineral será realizado exclusivamente pela via eletrônica, na  forma do regulamento, preservado o sigilo do requerente até a data de outorga da  autorização, que deverá ser publicada no Diário Oficial da União.
Parágrafo único. A autorização será outorgada  àquele que primeiro requerer a área  considerada livre, desde que atendidos os requisitos previstos  neste Código

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Governo vai licitar 210 mil hectares de floresta e regularizar 32 garimpos no Pará

Governo vai licitar 210 mil hectares de floresta e regularizar 32 garimpos no Pará

Da forma como atuam hoje, esses garimpos são, segundo o Diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Pires, "os piores inimigos da natureza". O diretor acredita, entretanto, que é possível conciliar a proteção da Flona com a atividade, desde que haja um licenciamento muito rigoroso dessas lavras.
- É possível proteger a Flona, através de um bom processo de licenciamento, que regule a supressão de vegetação, que contenha os rejeitos e determine medidas que minimizem o impacto. Agora, esses garimpos que desmatam sem controle e jogam mercúrio na água são os maiores inimigos da natureza - observou.
O chefe da Flona de Amana, Ricardo Jerozoolimski, contou que a decisão de permitir a continuidade dos garimpos na unidade de conservação foi tomada para atender à demanda dos garimpeiros, que já estavam na região antes da criação da Flona, e do próprio Ministério de Minas e Energia. A região, que se estende às margens do Rio Tapajós, teria a maior jazida de ouro do mundo. Os garimpos que operam dentro da Flona terão que ser regularizados e não poderão ser ampliados. Novos empreendimentos dessa natureza não poderão ser criados.
Para Adalberto Veríssimo, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a permissão do garimpo na Flona de Amana foi "um bom arranjo", já que atende uma demanda social que não coloca em risco necessariamente a integridade da floresta.
- A mineração, em tese, não é incompatível com uma unidade de conservação de uso sustentável (categoria na qual as Flonas se enquadram), cuja função primária é a proteção da biodiversidade e em segundo lugar é a geração de renda. Eu não sou contra, desde que haja um licenciamento adequado. Vamos ter que observar se a degradação vai aumentar. Há experiências bem sucedidas - disse.
Presente à audiência pública que aconteceu semana passada em Itaituba, cidade que margeia a Flona, o presidente da Associação de Mineração de Ouro do Tapajós, José Antunes, explicou que todos os garimpeiros que trabalham no local _ 758, segundo o Serviço Florestal_ estão em processo de regularização e deverão estar totalmente legais até o final do ano. Antunes estima que 100 quilos de ouro sejam retirados mensalmente da Flona de Amana, gerando um faturamento mensal de cerca de US$ 3,9 milhões.
Para se ter uma ideia da importância do negócio, há 30 pistas de pouso de pequenos aviões dentro da Flona. Pessoas que moram em Itaituba contam que no auge da exploração de ouro, no início dos anos 80, o pequeno aeroporto da cidade era o mais movimentado do mundo. Ao desembarcar no município, uma pintura imortaliza uma imagem registrada na época, quando um avião chegou a pousar sobre o outro, tamanho o fluxo aéreo.
- Quem segura a economia de Itaituba é o ouro. Aqui tá todo mundo ligado na cotação. Todo mundo sabe que a onça de ouro (31,1g) tá valendo hoje US$ 1.207 - disse Antunes, explicando que fora do centro da cidade, o minério é usado como moeda de troca:
- Se eu vou comprar uma quantidade grande de óleo diesel, eu pago em ouro. Mil litros de diesel dá 40 gramas de ouro.
Embora a atividade movimente imensas quantias de dinheiro, um rápido olhar por Itaituba, cidade de 127.000 habitantes, acusa que muito pouco dessa fortuna fica na região. A cidade é dona do pior IDH do oeste paraense e tem altas taxas de desemprego e analfabetismo. De acordo com o Censo 2000 do IBGE, 18% da população do município não sabe ler ou escrever. Nas ruas, o esgoto corre livremente e deságua sem pudor sobre as águas do rio Tapajós. É comum ver espalhado pela cidade grandes quantidades de lixo, atraindo ratos, baratas e cães famintos.
O Serviço Florestal Brasileiro, órgão responsável pela gestão de florestas públicas, espera que com o início da concessão da Flona, a presença do Estado se instale de vez, acabando com a ilegalidade também no garimpo. Segundo o órgão, o relatório sobre a presença dos garimpeiros na unidade foi entregue ao Ministério de Minas e Energia para providências. Um termo de ajustamento de conduta terá de ser assinado pelos donos dos garimpos. Além disso, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, gestor das unidades de conservação, tem poder de polícia e pode autuar os delitos ambientais ali praticados. O que muda com a concessão, é que parte do dinheiro pago pelas empresas vencedoras da licitação vai para o Chico Mendes, que atualmente não consegue ter presença atuante no local.


A guerra do minério de ferro está começando: quem serão os ganhadores e os perdedores?

A guerra do minério de ferro está começando: quem serão os ganhadores e os perdedores?




Não há como evitar, em breve veremos uma guerra mundial de preços, entre os produtores de minério de ferro que só terminará após a erradicação de muitos mineradores. O objetivo, obviamente, é a conquista e manutenção dos grandes mercados, em especial o chinês. 

No futuro próximo o fato fundamental, que irá mudar drasticamente a estrutura dos preços, será a superprodução de minério. Essa superprodução irá ocorrer por mais atrasadas que as novas minas e as expansões estejam. É só uma questão de tempo e teremos mais oferta de minério de ferro do que procura. Essa será a senha para um processo de depuração que derrubará o preço do minério no mercado spot até que muitos mineradores não mais consigam produzir economicamente, o que vai reequilibrar a relação de oferta e procura estabilizando, novamente, o preço do minério. 

Qual será esse preço?  


Ninguém sabe, mas é possível inferir. A equação matemática dos ganhadores irá considerar apenas aqueles produtores cujos custos operacionais totais (all-in sustaining cash costs per ton) sejam realmente competitivos. Ou seja, sobreviverão somente aqueles mineradores que sejam eficientes e que consigam colocar um minério de ferro, na China, com um preço abaixo da maioria dos competidores.

A China será o divisor de águas.

Para nós mineradores brasileiros isso significa que teremos que colocar os nossos produtos nos portos chineses com preços similares aos dos Australianos, que são mineradores eficientes, com baixo cash cost per ton, e tem um frete bem menor.
Felizmente para o Brasil, existem vários outros produtores de minério de ferro menos eficientes com custos elevados que não irão conseguir vencer essa competição  e, portanto, serão obliterados. Isso inclui um grande número de mineradores chineses que mesmo sem ter que pagar o frete oceânico não conseguirão produzir os seus produtos a preços competitivos.

Na tabela abaixo é possível ver quem são os competitivos e quem são os  perdedores em um cenário de preços entre $100-80/t.


CIF China
A tabela acima mostra qual o preço de  empate que os mineradores conseguem colocar um minério de ferro fino na  China

Esta tabela acima  mostra que os três grandes mineradores de ferro, Vale, BHP e  Rio Tinto, juntamente com outros produtores brasileiros e africanos conseguem  colocar o minério de ferro fino nos portos chineses com um custo em torno de  US$40-50/t. Ou seja, se esses custos forem, de fato  all-in sustaining cash costs per ton mais frete, esses mineradores sobreviverão a  qualquer guerra de preços que possa ocorrer.
A tabela mostra, também, que alguns  produtores chineses, indianos e australianos conseguem colocar seu minério de  ferro a preço abaixo de $80/t e que, possivelmente conseguirão sobreviver a  guerra de preços. 
Já a maioria dos mineradores chineses e alguns indianos com  custos operacionais muito altos, entre US$80-150/t  não sobreviverão e terão que fechar.
É a lei da sobrevivência do mais apto,  aplicada à mineração de ferro.
A próxima tabela mostra algumas minas de minério de ferro e seus custos  operacionais. Infelizmente a maioria das empresas ainda não divulgam os seus  all-in cash costs o que dificulta bastante a interpretação dos dados e tabelas.
Opex iron
 
A tabela deixa perceber que importantes minas da Vale,  Rio Tinto e BHP  juntamente com algumas grandes minas da África como Sishen são as mais  eficientes e, consequentemente,  com os custos de produção mais baixos. Em  cima desses custos, devemos lembrar que devem ser adicionados o custo do frete  para a China. Este frete gira em torno de 20-25 dólar por tonelada para o  minério brasileiro. A Vale, que já é a empresa brasileira mais eficiente ainda  tem um custo de frete mais baixo, principalmente por ter a sua própria frota e,  agora, os gigantescos Valemax de 400.000 toneladas.
Concluindo: é interessante, sempre que possível, saber os all-in  costs per ton da empresa, pois dessa forma saberemos qual será o futuro  dela em uma crise. Um bom exemplo é a australiana Fortescue que tem um custo  operacional de $43,61, aparentemente baixo, mas o seu custo  total por tonelada  ( all-in sustaining cash costs per ton) é de $84.00. Com  um all-in cost acima de $80/t a  Fortescue estará muito fragilizada em uma guerra de preços.
No Brasil existem projetos que terão custos operacionais baixíssimos como os  da O2iron que serão as estrelas das próximas décadas. Ao mesmo tempo projetos  com custos elevados como o Minas-Rio terão que ser revistos ou serão sucateados.
As junior companies que não conseguirem produzir dentro desta estrutura de  custos irão, também, desaparecer.