terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Baianos avançam na mineração

Baianos avançam na mineração


Ruy Baron/Valor / Ruy Baron/Valor
Ribeiro Tunes: investimento em pesquisa só perde para o Pará e Minas Gerais
A disparada no preço das commodities no mercado internacional durante a década passada levou empresas brasileiras e estrangeiras a se interessar pela exploração mineral no Nordeste, em especial, na Bahia. Em busca de jazidas fartas, mineradoras encontraram no Estado uma geologia, no mínimo, diversificada o suficiente para valer o investimento. Os aportes já anunciados para o setor na Bahia somam nada menos que R$ 21 bilhões nos próximos anos. "Mais de 40 tipos de minério são extraídos no Estado, onde cerca de 350 empresas do setor atuam", afirma Rafael Avena Neto, diretor técnico da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).
Com tantos recursos disponíveis para explorar inclusive metais preciosos, a expectativa é de que a Bahia ultrapasse São Paulo e Goiás e se consolide como terceiro maior produtor mineral do país até 2015. Hoje, é o quinto, com uma produção comercializada de quase R$ 3 bilhões por ano, de acordo com o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM).
Não é difícil entender por que a expectativa é tão alta. O investimento em pesquisa mineral na Bahia só perde para o que é feito no Pará e em Minas Gerais. Equivale a 10% de todos os recursos aplicados com esse fim no Brasil, segundo o DNPM. "Minas nordestinas que tinham produzido 50 anos atrás, e depois foram abandonadas, foram redescobertas e voltaram a ser exploradas agora, com o uso de tecnologias mais avançadas", explica Marcelo Ribeiro Tunes, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Na Bahia, em especial, interessa o fato de que a maior parte da centena de cidades de onde se extrai minério fica na região do semiárido, onde estão também os municípios mais pobres. Lá, a vida está mudando rapidamente. Itagibá, por exemplo, distante 200 quilômetros de Salvador, viu seu PIB duplicar entre 2009 e 2010, depois que foi inaugurada uma mina de níquel da empresa Mirabela, considerada a terceira maior a céu aberto do mundo. "Esse é o melhor momento da história da mineração do Estado", afirma Avena Neto.
Um dos maiores investimentos em mineração feito recentemente na Bahia foi o da Bahia Mineração, já apelidada de Bamin. A empresa, controlada pela Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC), originária do Cazaquistão, está destinando US$ 3 bilhões para desenvolver uma mina de minério de ferro em Caetité. O valor compreende investimentos na mina propriamente, a compra de vagões ferroviários para o transporte e a construção de um terminal privado em Ilhéus, por onde o produto será exportado. Os planos são de extrair 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano quando o projeto estiver com a capacidade plena, a partir de 2016. A título de comparação, a produção brasileira anual ronda os 350 milhões de toneladas. "São 5.000 empregos gerados durante a fase de construção e 2.500 no período de produção", diz José Francisco Viveiros, presidente da Bamin.
Para o governo, o que importa é o fato de que, em média, para cada emprego direto, 13 são criados no restante da cadeia. No Estado, a previsão é de que a geração de postos de trabalho provenientes da mineração alcance mais de 7.000 até o ano que vem.
Estima-se que a mineração corresponda, atualmente, a pouco menos de 3% do PIB baiano. Além de minério de ferro, a exploração compreende ainda cromita, bauxita, cobre e vanádio, além de outros mais nobres como ouro e diamante. Diversas minas de ouro também estão sendo exploradas em Estados como o Maranhão e o Rio Grande do Norte. Do território potiguar está saindo ainda tungstênio e em Sergipe concentram-se diversas reservas de potássio.
"O Nordeste, no passado, não parecia ser um lugar exatamente espetacular para a produção de minério. Não se conheciam grandes jazidas", lembra Tunes. "Mas com o conhecimento que se desenvolveu sobre a geologia da região foi possível perceber que havia ali a possibilidade de produzir uma variedade de minerais, especialmente os industriais."



Desertificação ameaça área disputada no NE

Desertificação ameaça área disputada no NE


O município de Gilbués, no sul do Piauí, é retrato do que pode acontecer com áreas de divisa abandonadas ao deus-dará ou submetidas à produção agrícola a qualquer custo, sem critérios na conservação da água. A localidade, situada bem próximo a terras em litígio, constitui o centro do maior núcleo brasileiro de desertificação, onde já é praticamente impossível plantar. O fenômeno é acelerado por aspectos naturais, como clima e solo, mas também pelo desmatamento e práticas inadequadas de cultivo, entre outras ações humanas.
"Restaram apenas essas poucas cabras e bodes, que vivem soltos, comendo qualquer vegetação que encontram pela frente", aponta o lavrador Odetino Laurindo, morador do povoado Prata, porta de entrada para o Parque Nacional Nascentes do Parnaíba, onde a água em fatura está guardada.
Em Gilbués, a paisagem desértica de dunas e erosão se destaca em plena zona urbana. A pobreza e a degradação de hoje contrastam com a riqueza do passado, quando a mineração de diamante atraiu garimpeiros de várias partes do país. "Troquei o sofrimento da seca pelo sonho da pedra preciosa, mas hoje continuo dependendo da chuva para sobreviver", lamenta Valmir dos Santos. Hoje poucos se aventuram no garimpo - apenas empresas capazes de investir em equipamentos. As dragas secaram rios e a terra boa para cultivo concentrou-se na mão de poucos. A margem do riacho Boqueirão virou um cemitério de maquinário em ruínas.
A realidade atual é bem diferente de quando a cidade tinha movimentada vida noturna e até um aeroporto que recebia voos regulares da antiga Cruzeiro do Sul. "Tudo o que se ganhava era gasto ali mesmo, com vaidades e supérfluos, porque no dia seguinte bastava 'estourar' outro riacho para conseguir uma nova pedra", conta Ibelta Barros.
Hoje o desafio é recuperar o estrago, uma tarefa difícil, porque exige mudanças produtivas e culturais. Ao custo de R$ 3 milhões, um experimento do governo do Piauí em 54 hectares com plantio de feijão e espécies nativas tenha conter o avanço das dunas.
A degradação causa perda da produtividade e está associada a questões sociais. "As áreas de risco de desertificação concentram 66% da pobreza rural do país", revela Francisco Campello, especialista do tema no Ministério do Meio Ambiente. O governo trabalha para consolidar um marco legal de combate ao problema, baseado no Projeto de Lei 2447, de 2007, engajando governos estaduais e assentamentos.
Em Cabrobó (PE), onde se localiza a segunda maior área desertificada no Brasil, com 4.960 km², a erosão abriu grandes crateras na terra e é intenso o processo de salinização do solo, resultado de projetos inadequados de irrigação.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, até 2050 a desertificação afetará 50% das terras agrícolas da América Latina e Caribe. No mundo, o problema atinge 2,1 bilhões de pessoas, 90% em países em desenvolvimento.



Carvão: poluição do ar em Shanghai é recorde histórico

Carvão: poluição do ar em Shanghai é recorde histórico
A qualidade do ar da cidade de Shanghai na China tem uma escala que vai até 500 (veja tabela abaixo). Acima de 300 a população corre sério perigo e deve evitar atividades ao ar livre e ficar dentro das suas casas. Na realidade, quando a poluição atinge níveis superiores a 100 deveria ser evitada qualquer atividade ao ar livre que implique em grande esforço.
Hoje a poluição foi tanta que ultrapassou o nível de 300 pela primeira vez. O nível medido foi de  303, mais de 10 vezes o limite aceitável. Os monitores informam os níveis a cada hora, veja a imagem, assim como a quantidade de poluentes e de partículas acima de 2,5 micras que são as maiores responsáveis pelos insuportáveis níveis de poluição medidos hoje. A principal fonte da poluição é a queima de carvão mineral indiscriminada nas indústrias e casas chinesas sem a devida filtragem dos gases emitidos.
A poluição transformou Shanghai a cidade mais  populosa do mundo com mais de 23 milhões de habitantes, em uma câmara de gás. As mortes por problemas decorrentes da poluição se intensificaram e as crianças e idosos foram advertidos para não sair de suas casas.  
Mesmo assim, apesar do fog, a maratona internacional de Shanghai, que implica em enorme esforço físico, não foi adiada e muitos atletas dos 35.000 que participaram,  tiveram que correr com máscaras pela primeira vez na história da maratona. Caso os níveis continuem nestes patamares a cidade corre o risco de ser literalmente fechada e paralisada.
shanghai

Air Quality Index  (AQI) PM2.5 
Health Advisory

Good 
(0-50)
None

Moderate
(51-100)
Unusually sensitive people should consider reducing prolonged or  heavy exertion.

Unhealthy for Sensitive Groups
 
(101-150)
People with heart or lung disease, older adults, and children should  reduce prolonged or heavy exertion.
Unhealthy        
(151-200)
People with heart or lung disease, older adults, and children should  avoid prolonged or heavy exertion; everyone else should reduce  prolonged or heavy exertion.
Very Unhealthy (201-300)People with heart or lung disease, older adults, and children should  avoid all physical activity outdoors. Everyone else should avoid  prolonged or heavy exertion.
Hazardous 
(301-500)
Everyone should avoid all physical activity outdoors; people with  heart or lung disease, older adults, and children should remain  indoors and keep activity levels low.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Garimpeiros ilegais invadem o interior de Minas Gerais

Garimpeiros ilegais invadem o interior de Minas Gerais

A esperança, ou a ilusão, de encontrar uma fortuna no chão provocou uma nova corrida por esmeraldas no interior de Minas Gerais

A notícia de que uma pedra preciosa foi achada numa mina desativada em Nova Era atraiu centenas de garimpeiros ilegais.

Na pequena cidade de Nova Era, há uma semana, só se ouve um assunto. "Das pedras preciosas que começou a aparecer nesse garimpo", conta o operador de bomba, Rui Barbosa.

A região é conhecida historicamente como centro de exploração de esmeraldas. Depois de lapidada, a gema é uma das mais valorizadas no mercado de jóias e pode custar até US$ 30 mil dólares o quilate.

A fama da esmeralda e a notícia de que uma mina abandonada ainda estava cheia da pedra provocaram uma corrida a Nova Era. "Está todo mundo invadindo lá, rapaz", afirma o frentista, Antônio Ferreira Francisco.

O caminho para quem sonha com as esmeraldas é longo. Homens, mulheres, idosos percorrem a pé 25 quilômetros até a mina. "Quem sabe de repente a gente encontra uma boa, melhora de vez a vida da gente. A gente sonha muito", sonha uma mulher.

A pedra é extraída com explosivos. Depois que a dinamite é estourada dentro, é preciso esperar um pouco até que fumaça se dissipe. Enquanto isso, os garimpeiros fazem fila na porta. Eles esperam. Quem entra primeiro, tem mais chance de encontrar a riqueza.

A comerciante Beth Braga fechou o bar na cidade para se arriscar em busca das esmeraldas. "No meu comércio eu ganho em média R$ 100 reais por dia. Aqui, eu estou correndo o risco de ganhar um milhão", diz.

A área invadida pertence à uma mineradora, que já entrou com o pedido de reintegração de posse. Nesta sexta-feira, 50 policiais militares estiveram no garimpo e apreenderam armas e 25 bananas de dinamites usadas pelos garimpeiros para explodir a rocha.

Mas logo depois que os policiais deixaram a área, os invasores voltaram à atividade. O garimpeiro, Pedro Ferreira dos Santos conhece bem cenas como essa. Diz que já tirou sacos de ouro de Serra Pelada, no Pará, na década de 80. Perdeu tudo o que ganhou arriscando a sorte em outros garimpos pelo país. E agora, espera tirar de novo a sorte grande. "Com certeza, com nova esperança de encontrar uma sorte. E estou pretendendo tirar uma hoje, agora", sonha.

Kimberlito vargem-1 (Coromandel, MG): bulk sample confirma mineralização diamantífera

Kimberlito vargem-1 (Coromandel, MG): bulk sample confirma mineralização diamantífera

Vargem-1 kimberlite: bulk-sample confirms the diamond mineralization





RESUMO
O kimberlito Vargem-1, a sudeste de Coromandel (MG), ocorre sob o leito e margens do Rio Santo Inácio, o qual possui depósitos aluvionares lavrados desde longa data. Entretanto, a presença de diamantes na intrusão foi sempre questionada, pois teria uma química mineral desfavorável à mineralização. Agora, amostragem de grande volume, em execução por firma mineradora, revelou a presença de diamantes, com pesos inferiores a 1 ct, em um dos poços pesquisados. Esse fato "abre" nova perspectiva exploratória em dezenas de intrusões já identificadas em tal região.
Palavras-chave: Kimberlito Vargem-1, Coromandel, diamante.

ABSTRACT
The kimberlite Vargem-1, southeast of Coromandel (MG), occurs under the bed and banks of the Santo Inácio River, which has alluvial deposits mined for many years. However, the presence of diamonds in the intrusion was always questioned, which would have an adverse mineral chemistry to diamond mineralization. Now, bulk sampling running for a mining company, revealed the presence of diamonds, weighing less than 1 ct in one of the pits. This fact "opens" new exploratory perspective in dozens of intrusions already identified in such region.
Keywords: Vargem-1 Kimberlite, Coromandel town, diamond.



1. Introdução
O kimberlito Vargem-1 reveste-se de maior importância por constituir o primeiro corpo desse tipo inequivocamente identificado em Minas Gerais (1969), por meio de análises químicas de minerais separados do seu solo de alteração (Svisero et al., 1977). Uma parte da intrusão aflora sob o aluvião rico em diamantes do rio Santo Inácio, afluente do rio Paranaíba, a sudeste de Coromandel (Figura 1-A). Como os cascalhos desse rio são mineralizados a teores compensatórios, com o encontro periódico de grandes diamantes, permaneceu sempre a dúvida se o kimberlito seria ou não diamantífero e, logo, um dos responsáveis pelo espalhamento da mineralização no meio secundário, embora as empresas que antes o pesquisaram tivessem-no considerado estéril. Agora, amostragem bulk revelou o contrário.

2. O kimberlito Vargem-1
A intrusão, datada em 80,3 Ma, compõe um cluster com, pelo menos, outros dois ou três corpos próximos (Svisero et al., 1986, 2005). Para esses autores, sua forma superficial, com cerca de 1,8 ha, é triangular e voltada para sul, hospedando-se em siltitos do Grupo Bambuí, onde, no contato dessa encaixante, desenvolvem-se, localmente, grandes blocos, quase maciços, de silexito. Nas cavas de pesquisa, abertas no yellowground do corpo, observam-se, em meio à massa argilosa, restos de minerais originais, em "manchas" serpentinizadas, consideradas por Svisero et al. (1986) como resultantes da alteração de antigos megacristais de olivina forsterita.
No presente (Figura 1-B), seis poços de pesquisa estão sendo abertos pela GAR Mineração, cada um com cerca de 100 m3 cada, atravessando o corpo longitudinalmente. O material aluvionar foi previamente removido, juntamente com o topo mais alterado do corpo, para se evitar possível contaminação. A bulk sample pretende amostrar próximo de 2.000 toneladas de material rochoso, suficientes para definir teores e reservas do corpo. Os diamantes recuperados têm peso inferior a 1 ct.

3. Química dos principais minerais indicadores
Estudos mineralógicos prévios são devidos a Svisero et al. (1977) e Esperança et al. (1995), a partir de material rochoso alterado da borda da intrusão. Os piropos, analisados com microssonda eletrônica, foram classificados como do tipo G-9, de pouca representatividade em intrusões férteis na África do Sul e Rússia (Figura 1-C). Agora, separou-se do material recuperado, em uma das cavas de bulk sample (a que produziu diamantes), grande quantidade de minerais pesados para novos estudos. As análises em granadas confirmaram os dados anteriores que indicam larga predominância de piropos G5 e G9 sobre os G10 (conforme classificação e limites de Grütter et al., 2004), os quais caracterizam corpos de alto potencial diamantífero. Estudos sobre outros indicadores encontram-se em andamento.

4. Conclusão
A constatação de que o kimberlito Vargem-1 é diamantífero, mesmo que os teores encontrados resultem em antieconômicos, permite comprovar que não apenas esse, mas, inclusive, a maioria dos corpos da região foram pesquisados insuficientemente. Isto já havia sido demonstrado no caso do kimberlito Canastra -1, pesquisado preliminarmente em 1974, mas somente com uma nova campanha exploratória, em 1991, foram identificados teores economicamente viáveis (Chaves et al., 2008). Tal fato "abre" a perspectiva de exploração de dezenas de outras intrusões de natureza semelhante na região.