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Agnaldo
Timóteo
Na década de 1980, Itaituba (a 890 quilômetros de Belém)
era uma espécie de Dodge City brasileira - muito ouro e uma lei
de artigo único: calibre 38. Calcula-se que, por baixo, havia coisa
de 120 mil garimpeiros emburacados floresta adentro. Circulava pelo mapa
local cerca de 3,5 toneladas de ouro por mês. A cidade vivia um
orgasmo permanente e ganhar dinheiro era tão fácil quanto
morrer. O improvisado aeroporto da cidade chegou a contabilizar 382 pousos
num único dia - metade do fluxo atual de Congonhas (SP).
Responsáveis por manter toda aquela doideira em movimento,
os pilotos eram os que mais lucravam. "Costumava viajar com
um saco cheio de dinheiro", lembra o piloto Clinger Borges
do Vale, que chegou a transportar, em seu monomotor, artistas do
naipe de Agnaldo Timóteo e Raul Seixas nas turnês pelos
garimpos. Os donos dos aviões eram sempre garimpeiros para
quem a sorte lhes estampara sorriso de ouro. Foi o caso de Zé
Arara, um piauiense analfabeto dono de uma quinzena de aviões,
entre eles um Lear Jet que usava para ir pessoalmente, manhã
cedinho, à sua Parnaíba natal comprar a carne-de-sol
que comeria no almoço, na volta a Itaituba. Outro que voou
para Zé Arara foi o lendário comandante Rogério
Maconha (veja seu depoimento a seguir).
Bem, agora não é boa hora para lembranças.
O monomotor pilotado por Luís Feltrin está para fazer
sua primeira parada e é preciso atenção. A
pista aparece apenas quando já se está em cima dela.
Tanto essa como a maioria só têm uma estrada para pouso,
o que complica se o vento for de cauda. A descida até que
não foi das piores. Parte da carga é rapidamente descarregada
e seguirá seu trajeto no "jegue". Jegue, entenda-se,
é um veículo tradicional dos garimpos, feito de um
motor diesel e alguma carcaça disponível. É
bem feio, mas é capaz de rodar três dias com cinco
litros desse combustível - e isso, ali, o pessoal acha bem
bonito. Primeira remessa entregue, hora de levantar vôo -
e mais alguns apuros - até as paradas seguintes.
Cinco corpos
Antes do GPS, a aviação de garimpo era praticamente
uma roleta-russa. Sobrevivia-se na sorte. "Um dia, prestes
a levantar vôo, assisti à chegada de cinco corpos de
pilotos mortos na véspera", relembra, no ar, o sempre
inoportuno Feltrin. É verdade que, com tanto dinheiro em
circulação, ninguém gostava de perder tempo
fazendo manutenção de avião ou de pista. Usavam-se
clareiras mínimas, de cerca de 200 metros, até em
curvas ou em subidas. Nada disso, no entanto, importava - a coisa
era a grana. "Antes do GPS, a aviação
de garimpo era praticamente uma roleta-russa. Sobrevivia-se na sorte"
A situação, hoje, é a que conhecemos.
Com a queda da euforia, vários pilotos abandonaram a região.
Uns foram parar na aviação comercial ou executiva.
Outros, procurando manter o padrão de vida conquistado no
auge do garimpo, partiram em busca de um novo Eldorado - o "ouro
branco" da Colômbia. Os que ainda insistem em permanecer
voando pelo garimpo o fazem por alguma paixão sobrevivente.
"Além de saber quem são seus passageiros,
aqui você voa e sente o peso do avião na mão",
explica Armando Palla Júnior, que continua resistindo a ofertas
de trabalho em companhias de aviação. Graças
a ele e outros persistentes pilotos de garimpo, Zé do Rifle
receberá seus remédios, a boate terá suas meninas,
Raimundo Nonato, sua carta, e o Negão do Curuá será
finalmente levado para o hospital que tentará recolocar para
dentro seu bucho escancarado, cortesia do terçado de Francisco
- que vai embarcar no próximo vôo para explicar ao
delegado o motivo da briga. Sorte que os monomotores continuam no
ar.
1. Comércio
de outro no garimpo de Água Branca (PA).
2. Atenção, preparar para o pouso: clareiras de apenas 200m.
3. às vezes, vai aos trancos mesmo.
4. O piloto Clinger, com a jaqueta que ganhou do "patrão"
Raul Seixas numa turnê que o músico fez pela região:
"Eu viajava com um saco de dinheiro".
A cidade foi chamada de último
faroeste brasileiro, a capital dos garimpos. No auge da febre do ouro,
Itaituba recebia hordas de gente vinda de todos os cantos do país. Vinte
toneladas de ouro por ano chegaram a ser extraídos dos garimpos do Alto
Tapajós no fim dos anos 80.
Mesmo com a decadência da mineração no rio do ouro, eles não perderam a
esperança. Dos mais de 700 garimpos, só 200 ainda estão em
funcionamento. A produção não chega a três ou quatro toneladas por ano.
Zé Arara é o mais lendário garimpeiro do Tapajós. Na década de 60, foi o
garimpeiro mais famoso da Amazônia. Ele formou um império, no município
de Itaituba, de aviões, mansões, fazendas, muito dinheiro, tudo tirado
do ouro. Aí veio a crise e ele teve que recomeçar tudo.
“Antes da crise fui o único brasileiro que vendeu na faixa de 40
toneladas de ouro ao governo brasileiro”, conta ele. Zé Arara perdeu
muito, mas nunca foi um garimpeiro de alma livre, capaz de gastar em uma
noite, com mulheres e bebida, tudo o que levou meses para ganhar.
Ao contrário, ele construiu um
patrimônio. “Além de ter um jato, tinha 15 aviões pequenos e quatro
bandeirantes”, ressalta. Um problema com o jato em Itaituba fez com que
Zé Arara trasladasse o avião de volta para a fábrica, em Nova York.
“O avião explodiu no ar. Morreram dois tripulantes, dois comandantes e
dois mecânicos. Para eu desenrolar esse rolo e não ser preso nos Estados
Unidos, tive que gastar 200 quilos de ouro”, conta o garimpeiro.
Desde então, ele está sem sair do garimpo. São onze anos pagando
dívidas. “Não devo mais, agora estou lutando para reerguer nosso
negócio”, conta. Zé Arara se diz dono de 23 mil hectares de terra, toda a
área do garimpo de Patrocínio. Mesmo assim, os moradores criaram uma
associação e querem transformar a região em uma comunidade.
Zé Arara se sente ameaçado. “Temo até pela minha segurança. Hoje, estou
recomeçando aos 70 anos”, ele diz. O garimpo não é mais como antes. Das
dez mil pessoas que buscavam ouro em Patrocínio só restam duas mil.
Não dá mais para tirar ouro com a mão, diz coronel
Sebastião Curió chegou ao garimpo em 1980 e
coordenou a extração de ouro com mão de ferro. Hoje, acompanha de longe
a mecanização
Aos 75 anos, o coronel Sebastião Rodrigues de Moura conhece
como poucos as agruras de Serra Pelada. Há exatos 30 anos, Curió, como é
conhecido, chegou pela primeira vez na região, como enviado do governo
federal para coordenar a corrida pelo ouro. Durante três anos, baixou
regras rigorosas para controlar a turba de mais de 100 mil homens que
tentavam bamburrar – ou enriquecer, na gíria dos garimpeiros – e viu
sair 42 toneladas de ouro da mina. Quando foi deputado federal, aprovou
um projeto de lei para estender por mais cinco anos o garimpo e foi
prefeito de Curionópolis, município do qual Serra Pelada é um distrito e
cujo nome foi dado em sua homenagem.
Durante três anos, o coronel Sebastião Curió coordenou com mão de ferro o garimpo em Serra Pelada
Com a experiência de três décadas em Serra Pelada, Curió tem uma
certeza: não dá mais para tirar ouro com as mãos como nos velhos tempos.
Por isso, é a favor da mecanização da mina, processo que terá início em
maio, quando o governo deverá conceder a licença de lavra para a Serra
Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral (SPCDM), joint venture entre
a mineradora canadense Colossus e a Coomigasp, a Cooperativa de
Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada. “Nessa nova fase de Serra
Pelada nenhum garimpeiro vai enriquecer”, disse ao iG o coronel Curió.
“Mas, como acionistas da empresa, eles têm uma boa perspectiva para
melhorar a qualidade de vida”.
De sua casa em Brasília, Curió, que antes de chegar a Serra Pelada
havia combatido a guerrilha do Araguaia, falou sobre a mecanização da
mina e fala dos tempos em que comandava os garimpeiros. Acompanhe os
principais trechos da entrevista: iG: Como o senhor foi parar em Serra Pelada?
Sebastião Curió: Por causa de uma busca e apreensão que fiz com o Zé
Arara, o maior comprador de ouro da região. Trouxe o material apreendido
e fiz uma apresentação para o ministro da Fazenda, o presidente da
Caixa Econômica, vários generais e representantes do presidente da
República, João Figueiredo. Contei o que estava acontecendo em Serra
Pelada e, depois dessa palestra, foi determinado que a exclusividade de
compra do ouro fosse dada para a Caixa Econômica e que eu fosse o
coordenador do garimpo. iG: Em que condições o senhor encontrou a região?
Curió: Havia uma corrida do ouro e milhares de garimpeiros chegavam
diariamente em Serra Pelada. Cheguei no dia 2 de maio de 1980, e o
povoado devia ter uma população de 40 mil pessoas. Ao chegar, falei que
meu objetivo era evitar desvios, contrabando e coordenar a exploração.
Trouxe alguns benefícios. Entre outras coisas, cortei o percentual que
eles pagavam ao Genésio, o suposto dono da propriedade, um posseiro que
cobrava taxa de 20% da produção dos garimpeiros.
iG: Por que o senhor proibiu a entrada de mulheres em Serra Pelada? Curió: Muitos dizem que foi discriminação, mas não é verdade.
Eram muitos homens e a presença das mulheres causaria muitas mortes por
noite. Além das mulheres, proibi jogo de azar, bebida alcoólica e o uso
ostensivo de armas. Recebi uma ordem de Brasília para desarmar todo
mundo. Mas não dava para desarmar 60 mil homens com apenas 16 policiais.
iG: E se alguém não respeitasse as regras?
Curió: Quem não tinha carteirinha da Receita Federal (naquela época
ainda não existia a cooperativa) era colocado num avião e mandado embora
do garimpo. Eram os chamados furões. Brigões e ladrões também eram
expulsos de Serra Pelada. iG: Como era o relacionamento com os garimpeiros?
Curió: Excelente. Montávamos um telão com lençóis brancos e 40 mil
homens assistiam a filmes à noite. Quando decidi que iria hastear a
bandeira nacional todas as manhãs, convidei todo mundo para assistir.
Cerca de 30 mil homens apareceram. Quando começou a tocar o hino e
coloquei a mão no peito, percebi que os garimpeiros fizeram a mesma
coisa. Toda dia pela manhã, 40 mil homens hasteavam a bandeira e
cantavam o hino nacional. Era um espetáculo de civismo. iG: O senhor viu muita gente enriquecer em Serra Pelada?
Curió: Muita. Tem um caso engraçado. Estava no meu barraco de lona e vi
um tumulto na pista de pouso. Tinha um monte de garimpeiro correndo
atrás de um cara. Quando ele se aproximou de mim, pude ver que fumava um
charuto de notas de Cr$ 1 mil. Além disso, tinha uma cauda parecida com
as usadas em pipas, mas feita de notas de Cr$ 1 mil ao invés de
plástico. O garimpeiro parou perto de mim e gritou: ‘bamburrei
(enriqueci, na gíria local), meu chefe’. Perguntei o que era aquele rabo
e ele falou: ‘sempre andei atrás do dinheiro. Agora o dinheiro anda
atrás de mim’. Ao todo, colocamos 42 toneladas de ouro nos cofres do
Banco Central. iG: Mas os garimpeiros não viviam numa situação muito degradante?
Curió: Muita gente me pergunta se os formigas (carregadores de sacos)
não viviam num sistema semi-escravo. Eles carregavam sacos com cinco,
seis, oito pás de cascalho, mas ganhavam de cinco a seis salários
mínimos por mês. Era a mão de obra não especializada mais bem remunerada
do País. iG: Por que o senhor resolveu se candidatar a deputado federal?
Curió: Não tive escolha. Em 1982, recebi ordem da presidência da
República para me candidatar a deputado. Um compadre acha que fizeram
isso para me tirar do garimpo. Quando saí de lá desligaram as bombas que
puxavam a água, a cava encheu e acabou a exploração. Fui
estrategicamente retirado de Serra Pelada. iG: Por que o senhor acha que fizeram isso?
Curió: Para que Serra Pelada não funcionasse. Eleito deputado, recebi a
orientação para voltar à Serra Pelada para dizer aos garimpeiros que o
garimpo havia terminado. Fiz o oposto. Em 1984, apresentei um projeto de
lei para prorrogar o garimpo por cinco anos, criei a cooperativa dos
garimpeiros de Serra Pelada. Deixei de ser deputado e os garimpeiros
pediram que eu fosse presidente da cooperativa. Aceitei, mas estava numa
situação muito difícil porque já não tinha o apoio do governo. iG: O senhor é a favor da mecanização de Serra Pelada? Curió: Sou. A lavra manual tornou-se impossível, o ouro pode
ser encontrado a 150 metros abaixo do solo. Não dá mais para tirar com a
mão. iG: Se a mecanização é boa, por que ela não aconteceu
antes, como na época em que o senhor foi presidente da cooperativa dos
garimpeiros?
Curió: Quando era presidente da cooperativa, pedi o alvará de lavra
industrial de empresa de mineração. Ou seja, a cooperativa passou a ser
cooperativa de mineração dos garimpeiros de serra pelada, deixou de ser
só dos garimpeiros. Se não tivesse feito essa mudança, ela não poderia
fazer um convênio com uma empresa como a Colossus. iG: Os garimpeiros que ficaram em Serra Pelada acreditam
que saíram perdendo com o acordo fechado com a Colossus. O que o senhor
acha disso?
Curió: Muitos têm razão. O problema é que a cooperativa não teria
condições de industrializar a mina. Tem de ter uma empresa de porte da
Colossus para realizar o trabalho. O que é perigoso é a cooperativa
perder os direitos minerais e administrativos. Consta que a diretoria da
cooperativa assinou um contrato com uma cláusula passando os direitos
para a Colossus. É isso que preocupa uma parcela dos garimpeiros. iG: Algumas pessoas acreditam que Serra Pelada só produziu miséria. O senhor acha que agora ela vai produzir riqueza?
Curió: Se o acordo funcionar direito, o garimpeiro deixa de ser um
sonhador para ser um cotista, um acionista. Ele vai receber um
percentual do lucro da mineração de acordo com o número de cotas que ele
tem. É uma boa perspectiva.
Há 30 anos o Tapajós foi assombrado por notícias sobre uma possível contaminação
por mercúrio. Na época muito se falou e o nome Minamata era uma constante. O
desastre da Baia de Minamata foi causado por contaminação de mercúrio orgânico,
a partir de indústrias que lançaram líquidos contaminados no mar. Foi o
metilmercúrio, assimilado pelos peixes que envenenou e matou centenas de
pescadores.
A quase histeria coletiva da época, no Brasil, se devia, inicialmente, a
elevados índices de concentração de mercúrio obtidos em análises químicas de
sedimentos do Tapajós.
Posteriormente ficamos sabendo que muitas interpretações estavam calcadas em
erros laboratoriais. O mercúrio analisado era o mercúrio total (metálico somado ao orgânico somado
ao mercúrio inorgânico). Ora, todo o bom entendedor sabe que uma geologia como a
do Tapajós deve ter uma quantidade natural de mercúrio inorgânico, que não é
venenoso, e ocorre em rochas associadas ao ouro. Em certos locais esse mercúrio
pode atingir concentrações elevadíssimas de vários ppm, que se fossem de
mercúrio orgânico poderiam, realmente, causar uma outra Minamata.
Consequentemente, qualquer estudo a ser considerado deve ser focado no mercúrio
danoso, o metilmercúrio que deve ser discriminado nas análises efetuadas.
A contaminação pelo mercúrio ocorre quando os garimpeiros perdem o mercúrio
metálico usado na recuperação do ouro dos garimpos. Parte do mercúrio é
vaporizado quando o garimpeiro tenta concentrar o ouro a partir do amálgama (veja as fotos).
Acredito que foi esse vapor de mercúrio o principal agente contaminador em toda
a região do Tapajós.
O vapor de mercúrio foi espalhado pelo vento sendo aspirado por praticamente todos que estavam
nas proximidades, ou seja: a maioria das centenas de milhares, talvez milhões de
garimpeiros e demais habitantes do Tapajós desde a descoberta do ouro em 1958.
No início Santarém foi o principal centro do ouro e da contaminação por vapor.
Depois, gradativamente Santarém foi substituída por Itaituba que se tornou o
polo comprador e fundidor de ouro de todo o Tapajós. Bem mais tarde as cidades
do norte do Mato Grosso passaram também a ter o ar poluído pela queima do ouro
amalgamado nos garimpos. No
garimpo o mercúrio metálico vaporizado é, eventualmente precipitado e arrastado para as drenagens
onde pode ser
transformado em mercúrio orgânico, solúvel, e, então ser assimilado por peixes que
irão contaminar as pessoas que os consumirem. O mesmo ocorre com o mercúrio
perdido na lavra do ouro em processos obsoletos de garimpagem.
Esses peixes podem levar a
contaminação a distâncias consideráveis dos centros garimpeiros e devem ser
adequadamente estudados para que tenhamos a correta extensão do fato.
Estudos sobre os níveis de mercúrio em peixes da bacia do Tapajós, que foram
conduzidos na década de 90 mostraram que, nas regiões próximas aos garimpos, os
peixes tinham uma concentração elevada do metal. Em alguns casos peixes
coletados a centenas de quilômetros também se mostraram anômalos para mercúrio.
É importante lembrar que praticamente toda a população do Tapajós
já foi
exposta, várias vezes na sua vida, aos vapores de mercúrio derivados da queima
do ouro em garimpos, nas vilas e nas grandes cidades da região como Itaituba e
Santarém.
Quem não se lembra do cheiro característico da queima do ouro?
Se esse for o seu caso, como é o meu, tenha certeza que você sofreu algum grau
de contaminação por vapor de mercúrio no passado.
Em vilas e cidades como Itaituba e Santarém onde toneladas e toneladas de ouro
amalgamado foram compradas, processadas, queimadas e fundidas em centenas de lojas de compra e
laboratórios clandestinos é de se esperar que uma boa parte da população, que
vivia ou ainda vive nas proximidades, foi ou está sendo contaminada pelos vapores de mercúrio. Itaituba, por
exemplo, tinha inúmeras compras de ouro espalhadas pelo centro e subúrbios onde os maçaricos
jamais paravam de queimar o ouro amalgamado despejando toneladas de mercúrio
vaporizado no ar da cidade. Sem perceber milhares de pessoas foram contaminadas.
Quantas vezes foram feitas inspeções por agentes da saúde especializados no
assunto nestas lojas e fundidoras? Será que elas não continuam despejando o
vapor tóxico no ar da cidade?
Acima Uma fundição de ouro dentro de um bairro
residencial de Itaituba. Muitas dessas estiveram funcionando por décadas
sem o mínimo de controle.
Essa contaminação pode ser constatada em análises das unhas, cabelos e sangue. O
mercúrio ficará com a pessoa até a sua morte. Ou seja: não adianta tentar
interpretar a contaminação do meio ambiente pelo mercúrio contido nas pessoas
pois essas podem ter sido contaminadas a milhares de quilômetros de ondem vivem.
Se quisermos entender o risco das pessoas e do meio ambiente o caminho
é analisar os peixes pois esses serão os vetores da contaminação. Dizer que um
cidadão de Itaituba ou Santarém com mercúrio elevado nos fios de cabelo é
decorrente de uma contaminação por peixes é, muito provavelmente, uma afirmativa errada.
Os novos estudos, se existirem, devem ser focados nos peixes da região pois serão
esses que irão mostrar o nível de poluição que está afetando o habitante do
Tapajós hoje.
A boa notícia é que, nos últimos anos, muito se fez para evitar a contaminação do mercúrio. Capelas
foram instaladas em quase todas as compras de ouro e garimpos o que reduz
significativamente a contaminação. A maioria dos garimpos de balsas foi banida
dos grandes rios e houve, também, uma retração dos demais garimpos de ouro na
região com as quedas dos preços do metal. Esses fatos, em conjunto com a maior
conscientização dos garimpeiros, que hoje estão mais protegidos, devem ter
contribuído para uma queda significativa na contaminação regional.
Na semana passada, um grupo de cidadãos do Tapajós encaminhou uma petição ao
Governador do Pará para iniciar mais uma pesquisa que possa comprovar o real
risco de contaminação que eles estão sendo submetidos.
Essa pesquisa, no nosso entender, deveria ser feita sistematicamente nos
pescados que alimentam Itaituba e Santarém e outras vilas importantes da região,
sem nenhuma interrupção enquanto existirem os garimpos de ouro, com os
resultados sendo constantemente divulgados em um site apropriado. Isso deve ser
um trabalho de monitoramento feito pela saúde pública.
Da mesma forma deve ser monitorado, constantemente, as instalações de compra e
fundição de ouro em todas as regiões com ênfase nas áreas urbanas e populosas
como Itaituba e Santarém pois elas, provavelmente, serão os principais vetores
da contaminação dos cidadãos hoje. esses estudos devem ser expandidos para todas
as regiões produtoras de ouro do Brasil.
A doença DE Minamata é causada pelo envenenamento pelo mercúrio e pode
ser muito perigosa levando à morte. Em alguns casos a doença demora
décadas para se manifestar.
Os principais sintomas da doença de Minamata são:
-falta de coordenação muscular
-problemas ao andar
-problemas na visão
-problemas auditivos
-tremores
-fraqueza muscular
-movimento não intencional dos olhos
Geólogos criam mapa-múndi de possíveis minas de diamante
O resultado não é um mapa da mina definitivo, porque os esforços se
concentraram em áreas mais antigas da crosta continental, uma faixa de
pouco mais de 300 quilômetros de espessura e 2,5 bilhões de
idade.[Imagem: Torsvik et al./Nature]
Em busca dos diamantes
Embora alumínio, minério de ferro e petróleo sejam as riquezas
exploradas atualmente pela mineração em maior escala, o ouro e o
diamante sempre estiveram ligados aos grandes anseios não apenas dos
mineradores, mas da própria humanidade.
O ouro não resistiu ao desenvolvimento
das novas técnicas geoquímicas e geofísicas, e hoje seus depósitos são
mais facilmente detectáveis, ainda que a exploração desses depósito nem
sempre seja economicamente viável.
Mas o diamante tem permanecido fugidio. Localizar reservas de
diamante é muito mais difícil do que encontrar agulhas em meros
palheiros, tornando um "mapa da mina de diamante" provavelmente muito
mais valioso do que um "mapa da mina de ouro". Tipos de minas de diamante
Há dois tipos de "minas de diamante" - que os geólogos chamam de
ocorrência. Uma ocorrência de grande porte e já mensurada passa a ser
considerada uma reserva. E uma reserva explorada comercialmente torna-se
uma mina.
O primeiro tipo são os diamantes de aluvião, cuja rocha matriz - onde
diamante nasceu - sofreu um desgaste erosivo ao longo de milhões de
anos, fazendo com que as preciosas pedras rolassem e se depositassem em
regiões mais baixas dos leitos d'água, atuais ou passados. Todos os
diamantes encontrados no Brasil são desse tipo de reserva mineral.
O segundo tipo é o kimberlito, a rocha matriz onde o diamante se
forma, a grandes profundidades e pressões enormes. Movimentos
tectônicos, ou a própria erosão do terreno circundante, podem deixar
essas rochas até bem próximo da superfície, facilitando a exploração. A
maioria das grandes minas de diamante, como as da África do Sul, são
minas de kimberlito. Mapa da mina de diamante
Mas, como se formam a profundidades muito grandes, encontrar
kimberlitos é muito difícil e não existem muitas técnicas para que isso
seja feito em larga escala.
Agora, em um trabalho de grande impacto na área, um grupo
internacional de geólogos conseguiu mapear milhares de kimberlitos ao
longo de toda a Terra. O estudo poderá ajudar na localização de áreas
com maior probabilidade de se encontrar diamantes.
O resultado não é um mapa da mina definitivo, porque os esforços se
concentraram em áreas mais antigas da crosta continental, uma faixa de
pouco mais de 300 quilômetros de espessura e 2,5 bilhões de idade.
O motivo é que estão ali os diamantes de extração mais economicamente viável. Como se formam os diamantes
Os diamantes são formados em condições de alta pressão a mais de 150 mil metros de profundidade, no manto, a camada da estrutura terrestre que fica entre o núcleo e a crosta.
A distribuição desses diamantes no subsolo é controlada por plumas
mantélicas, um fenômeno geológico que consiste na ascensão de um grande
volume de magma de regiões profundas. Essa distribuição natural tem sido
feita dessa forma há pelo menos meio bilhão de anos.
As plumas, originadas da fronteira entre o núcleo e o manto
terrestre, são responsáveis pela distribuição dos kimberlitos, as
raríssimas rochas vulcânicas das quais são retirados os diamantes.
Os cientistas reconstruíram as posições das placas tectônicas nos
últimos 540 milhões de anos de modo a localizar áreas da crosta
continental relativas ao manto profundo nos períodos em que os
kimberlitos ascenderam.
"Estabelecer a história da estrutura do manto profundo mostrou,
inesperadamente, que dois grandes volumes posicionados logo acima da
divisa entre o manto e o núcleo têm-se mantido estáveis em suas posições
atuais no último meio bilhão de anos," disse Kevin Burke, professor de
geologia na Universidade de Houston, nos Estados Unidos, um dos autores
do estudo. Dúvidas geológicas
De acordo com os pesquisadores, esses kimberlitos, muitos dos quais
trouxeram diamantes de mais de 150 quilômetros de profundidade,
estiveram associados com extremidades de disparidades em grande escala
no manto mais profundo. Essas extremidades seriam zonas nas quais as
plumas mantélicas se formaram.
Estranhamente, contudo, suas localizações parecem ter-se mantido estáveis ao longo do tempo geológico.
"O motivo para que esse resultado não tenha sido esperado é
que nós, que estudamos o interior da Terra, assumimos que, embora o
manto profundo seja sólido, o material que o compõe deveria estar em
movimento todo o tempo, por causa de o manto profundo ser tão quente e se encontrar sob elevada pressão, promovida pelas rochas acima dele", disse.