sábado, 1 de março de 2014

A maior pepita de ouro do mundo

A maior pepita de ouro do mundo

Esta enorme “pedra” de ouro de 68 quilos foi descoberta por um grupo de mineiros na região aurífera de Ballart em Victoria, Austrália, em 9 de junho de 1858. Os dois primeiros mineiros que encontraram a pepita desmaiaram ao vê-la. Na época, foi o maior pedaço de ouro natural encontrado.

Pouco mais de um ano depois, a pepita foi derretida e transformada em moedas de ouro pela Casa da Moeda de Londres. Modelos criados anteriormente foram a base de réplicas como a da foto. Pesando 69 quilos, continua sendo a segunda maior pepita já descoberta.

Devido à sua raridade, as pepitas grandes sempre alcançam um valor bem acima do praticado pelo mercado. Em 2013, somente o conteúdo em ouro da pepita Welcome valeria cerca de US$4 milhões, mas um achado desse tamanho e pureza seria vendido por um valor muitas vezes maior.

Novas jazidas de diamantes no Brasil

Novas jazidas de diamantes no Brasil

Oito especialistas do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia, mapearam e identificaram dezenas de novas áreas potencialmente ricas em diamantes no País, especialmente no Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Pará.
Essa iniciativa faz parte do projeto Diamante Brasil, cujas pesquisas de campo começaram em 2010. Desde então, os geólogos visitaram cerca de 800 localidades em diversos estados, recolheram amostras de rochas e efetuaram perfurações para descobrir mais informações sobre as gemas de cada um dos pontos.
O ponto de partida para as expedições foi uma lista deixada ao governo pela empresa De Beers, gigante multinacional do setor de diamantes que prestava serviços para o Brasil na área de mineração. Neste documento, constavam as coordenadas geográficas de 1.250 pontos, entre os quais muitos kimberlitos*. Apesar das informações sobre as possíveis localidades dessas jazidas, não havia detalhes sobre quantidades, qualidade e características das pedras, impulsionando o trabalho de campo dos geólogos.
O objetivo principal dos pesquisadores era fazer uma espécie de tomografia das áreas diamantíferas no território brasileiro, visando atrair investimentos de mineradoras e eventualmente ajudar a mobilizar garimpeiros em cooperativas. Essas medidas podem trazer um aumento na produção de diamantes em território nacional e coibir as práticas ilegais relacionadas a essas pedras preciosas.
Atualmente, o Brasil conta principalmente com reservas dos chamados diamantes industriais e de gemas (para uso em jóias). Os de gemas são os que fazem girar mais dinheiro, considerando que um diamante desses pode ser vendido em um garimpo do Brasil por R$ 2 milhões. Já o valor da pedra lapidada pode chegar à R$ 20 milhões.
Os detalhes dos achados ainda são mantidos em sigilo. Com o fim do trabalho de campo, os geólogos do Diamante Brasil darão início à descrição dos minerais encontrados e as análises das perfurações feitas pelas sondas. A intenção dos pesquisadores é divulgar todos os dados em 2014.
*O que é um Kimberlito?
De acordo com Mario Luiz Chaves, doutor em geologia pela Universidade de São Paulo e professor adjunto da UFMG, kimberlitos são rochas hibridas, ígneas ultrampaficas, potássicas e ricas em voláteis, com origem a mais de 150km de profundidade e que chegam a superfície por meio de pequenas chaminés vulcânicas ou diques. Normalmente, os diamantes são encontrados neste tipo de rocha. Confira uma foto:

Os cinco maiores diamantes lapidados do mundo

 
1)    Cullinan I
Essa pedra foi encontrada em 1905 na África e recebeu o nome de Cullinan em homenagem ao dono da mina, Thomas Cullinan. É considerado o maior diamante já encontrado e pesa 3.106 quilates. Atualmente, adorna o Cetro do Soberano, propriedade real da Inglaterra.
2)    Incomparable
O Incomparable, ou Imcomparável, tem uma história curiosa: foi encontrado em 1984 por uma garota em uma pilha de cascalho próxima à mina MIBA Diamond, no Congo. Considerado inútil pela administração da mina, o cascalho foi descartado com a pedra, e a menina acabou descobrindo o segundo maior diamante bruto do mundo, com 890 quilates. O corte do diamante gerou 14 gemas menores e o Incomparável, um diamante dourado com 407,48 quilates.
3)    Cullinan II
O Cullinan II, conhecido como Pequena Estrela da África, foi encontrado no mesmo ano e local que o Cullinan I. Com 317.4 quilates (63.48 g) é o terceiro maior diamante lapidado do mundo, e foi colocado na coroa imperial, também pertencente à realeza da Inglaterra.
4)    Grão Mogol
Encontrado na Índia em 1550, pesa 793 quilates. A pedra deu nome a um município em Minas Gerais. O paradeiro atual desta preciosidade é desconhecido.
5)    Nizam
O Nizam é o diamante mais antigo desta lista e foi descoberto na Índia em 1830. A pedra tem 227 quilates e já adornou coroas e joias reais (Elizabeth). Atualmente ninguém sabe ao certo qual foi o seu

Para onde vão nossos diamantes


Por que o Brasil deixa a maior jazida de diamantes do país, na terra dos índios cintas-largas, entregue aos contrabandistas?
"Sempre que uma grande riqueza é descoberta, um banho de sangue acontece." Essa é a frase de abertura do filme Diamante de Sangue, que colocou em evidência o tortuoso caminho percorrido pelas pedras retiradas de países em guerra até as joalherias mais finas. No cinema, o ator Leonardo DiCaprio interpreta um mercenário que troca diamantes por armas para as milícias em Serra Leoa, na África da década de 90. O filme impressiona, e até revolta, mas a tragédia dos diamantes também está do lado de cá do Atlântico. Na Amazônia, garimpeiros, contrabandistas internacionais e atravessadores - como o mercenário interpretado por DiCaprio - voltaram a explorar ilegalmente a maior jazida de diamantes do Brasil.
Desde janeiro, quatro máquinas retroescavadeiras removem a terra vermelha do garimpo do Laje, situado na terra indígena dos cintas-largas, em Rondônia. A cratera aberta pelas máquinas já possui cerca de 10 quilômetros de perímetro. A exploração de diamantes na região deveria estar suspensa desde 2004, quando o massacre de 29 garimpeiros chocou o mundo. Mas nem a presença da Polícia Federal consegue evitar novas invasões na área indígena.


RIQUEZA?
Cratera aberta pelo garimpo e criança cinta-larga com arco-e-flecha.
Os diamantes não ajudam os índios - nem o país
O que se diz da jazida de Laje lembra os antigos mitos de Eldorado amazônico. Segundo Luís Paulo Barreto, secretário-executivo do Ministério da Justiça, pesquisas geológicas feitas por duas multinacionais da mineração indicam a presença de 15 formações rochosas vulcânicas de onde saem os diamantes, chamadas kimberlitos. Isso seria três vezes mais que as principais jazidas da África do Sul e Botsuana, os maiores produtores mundiais de diamantes. Mas todo esse potencial nacional está desperdiçado. Estima-se que o garimpo desordenado e ilegal consiga tirar cerca de R$ 100 milhões por ano de Laje. Se fosse uma mineração com recursos industriais, seria possível extrair rochas mais profundas e retirar até R$ 3 bilhões por ano.
Essa quantia seria capaz de sacudir o mercado global de diamantes, que hoje movimenta cerca de US$ 10 bilhões por ano, ou R$ 21 bilhões. O comércio mundial é dominado pela empresa multinacional De Beers, sediada na África do Sul. A De Beers, da família sul-africana Oppenheimer, possui minas em Botsuana, Zaire, Austrália e Canadá. Também compra a produção de outros países. Em seus cofres, estima-se que estejam 40% dos diamantes extraídos no mundo. Toda segunda-feira, a operadora de vendas da De Beers, a Central Selling Organization, reúne os grandes negociantes das pedras em s Londres. É ali que a De Beers avalia como está o preço internacional dos diamantes e decide quantas e quais pedras vai lançar no mercado. Sua decisão regula o valor internacional dos quilates de diamantes. Hoje, 1 quilate (equivalente a 0,2 grama) de uma pedra de boa qualidade vale US$ 1 mil. Da reserva dos cintas-largas, já saiu um raro diamante-rosa que teria sido vendido por R$ 7 milhões no mercado negro.
O Brasil já foi o maior produtor mundial de diamantes entre os séculos XVIII e XIX. Com o declínio da exploração artesanal em Minas Gerais, o país perdeu posição para os grandes produtores africanos, da De Beers. Hoje, o Brasil exporta apenas R$ 60 milhões por ano. Está fora do time dos grandes produtores: Botsuana, África do Sul, Canadá, Rússia, Índia e Austrália. A perspectiva de legalização das jazidas das terras dos cintas-largas poderia colocar o país entre os três maiores produtores mundiais.


Esse enorme potencial de riqueza, até agora, só tem trazido calamidades, como ilustra a história do cacique João Bravo, que controla a área indígena onde fica o garimpo. Com 60 anos, o cacique é o que os antropólogos consideram um órfão de contato. Ele é um dos cintas-largas que perderam todos os parentes com a chegada de invasores brancos, entre os anos 60 e 70. O primeiro contato dos cintas-largas com os brancos aconteceu por meio dos garimpeiros. João Bravo conta que, antes de ser cacique, vivia na região do Rio Aripuanã, em Mato Grosso. Nessa época, os cintas-largas ainda estavam isolados na floresta. Eram exímios caçadores e temidos guerreiros canibais. De acordo com Bravo, a vida na floresta só era possível por causa de um intenso treinamento que começava aos 10 anos de idade. "Ficávamos durante toda a manhã passando frio debaixo das cachoeiras", diz. "Depois, todo mundo tinha de ir caçar ou morria de fome", afirma o cacique. Essa vida mudou com a chegada dos primeiros garimpeiros e seringueiros. "Primeiro, mataram as crianças que brincavam no rio", diz Bravo. "Depois, invadiram as aldeias atirando em todo mundo." Quase todos os caciques da região também são órfãos de contato e perderam seus pais e irmãos de forma semelhante. "Lembro de ter ficado semanas caído no chão. Estávamos tão doentes que víamos nossa família morrer e não podíamos fazer nada", afirma Oita Matina, outro dos líderes da terra indígena. As chacinas e epidemias de gripes trazidas pelos invasores reduziram a população de mais de 10 mil cintas-largas para 1.300 indivíduos. A pior matança ocorreu em 1963 e ficou conhecida como o Massacre do Paralelo Onze. O inquérito policial do caso relata que dinamites foram jogadas nas aldeias para dispersar os índios para a floresta, onde eram surpreendidos por pistoleiros. "Tudo explodia. Nós ficávamos tentando flechar os aviões", diz João Bravo. Durante o massacre, uma índia foi pendurada pelo pé e esquartejada viva.
Depois de tentar a guerra contra os brancos, os cintas-largas decidiram, na metade da década de 70, entrar em acordo com os garimpeiros e invasores. João Bravo foi um dos que visitaram as cidades próximas às aldeias para distribuir colares de presente para a população. Em 1974, a Funai demarcou o território. Em menos de 30 anos de convívio com o mundo civilizado, os cintas-largas tiveram de aprender a falar português, dirigir carros e lidar com dinheiro. Muitos ainda não dominam nenhuma dessas habilidades. Donos de um território de 2,7 milhões de hectares, grande parte das mulheres, crianças e velhos ainda compreende apenas o tupi-mondé, a língua tradicional da etnia. João Bravo fala um português limitado e sua caminhonete vive amassada por batidas. Seus filhos estudam até o ensino fundamental, mas ainda passam pelo treinamento de guerreiro - não mais para lutar com outras tribos, mas para formar a milícia que toma conta do garimpo. As meninas se casam antes dos 15 anos, geralmente com os tios, em uma teia social na qual o dono da casa exerce o papel central. Um cinta-larga poderoso chega a ter várias esposas de uma só vez. João Bravo tem cinco mulheres.
O garimpo de mais de três décadas atingiu seu auge em 1999, quando milhares de aventureiros chegaram de vários cantos do país, atraídos pela "fofoca do diamante". Os índios incorporaram o garimpo em seu modo de vida. "Decidimos controlar a área. Senão os brancos entravam e roubavam tudo", diz João Bravo. A situação saiu do controle em 2004, quando 5 mil garimpeiros circulavam no Laje. Qualquer aventureiro queria entrar na reserva. Até que a chacina de 29 garimpeiros ganhou as manchetes nacionais. Os índios são os principais acusados. Depois das mortes, mais seis pessoas foram assassinadas na região, entre índios, contrabandistas e garimpeiros. A polícia estima que outros 20 estejam desaparecidos. Para tentar conter o conflito, o governo federal interditou a região em 2004 e proibiu o garimpo em qualquer terra indígena do país.
DINHEIRO
O cacique João Bravo (à dir.) controla a terra onde estão os diamantes.
À esquerda, jipes apreendidos dos índios por dívidas e irregularidades

A Polícia Federal tem seis bases fixas na região, batizadas de Operação Roosevelt. Mas nem a intervenção do governo federal consegue conter a corrida pelos diamantes. Cerca de 500 homens - entre índios e garimpeiros - transitam no local. Jatos de água derrubam o barranco e outras máquinas separam o cascalho dos diamantes. O lucro é dividido entre os garimpeiros proprietários das máquinas e os caciques. Cerca de 6% são distribuídos entre os garimpeiros pobres, índios mais jovens e as cozinheiras dos acampamentos. A matemática seria boa, mas os índios alegam ter sido roubados com freqüência por atravessadores de diamantes. Na semana passada, um dos filhos de João Bravo, Raimundinho, acusou um suposto vendedor de levar 700 quilates de diamantes, no valor de R$ 600 mil, dos cintas-largas. Segundo a polícia, o contrabandista teria se oferecido para vender as pedras em Cuiabá e desapareceu.
A exploração industrial
em Rondônia faria do Brasil um dos maiores produtores mundiais
de diamante
Se a jazida das terras dos cintas-largas fosse legalizada, ela poderia gerar algo em torno de R$ 6 milhões por mês de impostos. Além da evasão de divisas, a situação ilegal do Laje atrai máfias internacionais. Investigações do Ministério Público e da Polícia Federal revelam que quadrilhas s do Líbano, Serra Leoa e Bélgica são responsáveis pelo contrabando dos diamantes da terra indígena. Segundo investigações do Ministério Público de Minas Gerais, os diamantes podem estar sendo usados para patrocinar tráfico de drogas e terrorismo.

Uma das conseqüências da atividade ilícita é a ligação dos índios com esse crime organizado. Devido ao contato com os atravessadores de pedras, 13 cintas-largas estão indiciados por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e contrabando. De acordo com o Estatuto do Índio e a Constituição Federal, as riquezas do subsolo podem ser extraídas pelas nações indígenas quando localizadas em suas terras homologadas. Mas, como a garimpagem em terras indígenas está suspensa pelo decreto de 2004, os índios passaram a viver uma situação marginal em seu próprio território.  O envolvimento dos índios agora é financeiro. Nos tempos do auge do diamante, em 2002, alguns caciques compraram casas na região e carros importados. Cercados por ajudantes, contratados na forma de motoristas brancos, os índios selaram amizade com os atravessadores de diamantes. Muitas máquinas de garimpo e carros foram comprados no nome desses terceiros. Mas, por causa das dívidas, a maioria perdeu todos os bens. Um depósito da Polícia Federal guarda cerca de 50 caminhonetes Toyotas apreendidas de índios cintas-largas, a maioria por dívidas não quitadas. Um levantamento do Ministério Público Federal (MPF) de Rondônia apontou que os índios devem na região cerca de R$ 700 mil.


GUERRA
DiCaprio interpreta um atravessador de diamantes em Serra Leoa. As mesmas quadrilhas atuam aqui
PRÓSPEROS Tratores retiram diamantes do território indígena, no Canadá. A exploração organizada rende empregos e participação nos lucros
Apesar dos problemas trazidos pelo garimpo ilegal, hoje não há uma estratégia realista para enfrentá-lo. A mera proibição, mesmo com a presença da Polícia Federal, não tem se mostrado eficaz. Um emaranhado de estradas clandestinas desenha um labirinto de lama na floresta. A fiscalização fica impossível. "É um jogo de gato e rato", afirma o delegado da Polícia Federal, Rodrigo Carvalho. Grande parte dos 2,7 milhões de hectares da floresta que envolvem a jazida de diamantes está praticamente intacta. Aventurar-se na região é perigoso. Onças, malária e cerca de 90 índios guerreiros armados com flechas e metralhadoras são apenas alguns dos obstáculos. Mesmo com os riscos, garimpeiros ainda sonham em colocar os pés no Laje. "Se puder entrar lá novamente, eu vou. Os diamantes compensam", diz o garimpeiro Antônio Rosa de Carvalho, o Goiano, um dos sobreviventes do massacre de 2004.




Regulamentar a extração de diamantes parece ser um dos poucos caminhos possíveis para resolver o conflito na terra cinta-larga. Os índios têm direito constitucional sobre as riquezas minerais de seu subsolo. O problema é como explorar o recurso. Existem vários projetos de leis para isso. A mais antiga tentativa de regularizar a questão é um complemento do Estatuto do Índio, que aguarda desde 1991 para ser votado. Ele permitiria a exploração com repasse de parte dos lucros para os índios. Outra proposta, do senador de Roraima, Romero Jucá, foi aprovada no Senado Federal e espera apenas passar pela Câmara dos Deputados. Prevê a exploração sem pagar nada aos índios. Uma terceira proposta, criada após o massacre de 2004, é um meio-termo: prevê repasse aos índios, mas com limites. "Em março, iremos nos reunir com os representantes de várias etnias indígenas em Manaus para um acordo", diz Barreto, do Ministério da Justiça. Um exemplo de como a exploração de diamantes pode ser bem administrada, é o caso do Canadá. Em 1991, os canadenses regulamentaram a extração de diamantes no território dos povos dene e inuit. O país se tornou o terceiro maior produtor de diamantes do mundo. As comunidades indígenas que participam da iniciativa enfrentam problemas, como o aumento do consumo de drogas. Mas cerca de 40% dos índios trabalham com as mineradoras que estão na região. Alguns são geólogos ou lapidadores. E as aldeias ganham cerca de 20% do faturamento das jazidas. Essa seria a melhor opção para o Brasil. A outra opção é atolar na violência, como Serra Leoa.

Garimpeiros de diamantes de Coromandel (MG) foram expulsos

Garimpeiros de diamantes de Coromandel (MG) foram expulsos

Conflitos pelo subsolo brasileiro aumentaram desde 1995
É cada vez maior o número de magnatas ou prepostos de magnatas que investe no subsolo brasileiro. Olacyr de Moraes, Eike Batista, Daniel Dantas, Gilberto Miranda, Naji Nahas são alguns deles. Não sei é possível avaliar o subsolo brasileiro. Só Olacyr afirma que suas reservas de minérios raros, na Bahia, valem 30 bilhões de dólares.
A tendência em ocupar o subsolo se acentuou quando uma pequena mudança na legislação, em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso permitiu a entrada de investimentos estrangeiros na mineração, desde que formassem uma empresa localizada e administrada em solo brasileiro.
Desde então também se acentuam os conflitos no campo, não por terra, mas pelo subsolo, com derrota dos garimpeiros brasileiros diante do poder econômico do capital multinacional. E de pequenos proprietários cujas terras são invadidas por detentores de licenças de pesquisa, muitas vezes sem receber a contrapartida estipulada em lei. Reforma agrária do subsolo, pedem algumas cooperativas de mineradores desalojados, que estão prestes a organizar um Movimento dos Sem Subsolo.
Uma pesquisa comandada pelos professores Ricardo Júnior de Assis Fernandes Gonçalves Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Goiás e Marcelo Rodrigues MendonçaProfessor Doutor do Programa de Graduação e Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás mostra como os garimpeiros de diamantes de Coromandel, em Minas Gerais, sucessores de trabalhadores instalados desde o início do século XIX na região foram afastados desde que o governo concedeu a empresas transnacionais licenças de pesquisa baseadas na legislação de 1995.
“Nossa região (Coromandel e Abadia dos Dourados) abriga mais de três mil garimpeiros, pais de família que tiram o seu sustento do garimpo. E, infelizmente, estão impedidos de exercer legalmente o seu trabalho porque o subsolo é da União e ela própria concedeu licenças de pesquisas a um pequeno grupo de especuladores (na maioria estrangeiros associados a vendilhões brasileiros)” informa um garimpeiro ao jornal “Garimpando Noticias”, citado no estudo.
Em abril de 2005 a Câmara Municipal, motivada pela atuação política de vereadores que se envolveram com o movimento garimpeiro expediu o título de “Juditio Persona Non Grata” à Sam Sul Mineração Ltda., “pelos malefícios causados à Sociedade Coromandelense face a posse de 35.000 hectares de direitos de exploração do subsolo, impedindo o desenvolvimento regular da atividade garimpeira e por não contribuir em nada para o desenvolvimento do município”

Trabalhadores que viviam da extração de cristais criam o tesouro verde do Brasil

Trabalhadores que viviam da extração de cristais criam o tesouro verde do Brasil

Cristalina é privilegiada, com mais de 250 rios, córregos e nascentes. Com muita água correndo por todos os cantos, foi possível fazer brotar nessas terras alimento o ano todo.

A primeira vista, um município como tantos outros. Mas não se engane, essa é uma terra de sonhos.
Solo fértil, de onde já brotaram cristais. Riqueza que deu fama e nome a cidade: Cristalina, no Planalto Central, em Goiás.
Mas os cristais deram lugar a um novo tesouro, que mudou a paisagem e impulsiona a economia: o agronegócio. Hoje, Cristalina é o maior pib agrícola do país.
Segundo o IBGE, a agricultura de Cristalina movimenta R$ 1,3 bilhão.
A região é privilegiada, com mais de 250 rios, córregos e nascentes. Com muita água correndo por todos os cantos, foi possível fazer brotar nessas terras alimento o ano todo. Os agricultores de Cristalina cultivam 34 tipos diferentes de lavoura.
De milho a soja. De cenoura a batata. Plantações a perder de vista. E que abriram novos horizontes para quem vivia do garimpo.
Olhar cuidadoso de uma mulher que passou a vida inteira procurando pedras preciosas, mas foi na lavoura do café, que Aparecida está garimpando a vida que sempre quis ter.
Aparecida
Globo Repórter: O que mudou na sua vida entre do garimpo agora pra trabalhar aqui na lavoura?
Aparecida Marques de Araújo, trabalhadora rural: Eu pude comprar as minhas coisas com mais facilidade, porque antes eu não podia, eu ganhava pouco, no garimpo.
Carlita lembra que o garimpo era uma aventura.
“Você ganhava R$ 10 e corria o risco de cair num buraco, quebrar uma perna”, conta Carlita Santana Souza, trabalhadora rural.
Foi na lavoura que ela conseguiu colher muitas preciosidades. Com emprego fixo e contracheque, Carlita conquistou junto com o marido, Francisco, o que antes parecia impossível: a casa própria.
Isael também mudou de endereço e de vida. Ele começou na roça. Hoje trabalha na oficina da indústria do beneficiamento de batatas. E não se arrepende de ter deixado o interior de São Paulo há 15 anos.
Globo Repórter: Mas não deu aquele medo de pensar nossa é um lugar longe?
Isael Nunes de Oliveira, técnico em manutenção de máquinas: Medo não. A gente pensou mais na condição de poder melhorar de vida. E melhorou.
Isael mostra orgulhoso a casa que comprou há cerca de um ano e meio.
Globo Repórter: Como é entrar na sua própria casa?
Isael: Sempre com o pé direito, porque com o pé esquerdo a gente deixa o aluguel e o pé direito a gente deixa pra casa própria. Tem o computador, tem a televisãozinha razoável, aparelho de som, o sofá não é dos ricos, mas serve pra gente se abrigar.
A procura pela casa própria aqueceu o mercado imobiliário. Na cidade e no campo.
Luciano acompanhou de perto o crescimento de Cristalina. Trabalhou na lavoura, antes de se tornar um bem sucedido corretor.
“Eu já tinha uma certa inclinação pra mexer com venda e aconteceu. Eu não esperava que fosse tão rápido o resultado. Vim de uma família muito humilde. Me considero um cara vitorioso sim”, revela Luciano Botelho, corretor de imóveis.
A família Figueiredo foi visionária. Eles vieram do Paraná na década de 80 para desbravar uma região selvagem.
“Quando meu pai chegou, uma região totalmente pra ser descoberta, totalmente pra fazer tudo. Nunca se imaginava as coisas que hoje acontecem”, conta Reinaldo Figueiredo, fazendeiro.
Os irmãos Reinaldo e Reginaldo chegaram a duvidar que os negócios teriam futuro.
“No início, eu achei que não ia dar certo. A gente precisava de um parafuso, tem que andar 300 km até Goiânia atrás de um parafuso”, lembra Reginaldo Figueiredo, fazendeiro.
Mas deu tão certo que os irmãos começam a inovar. Além da lavoura apostaram na produção de leite.
Os irmãos investiram no conforto para mimar as vacas. Elas retribuem com carinho e com a maior produção de leite em todo o estado de Goiás.
É ou não é uma terra próspera para plantar sonhos?