sábado, 12 de abril de 2014

No meio da selva, sem a presença da lei, grupos armados e equipados com máquinas pesadas, devastam a floresta em busca do ouro


No meio da selva, sem a presença da lei, grupos armados e equipados com máquinas pesadas, devastam a floresta em busca do ouro. É uma invasão de dragas e PCs que destroem tudo para extrair a riqueza dos rios colombianos. Não existe nenhuma consideração com o meio ambiente, com a legislação ou com os rios e seus leitos. Ninguém parece preocupado com a herança maldita do mercúrio, jogado sem cuidados na natureza, que irá poluir a região e seus habitantes por décadas. Os poucos policiais da região estão praticamente cercados por grupos guerrilheiros e nada podem, ou querem, fazer.
Muitos garimpeiros tem o respaldo de guerrilheiros e grupos narco-paramilitares fortemente armados que conseguem manter a polícia afastada do cenário de desolação que o garimpo está causando. Ninguém sabe, exatamente, quantos garimpeiros ilegais existem, mas são centenas de milhares que, como formigas, penetram nas matas em busca do ouro e da liberdade econômica que a sociedade nunca lhes dará.
O garimpo está progredindo rapidamente e, segundo as autoridades, está sendo mais lucrativo do que as plantações de coca que infestam a região.


Garimpeiros lavram um conglomerado basal de aluvião em El Chocó na Colômbia. Esta prática manual está, rapidamente, sendo substituída pela mecanizada que devasta em horas o que os braçais levam meses.

Enquanto o país não oferecer soluções aceitáveis, como empregos com salários dignos, a situação só irá se agravar. E, infelizmente, estaremos presenciando um dos grandes desastres ambientais do século.

Vale: bom desempenho atrai recomendações de analistas

Vale: bom desempenho atrai recomendações de analistas
O desempenho das ações da Vale, no mês, é excelente e continua atraindo a atenção dos analistas. A Vale é a empresa com o maior número de recomendações de compra por bancos e corretoras.
A maioria ainda vê bons fundamentos para que a Vale continue crescendo e ampliando as suas vendas de minério de ferro.

Assim começam os garimpos

Assim começam os garimpos
Um mês atrás um fazendeiro achou ouro no meio de sua plantação de cacau, na Costa do Marfim.
A descoberta pode até lhe trazer algum lucro, mas com certeza, vai acabar com a sua plantação e com a sua fazenda.
Neste pouco tempo foram escavados mais de 36 poços verticais que acessam a vários tuneis a 10 metros da superfície. O garimpo continua crescendo e já não existem mais árvores onde ontem tinha uma plantação de cacau.
Situação semelhante está ocorrendo em várias outras plantações que estão sendo abandonadas pela febre do ouro.

Cobre: ou os geólogos descobrem mais jazidas ou veremos uma hiperinflação de preços

Cobre: ou os geólogos descobrem mais jazidas ou veremos uma hiperinflação de preços
O gráfico do consumo mundial do cobre, feito pelo USGS,  mostra uma situação dramática onde o consumo chinês cresce exponencialmente enquanto que o resto do mundo tem um consumo estável com tendência negativa.
Neste cenário só podemos esperar uma crise a mercado futuro. Ou o mundo descobre novas jazidas através da prospecção mineral intensiva, ou os preços começarão a se elevar: uma simples questão de oferta e procura.
No estudo do USGS existem 11 regiões no mundo com potencial para a descoberta de novos jazimentos de cobre que podem suprir com vantagem essa necessidade futura. Os americanos chegaram ao número, meio mágico, de 3,5 milhões de toneladas  de cobre em 225 possíveis projetos, ainda não descobertos.
Correto ou não o exercício de futurologia do USGS um fato permanece: os geólogos terão que trabalhar duro para descobrir as novas jazidas de cobre, uma das commodities mais importantes na economia de um país.
Este trabalho será feito, em sua maioria, pelas junior companies, que no Brasil estão sendo escorraçadas pelo novo Código Mineral que pode ser aprovado sem o direito de prioridade.
Coincidentemente o USGS não prevê nenhuma descoberta significativa de cobre no Brasil...por que será?

O chumbo que mata: Plumbum é condenada por passivo ambiental na Bahia

O chumbo que mata: Plumbum é condenada por passivo ambiental na Bahia
Após 53 anos de um histórico de poluição a francesa Plumbum foi condenada na 3ª Vara da Justiça Federal, a promover a recuperação de danos causados por sua planta metalúrgica em Santo Amaro na Bahia.
É mais um capítulo de uma longa e horripilante história que contaminou e adoeceu milhares destruindo vidas e futuros. História de poluição que até hoje contamina a população local.
Em 1960, Santo Amaro da Purificação, cidade de 58.000 habitantes viu  a francesa Penarroya construir uma   planta metalúrgica para tratar o minério de suas minas. Nascia a COBRAC, a Companhia Brasileira de Chumbo que tornou Santo Amaro em uma das cidades mais poluídas pelo chumbo no mundo. Uma história que ainda não acabou.
No início os empregos e o dinheiro novo alimentou a região que sofria com a queda da cana de açúcar. A COBRAC foi muito bem recebida. Para entender o problema veja, abaixo, um resumo do que o chumbo causou e causa aos desassistidos habitantes de Santo Amaro:

• Diminuição da performance em testes de QI).
• Aumento da Pressão
• Diminuição da fertilidade, aumento da ocorrência de aborto e de morte , alterações no desenvolvimento como baixo peso, prematuridade
• Desequilíbrio postural e retardo na taxa de crescimento
• Anemia
• Alterações neurológicas em adultos
• Alterações renais em crianças
• Diminuição da hemoglobina
• Sinais de intoxicação incluem: irritabilidade, dificuldades motoras, distúrbios na aprendizagem e de comportamento, distúrbios no crescimento e, até encefalopatias
• Distúrbios de humor e neuropatias
• Perda de apetite, mal-estar, letargia, dores de cabeça, fadiga, tontura e esquecimento
• Dor abdominal, constipação, cólicas, náuseas, vômitos, anorexia e perda de peso
• Sintomas de toxicidade crônica: cansaço, sonolência, irritabilidade, tonteiras, dores nas articulações e problemas gastrintestinais
• Efeitos neurotóxicos
• Neuropatia periférica e diminuição da velocidade de condução
• Encefalopatia
• Óbito

Em 1976 foi identificada a poluição dos pescadores de Santo Amaro. A partir desta época vários estudos mostram a contaminação de trabalhadores, crianças e populares por chumbo e cádmio. Já na década de 70, parte da fábrica tinha sido fechada graças a contaminação de chumbo que causava defeitos e mortes, principalmente entre as crianças. Mas, assim como hoje, o problema foi  “empurrado com a barriga” causando as doenças e mortes que ocorreram desde então. Só que agora, com o conhecimento e consentimento tácito das autoridades. Esses muito falaram, mas nunca colocaram um ponto final no problema vindo a se tornar, no nosso entender, cúmplices da Penarroya.
A Plumbum fechou as portas em dezembro de 1993, após ter produzido em torno de 20.000 toneladas de chumbo por ano, durante 33 anos. O minério vinha, predominantemente, de sua mina Boquira e, também, do Peru.
O chumbo era obtido pelo processo de pirometalurgia, que originou grande quantidade de escória e de gases, ricos em chumbo, cádmio e arsênio.
Além de lançar na atmosfera chumbo e cádmio em materiais particulados que contaminaram tudo em um raio de  mais de 2.000m da chaminé (veja o mapa de chumbo nos solos),  a empresa despejava no Rio Subaé mais de 1.152 toneladas (informação da própria COBRAC) de efluentes líquidos com SO2.  O pior ainda estava por vir.  Em 1989 a escória foi classificada como resíduo tóxico classe 1, perigoso, mas mesmo assim ela foi “doada” à população de Santo Amaro e usada na pavimentação de ruas e na construção civil disseminando a poluição e envenenando milhares causando mortes e doenças até os dias de hoje. 
A contaminação atingiu a maioria dos funcionários que trabalhavam nas fundições. E ainda existem 1.200 causas trabalhistas contra a COBRAC, na Justiça do Trabalho aguardando decisão judicial.
Análises da escória mostram teores de chumbo entre 3 a 5%, zinco de 11 a 15% que indicam a falta de qualidade na metalurgia da Plumbum que rejeitava uma escória que hoje ainda pode ser considerada minério. Mais de 500.000 toneladas desta escória com elevado teor de chumbo e cádmio ainda estão poluindo a cidade, os solos, o lençol freático, as águas do Rio Subaé e o povo de Santo Amaro da Purificação.

escória
A foto acima mostra milhares de toneladas de escória venenosa no pátio da COBRAC. Essa escória seria distribuída à população.
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A poluição e suas causas são conhecidas das autoridades por mais de 30 anos. Essas autoridades pouco ou nada fizeram para evitar que o envenenamento se alastrasse e atingisse os níveis que atingiu.
Vários estudos e teses foram feitos sobre o assunto, mas , apesar disso, pouco saiu do papel.
Mesmo após o fechamento da fábrica, em 1998, estudos feitos em crianças indicavam que 31,9% delas estavam com contaminação de chumbo no sangue duas vezes acima do nível aceitável. Esses mesmos estudos mostraram que 88% das crianças tinham mais de 10ìg/dL. Cabe enfatizar que essas crianças tinham nascido após o fechamento da fábrica e estavam sendo contaminadas pela escória e pela água e solo da região onde moram.
O chumbo tem uma meia vida de poucos dias no sangue, mas de quase 30 anos nos ossos. Portanto, a ausência de chumbo em níveis anormais no sangue não implica que a pessoa não esteja contaminada. Indica apenas que não esteve em contato com agentes contaminantes  recentemente.
Pois somente agora é que a Penarroya foi condenada a recuperar parte do desastre ambiental que causou. A metalúrgica terá que cercar a área, colocar placas de advertência e pagar uma multa equivalente a 10% de seu faturamento bruto.
Um pequeno preço pelas mortes e doenças que causaram e que ainda vão causar.
Eles deveriam também pagar a remoção e relocação de todos os habitantes localizados sobre as áreas poluídas bem como os salários a todos os que não conseguem trabalho em decorrência do envenenamento pelo chumbo, cádmio e outros elementos.
O Governo local e as autoridades de saúde e meio ambiente que foram coadjuvantes no caso de Santo Amaro devem, também, pagar, pois sem a “ajuda” deles isso nunca teria acontecido.

Imagens da Tese de Thaynara Santana Rabelo,  Estudo da Contaminação Remanescentes de cChumbo e Cádmio no Município de Santo Amaro – BA, 2010