quinta-feira, 1 de maio de 2014

Reportagem especial: as lições de Singapura

Reportagem especial: as lições de Singapura

Carga tributária é baixa, empresa é aberta em seis horas, e governo do país divide lucro com o povo

A ida do pesquisador brasileiro Antonio Castro Neto a Singapura para liderar uma pesquisa sobre grafeno – ele é referência mundial no assunto – dá o tom da escolha feita pelo governo singapuriano, há 47 anos, quando separou-se da Malásia e transformou-se num Estado independente. Há dois anos morando no país do Sudeste Asiático, o professor deixou a Universidade de Boston, onde lecionou por mais de 20 anos, para tocar um projeto de US$ 100 milhões na Universidade Nacional de Singapura.

Tudo bancado pelo governo local. O objetivo é esmiuçar as propriedades do grafeno, carbono em estado puro. Trata-se do material mais forte e impermeável do mundo, que possui velocidade de condução dezenas de vezes maior que a do silício.

Para termos ideia do que significa a pesquisa liderada por esse mineiro de Belo Horizonte, todas as empresas de eletrônica estão investindo no grafeno. A expectativa é de que, em breve, todas as telas sensíveis ao toque sejam produzidas com ele. "É muito mais barato", explica Castro Neto. O grafeno também dará sua contribuição à saúde. Os estudos capitaneados pelo brasileiro incluem a fabricação de pele e de sangue artificial, tudo tendo o grafeno como base.

Singapura

Valor agregado

Para ter condições decentes de trabalho, o brasileiro teve de se mudar para um país de apenas 700 quilômetros quadrados, a cerca de 20 mil quilômetros do Brasil, que não possui uma só mina de grafite, mineral composto por camadas de grafeno. Enquanto isso, o Brasil, possuidor das maiores reservas de grafite do mundo, ainda engatinha na área.

"O Brasil vende o quilo do grafite por US$ 1 e compra o grama do grafeno por US$ 100, sem contar as aplicações que ele terá nas indústrias de tecnologia e farmacêutica. Investem agora, para agregar valor depois, o problema é que o Brasil só entra nas pesquisas quando já está tudo desenvolvido", critica o professor.

A atração de cérebros como o de Antonio Castro Neto mostra porque o país conseguiu multiplicar por quase 117 vezes sua renda per capita em 47 anos, saindo de US$ 512 em 1965, para chegar em US$ 59.900 no ano passado (a do Brasil é de US$ 10.627). Num Estado economicamente muito aberto, eficiência é fundamental, por isso, as empresas tiveram de adotar práticas avançadas de gestão e criar produtos competitivos internacionalmente. Ao governo coube essencialmente prover educação de qualidade, expandir a infraestrutura e apoiar o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

Eficiência


Hoje, o micropaís tem o porto de contêineres (PSA) mais movimentado e automatizado do mundo. Dos 150 milhões de contêineres movimentados, em 2011, em todo o planeta, 29 milhões passaram por lá. A indústria naval é uma das mais desenvolvidas e avançadas do planeta. Além de abrigar um dos portos mais movimentados do mundo e de apostar pesado na efervescência tecnológica, a riqueza singapuriana vem de uma indústria financeira desburocratizada aliada à baixa tributação.

"O que manda aqui é a eficiência. O empreendedor que vier para cá abrirá sua empresa em seis horas. A burocracia é pequena, e a carga tributária é de apenas 22% do PIB. O empresário singapuriano gasta apenas 80 horas por ano com a burocracia tributária", destaca o encarregado de negócios da embaixada brasileira em Singapura, Herbert Drummond. No Brasil, de acordo com o último levantamento feito pelo Banco Mundial, o empresário gasta 2.600 horas por ano com a burocracia tributária.

Ainda com relação à tributação, se o governo fechar o ano com superávit, o dinheiro é devolvido à população. "No final do ano passado, cada cidadão recebeu um cheque de 800 dólares singapurianos (cerca de R$ 1,2 mil) do governo. Dinheiro que foi arrecadado, mas acabou não sendo utilizado", conta o conselheiro da embaixada brasileira.

Mesmo sem impostos abusivos, a qualidade do serviço público é alta. "O gasto com educação e saúde é quase que simbólico. Com R$ 90 mensais, os estudante tem todos os livros e cadernos necessários, instalações e ensino de qualidade internacional. Caso precise de um hospital, o singapuriano paga o equivalente a R$ 150 para fazer todos os exames necessários, recebe todos os medicamentos, mesmo os que usará em casa, gratuitamente e, caso precise, ficará internado sem nenhum custo adicional", assinala Drummond.

O repórter foi a Singapura a convite do estaleiro Jurong.

País de regras: nem chiclete pode no metrô

Se na economia o que manda é a liberdade, na política e no dia a dia da população e dos visitantes, a mão do Estado ainda pesa. O código penal de Singapura ainda prevê pena de morte e chibatadas. A compra de chicletes – por conta de um tumulto no metrô causado, há alguns anos, por uma goma de mascar grudada no sensor da porta de uma das composições e da sujeira – é restrita. Quem atravessar a rua fora da faixa arrisca-se a tomar uma pesada multa.

"Há algumas décadas, o governo percebeu a necessidade de todo mundo falar inglês. Numa canetada, todas as escolas foram obrigadas a incluir o inglês no currículo. Hoje, todo singapuriano, bem ou mal, fala inglês", destaca o encarregado de negócios da embaixada brasileira em Singapura, Herbert Drummond.

O país vive sob um regime parlamentarista e é governado pelo Partido de Ação Popular desde a independência da Malásia, em 1965. Quem é de fora se surpreende com as regras rígidas do país, mas os locais sabem que o Estado singapuriano já foi muito mais repressor. No final da década de 90, o governo chegou a proibir a exibição do filme Titanic por conta de algumas cenas de nudez.

Hoje, são poucos os sinais da mão pesada do Estado, mesmo assim, sobra a certeza de quem em caso de alguma escorregada, grande ou pequena, haverá punição. "Aqui, a lei funciona para todos. Para traficantes, a pena é de morte, para crimes como estupro, chibatadas. Em caso de desvio de recursos públicos, além de devolver tudo, o cidadão vai preso. Há alguns anos, deram oito anos de cadeia para um sonegador do Imposto de Renda. Além disso, há os pequenos deslizes: quem for pego comendo no metrô é multado em R$ 780", diz Drummond.

Potencialidades da mineração no Brasil

Potencialidades da mineração no Brasil


Potencialidades da mineração no Brasil 

Agrominerais, fosfato, potássio, nióbio, terras raras, níquel, bauxita, cobre, zinco, rochas ornamentais,  gemas e diamante, água mineral, agregados/argila, calcário, grafite, xisto, nada escapa ao olhar de Mathias Heider – Engenheiro de minas do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral – DNPM, em artigo publicado na revista In The Mine
Agrominerais – O Brasil tem procurado elevar a sua produção interna de agrominerais para reduzir a sua dependência, vulnerabilidade e gasto de divisas. A disponibilidade de novas terras agriculturáveis (a maior do mundo) e o aumento da produtividade revelam a necessidade crescente, a cada ano, de fertilizantes para atender a demanda. Em 2012, o consumo nacional de fertilizantes foi da ordem de 29,5 Mt e, para 2013, estima-se 30,5 Mt. O maior consumo foi no Mato Grosso. O Brasil desenvolve também pesquisas e iniciativas para o uso de técnicas de rochagem na agricultura, com grande apoio da EMBRAPA.
Fosfato – Novas frentes produtoras de fosfato se encontram em fase de projeto em Patrocínio/MG (Vale), Arraias/TO (MbAC), Santa Quitéria (Itataia)/CE (Galvani), além de expansão de projetos ativos. A empresa MbAC também avalia o projeto Santana/PA e Araxá/MG. Outras regiões com Anitapólis/SC e a Flona Ipanema, na região de Iperó/SP, possuem comprovadas reservas de fosfato, mas envolvem complexas questões ambientais. Pará, Piauí, Tocantins e Mato Grosso têm uma alta potencialidade de novas jazidas, segundo diversas fontes (Tabela 6).
Potássio – A Vale desenvolve o Projeto Carnalita (SE) de fosfato adotando o inédito método de lavra por dissolução, em data a ser definida, com grande impacto na produção nacional. As reservas existentes em Nova Olinda/AM revelam um alto potencial da substância, bem como a região de entorno, que foi exaustivamente requerida para pesquisa por diversas empresas. Novas metodologias de extração dos sais de potássio podem viabilizar a extração nessa região, altamente sensíveis aos impactos ambientais. Existem também estudos para aproveitamento de rochas ígneas que contém potássio, avaliando-se sua viabilidade técnica e econômica. A agricultura brasileira é especialmente dependente deste insumo nas formulações de NPK.
Na Tabela 7 encontram-se os direitos minerários vigentes no Brasil (dados de julho/2012).

Nióbio – O Brasil detém a maioria das reservas e produção de nióbio no mundo. A principal produtora é a CBMM e a Mineração Catalão/GO (Anglo American). O minério de nióbio no Brasil é o
pirocloro, cujo custo de produção é bastante competitivo. A CBMM desenvolve toda a cadeia produtiva, produzindo ligas metálicas com alto valor agregado. Diversas fontes citam o potencial da
reserva de nióbio de "Seis Lagos", no Amazonas, que merece um maior trabalho de pesquisa visando seu detalhamento. Outras fontes citam ainda a produção via garimpo, associada à columbitatantalita.
Terras Raras – Os embargos da China e a extrema valorização das cotações dos "ETR", que tem importante aplicação na indústria de alta tecnologia e de energias limpas, fizeram dessa
"commoditie" um insumo estratégico, provocando uma corrida mundial a novas áreas de produção. No Brasil ganha destaque o seu uso na indústria de catalisadores de petróleo, que utiliza o lantânio como componente. Diversas empresas (Vale, CBMM, MbAC, Minsur, dentre outras) tem divulgado projetos com potencial para obtenção de "ETR" como subproduto em projetos já ativos. É necessário diagnosticar toda a cadeia produtiva dos "ETR" e estimular a agregação de valor/tecnologia, atraindo empresas e centros de pesquisa.
Níquel – O Brasil oferece um enorme potencial para níquel laterítico nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde existem diversos projetos ativos e em fase de avaliação/desenvolvimento. Na Bahia, a Mina Santa Rita (Mirabela), uma das maiores de níquel sulfetado nos últimos anos, foi desenvolvida após licitação da CBPM, que executa um bem sucedido papel de órgão fomentador da mineração no estado. A Vale tem o projeto Onça-Puma, que está sendo reavaliado em quesitos técnicos, e avalia o projeto Vermelho/PA e outro no Piauí. A Anglo American aposta no projeto Barro Alto/GO e avalia Jacaré/PA e Morro sem Boné/MT, para assumir uma nova posição global no ranking de produtores de níquel. A Votorantim Metais produz ferro-níquel em Niquelândia/GO e em Fortaleza de Minas/MG, matte de níquel com cobalto contido (onde o maior conhecimento da geologia elevou a produção e a vida útil do empreendimento, após sua aquisição da Rio Tinto). A empresa avalia ainda o Projeto Montes Claros (GO). A Xstrata avalia o projeto Araguaia/PA. A Teck Resources e a Horizonte Minerals também realizam estudos de projetos no Brasil. Os projetos de níquel se caracterizam por alto investimento, alta complexidade e risco, o que deverá contribuir para a elevação futura das cotações deste insumo.
Bauxita – O Brasil tem posição de destaque, em nível mundial na produção de bauxita, com amplo desenvolvimento da cadeia produtiva do alumínio, mas bastante dependente dos custos de energia. A reavaliação desses custos deverá manter a competitividade dessa cadeia, uma vez que o alumínio não apresentou a valorização que atingiu outras commodities minerais e que um
expressivo percentual das refinadoras internacionais possui plantas tecnologicamente obsoletas e custos maiores de energia/produção. A região Norte do País mostra todo seu potencial  com contínua expansão da produção e novos projetos. Em 2010, a Vale alienou seus ativos da cadeia produtiva de alumínio para Norsk Hydro que, assim, completou sua integração vertical. Atualmente, a Rio Tinto avalia a viabilidade do projeto Amargosa/BA e a Votorantim avalia projetos em Barro Alto/GO e Rondon do Pará/PA, com estimativa de investimentos da ordem de US$ 3,4 bilhões.
Cobre – Os projetos que surgiram nos últimos anos (Sossego, Chapada, Salobo, etc) elevaram substancialmente a produção nacional de cobre, tornando o Brasil auto-suficiente em termos de cobre contido. Os novos projetos em curso (Alemão, Cristalino, Boa Esperança e Corpo 118) levarão o País a uma condição de exportador, além de incrementar a produção nacional de ouro obtido como subproduto em alguns projetos.
Somente a Vale estima produzir cerca de 18 tpa de ouro em seus projetos de cobre. A Paranapanema, que trabalha a metalurgia do cobre, desenvolve um programa de compra do minério de pequenas e médias mineradoras, estimulando a viabilização desses empreendimentos. A empresa também investe na expansão da capacidade de sua planta metalúrgica e, após ter sido alvo de oferta de compra pela Vale, na agregação de valor e melhor aproveitamento dos subprodutos contidos na metalurgia do cobre.
Zinco – A Votorantim desenvolve o projeto Aripuanã/MT que também irá produzir zinco, cobre e chumbo associado. A Votorantim adquiriu (Nov/2007) os antigos ativos da MASA (Vazante/MG) que deverá ser futuramente reativada.
Rochas Ornamentais – O Brasil se consolidou como produtor e exportador de rochas ornamentais em nível mundial. Em 2012 foi o maior fornecedor do exigente mercado norte-americano e, no total, registrou exportações da ordem de US$ 1,06 bilhão. A cadeia produtiva está em contínuo processo de modernização das atividades de lavra e beneficiamento, com o uso de fio diamantado e teares de multi-fios diamantados nas etapas de lavra e beneficiamento.
É importante ressaltar que o Brasil produz uma enorme variedade de rochas (granitos, mármores, quartzitos foliados, ardósias, pedra-sabão), com destaque para materiais exóticos únicos no mundo, além da ampla capacidade de atender a todas as demandas de mercado. No caso do quartzito foliado, já existem iniciativas de aproveitamento dos rejeitos, visando à produção de areia através de um processo simplificado de moagem e peneiramento. A proximidade de alguns centros consumidores torna essa operação bastante atraente.
A gestão associativa de resíduos é outra experiência bem sucedida do setor de rochas. Uma outra iniciativa é a avaliação do uso dos resíduos de rochas em outras cadeias produtivas (construção civil, cimento, cerâmica, agricultura) reduzindo o impacto ambiental. O DNPM e o MME buscam diversas ações para apoio à formalização da produção e atendimento de demandas e necessidades setoriais. Conforme quadro abaixo, na pesquisa mineral de rochas ornamentais destacam-se o Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. O Espírito Santo também possui um amplo parque de beneficiamento de rochas e uma grande rede logística e de apoio aos produtores, com dois APL (Arranjos Produtivos Locais) consolidados – Cachoeiro do Itapemirim e Noroeste -, garantindo assim, sua posição de competitividade e qualidade em nível mundial.
Gemas e diamante – O Brasil produz uma ampla variedade de gemas, reconhecidas mundialmente pela sua beleza e alta qualidade. Os destaques em termos de produção são Minas Gerais, Goiás, Bahia e Rio Grande do Sul. Com potencialidade, temos ainda o Pará e o Piauí e outros estados do Nordeste. A Lipari Mineração desenvolve o projeto Braúnas (Nordestina/BA) com uma estimativa de produzir cerca de 250 mil quilates de diamante por ano (em cerca de 7 anos de vida útil). Segundo reportagem do Valor Econômico, trata-se da primeira rocha kimberlítica na América do Sul em produção comercial.
Água Mineral – Produção amplamente disseminada no Brasil, com crescente potencial de consumo, favorecido pelo crescimento da renda do brasileiro.
Agregados/Argilas – O crescimento da construção civil acarretou um elevado consumo de agregado, que hoje tem um enfoque na mineração social e de desenvolvimento, associada ao crescimento econômico do Brasil. Segundo dados do IBRAM, a produção de agregados, em 2011, foi da ordem de 670 milhões de toneladas. É uma atividade de mineração amplamente disseminada pelo País e altamente impactada pelo custo de transporte ao centro consumidor
Hoje, diversas empresas cimentadas aproveitam o calcário não utilizado para cimento visando a produção de agregados, gerando novas receitas e reduzindo o impacto ambiental. No caso das argilas, os mercados de construção civil também garantem uma demanda crescente para peça de cerâmica vermelha (tijolos, telhas, etc) e pisos e revestimentos (cerâmica branca). Nesse setor, o desafio é a legalização das fontes de argila e a promoção do associativismo, estimulando as centrais de massa que podem fornecer matérias primas com sustentabilidade e menor custo (além de racionalizar a lavra).
A padronização e melhoria de qualidade das peças cerâmicas e a reciclagem são outros desafios do setor. A devida caracterização das argilas permite a fabricação de produtos com maior valor agregado. A reciclagem de resíduos da construção civil também é uma prática a ser estimulada e economicamente viabilizada. Existe, ainda, um enorme potencial para aproveitamento das áreas pós mineração nesses segmentos, elevando os benefícios para a população local (com novas atividades econômicas e de lazer) e melhorando sua qualidade de vida.
Calcário – Insumo bastante abundante no Brasil e no mundo. Em 2010, foram produzidas mundialmente cerca de 3,3 Bt de cimento. Uma tonelada de cimento demanda 3,5 metros cúbicos de areia e 2,2 metros cúbicos de brita para a fabricação de concreto. O Brasil produziu em 2011, cerca de 64,1 Mt de cimento, segundo dados do SNIC. Já existem projetos de produção de cimento com uso de fornos chineses, com menor custo, permitindo o surgimento de pequenas unidades regionais.
A CSN também desenvolve um sistema que aproveita suas reservas de calcário e a escória de siderúrgicas, garantindo uma produção com maior competitividade e aumento gradual de sua
capacidade produtiva.
Grafite – O Brasil é um importante produtor mundial, com destaque para Minas Gerais, onde a Magnesita desenvolve um projeto da ordem de R$ 80 milhões, com geração de 200 empregos no norte do estado (Alemanara) e produção prevista de 40 mil toneladas por ano, a ser iniciada em 2014. Outra empresa importante é a Companhia Nacional de Grafite, que produz na região de Itapecerica/MG. Existem potencialidades de produção no Espírito Santo, Ceará, Pernambuco, Goiás e Tocantins, segundo diversas fontes.
Xisto – A partir de 2008 houve uma retomada da pesquisa mineral do xisto com a emissão de cerca de 220 títulos minerários (entre alvarás e requerimentos), concentrados principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Países como os EUA e a Argentina também tem ambiciosos planos para explorar seu xisto, mostrando uma nova importância deste bem mineral. O potencial anunciado de produção desta matriz energética poderá ter um impacto nas cotações do petróleo e nas economias regionais.
Outros minerais – A Largo Resources inicia a implementação de seu projeto de Vanádio em Maracás/BA com alto teor (1,34%) e verticalização, com produção de ferro-vanádio. Foi anunciada,
também na Bahia, a existência de expressivos recursos de tálio. O Brasil também tem extensas reservas e expressiva produção de caulim. Outro minério de destaque no País é a tantalita,
amplamente utilizada em tecnologias avançadas e considerada um mineral estratégico para diversos países.
O Brasil também tem um enorme potencial para urânio e está retomando a pesquisa e a reavaliação geológica de seus recursos. A jazida de Itataia/CE (parceria com a Galvani) deverá entrar em operação nos próximos anos, tornando-se mais uma importante fonte de suprimento para o programa nuclear do Brasil, que implicará no avanço da mineração deste bem mineral.
A Vale recentemente adquiriu os ativos de titânio da estatal Metago (GO), indicando a viabilização da extração deste insumo a partir do anatásio, além de avaliar uma possível existência de fosfato. A Vale tem expressivas reservas deste minério em Araxá (MG).
Plataforma marítima – A mineração nas áreas da plataforma marítima mostrou amplo desenvolvimento nos últimos anos, com destaque para o calcário marinho (granulados bioclásticos
marinhos), de amplo uso como corretivo de solo, filtros para meio ambiente e indústria de alimentação. Estados como Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão e São Paulo tem a maior
quantidade de títulos minerários na área de plataforma, já existindo cerca de 15 concessões de lavra.
Sustentabilidade e conclusões – Falar em potencialidade da mineração exige obrigatoriamente mencionar os fatores relativos à sustentabilidade. Cada vez mais as comunidades envolvidas nos projetos de mineração adquirem importância na sua aprovação, exigindo também políticas diversas que potencializem o retorno para a região e a minimização da utilização de conteúdo local (RH, equipamentos e serviços). O uso futuro das áreas de mineração adquire um novo contexto, evitando situações anteriores de altos impactos negativos e elevados passivos para a comunidade (a exemplo da Serra do Navio, no Amapá, e do chumbo em Santo Amaro, na Bahia).
Para diversos produtos minerais, a sustentabilidade pode ser um diferencial na manutenção e conquista de novos mercados, como no caso das gemas e rochas ornamentais. A implementação de técnicas modernas como a lavra seqüencial reduz os custos produção e de fechamento de mina e antecipa uma série de ações, beneficiando a população na região do empreendimento mineral.
Na questão da sustentabilidade econômica, as empresas podem maximizar seus resultados avaliando seus diversos gargalos através da aplicação da "teoria das restrições", melhoria da
produtividade e gestão de seus principais indicadores gerenciais e de desempenho. As empresas de mineração devem melhorar a eficiência energética de suas operações e processos, bem como buscar a eco-eficiência no seu dia a dia. Políticas de qualidade e segurança são cada vez mais obrigatórias e inseridas na gestão da empresa, bem como as diversas certificações (ISSO 9000, ISSO 14.000, etc).
Já estão em curso por parte de diversas empresas (Vale, Anglo American, CIF, etc), ações de reaproveitamento de minérios em barragens de rejeito e pilhas de estéril, com ótimos resultados
econômicos. A maximização do retorno e da recuperação do recurso mineral é uma das premissas que devem orientar a operação das empresas de mineração.
Também podemos citar a reativação de diversas operações mineiras e/ou novos projeto com a expansão da configuração da mina decorrente da reavaliação das reservas minerais ou do próprio avanço da lavra. No Brasil diversos projetos de mineração já ativos ou em fase de implementação foram viabilizados a partir de antigas áreas de mineração de ouro (C1-Santa Luz/ Yamana, Riacho dos Machados/ Carpathian, etc), por exemplo.
Também já existem diversos projetos visando o aproveitamento de minério de ferro associado ao minério de ouro existente em determinadas minas (Ex.: Pedra Branca do Amapari/PA e Riacho dos Machados/MG da Carpathian). A reavaliação de projetos como a "Mineração Morro do Ouro" em Paracatu/MG, sob gestão da Kinross, resultou em uma substancial elevação da produção e da vida útil do empreendimento.
Antes de tudo, é importante ousar e sair de "zonas de conforto". O retorno pode ser surpreendente. Nossa indústria minerária tem muito espaço ainda a explorar para se consolidar
ainda mais! E assim, apoiar o processo de desenvolvimento do Brasil, como base de diversas cadeias produtivas.

Carbono e Kimberlito

Carbono e Kimberlito


O carbono é um dos elementos mais comuns no mundo e é um dos quatro princípios básicos para a existência da vida. Os seres humanos contêm mais de 18% de carbono em seu corpo, e o ar que respiramos contém traços de carbono. Quando ocorre na natureza, o carbono existe em três formas básicas:
  • diamante: um cristal extremamente duro e claro;
  • grafite: um mineral preto e macio, feito de carbono puro. Sua estrutura
    molecular não é tão compacta quanto a do diamante, por isso é mais
    fraco;
  • fulerite: um mineral feito de moléculas perfeitamente esféricas, consistindo de
    exatamente 60 átomos de carbono. Esta alotropia foi descoberta em 1990.
Diamantes se formam a, aproximadamente, 161 km abaixo da superfície da Terra, na rocha derretida do manto da Terra, que proporciona a pressão e o calor adequados para transformar carbono em diamante. Para que um diamante seja criado, o carbono deve estar embaixo de, pelo menos, 435.113 libras por polegada quadrada (psi ou 30 kilobars) de pressão a uma temperatura de, pelo menos, 400º C. Se as condições estiverem abaixo destes dois pontos, será formado o grafite. Em profundidades de 150 km ou mais, a pressão vai para 725.189 psi (50 kilobars) e o calor pode exceder 1.200º C.
A maioria dos diamantes que vemos hoje foram formados há milhões (ou até bilhões) de anos. Poderosas erupções de magma trouxeram os diamantes até a superfície, criando chaminés de kimberlito.
Kimberlito é um nome escolhido em homenagem a Kimberly, África do Sul, onde estas chaminés foram encontradas pela primeira vez. A maior parte destas erupções ocorreu entre 1.100 milhões e 20 milhões de anos atrás.
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As chaminés de kimberlito foram criadas conforme o magma passava por profundas fraturas na Terra. O magma de dentro da chaminé de kimberlito funciona como um elevador, empurrando os diamantes e outras rochas e minerais pelo manto e crosta em poucas horas. Estas erupções eram breves, mas muitas vezes mais poderosas do que erupções vulcânicas que acontecem atualmente. O magma destas erupções foi originado em profundidades três vezes mais profundas do que a fonte de magma nos vulcões, como o Monte St. Helens, de acordo com o American Museum of Natural History (site em inglês). Com o tempo, o magma esfriou dentro das chaminés de kimberlito, deixando para trás as veias cônicas da rocha de kimberlito que contêm diamantes. Kimberlito é uma rocha azulada que os mineradores procuram quando estão atrás de depósitos de diamantes. A área da superfície das chaminés de kimberlito que contêm diamantes variam de 2 a 146 hectares.
Diamantes também podem ser encontrados em leitos de rios, chamados de reserva aluvial de diamantes. São originados em chaminés de kimberlito, mas se movimentam por atividade geológica. Geleiras e águas podem movimentar os diamantes para milhas de distância de seu local de origem. Hoje, a maioria dos diamantes é encontrada na Austrália, Brasil, Rússia e vários países africanos, incluindo Zaire.
São encontrados como pedras brutas e devem ser processadas para se transformarem em predras brilhantes, prontas para a venda.
Crátons arqueanos

As temperaturas podem chegar a 900ºC nos crátons arqueanos. São os locais onde os diamantes se formam. São formações geológicas estáveis e horizontais, criadas há bilhões de anos, que não foram afetadas pelos principais acontecimentos tectônicos, de acordo com a Rex Diamond Mining Corp (site em inglês). São encontradas no centro da maioria dos sete continentes (a maior parte das atividades tectônicas ocorre ao redor das margens).

Diamantes são produzidos explodindo CO2

Diamantes são produzidos explodindo CO2


Diamantes são produzidos explodindo CO2
A explosão gera uma altíssima pressão, que dura apenas uma fração de segundo, mas suficiente para cristalizar o carbono do CO2 na forma de minúsculos diamantes, aqui vistos por um microscópio. [Imagem: Jason Nadler/Gatech]
Vida e riqueza
O dióxido de carbono bem poderia rivalizar com o oxigênio como o "gás da vida", dada sua importância no ciclo biológico da Terra.
Hoje, porém, ele é mais conhecido como um gás de efeito estufa - o mesmo efeito que permite a vida na Terra, mas que, levado ao exagero, pode colocar essa mesma vida em dificuldades.
Esse excesso talvez agora possa ganhar uma destinação bem mais brilhante e preciosa: mais especificamente, o CO2 pode transformar-se em diamante.
Diamante de CO2
Muitos especialistas diziam há anos que fazer diamantes a partir do dióxido de carbono era impossível.
Mas o pesquisador Daren Swanson, da Universidade de Queens, no Reino Unido, não se convenceu, e prosseguiu com suas explosões geradoras de pressão até finalmente ter sucesso.
Depois de três anos de pesquisa, ele provou que o CO2 pode realmente ser usado para produzir minúsculos diamantes industriais - eles não são grandes o suficiente para se transformarem em uma joia, mas são muito bem pagos para utilização em inúmeras aplicações industriais.
Detonação a frio
Chamada de "Detonação Física a Frio" - ou CDP (Cold Detonation Physics) -, a técnica consiste em misturar gelo seco, que é essencialmente CO2 congelado, com outros ingredientes para fazer um explosivo.
Esta mistura, a -78,5 ° C, é comprimida dentro de um tubo de aço muito grosso e então detonada.
A explosão gera uma altíssima pressão, que dura apenas uma fração de segundo, mas suficiente para cristalizar o carbono do CO2 na forma de diamante.
A fina poeira de diamante produzida - os cientistas os chamam de nanodiamantes - tem aplicações que vão desde o revestimento de ferramentas, discos de corte e peças para polimento, até o transporte de drogas quimioterápicas no interior do corpo humano.
Diamantes sintéticos
Segundo os pesquisadores, a produção de diamantes a partir do CO2 pode se tornar a técnica mais barata para a fabricação de diamantes sintéticos - certamente o mais ambientalmente amigável, uma vez que ela literalmente detona o CO2.
Um subproduto interessante da pesquisa é o próprio explosivo, que poderá ser usado em mineração - o explosivo é menos ambientalmente danoso do que a dinamite.

Alinhamento de estrelas forma anel de diamante celeste


Alinhamento de estrelas forma anel de diamante celeste

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Encontro ocasional dá origem a anel de diamantes celeste
A nebulosa planetária Abell 33 está em um alinhamento preciso com uma estrela em primeiro plano, o que torna o conjunto extremamente parecido a um anel com um diamante. [Imagem: ESO]
Anel de diamante cósmico
Esta é a bela nebulosa planetária PN A66 33 - conhecida normalmente por Abell 33.
Formada quando uma estrela antiga lançou para o espaço as suas camadas externas, a bonita bolha azul resultante está, por mero acaso, alinhada com uma estrela que se encontra em primeiro plano.
Isto torna o conjunto extremamente parecido com um anel de diamante.
E esta joia cósmica é ainda mais rara por ser simétrica, aparecendo como um círculo quase perfeito no céu.
Abell 33 é uma nebulosa planetária extraordinariamente circular, situada a cerca de 2.500 anos-luz de distância da Terra.
O fato de ser perfeitamente redonda é bastante incomum neste tipo de objeto, já que geralmente existe alguma coisa que perturba a simetria e faz com que a nebulosa planetária apresente formas irregulares - por exemplo, o modo como a estrela gira, ou se a estrela central é uma componente de um sistema estelar duplo ou múltiplo.
A estrela muito brilhante situada primeiro plano, a meio caminho entre Abell 33 e a Terra, é a HD 83535, que aparece no local exato para formar a cena deslumbrante, um perfeito anel de brilhante celeste.
Como as estrelas morrem
A maioria das estrelas com massas da ordem da do nosso Sol terminará suas vidas sob a forma de anã branca - corpos quentes, pequenos e muito densos que vão apagando lentamente ao longo de bilhões de anos.
Antes desta fase final das suas vidas, as estrelas libertam para o espaço as suas atmosferas, criando nebulosas planetárias - nuvens de gás coloridas e luminosas que envolvem as pequenas relíquias estelares brilhantes.
O que resta da estrela progenitora de Abell 33, e que irá formar uma anã branca, pode ser vista, ligeiramente descentralizada no interior da nebulosa, como uma pequeníssima pérola branca.
Ela ainda é bastante brilhante - mais luminosa que o nosso Sol - e emite radiação ultravioleta suficiente para fazer com que a bolha de material expelido brilhe. Nesta imagem a estrela central parece ser dupla. Não se sabe se existe efetivamente alguma associação entre as duas ou se se trata apenas de mais um alinhamento ocasional.
Esta imagem foi obtida pelo instrumento FORS (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph), montado no VLT, do ESO, no Chile.