sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

China aposta no folhelho

China aposta no folhelho



Enquanto o mundo vê os preços do petróleo caírem, em uma clara ameaça aos projetos de alto custo operacional, como as areias betuminosas do Canadá e o petróleo ultra-profundo do pré-sal, os chineses investem em fontes não convencionais.

A PetroChina Co estará investindo US$4 bilhões nos folhelhos (xistos) em busca do gás natural, o substituto ideal do carvão.

O gás dos folhelhos é o grande responsável pela nova revolução industrial que afeta hoje os Estados Unidos.

Por mais que seja torpedeado por grupos antagônicos uma coisa fica: o break-even cost, ou custo de empate do gás americano, varia entre US$20 a US$30 por boe (barril equivalente de petróleo). Ou seja: o gás é econômico apesar de sua vida curta o que obriga às produtoras a furar novos poços incessantemente.

É essa bonança que os chineses procuram.

Mesmo sendo iniciantes eles estimam uma produção de 6,5 bilhões de metros cúbicos de gás de folhelhos para 2015.

Com esses US$4 bilhões a PetroChina deverá perfurar 16 furos de teste e 360 furos de produção em uma bacia de 15.600 km2.

Segundo os cálculos preliminares esta região tem mais do que 2 trilhões de metros cúbicos de gás aproveitáveis o que representa 7,5% de todo o potencial chinês... 

Como desacelerar um gigante em movimento?

Como desacelerar um gigante em movimento?



A mídia, volta e meia, propaga as mais grosseiras inferências sem a reflexão ou análise que a notícia merece.

  Graças a esse procedimento negligente que notícias de baixa qualidade atingem o leitor, podendo até causar o pânico aos menos avisados.

A última pérola, estampada em um website sobre a mineração, sobre a China cita: “não apenas uma desaceleração do crescimento, mas uma queda absoluta e substancial da demanda por commodities”.

Quem lê essa frase com certeza vai acreditar que o fim do mundo chegou e que a China, além de estar desacelerando mais rápido do que um Fórmula 1 na marca dos 100m, vai ter uma queda “absoluta e substancial”  no consumo de commodities. Um leitor desavisado desta matéria com certeza vai acreditar que é o fim das empresas de commodities que vendem para a China.

Coitada da Vale.

Já para nós do Portal do Geólogo que lidamos com essas notícias, dia após dia nos últimos 12 anos, tudo não passa de mais uma inferência grosseira entre as muitas que foram feitas nesta década.

Notícias sobre a desaceleração da economia chinesa e sobre o fim do mundo são mais comuns do que se possa crer. Esta é apenas mais uma delas.

Uma coisa que aprendemos na física, sobre as leis da inércia, é que é muito difícil desacelerar um gigante em disparada. Um corpo em movimento tende a permanecer em movimento (Newton).

A China é esse gigante que vem crescendo sistematicamente conforme o gráfico ao lado. Parar um crescimento desses, mesmo se desejado, nunca será assim tão fácil como querem os arautos do fim do mundo. Ainda mais quando estão sendo desenvolvidos inúmeros esforços no sentido contrário à desaceleração.

As notícias da desaceleração se tornaram mais comuns desde 2012, quando no terceiro trimestre a China cresceu “somente” 7,4%. Na época isso foi considerado o prenúncio do fim do mundo e várias notícias sensacionalistas como a de hoje, inundaram a mídia contaminando as decisões dos investidores.

No entanto, três meses depois, tudo mudou e a China voltou a crescer 7,9% e a média foi recomposta.

Agora o mesmo desespero volta à baila já que o crescimento chinês no terceiro trimestre foi de “apenas” 7,3%, o que prenuncia um crescimento médio para 2014 de “apenas” 7,4%.

Será esse o fim do mundo que estão alardeando?

É só observar alguns pontos fundamentais, divulgados por várias entidades governamentais, listados abaixo, que a tese do fim do mundo nos parece muito distante, puro sensacionalismo.

-As importações de minério de ferro em 2014 deverão atingir 940 milhões de toneladas, um crescimento de 14,7% em relação a 2013.

-Os preços do minério de ferro não cairão abaixo de US$60/t

-A Comissão Nacional do Desenvolvimento e Reforma aprovou um orçamento de US$114 bilhões para a construção de ferrovias e aeroportos. Isto deverá impactar as commodities. -As importações de minério de ferro em 2015 estão estimadas em 1 bilhão de toneladas, um crescimento de 6,4% em relação a 2014.

-A produção de aço doméstica deverá crescer em 2015.

-A demanda de aço também deve crescer em 2015 atingindo 720 milhões de toneladas.

-O setor da construção civil deverá crescer menos em 2015, mas espera-se que sejam usadas 395 milhões de toneladas de aço no setor, um crescimento de 1,28%

-A indústria de máquinas e equipamentos deverá consumir 144 milhões de toneladas de aço em 2015, um crescimento de 3% em relação a 2014.

-O setor de energia estará em crescimento com os investimentos nos gasodutos da Rússia e na produção do gás dos folhelhos. Estima-se que este setor consuma 33 milhões de toneladas de aço, um crescimento de 3%

-A indústria naval deverá consumir 3,8% mais aço.

-A China está fazendo o maior investimento do mundo, de US$400 bilhões na compra de gás da Rússia.

-A China está investindo até 2035 o montante de US$5,7 trilhões de dólares, o maior programa do mundo de energia o que vai mudar radicalmente o panorama econômico do gigante asiático com inúmeros desdobramentos em todas as áreas.

-Os preços do cobre subiram hoje melhorando o índice de desemprego nos Estados Unidos, graças a maior demanda da China, a maior consumidora do planeta.

Se quiséssemos poderíamos elencar vários pontos que desmentem categoricamente a premissa publicada de uma “queda absoluta” nas commodities.

É óbvio que em 2014 existe, realmente, uma desaceleração da máquina chinesa, que está passando de um crescimento de 7,5% em 2013 para 7,4% . Uma desaceleração de apenas 0,1% em uma locomotiva que está se tornando rapidamente na maior economia do mundo.

Se isso for o fim do mundo o que pensar do PIB brasileiro que estava em 2013 previsto para crescer “apenas” 2% e que possivelmente vai emplacar um crescimento ínfimo de 0,19%...

Será isso o fim do mundo?

São Paulo: a incompetência e o abandono por trás da falta d´água


São Paulo: a incompetência e o abandono por trás da falta d´água

Publicado em: 4/12/2014 21:13:00


Como explicar que no Brasil, um dos países mais ricos em água do mundo, uma população de dezenas de milhões, fique sem o precioso bem na primeira seca mais prolongada?

-Será que a culpa é do Aquecimento Global?

-Do desmatamento da floresta Amazônica?

-Ou da sucessão de governos incompetentes que por décadas não investiram em armazenamento, tratamento e distribuição da água à população?

-Ou da população que convive há décadas com a poluição de seus rios e barragens e que continua, ainda hoje, lançando os seus dejetos, sem constrangimento, nos rios e lagos?

Em 1960 o Governo de São Paulo, preocupado com o crescimento populacional,  que atingia 4,8 milhões de habitantes na capital e cidades vizinhas, planejou a implantação do Sistema Cantareira cuja construção começou 6 anos depois.

O Sistema Cantareira, um dos maiores do mundo, corresponde a seis reservatórios de água com uma capacidade total de 990 milhões de metros cúbicos. O Cantareira é constituído pelos reservatórios:  Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha, Águas Claras e Paiva Castro,  interligados por tuneis e canais.

Desde 1960 até hoje o Brasil viu o crescimento explosivo de S. Paulo, cuja população mais que dobrou desde o início do Cantareira.

O que foi feito nestes 54 anos para amenizar o crescente problema da armazenagem e distribuição de água em S. Paulo?

Quase nada! O sistema hoje atende 9 milhões de pessoas, menos do que a metade da população metropolitana.

Em 2014, quando enfrentamos um prolongado período de secas, o Cantareira, da forma como estruturado, não foi suficiente para suprir a demanda de água da população que hoje é considerada criminosa se utilizar mais água do que o Governo determina.

Quem lê as notícias da crise hídrica de S. Paulo acha que a cidade e região estão no meio de um deserto sem uma gota d´água.

Nada disso!

São Paulo está cercado por mais de 17 represas e rios que pouco contribuem para o consumo de água de sua população.

Como esquecer o Rio Tietê, que atravessa o coração de S. Paulo com sua água totalmente poluída por séculos de descaso e abandono? Muito se prometeu e nada se fez.  E o cidadão continua vendo e cheirando um dos maiores desastres ambientais do Brasil sem se rebelar.

Se o Tietê não fosse um terrível esgoto a céu aberto, que os Romanos provavelmente chamariam de Cloaca Máxima Paulistana, ele hoje poderia ser a salvação da cidade.

Tietê poluído


Outras represas como a Billings, de 995 milhões de metros cúbicos, uma capacidade muito superior a todo o Sistema Cantareira foi idealizada em 1930. Infelizmente a água da Billings só pode ser utilizada parcialmente, pois tem áreas intensamente poluídas por esgotos domésticos, uma clara falta de planejamento e de investimentos.

Billings


A represa de Guarapiranga, fundada em 1908, com 272 milhões de metros cúbicos é outra que recebe esgotos não tratados que comprometem o uso da água para abastecimento humano.
Guarapiranga


Barragens associadas ao poluidíssimo Rio Tietê como Rasgão, Pirapora do Bom Jesus e Edgard de Souza servem apenas para a geração de energia já que uma sucessão de governos incompetentes e uma população desinteressada pouco fizeram para evitar a morte do Rio Tietê.

Hoje colhem os dejetos de anos de total abandono e poluição.

Mesmo sendo conivente, já que elegeu e reelegeu, ao longo de décadas, governos que nada ou pouco fizeram para melhorar a qualidade, armazenagem, distribuição e tratamento da água, o povo da Grande São Paulo não é o único culpado.

Colocar a culpa no desmatamento da Floresta Amazônica é mais uma forma de lavar as mãos de todos esses crimes ambientais que S. Paulo, seu governo e boa parte de sua população vem fazendo nestas muitas décadas de descaso.

As chuvas que hoje inundam S. Paulo não são provenientes da Amazônia como alguns dizem. A imagem abaixo mostra a direção dos ventos e as principais chuvas que afetam a região enquanto o texto é digitado. A umidade que está causando essas chuvas vem toda do Atlântico e não da Amazônia.
ventos SP


Por mais que nós Brasileiros discordemos sobre as responsabilidades não há como negar.

Somos nós que elegemos esses governos que nada fizeram e somos, nós, mais uma vez, que fechamos os olhos para a poluição sistêmica dos rios e barragens, não só de S. Paulo.

Plantamos e estamos colhendo...

A crise hídrica um dia vai acabar, mas os nossos hábitos medievais e péssimas escolhas possivelmente não.

Até quando? Será que não temos nada a aprender?

Brazil Minerals pode se tornar a maior companhia de diamantes da América Latina

Brazil Minerals pode se tornar a maior companhia de diamantes da América Latina..



A Brazil Minerals está posicionada para se tornar a maior companhia de diamantes da América Latina em receita e lucro, de acordo com relatório do Goldman Small Cap Research publicado ontem . O documento destaca, entre os pontos principais da empresa, a estratégia de vender diamantes polidos não-certificados para compradores privados no Brasil, medida que criou um novo canal de vendas para a mineradora.
“A margem bruta da Brazil Minerals alcançou 69% no terceiro trimestre de 2014 e as recentes táticas e estratégias garantem ganhos operacionais futuros. De fato, o objetivo inicial da Brazil Minerals é se tornar a maior companhia de diamantes da América Latina em receita e lucro”, disse Rob Goldman, analista responsável pelo relatório do Goldman Small Cap Research sobre a Brazil Minerals.

O documento mencionou que a estratégia da empresa de aumentar a porcentagem de diamantes polidos vendidos em relação aos diamantes brutos tem gerado dividendos maiores para os acionistas da companhia. A Brazil Minerals vende periodicamente diamantes polidos certificados pelo Geomological Institute of America (GIA) para compradores privados nos Estados Unidos e diamantes polidos não-certificados para uma joalheria brasileira que tem 11 lojas e está no mercado desde 1944.

Nas últimas duas semanas, de acordo com o relatório, a Brazil Minerals vendeu diamantes polidos não-certificados para compradores privados conhecidos no Brasil, fator que resultou na criação de um novo canal de vendas para a empresa.

O relatório do Goldman Small Cap Research destacou a estratégia da Brazil Minerals na obtenção da licença ambiental necessária para extrair e comercializar areia da mina de ouro e diamante Duas Barras, em Olhos D'Água (MG), que é operada pela subsidiária Mineração Duas Barras (MDB). Segundo o estudo assinado por Goldman, a mina de Duas Barras possui grande quantidade de areia de alta qualidade, um componente essencial para o cimento utilizado pela indústria de construção.

A Brazil Minerals é a única empresa que se dedica exclusivamente à extração de ouro e diamante no setor de mineração brasileiro e a única companhia de ouro e diamante de capital aberto do Brasil.

Em 12 de setembro, a Brazil Minerals adquiriu 100% de participação na MDB. A mineradora pagou US$ 200 mil em dinheiro e emitiu cerca de 2,14 milhões de ações para adquirir os 13,2% restantes da companhia. A MDB é o primeiro ativo operacional e gerador de receita que pertence completamente à Brazil Minerals.

Além da mina Duas Barras, que fica a 130 quilômetros de Diamantina (MG), a empresa é proprietária de direitos minerários em Borba, área com potencial de ouro no Amazonas.
Instalações da mina Duas Barras, da Brazil Minerals

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Você conhece a bridgmanita? Deveria, pois ele é tido como o mineral mais abundante do planeta...

Você conhece a bridgmanita? Deveria, pois ele é tido como o mineral mais abundante do planeta...

Publicado em: 3/12/2014 19:24:00


Em junho deste ano foi aprovado, pela Comissão dos Novos Minerais, Nomenclatura e Classificação (CNMNC) o nome de bridgmanita  para um mineral tido como o mais comum do planeta.

A bridgmanita, também chamada de sílica-perovskita (Mg,Fe)SiO3, ocorre como o principal mineral do manto inferior, a profundidades maiores do que 660km e menores do que 2.600km (veja gráfico).

Abaixo de 2.600km a bridgmanita é substituída pela pós-perovskita.

O nome foi dado em homenagem ao Prêmio Nobel na pesquisa de alta pressão Percy Bridgman.

Até pouco tempo atrás a bridgmanita nunca havia sido identificada em amostra de mão. Pelo menos é o que se acreditava...

Ela já havia sido sintetizada artificialmente em 1975 e sua existência inferida em 1962.

O motivo é que as rochas do manto inferior raramente chegam até a superfície.


Manto

Aqui no Brasil nós sabemos de um caso onde a bridgmanita já havia sido identificada, bem antes dos cientistas perceberem.

O mineral foi encontrado em rochas geradas a grandes profundidades, mais precisamente o kimberlito Collier 4 de Juína, descoberto pela equipe da Rio Tinto na década de 90, que foi formado a mais de 500km.

Estudos científicos sobre o Collier 4 e seus diamantes propiciaram a identificação de minerais do tipo da bridgmanita, que no entanto foram descritos pelos geólogos e mineralogistas como Ca-Si perovskita . Ou seja: historicamente essa foi a primeira descoberta de bridgmanita natural terrestre, publicada no 10th International Kimberlite Conference -2012.

Os kimberlitos de Juína apresentaram, também,  raras inclusões metálicas como a de ferropericlásio  (Mg,Fe)O,  que se associam às bridgmanitas no manto inferior.

Nós  acreditamos que Juína ainda será "redescoberta" pelos cientistas e mineralogistas servindo para a confirmação de minerais e variedades minerais apenas intuídas teoricamente.

No entanto a história oficial é contada de uma forma bem diferente: somente com os estudos de um meteorito (foto) que caiu na Austrália em 1879 é que os mineralogistas viram, pela “primeira vez”, a brigmanita natural...

Talvez o nome deva ser redefinido para Juinita e não Bridgmanita...quem sabe os nossos cientistas da UNB, que também estudaram o Collier 4, comprem essa briga...