domingo, 14 de dezembro de 2014

A Esmeralda da Colômbia

A Esmeralda da Colômbia

A Esmeralda da Colômbia

O triângulo verde, situado no norte de Bogota é um dos lugares mais perigosos do mundo.
As minas de esmeralda de Muzo, Coscuez e Chivor, o delimitam e fornecem as mais belas esmeraldas do planeta.
Em uma aventura perigosa e apaixonante, este filme conduzira sobre pistas acidentadas que atravessam a Cordilheira dos Andes e acessam as minas.
Em uma tensão constante devido a presença proxima da guerrilha, em pleno coração de um conflito frequentemente arbitrado pelo clero, os patrões das minas organizam as explorações sob a proteção de grandes calibres.
A mina de Muzo, ja explorada antes da chegada dos conquistadores, produz esmeraldas de um verde e de uma qualidade excepcionais. O filão se situa a centenas de metros de profundidade na rocha onde a cor preta contrasta com o branco da calcita que contém os cristais de esmeralda. Mineiros trabalham em um calor insuportavel sob alta vigilância.
Nos arredores da mina de Chivor, os esmeraldeiros vendem gemas.
Você penetrara em uma nova mina da Pita onde os proprietarios construiram uma verdadeira cidade no meio da selva.
As pedras preciosas chegam em Bogota no Mercado dos esmeraldeiros, elas são também lapidadas e melhoradas nas oficinas dessa cidade.
Especialmente para este filme, a peça de arte religiosa colonial mais excepcional jamais vista igual até hoje saiu dos cofres do Museu de Ouro de Bogota. Seu nome : la Lechuga, que é um ostensorio em ouro fino coberto de mais de 5000 esmeraldas e outras pedras preciosas.
Essas gemas excepcionais terão como destino final, a Praça Vendôme em Paris onde o joalheiro Boucheron as utilizara em uma de suas criações.
 
Este filme documentario se encontra disponivel em lingua espanhola. 

O rubi sangue de pombo da Birmânia

O rubi sangue de pombo da Birmânia

O rubi sangue de pombo da Birmânia

O rubis é a pedra mais rara e a mais cara do mundo.
Os mais bonitos vêm de Mogok na Birmânia, que é uma cidade fechada a todo estrangeiro proximo da fronteira da China.
Este filme vos transporta ao coração dessa região, descrita em meio do século XX° por Kessel em seu célebre romance « O vale dos rubis ».
Esta aventura começa em Rangun no grande templo budista de Shwedagon onde você tera o privilégio de contemplar o diamante e as pedras preciosas que ornam seu topo. A etapa seguinte vos conduzira a Mandalay, que por muito tempo abrigou os reis birmaneses. Nesta cidade, hoje os escultores trabalham o marmore branco para criar budas monumentais.
Em seguida ainda mais ao Norte, você penetrara no santuario do rubi : Mogok. São numerosos aqueles que querem entrar sem jamais conseguir uma possibilidade.
Você descobrira neste filme, as tradições e os mitos ancestrais dos habitantes desta região. Proximo dos mineiros como você nunca viu, você penetrara nas escuras galerias conduzindo à entranhas da terra onde os mineiros cavam as paredes à dinamite, você estara também nas proximidades destes que triam no fim do dia os aluviões nas peneiras gigantes. Sob seus olhos, os mineiros vão extrair rubis da mais bela cor chamado « sangue de pombo ». Essas pedras são de uma excepcional raridade, os birmaneses dizem que conseguir uma é como ver a face de Deus.
Você entrara em todos os segredos : os das minas exploradas por militares, os dos ricos comerciantes que possuem gemas de um valor inestimavel, e enfim os dos mercados onde os unicos produtos à venda são as pedras preciosas.
Em seguida você sera convidado a um dos leilões anuais mais fechados do mundo, o do Emporio em Rangun.
As vendas oficiais de rubi, de jade, de pérolas e outras pedras preciosas da Birmânia se faziam nessa surpreendente alvenaria.
Em seguida você podera enfim contemplar as criações do Joalheiro Fred praça Vendôme em Paris.
Este filme documentario se encontra disponivel em lingua espanhola.

Topazio

Topazio


Todas as pedras de cor amarela eram ditas topazios antes que se saiba se diferenciar dos outros. Este nome provém sem duvida da Ilha de Zebirget, antiga Topazos, no mar Vermelho, onde era encontrado o peridoto até à Idade Média, ou então que ele tenha vindo do sânscrito "tapas" para o fogo.
A cor é raramente viva, de um amarelo puxando para o alaranjado mas o mais procurada é o de cor rosa alaranjado, que vem do Brasil, ele é dito "imperial" em honra ao imperador Don Pedro.
Ele é padrão de dureza 8 na escala das durezas de Mohs que vai de 1 à 10.

Local de extração

Encontrado seja em pegmatitos, seja em areas aluvionarias. A jazida de Schneckenstein (montes metaliferos em Saxônia, Alemanha) fora o mais renomado mas ele tem somente um interêsse historico. Atualmente o Brasil é o principal produtor que fornece as mais belas amostras, em particular de "topazio imperial" : a mina "imperial" de Capão se situa na região de Ouro Preto, perto de Belo Horizonte. Retira-se cada mes, em torno de 40 kg mas somente 600 g serão lapidados, seja alguns 3 000 quilates no final.
Ele é também encontrado na Escocia, na Irlanda do Norte, na Australia, na Birmânia, na China, nos Estados Unidos, no Japão (com grandes cristais incolores), em Madagascar, no México, na Namibia, na Nigéria, no Paquistão, na Russia (topazios vermelho-violaceo de Marengo na Sibéria, cristais azulados e transparentes do Oural), no Sri-Lanka e no Zimbabue.
Em 1964, um topazio azul de quase 100 kg foi encontrado na Ucrânia e a Smitnsonian Institution o conserva, lapidados, de milhares de quilates.
Ver las fotos das minas/outras fotos

Utilização em joalheria

Os topazios coloridos são lapidados em degraus ou em tesoura, ou em forma oval de lapidação "portuguesa", os incolores em brilhante, os ricos em inclusões em cabochões ou em facetas.
Os que são transparentes servem em otica industrial como lentes. Em po, esta pedra muito dura serve para o polimento.
Sua clivagem facil o torna fragil na cravação que deve ser realizado com precaução.
A apelação "topazio royal" foi utilizada para safiras alaranjadas : ela é proibida em joalheria.
O Topazio azul é a pedra aniversario do 4° ano de casamento e o topazio imperial é a pedra aniversario do 23° ano de casamento.

Cuidado e precaução no cotidiano

Ele é duro…mas atenção aos choques por causa da clivagem. Limpeza com agua adicionada de liquido para louças, enxaguar com agua sem calcario depois com alcool.

O velho do rio Garças

O velho do rio Garças




Antes mesmo dos primeiros raios do sol ‘seo’ Alcides Silvino da Conceição mergulha nas águas limpas do rio Garças, que passa ficando. “Este é o meu rio”, comenta com um sorriso banguela. Após o banho caminha lento ladeira acima até o barraco onde mora, à beira da estrada poeirenta nas imediações de Tesouro. Com a mão esquerda ‘passa’ o café no coador de pano. Bebe duas canecas lentamente. Quebra o torto com carne-de-sol, arroz, feijão e farinha de mandioca. Repete os cafezinhos. Pega a trilha e, 200 metros depois, está no Travessão Ximberlim, onde ganha o pão e se ilude à espera da danada bamburra que não vem.

‘Seo’ Alcides é bem mais moço que Satu. Tem 75 anos e a saúde é abalada. Uma cascavel picou seu pulso direito há 30 anos. Desde então tem a mão ‘lerda’. Para complicar não enxerga mais do olho direito. Sozinho no mundo, tem somente a benção do Senhor Bom Jesus da Lapa, que não nega proteção ao garimpeiro.

Mesmo debilitado, ‘seo’ Alcides trabalha. Pega no pesado com se os anos não tivessem passado, como se a cascavel tivesse errado o bote e seu olho direito visse todas as luzes do mundo. Mais que conformado, esse goiano de Santa Helena e celibatário por opção é otimista. “Ainda tenho muito trabalho pela frente”, aposta, enquanto demonstra como trela o cascalho com a suruca de seu jogo de velhas peneiras.

Tesouro estava no auge quando ‘seo’ Alcides chegou por lá em 1957 e encontrou pioneiros remanescentes que compartilharam com Antônio Cândido de Carvalho, o Carvalhinho, a fundação da então vila no município de Alto Araguaia e que em 1943 passaria a pertencer a Guiratinga.

O nome do lugar foi escolhido pelo garimpeiro João José de Moraes, o lendário Cajango, que acreditava na existência de tesouro em diamante no subsolo e leitos dos rios da região. Cajango percorreu Mato Grosso e Goiás divulgando o potencial mineral de Tesouro. Com isso atraiu aventureiros, comerciantes, prostitutas, caixeiros viajantes, farmacêuticos, criadores de gado.

No prolongado ciclo do diamante que se arrastou por quase um século, Tesouro era verdadeira Meca. Suas lojas vendiam os cortes de tecidos mais finos da moda no eixo Rio-São Paulo. Perfumes e lingerie franceses apimentavam castas senhoras em seus leitos conjugais. O carteado corria solto. O bom malte escocês aquecia os corações nos bailes na cidade e nas vilas de Batovi, Cassununga, Coréia e outras naquele município e na vizinha Guiratinga. A música da sanfona de mestre Lídio Magalhães e do saxofone do maestro Marinho Franco era bálsamo para o corpo moído da garimpeirada.

Mesmo sendo morador antigo ‘seo’ Alcides chegou bem depois da grande chacina de Tesouro. Em 1936, um fato isolado e de triste memória para a população cobriu de sangue um dos cabarés. Um soldado destacado na cidade e que teria se sentido ofendido por uma prostituta, foi ao comando da Polícia Militar em Cuiabá e retornou integrando uma soldadesca comandada por um tenente. A reação dos policiais em desagravo ao companheiro de farda foi trágica: na calada da noite, enquanto pares dançavam e casais se entregavam, o prostíbulo foi cercado pela tropa, invadido e, em seguida as mulheres, frequentadores e funcionários foram executados a tiros. Ainda hoje, há quem sustente que 45 pessoas tombaram na fuzilaria. O comerciante e ex-vereador Salvador Lopes Torres, de 80 anos e nascido naquele lugar, conta o que ouviu do pai: a polícia requisitou cidadãos para carregar os corpos ao cemitério, onde inclusive feridos teriam sido sepultados. Um dos encarregados do sepultamento teria ouvido soldados dizendo que, após a última remoção do cabaré, tais pessoas também seriam abatidas. Diante dessa ameaça e tendo a escuridão da noite por aliada, os carregadores se escafederam.

A casa palco da tragédia, à Rua Ponce de Arruda, foi demolida. Em seu lugar surgiram outras duas, divididas por uma parede. Um desses imóveis pertence ao comerciante e comprador de diamantes João Moreno de Lima, nascido em Manga, Minas Gerais e residente na cidade há mais de 50 anos. Moreno é uma das pessoas mais conhecidas e respeitadas do lugar. Conhece como ninguém o passado da região e tem o hobby de colecionar materiais fossilizados.
 
Teimosia no rio Itiquira

 “O diamante ‘tá’ aqui”. Insiste o garimpeiro inativo Alípio Pereira da Silva, mostrando o leito do rio Itiquira, nas imediações da cidade à qual o rio empresta o nome.

Alípio tem 63 anos. Se fosse burocrata seria coroa, estaria aposentado há longo tempo. Porém, é garimpeiro e nessa profissão somente se aposenta quando o corpo baixa sepultura, a doença inferniza ou alguma barreira ambiental o deixa, temporariamente, inativo.

Garimpeiro com passagem pelos quatro cantos de Mato Grosso, Alípio já correu atrás da pedra boa com escafandro no fundo do rio Paranatinga, em Paranatinga. Batalhou em Juína, mas não gosta do diamante industrial que é a base da atividade mineral naquele município. Correu pra lá e pra cá. Voltou para Itiquira, sua terra adotiva e de coração, porque na verdade a parteira o recebeu em Alcantilado, uma vila que teve famoso garimpo pras bandas de Guiratinga.

Novamente voltar a garimpar no rio Itiquira é o sonho de Alípio, tarimbado nessa arte e que sonha acordado em pegar um diamante de 10 quilates para dar a grande virada em sua vida.

Ao lado da cidade havia o Garimpo da Prainha, “isso por volta de 1969” – recorda. Alípio não sabe dizer quantos meses trabalhou na Prainha, mas lembra bem que o leito do rio foi deslocado para a esquerda, mas sem comprometer seu curso e corrente livre. “Hoje a gente não pode nem falar um ‘a’ sobre garimpar que o Ibama chega e bota pressão”, lamenta.

Itiquira, nos bons tempos do garimpo, era uma cidade sem violência. “A gente deixava a porta encostada, as chaves ficavam na ignição dos carros, ninguém roubava nem furtava. Quem botasse a mão do alheio caía no porrete, pois a povo não aceitava isso”, revela.

A Itiquira dos garimpeiros também foi engolida como Poxoréu e Guiratinga. Hoje, o município é um dos principais pólos do agronegócio com grandes lavouras de soja, algodão, milho safrinha, cultivo de seringal, beneficiamento de látex, rebanho bovino e, mais recentemente, também aquecido pela geração de energia de origem hidráulica.

A teimosia de Alípio em garimpar pode até levá-lo novamente à atividade que sempre garantiu o pão de cada dia de seus filhos, porque o ciclo da garimpagem passou, mas ainda permite novas tentativas de se fazer fortuna da noite para o dia. Mesmo assim é bom levar em conta a sabedoria de Satu, o decano de Poxoréu, “profissão de garimpeiro não dá segunda safra”.

Há quem se arrisque na terra do diamante

Há quem se arrisque na terra do diamante



Diamante à ufa. Garimpeiros por todos os lados. Chão de cabarés lavados com cerveja. Mulheres lindas recrutadas a dedo em Goiânia. Tresoitão Smith&Wesson na cinta dos donos de garimpos. Cheque nem pensar. Pagamento somente em cash. Aviões comerciais pousando e decolando com capangueiros. Poxoréu burbulhava. Tesouro e Guiratinga, também. O ciclo da garimpagem passou. Melhor, quase passou, porque ainda restam velhos aventureiros sonhadores que não se entregam. Batalham pesado nos monchões e grupiaras em busca da pedra boa que teima em se escafeder deixando todos blefados, de picuá vazio e sem o gosto do bamburro. 

Localizada numa área acidentada, espremida entre morros e o rio Poxoréu, a cidade é uma sequência de ruas sinuosas e permeadas por ladeiras. Por meio século ostentou o título de “Capital do Diamante”, realeza que murchou em meados da década de 1970, quando a extração entrou em declínio e levas de garimpeiros migraram para outras frentes em Nova Marilândia, Alto Paraguai, Arenápolis e Juína.

A Poxoréu do apogeu do garimpo morreu. Renasceu em outra cidade, pacata, exportadora de jovens para o mercado de trabalho e as faculdades, com a economia calcada no agronegócio. Perdeu as correntes migratórias que cruzavam o Brasil de cabeça para baixo e para cima em busca da fortuna fácil nos garimpos. O mesmo destino estava reservado à Tesouro, Guiratinga e Itiquira, na região.

Do mesmo modo que começou, terminou a opulência do ciclo da garimpagem. Poucos fizeram fortuna. Ganhou dinheiro quem comprou o cerrado que, à época, tinha preço de banana. Os milhares de garimpeiros desfrutaram apenas da aventura, da farra. Quem bamburrava gastava para se auto-afirmar junto aos companheiros e às mulheres. Pode ser que alguém tenha acendido charuto com a nota de cem da época, mas também pode ser lenda que isso tenha acontecido. Porém, era tradição lavar chão de cabaré com Brahma, a cerveja que Artêmio Capelotto vendia na região. Poucos tinham automóvel. Era raridade, mas com os bolsos cheios os novos e temporários ricos alugavam os famosos carros de praça – táxi – que normalmente eram Jeep, Toyota Bandeirantes, Rural ou a velha e boa Kombi. Alguns endinheirados se davam ao luxo de viagens de ostentação refestelados nas poltronas vermelho-aveludado dos bimotores DC-3 da Real Companhia Aérea, que fazia rota de Belo Horizonte para os pólos do garimpo na então região leste mato-grossense. 

Sem o garimpo a cidade perdeu o quê de aventura que foi sua grande marca na época em que o farmacêutico Amarílio de Britto tinha, sempre em mãos, uma fórmula homeopática para curar malária, gonorréia, asma e até mesmo ressaca implacável. O som do serviço de alto-falante “A Voz de Poxoréu” silenciou-se. Os ônibus da Transportes Baleia sumiram na curva da estrada, que também levou para Cuiabá um velho conhecido de todos, Prisco Menezes, um milionário que socorria – bem remunerado, é claro – o gerente do Banco do Brasil, quando não havia numerário na tesouraria para grandes saques. Ficou o passivo ambiental. Montanhas de rabo de bica. Assoreamento dos rios e riachos. Resta um gosto amargo de saudade.

O garimpo manual cedeu lugar às dragas. À escala comercial com enormes retroescavadeiras, caminhões basculantes, intervenção nos cursos d’água, GPS, equipamentos de última geração e gerenciamento profissional. Mesmo assim o faturamento do gigantismo das empresas mineradoras, nem de longe lembra o barulho dos garimpeiros anônimos que se espalhavam por Alto Coité, Raizinha e por onde mais se possa imaginar.



Profissão não dá segunda safra


Saturnino José do Nascimento, baiano de 84 anos, é nome estranho em Alto Coité, distrito de Poxoréu. Porém, se alguém perguntar por ‘seo’ Satu, o povoado inteiro sabe quem é. Afinal, ele garimpa naquelas bandas há 40 anos, todos os dias; todos os dias, não, porque guarda o sábado santo do Senhor, em obediência aos ensinamentos bíblicos pregados pela Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Satu é um poço de saúde. Trabalha o dia inteiro. Pega no pesado com a mesma disposição da juventude. Conversa pouco e escuta com dificuldade. Não toma medicamento. Usa roupas surradas e sandálias de couro costuradas por suas mãos calejadas. É casado, mas a patroa dona Severina Campos do Nascimento, septuagenária, mora em Anápolis (GO), “vende roupas”, revela. Matrimônio para ele é coisa sagrada, mas não faz segredo que mantém uma namorada de trinta e poucos anos na vila, “eu banco ela. Homem não pode ficar sem mulher”, mostra verbalmente uma virilidade que a faixa octogenária não derruba e que os 11 filhos que tem atestam.

O Garimpo da Onça, onde Satu trabalha, fica perto da margem do córrego do Coité – que dá nome ao lugar - mas ele paga renda de 10% ao dono da área, muito embora o mesmo não tenha titularidade no subsolo. Garimpeiro que é garimpeiro não discute questão legal, direito. Simplesmente paga o que deve e ponto final.

Pedra boa mesmo, Satu pegou somente cinco; uma com 12 quilates. Ajuizado não fez esbórnia com a mulherada nem bebeu. Comprou uma casa em Alto Coité e outra em Anápolis, onde sua mulher mora com a filharada.

Cansado sim, porém sempre disposto. Esse é o estado de espírito de Satu, que não aceita outra vida senão a que leva. Distante do mundo, o velho garimpeiro não sabe quase nada do que se passa ao seu redor. O nome do governador de Mato Grosso desafia sua memória. “Já ouvi; acho que é ‘Maurio’ ou qualquer coisa assim...” - mostra seu distanciamento.

Há 10 anos o governo federal em parceria com Mato Grosso montou dois projetos Casulo em Poxoréu, para assentar em parcelas próximas à cidade ex-garimpeiros. Satu foi sondado por assistentes sociais e técnicos, se gostaria de receber uma parcela. Refugou. “Profissão de garimpeiro não dá segunda safra, tenho que continuar onde estou”, disse aos que o procuraram.

Ex-garimpeiros aposentados entre aspas que aceitaram a proposta dos  Casulo quebraram a cara. O projeto foi por água abaixo com sua meta de produzir maracujá que seria destinado à indústria de sucos e concentrados Maguary, em Araguari, Minas Gerais.

A balbúrdia nos Casulo foi grande. Nunca o pessoal, oriundo do garimpo, colheu um maracujá sequer. Para salvar as aparências, quando o governador Dante de Oliveira visitava o projeto, técnicos providenciavam o fruto em supermercados na vizinha Rondonópolis, para que fossem mostrados como safra do lugar.

Satu não foi o único garimpeiro a virar as costas aos Casulo. Outros também tiveram a mesma reação. Alguns deles foram vencidos pela idade e doenças. Saíram do batente. Foram empurrados pela circunstância para o Abrigo da Associação dos Garimpeiros de Poxoréu.

Mês passado, 29 garimpeiros sem força para o trabalho e minados por doenças, sobretudo respiratórias, ocupavam as enfermarias do abrigo, que é dirigido pela filha de garimpeiro Maria Aparecida dos Santos, mais conhecida por Cida Caburé – apelido que aceita com naturalidade.