quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Onde estão as megadescobertas da pesquisa mineral?

Onde estão as megadescobertas da pesquisa mineral?



Um dos efeitos da crise e da queda dos preços dos metais básicos é o consequente desinvestimento no setor da pesquisa mineral.

As junior companies reduziram os seus orçamentos para a pesquisa mineral (veja gráfico) na mesma proporção da queda dos preços.

Mais ainda, as juniors, que são responsáveis pela maioria das descobertas minerais no mundo, estão sendo forçadas a mudar a estratégia de curto e médio prazo. Coagidas pelo mercado, estão focando na produção como uma alternativa viável para a sobrevivência.

Aquela junior que ainda não está em produção terá grandes dificuldades para conseguir financiamentos, já que os investidores, cautelosos, estão apostando somente naquelas mineradoras capazes de criar um fluxo de caixa próprio.

Esta tendência gera um fato novo que vai impactar as descobertas e os mercados mundiais no médio-longo prazo: a não descoberta das grandes jazidas minerais.

As megadescobertas normalmente ocorrem em regiões pouco exploradas e durante grandes projetos de pesquisa mineral: os grassroots que, no momento são praticamente inexistentes.

No cenário atual as junior companies, acossadas pela falta de financiamento, são obrigadas a se concentrar na lavra e na pesquisa mineral em torno das jazidas conhecidas.

É a pesquisa mineral chamada de “brownfields exploration” cujas chances de sucesso são bem maiores mas que raramente geram grandes descobertas.

Esta solução, que parece fazer sentido, vai causar uma enorme deficiência no futuro: os programas de pesquisa mineral de longo prazo, os chamados greenfields, ou grassroots, já desapareceram e com eles as perspectivas das grandes descobertas minerais.

Esse fenômeno vai gerar, no médio prazo, uma menor oferta de vários metais, graças ao fechamento das minas antigas e a não substituição dessas pelas novas grandes descobertas.

Será a inflexão da curva de preços do gráfico e o início de um novo ciclo, que segundo acreditamos não está tão longe...

Prepare-se!

VANUATO

VANUATO

Vanuato, um pequeno arquipélago a nordeste da Austrália, se tornou o foco da mídia especializada mundial pelos seus interessantes jazimentos de sulfetos maciços  no fundo oceânico.

As jazidas estão associadas a chaminés hidrotermais vulcânicas e apresentam teores econômicos de cobre, ouro, prata e zinco.

As pesquisas submarinas nesta região estão entre as mais avançadas do mundo. Já foram concedidas mais de 300 concessões em ilhas como as Salomão, Vanuato e Tonga.

O possível impacto econômico destes jazimentos no pequeno país pode ser gigantesco.

Vanuato tem somente 267.000 habitantes e um PIB de US$1,2 bilhões, mas isso não fez o Chefe do Conselho Nacional  de Chefes, Jean Pierre Tom, aprovar a lavra submarina de imediato.

Jean Pierre vai, antes de qualquer coisa, ouvir a população das ilhas. A primeira consulta popular será feita ainda nas primeiras semanas de novembro. Os demais chefes se reservam o direito de permanecer em silêncio. 

Construção da maior mina de platina do mundo, no Platreef, ainda em atraso

Construção da maior mina de platina do mundo, no Platreef, ainda em atraso


O Platreef é uma camada norítica rica em níquel, cobre, ouro e platinóides, que ocorre na parte nordeste do complexo máfico-ultramáfico do Bushveld. O Platreef é conhecido há várias décadas, mas, até hoje, a mina, que promete ser a maior do mundo não sai do papel.

O atual dono, o bilionário da mineração Robert Friedland e o Governo da África do Sul não conseguem entrar em acordo sobre a contribuição da mina à comunidade local. O projeto, que deverá custar US$1,6 bilhões continua a espera da autorização para iniciar.

O Platreef está situado em uma região do Limpopo, onde as ricas fazendas sul-africanas e as pobres comunidades rurais negras coexistem. O índice de desemprego entre as comunidades negras locais é de 40%  e a mineradora planeja reservar 26% de suas ações para o chamado “black economic empowerment” . Segundo o plano de Friedland 20% será controlado por um fundo, em benefício das 20 comunidades locais, que abrigam 150.000 pessoas. Os 6% restantes serão divididos entre os empregados negros e investidores.

O projeto, quando em andamento, deverá produzir 785.000 onças de platina, paládio, ródio e ouro.





Sondagens no Platreef a sudeste de Potgietersrus

Botswana rocks!

Botswana rocks!




A produção de diamantes de Botswana não para de aumentar. No ano o crescimento já atinge 16,7%, graças ao fim do processo de manutenção que a Mina Orapa enfrentou.

Orapa é um kimberlito que hospeda a maior mina a céu aberto do mundo. A descoberta de Orapa pelo geólogo Manfred Marx mudou Botswana, de forma irreversível. Hoje, pode-se dizer, que o país foi reconstruído pelos diamantes.

A mina, que iniciou em 1971, é operada pela Debswana, uma joint venture entre o governo e a De Beers.

Debswana é a maior empregadora do país, depois do Governo de Botswana. Os diamantes que ela extrai foram os responsáveis pela retirada de Botswana da lista dos países mais pobres do mundo.

 

O primeiro mapa geológico de um cometa

O primeiro mapa geológico de um cometa


Como sabemos a Geologia, já há algum tempo, não se restringe exclusivamente à Terra como o nome implica.

A Geologia estuda, também, o universo e seus corpos espaciais como cometas, asteroides, planetas, luas, sois etc..

É com essa ótica que a missão espacial Rosetta está reescrevendo a história da geologia espacial ao pousar, analisar, mapear e sondar o núcleo a atmosfera e a cauda  de um grande cometa, o 67P Churyumov-Gerasimenko.

A nave Rosetta está equipada com a câmera Osiris, capaz de fotografar com precisão de até 15cm por pixel a superfície do cometa e com um espectrógrafo de ultra violeta de grande sensibilidade, a Alice, que irá analisar o cometa como um todo.

Desta forma foi feito o primeiro mapa geológico do 67P (imagem), onde foram mapeadas várias “regiões” com características geomorfológicas distintas. O mapa é fruto do trabalho de alta resolução da Osiris e é o primeiro passo na direção de um mapa geológico e suas camadas de geologia, geomorfologia, geoquímica que integrarão o primeiro GIS de um cometa.

A superfície do cometa é compartimentada em áreas dominadas por crateras, depressões, boulders, mesas, e por outras, mais planas, cobertas por gelo e poeira. As rochas do cometa estão bastante fraturadas, estruturadas e, em alguns casos brechadas. Na região onde a Philae pousou é possível ver com clareza brechas e aglomerados fraturados.

Espera-se que a superfície irá mudar à medida que o cometa se aproxime do Sol, quando os ventos solares irão gerar uma forte sublimação, jatos e a coma, a cauda do cometa de grandes proporções que será analisada pelo espectrógrafo Alice.

A Alice (foto abaixo) é uma contribuição da NASA ao projeto Rosetta. O espectrógrafo de ultra violeta de alta definição pesa menos do que quatro quilos e fica embarcado na nave Rosetta.

espectrógrafo UV


A Alice vai analisar as feições espectrais do núcleo, da atmosfera e da cauda do cometa em uma faixa entre 70 a 205nm.

Um dos trabalhos do espectrômetro é o de analisar a abundância de gases nobres na cauda, na região onde o vento solar interage com a ionosfera do cometa.

O núcleo do cometa será, também, analisado em detalhe pela Alice o que resultará em mapas composicionais da superfície e dos jatos. Os dados serão estudados e fornecerão informações sobre a temperatura de formação do cometa e sobre a sua origem. Uma atenção especial será dedicada ao conteúdo de água, CO2, CO, C, H, N e S.

 Enfim o trabalho da Alice está mal começando, mas os seus resultados escreverão uma nova página da Geologia, Astronomia e da origem do Universo.