terça-feira, 2 de junho de 2015

Começa o segundo ciclo do ouro no Pará

Começa o segundo ciclo do ouro no Pará

OEstado do Pará ganhou notoriedade nacional e internacional, na segunda metade do século passado, graças à sua extraordinária produção de ouro. Primeiro com os milhares de garimpos espalhados no vale do Tapajós, tendo como polo de referência a cidade de Itaituba. Acredita-se que tenham sido extraídas da região, a partir de 1950, cerca de 500 toneladas de ouro. Mais tarde, já na década de 1980, a notoriedade ficou por conta de Serra Pelada, que, com seu formigueiro humano, foi na época internacionalmente reconhecido como o maior garimpo de ouro do planeta.
No final da década de 1990, com o declínio da atividade garimpeira, o que fez despencar também os números da produção, parecia ter-se acabado o ciclo do ouro no Pará. Esta era, porém, uma percepção equivocada. Na verdade, o Pará, detentor de alguns dos mais importantes distritos auríferos do país, está iniciando precisamente agora o segundo ciclo do ouro, este com uma importância econômica provavelmente muito superior ao primeiro.
O que muda, neste novo cenário, são as características da atividade extrativa: em vez da garimpagem manual, com o emprego de mão de obra intensiva e em condições brutais de trabalho do garimpo, entra em cena a mineração empresarial, com seu arsenal tecnológico, a lavra mecanizada e as técnicas mais sofisticadas de extração de metais. Sobrevivendo residualmente, os garimpos convencionais passam a ter importância secundária. A tendência é de aumento progressivo dos volumes de produção e de significativa redução dos impactos ambientais. A bateia e o mercúrio, símbolos do garimpo no século passado, ocupam página virada na história da produção de ouro no Pará e na Amazônia.
Em Belém, o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, dispõe de números que confirmam a nova corrida ao ouro no Estado do Pará. Num levantamento ligeiro, limitado somente às áreas com alguma tradição garimpeira, o Departamento confirmou, na sexta-feira, a existência de quase duas centenas de autorizações de pesquisa específicas para exploração de ouro em alguns municípios do Pará. Entre eles está Altamira, com 18 autorizações, Eldorado dos Carajás com 8, Marabá com 17 e Parauapebas com 15.
AUTORIZAÇÕES
Um caso especial é o município de Itaituba, no vale do Tapajós, região oeste do Pará. Berço da mais intensa atividade garimpeira do mundo durante quatro décadas (1950/1990), Itaituba conta hoje com 86 autorizações expedidas pelo DNPM só para pesquisa de ouro. No município de Itaituba já está confirmada a descoberta de pelo menos duas jazidas de classe mundial e se encontra em operação a única mina de exploração mecanizada hoje existente no Pará, a Serabi Mineração. Antes dela, o Pará só teve uma mina mecanizada de ouro – a do Igarapé Bahia, explorada pela Vale em Carajás na década de 1990, com produção realizada de quase 100 toneladas. A próxima será a Nova Serra Pelada, em Curionópolis.
Quando o assunto é ouro, aliás, Itaituba sempre é capaz de surpreender e impressionar. Além da única mina mecanizada e do grande número de autorizações de pesquisa, o município concentra também o maior quantitativo de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG). Esse tipo de autorização é concedido pelo DNPM a empresas e pessoas físicas exclusivamente para a extração de ouro em depósitos secundários, através de processo manual ou mecanizado, em áreas não superiores a 50 hectares.
De acordo com o superintendente em exercício do DNPM no Pará, Raimundo Abraão Teixeira, existem hoje cerca de quatro mil PLG’s expedidas para o município de Itaituba. Ele lembra, porém, que por volta de 1993 a 1995, quando o Ministério de Minas e Energia autorizou essas permissões, houve uma verdadeira avalanche de pedidos para aquele município. “Nós chegamos a ter naquela época mais de 40 mil requerimentos somente para Itaituba”, finalizou

Febre de extração de ouro toma conta de Viseu PARÁ

Febre de extração de ouro toma conta de Viseu

Em um mês, 350 garimpeiros já se instalaram no manguezal da ilha de Samaúma à procura do metal

A ‘fofoca’ começou há pouco mais de um mês. De lá para cá, cerca de 350 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, dividem espaço no manguezal da ilha de Samaúma em busca de ouro. A atividade garimpeira aos poucos começa a transformar a rotina do município de Viseu, no nordeste paraense, que corre o risco de ver a ‘febre do ouro’ tomar conta da cidade.

Pelo menos 200 maranhenses já fincaram barracos no mangue em busca do metal. Garimpeiros de primeira viagem e gente que já se viciou em pular de garimpo em garimpo. No município, o assunto é tratado com cautela. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente já notificou o Ibama sobre a atividade garimpeira no mangue. O Ibama prometeu vistoriar o local em agosto.

O prefeito Cristiano Vale (PR) diz que é preciso ter muito cuidado com o garimpo. “A cidade não tem estrutura para suportar a vinda de muita gente para cá”, afirma. “É garimpo de gente pobre”, diz o microempresário J. Maia, minimizando a atividade. Maia, no entanto, já fincou um barraco no local.

FAVELA RIBEIRINHA

A ilha de Samaúma fica distante cerca de uma hora de Viseu, em barco do tipo popopô. Todos os dias, dezenas deles saem do porto do Mangueirão, uma favela às margens do rio Gurupi. Levam o rancho para passar até uma semana no garimpo. Outros vão e voltam todos os dias.

A lavra tem sido feita de forma manual, obedecendo o ciclo das marés. É que o ouro está misturado à lama do mangue. Quando a maré seca os garimpeiros tomam conta do espaço. Ao final do dia, muitos obtêm alguns gramas do metal.

Jurandir Gomes de Almeida, 43 anos, havia conseguido 3 gramas depois de uma manhã inteira de trabalho. Já estava há três dias no local, vindo de Godofredo Viana, uma localidade do Maranhão. Nos últimos 12 anos, Jurandir corre atrás da ‘fofoca’, como os garimpeiros chamam a boataria de que um novo garimpo apareceu. “Tá no sangue”, diz ele.

“É uma coisa linda de se ver, o tal do ouro”, diz João Edmilson, 45 anos. Apoiando-se numa muleta, desde que perdeu um dos pés para um tétano, João experimenta a sensação de ser garimpeiro depois de ter dedicado a vida à pesca e à lavoura. É ele quem está tentando articular os garimpeiros para que criem uma associação. “A papelada já tá caminhando em Viseu”, diz ele.

João é morador antigo da ilha de Samaúma. É ele quem conta a história que vem se transformando em lenda a respeito da origem do garimpo. “Há 25 anos uma balsa encostou aqui e o pessoal começou a procurar ouro. De repente eles abandonaram tudo. Foram embora e não levaram nada. Devem ter achado muito ouro, era o que todo mundo pensava. Será que ainda tem? Essa era a indagação que se fazia. E de repente começou do nada de novo”, conta.

Bastou que um aparecesse com alguns gramas de ouro para que a notícia se espalhasse. “Já viu né, o pessoal sente o cheiro de longe”, diz João Edmilson.

>> No acampamento de Samaúma, mulheres e crianças trabalham

Os garimpeiros dizem que a extração tem sido toda feita de forma manual. Não entram máquinas, como as “chupadeiras”, que fazem o trabalho mais rápido e nem é usado o azougue, que contém o temido mercúrio, bom para limpar as impurezas do ouro, mas péssimo para rios. “Chegou máquina a gente nem deixa encostar”, diz Raimundo Mesquita de Oliveira, 62 anos. Oliveira deixou a roça na mão da mulher e foi com filho, irmão e sobrinho tentar a sorte no Garimpo do Samaúma. “Não sou profissional”, diz ele. Mas como a notícia faz brilhar e ferver os olhos de homens embrutecidos, há duas semanas Mesquita armou o barracão de lona no mangue. “A gente tá com fé de que vai achar uma coisinha boa”, diz.

Ao contrário de muitos outros garimpos, no Samaúma as mulheres têm voz e braços ativos. Zilmar da Silva tem 44 anos e há 19 é garimpeira. Começou acompanhando o pai, que não queria de jeito e maneira que ela se enfurnasse em garimpo. Adiantou? “Nada”, diz ela. Zilmar começou cozinhando para os homens. Foi olhando daqui, prestando atenção ali, que começou a tentar usar a bateia. Não parou mais. “Um serviço desse aqui não tem ninguém para ficar te mandando”, diz ela, enquanto mostra no fundo da bateia o ouro que achara pela manhã.

Carmem Lúcia Tavares, 46 anos, acompanha o marido. A comida vem pronta. “Quem pensa que é fácil tá é enganado. É complicado esse serviço”, diz ela. Os filhos, de 12 e 14 anos, ajudam. Só o de 14 sabe “bateiar”. Já achou ouro, inclusive. “Segunda-feira eles vêm, mas não porque começa a aula”, tenta convencer.

>> Brasileiros que fizeram de sua vida a corrida pela sorte

A história de Francisco de Assis Alves, 52 anos, pode ser contada a partir dos garimpos onde foi tentar bamburrar. Começou em 1979, no garimpo de Peixoto do Azevedo, em Mato Grosso. Em 1983 estava em Serra Pelada. Passou por Bom Futuro, em Rondônia, e estava em terras ianomâmi em 1988 quando o então presidente Fernando

Collor mandou explodir a pista clandestina de pouso, para afugentar os garimpeiros. “Onde tem a fofoca eu vou”, diz ele.

Já Valdenio Monteiro Soares, 40 anos, vive a primeira experiência em garimpo. Segurança de um gerente de banco em Viseu, diz que tem esperança de achar um metalzinho. “Quem sabe a sorte não bate? Tem de ter fé”, argumenta.

Nos dentes de Flávio de Oliveira, 40 anos, há a lembrança de outros garimpos. O ouro reluz na frente da dentadura. Oliveira passou pelo Suriname. “O garimpo de lá já foi bom, mas os morenos não gostam muito dos brasileiros”, diz ele.

Os olhos azuis de José Benedito

Lira piscam desconfiados. Para ele, todo mundo é espião do Ibama. Benedito vive em garimpos desde 1986. Mas traz também

outra marca. É irmão de Quintino Lira, o lendário líder posseiro que criou fama nos anos 80, antes de ser assassinado pela polícia. “Me diga uma coisa, moço... não somos brasileiros? Então por que não

deixam a gente trabalhar?”, questiona. Logo em seguida vai até o barco e traz uma bandeira brasileira. “É aqui que eu vou fincar ela. E vou achar meu ouro”, diz.

Ouro: geólogos buscam minas em 4 regiões no Pará

Ouro: geólogos buscam minas em 4 regiões no Pará

Para as pesquisas geológicas, os anos 90 foram quase uma década perdida, com poucos investimentos. Porém, nos últimos anos, o trabalho foi retomado e hoje há uma espécie de caça ao tesouro em quatro grandes regiões do Pará. São levantamentos geológicos com grande detalhamento que alimentam a esperança de encontrar novas províncias minerais no Estado, mantendo o Pará no mapa da mineração por mais uma centena de anos.

Entre as regiões estudadas está a do Tapajós, que atraiu milhares de pessoas no final dos anos 70 e ao longo da década de 80, quando entrou em decadência com o esgotamento dos garimpos.

Estão sendo feitos levantamentos também no entorno do antigo garimpo de Serra Pelada, numa região que se estende pelos municípios de Novo Repartimento, Marabá, Itupiranga, Pacajá e Anapu, somando mais de 18 mil quilômetros quadrados.

ESTUDOS

O nordeste do Estado também está na mira dos geólogos. Há estudos nos municípios de Viseu, Cachoeira do Piriá, Nova Esperança do Piriá, Santa Luzia do Pará, Garrafão do Norte, Bragança, Capitão Poço e Ourém.

Todos esses estudos são feitos pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), entidade que ontem comemorou 40 anos com sessão especial na Assembleia Legislativa do Pará. Parte do trabalho está prevista para terminar a partir do final do ano que vem. Até lá será possível indicar quais regiões do Estado poderão fomentar um novo ciclo do ouro nas próximas décadas. Os recursos para esses estudos já somam mais de R$ 20 milhões e vêm de convênios e também do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Autor do requerimento para realização da sessão, o deputado Airton Faleiro disse que o objetivo era apresentar à sociedade o importante trabalho da CPRM, ainda pouco conhecido do grande público. A CPRM é responsável por levantar e também organizar conhecimento geológico sobre o território brasileiro. A entidade acaba de concluir, por exemplo, um banco de dados com informações geológicas do Estado que será apresentado hoje na Universidade Federal do Pará.

A sessão teve a presença do superintendente da CPRM no Pará, Manfredo Ximenes, e do diretor-presidente, Agamenon Dantas.

ÁREAS

Entre as regiões estudadas está a do Tapajós. Estão sendo feitos levantamentos também no entorno do antigo garimpo de Serra Pelada, numa região que se estende pelos municípios de Novo Repartimento, Marabá, Itupiranga, Pacajá e Anapu.

Há estudos nos municípios de Viseu, Cachoeira do Piriá, Nova Esperança do Piriá, Santa Luzia do Pará, Garrafão do Norte, Bragança, Capitão Poço e Ourém.

Projeto bilionário prevê extração de ouro no Xingu

Projeto bilionário prevê extração de ouro no Xingu

Vista da Volta Grande do Xingu no rio que abrigará a hidrelétrica de Belo Monte e na região onde está a jazida de ouro
O rio Xingu vai deixar de ser palco exclusivo de Belo Monte, a polêmica geradora de energia em construção no Pará. Em uma região conhecida como Volta Grande do Xingu, na mesma área onde está sendo erguida a maior hidrelétrica do país, avança discretamente um megaprojeto de exploração de ouro. O plano da mineradora já está em uma etapa adiantada de licenciamento ambiental e será executado pela empresa canadense Belo Sun Mining, companhia sediada em Toronto que pretende transformar o Xingu no “maior programa de exploração de ouro do Brasil”.
O projeto é ambicioso. A Belo Sun, que pertence ao grupo canadense Forbes & Manhattan Inc., um banco de capital fechado que desenvolve projetos internacionais de mineração, pretende investir US$ 1,076 bilhão na extração e beneficiamento de ouro. O volume do metal já estimado explica o motivo do aporte bilionário e a disposição dos empresários em levar adiante um projeto que tem tudo para ampliar as polêmicas socioambientais na região. A produção média prevista para a planta de beneficiamento, segundo o relatório de impacto ambiental da Belo Sun, é de 4.684 quilos de ouro por ano. Isso significa um faturamento anual de R$ 538,6 milhões, conforme cotação atual do metal feita pela BM&FBovespa.
A lavra do ouro nas margens do Xingu será feita a céu aberto, porque “se trata de uma jazida próxima à superfície, com condições geológicas favoráveis”. Segundo o relatório ambiental da Belo Sun, chegou a ser verificada a alternativa de fazer também uma lavra subterrânea, mas “esta foi descartada devido, principalmente, aos custos associados.”
Para tirar ouro do Xingu, a empresa vai revirar 37,80 milhões de toneladas de minério tratado nos 11 primeiros anos de exploração da mina. As previsões, no entanto, são de que a exploração avance por até 20 anos. Pelos cálculos da Belo Sun, haverá aproximadamente 2.100 empregados próprios e terceirizados no pico das obras.
O calendário da exploração já está detalhado. Na semana passada, foi realizada a primeira audiência pública sobre o projeto no município de Senador José Porfírio, onde será explorada a jazida. Uma segunda e última audiência está marcada para o dia 25 de outubro. Todo processo de licenciamento ambiental está sendo conduzido pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará. O cronograma da Belo Sun prevê a obtenção da licença prévia do empreendimento até o fim deste ano. A licença de instalação, que permite o avanço inicial da obra, é aguardada para o primeiro semestre do ano que vem, com início do empreendimento a partir de junho de 2013. A exploração efetiva do ouro começaria no primeiro trimestre de 2015, quando sai a licença de operação.
Todas informações foram confirmadas pelo vice-presidente de exploração da Belo Sun no Brasil, Hélio Diniz, que fica baseado em Minas Gerais. Em entrevista ao Valor, Diniz disse o “Projeto Volta Grande” é o primeiro empreendimento da companhia canadense no Brasil e que a sua execução não tem nenhum tipo de ligação com a construção da hidrelétrica de Belo Monte ou com sócios da usina.
“Somos uma operação independente, sem qualquer tipo de ligação com a hidrelétrica. Nosso negócio é a mineração do ouro e trabalhamos exclusivamente nesse projeto”, disse Diniz.
O “plano de aproveitamento econômico” da mina, segundo o executivo, ficará pronto daqui a seis meses. Nos próximos dias, a Belo Sun abrirá escritórios em Belém e em Altamira. Hélio Diniz disse que, atualmente, há cerca de 150 funcionários da empresa espalhados na Volta Grande do Xingu, região que é cortada pelos municípios de Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e Altamira.
O local previsto para receber a mina está localizado na margem direita do rio, poucos quilômetros abaixo do ponto onde será erguida a barragem da hidrelétrica de Belo Monte, no sítio Pimental. A exploração da jazida, segundo Diniz, não avançará sobre o leito do rio. “A mina fica próxima do Xingu, mas não há nenhuma ação direta no rio.”
Para financiar seu projeto, os canadenses pretendem captar recursos financeiros no Brasil. De acordo com o vice-presidente de exploração da Belo Sun, será analisada a possibilidade de obter financiamento no BNDES. “Podemos ainda analisar a alternativa de abrir o capital da empresa na Bovespa. São ações que serão devidamente estudadas por nós.”
Segundo a Belo Sun, o futuro reservado para a região da mina, quando a exploração de ouro for finalmente desativada, será o aproveitamento do projeto focado no “turismo alternativo”, apoiado por um “programa de reabilitação e revegetação”. Na audiência pública realizada na semana passada, onde compareceram cerca de 300 pessoas, a empresa informou que haverá realocação de pessoas da área afetada pelo empreendimento e que a construção de casas será financiada pela Caixa Econômica Federal. A Belo Sun listou 21 programas socioambientais para mitigar os impactos que serão causados à região e à vida da população.

BRASIL : CRONOLOGIA DE 500 ANOS DE MINERAÇÃO

BRASIL :  CRONOLOGIA DE 500 ANOS DE MINERAÇÃO                                  
OURO - FERRO - DIAMANTE
PERÍODO - 1494 - 1803                                                           

1494. Firmado em 7 de junho, entre a Espanha e Portugal, o Tratado de Tordesilhas, que estabeleceu limites das novas descobertas. A parte leste do Brasil ficaria em poder de Portugal.
1500. Descobrimento, do Brasil por Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril.
1552. Evidência mais antiga de ocorrência de ferro, noticiada por meio de carta a D. João III, Rei de Portugal, pelo Bispo Afonso Sardinha.
1590. Descoberta a primeira jazida de ouro, próximo ao Pico do Jaraguá, Capitania de São Vicente, nas proximidades da atual cidade de São Paulo.
1591. Introduzidas no Brasil as forjas catalãs, em Araçoiaba, nas proximidades da atual cidade de Sorocaba, São Paulo, onde anteriormente haviam sido identificadas ocorrências de ferro (magnetita), informadas por Afonso Sardinha.
1595. Organizada a primeira expedição ao interior do Brasil à procura de ouro, até a bacia do Rio Sapucaí, a partir de Parati, em incursão de Martim de Sá.
1597. Primeira tentativa de produção de ferro em escala comercial, em Araçoiaba, por Afonso Sardinha Filho.
1603. Primeira referência á legislação mineral no Brasil, de 15 de agosto.
1618. Elaborado o regimento das minas de São Paulo e São Vicente, restabelecendo a liberdade de exploração de jazidas, extensiva a índios e estrangeiros.
1652. Publicada pela primeira vez a legislação mineral, de I 5 de agosto de 1603. Nessa época, as jazidas de ouro em lavra situavam-se em Jaraguá, nas proximidades de São Paulo; Serra da Jaguamimbaba, hoje Serra da Mantiqueira, no local denominado Lagoas Velhas do Geraldo; Freguesia de Guarulhos, São Paulo; Serra do Uvuturuna; morro próximo à Vila do Apiaí; e ainda nos Distritos de Curitiba, Iguape, Cananéia e Vila de Serra Acima.
1674. Carta Régia incentiva os colonos a saírem em busca de ouro. Fernão Dias Pais Leme organiza uma bandeira, que explora por sete anos os vales dos Rios das Mortes, das Velhas, Paraopeba, Araçuaí e Jequitinhonha, de grande importância, pois, embora não tendo a expedição descoberto jazidas, traça o caminho de futuras descobertas.
1680. Primeira descoberta de ouro em terras do atual Estado de Minas Gerais, nas margens do Rio das Velhas, atribuída a Manuel Borba Gato.
1682. A bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera, apesar de não conseguir descobrir jazidas de ouro, encontra em Goiás indígenas com ornamentos de ouro nativo.
1699. A Bandeira de Antônio Dias chega onde hoje se localiza a cidade de Ouro Preto, então Vila Rica, na região das Minas de Ouro, atualmente o Estado de Minas Gerais, encontrando ouro em abundância
1700. Adotado o quinto do ouro, sistema de tributação previsto no regimento de 1603, que definia o pagamento à Coroa Portuguesa de 20% do ouro apurado e fundido.
1701. A Guerra de Sucessão na Espanha dificulta a exploração do ouro no Brasil, pois Portugal estava envolvido no conflito.
- São descobertas novas jazidas de ouro em Minas Gerais (Caeté, Cuiabá, Morro Vermelho e Ribeirão Comprido).
1702. Descoberta de ouro em Jacobina, Bahia Descoberta de ouro em Serro do Frio, Itacambeira e Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais.
1703. Assinado o Tratado de Methuen, entre Portugal e a Inglaterra, que tem como conseqüência uma grande evasão do ouro da região das Minas de Ouro, recém descobertas.
1704. Descoberta jazida de ouro em São João del Rei e Santa Bárbara, Minas Gerais.
1706. Descoberta jazida de ouro em Airuoca, Minas Gerais.
1708. Final da Guerra dos Emboabas, que ocorreu em torno de uma disputa pela posse das minas de ouro, entre paulistas, que foram seus descobridores e primeiros colonizadores, e os emboabas, portugueses e outros brasileiros, que também aspiravam explorar o ouro.
1710. Definido em São Paulo que o quinto (imposto sobre a produção de ouro) seria cobrado à razão do número de bateias, isto é, per capita. Descobertas as jazidas de ouro de Pitangui, Minas Gerais.
1714. Entra em vigor o sistema tributário denominado "finta", que estabelece o pagamento de 30 arrobas de ouro ( 1 arroba = 14,7kg) à Coroa Portuguesa. A produção não necessita ser registrada
1719. O imposto volta a ser cobrado por meio do "quinto", pelas casas de fundição. É proibida a circulação de ouro em pó. O bandeirante Pascoal Moreira Cabral descobre ouro em Mato Grosso.
1720. Ocorre em Vila Rica a revolta de Filipe dos Santos, que, opondo-se à política tributária, lidera um movimento de relevância, devido ao número de mineradores participantes e pela maneira como seria neutralizado. Como conseqüência, é criada a Capitania das Minas, separando-se a região da Capitania de São Paulo.
- Descoberta rica jazida de ouro em terras de Mato Grosso, que dá origem à Vila de Cuiabá.
1721. Incentivados pelo governo da Capitania de São Paulo, Bueno Filho e João Leite da Silva formam expedição à procura de ouro em Goiás.
1725. Criado o imposto de capitação, que recai sobre escravos produtivos ou não, maiores de 14 anos, ou sobre o minerador quando este os não possuísse.
1727. Inicia-se a mineração de ouro no vale do Rio Araçuaí.
1729. Noticiada oficialmente a descoberta de diamantes no Tejuco, atual Diamantina, pelo Governador das Minas, Dom Lourenço de Almeida. Descoberta de ouro em Goiás (Serra Dourada, Arrais, Conceição e Cavalcanti).
1730. Cai o preço dos diamantes no mercado europeu, em função da produção diamantífera do Brasil.
1731. A Coroa Portuguesa proíbe a exploração de diamantes no Brasil.
1732. Descobertos diamantes na Bahia.
1733. Criada a Demarcação Diamantina, com o objetivo de assegurar à Coroa Portuguesa o monopólio na exploração dos diamantes.
1734. Grande prosperidade nas povoações próximas ao Tejuco (Diamantina), devida à exploração de diamantes no Rio Manso (Penha, Araçuaí, Rio Preto, Gouveia, Curimataí e Pouso Alto). O minerador deveria garantir 100 arrobas anuais de ouro à Coroa portuguesa, podendo o fisco recorrer, se necessário, à "derrama" (cobrança violenta de impostos), para completar a cota. Descoberta de ouro na chapada de São Francisco Xavier, Mato Grosso.
1735. Fundados os arraiais de Barra, Santana, Ferreiro, Ouro Fino, Anta, Santa Cruz, Guarinos e Meia Ponte (atual Pirenópolis), que constituem o núcleo minerador inicial em Goiás.
1736. Descoberta de ouro em São Félix, Goiás. 1737. Descoberta de ouro em Jaraguá, Goiás.
1740. Descoberta de diamantes em Goiás, nos Rios Claro e Pilões. Estabelecido o sistema de contratação, pelo qual o direito de lavra passava a ser dado a um único concessionário, reservando-se a Coroa portuguesa o direito exclusivo de compra dos diamantes.
1748. Goiás e Mato Grosso foram elevados à categoria de capitania.
1749. Descoberta de ouro em Cocais, Goiás. I750. O imposto de capitação é extinto por D. José I, Rei de Portugal, a pedido do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo.
1752. Criada uma casa de fundição em Vila Boa (hoje, o Município de Goiás, ou "Goiás Velho"), Goiás.
1754. Estabelecida uma casa de fundição em São Félix, transferida em 1719 para Cavalcanti, Goiás.
1760. Provável data da descoberta do topázio amarelo em Vila Rica, Minas Gerais. Descobertos cristais de berilo, crisoberilos, topázios azuis e brancos, e turmalinas verdes, em Itamarandiba, Americanos e Piauí, Minas Gerais.
1772. Criada uma empresa estatal denominada Real Extração, que passa a explorar diretamente os diamantes.
1777. O Marquês de Pombal afasta-se dos cargos que ocupava no Governo de Portugal. A capital da Colônia é transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, buscando maior controle administrativo da região sul.
1780. O Governador de Minas sugere à Coroa portuguesa a implantação de uma empresa siderúrgica.
1784. Achado o meteorito de Bendengó, no sertão baiano, por Bernardino da Mota Botelho.
1785. O Governo português declara fora da lei a fabricação de jóias e de qualquer manufatura na Colônia, e ordena a destruição de todos os fomos existentes.
1789. Movimento da Inconfidência Mineira, com objetivos de independência da Colônia. É inspirado nos ideais da Revolução Francesa e na independência dos Estados Unidos.
179I. James Hutton, um dos fundadores da geologia moderna, lê perante a Sociedade Real Britânica um trabalho sobre a flexibilidade da Brazilian stone.
1792. Criada, no Rio de Janeiro, a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, que deu início ao ensino de Engenharia no País.
1803. Fechada a Real Extração de Diamantes. Elaborado um conjunto de medidas no Governo de D. João VI, em que se pretendia recuperar a economia mineral brasileira.