FENÔMENOS ÓPTICOS
EFEITO OLHO-DE-GATO |
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Um dos mais belos e instigantes fenômenos ópticos observados em gemas é o denominado efeito olho-de-gato, também conhecido como acatassolamento ou chatoyance.
Ele deve-se à reflexão da luz
em finas fibras cristalinas, cavidades, canais, tubos de crescimento ou
inclusões em forma de agulhas, dispostos paralelamente na gema,
resultando no aparecimento de um raio luminoso, sedoso e ondulante
perpendicular à direção das inclusões, nos exemplares adequadamente
orientados e lapidados em estilo cabochão. Quanto mais
numerosas e finas forem essas inclusões, mais perfeita a reflexão e
mais definido o raio que parece mover-se, à medida que giramos o
espécime.
O efeito olho-de-gato é mais
espetacular se observado à luz refletida proveniente de um único foco,
preferencialmente pontual, ou diretamente sob luz solar. As iluminações
difusas ou múltiplas prejudicam a apreciação deste fenômeno.
Entre
as gemas nas quais podemos observar o fascínio do chatoyance estão o
crisoberilo, o quartzo (inclusive nas variedades olho-de-tigre e
olho-de-falcão), a turmalina, o berilo, a apatita, o diopsídio, a
alexandrita, a pedra-da-lua, a cianita e as incomuns escapolita,
enstatita, petalita, tremolita, prehnita, caroíta e kornerupina.
Exemplares de coríndon (rubi e safira), topázio azul, peridoto e
zircão também podem, em raras ocasiões, exibir o fenômeno de
acatassolamento.
Alexandrita Olho-de-Gato sob luz natural (à esquerda) e sob luz incandescente (à direita) Fotografia: Wimon Manorotkul Fonte: Pala International (www.palagems.com) De acordo com as normas técnicas vigentes no Brasil e no exterior, o termo olho-de-gato sem descrição adicional se reserva apenas ao crisoberilo, o mais cotizado dentre os materiais gemológicos que podem apresentar este fenômeno; os demais devem ser designados pelo nome da gema, seguido do mencionado termo (ex: turmalina olho-de-gato). O crisoberilo que exibe este efeito é também denominado cimofana.
O
olho-de-gato pode confundir-se com algumas gemas de ampla ocorrência
no Brasil, sendo o quartzo olho-de-gato seu substituto mais comum,
embora este não apresente o feixe de luz ondulante tão bem definido, o
sutil fundo translúcido, nem seu polimento alcance a excelência do
material genuíno.
O
quartzo olho-de-gato costuma ocorrer nas cores castanha clara,
castanha amarelada, cinzenta ou amarela esverdeada e as inclusões
responsáveis pelo fenômeno são fibras de asbesto ou hornblenda.
Além
das características visuais mencionadas, faz-se a distinção entre
exemplares soltos de crisoberilo e quartzo, facilmente, mergulhando-os
em bromofórmio. Neste líquido, de densidade 2,89, o quartzo (d =
2,65) flutua, enquanto o crisoberilo (d = 3,73) afunda. Caso o espécime
esteja cravado, é possível identificá-lo mediante a leitura do seu
índice de refração médio pelo método de visão distante, com auxílio de
um refratômetro. O índice de refração médio do quartzo situa-se por
volta de 1,55, enquanto o do crisoberilo está próximo de 1,75. Se a
luz se transmitir através do exemplar, a averiguação do seu espectro
de absorção, com auxílio de um espectroscópio manual, é igualmente um
exame diagnóstico. O crisoberilo exibe uma banda de absorção na região
do azul-violeta, centrada em 444 nm (nanômetros), cuja intensidade
aumenta com a cor, enquanto o quartzo não apresenta quaisquer linhas ou
bandas de absorção na região do espectro visível.
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domingo, 7 de junho de 2015
FENÔMENOS ÓPTICOS EFEITO OLHO-DE-GATO
TURMALINAS CUPRÍFERAS DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 3ª Parte - SUBSTITUTOS
TURMALINAS CUPRÍFERAS
DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 3ª Parte - SUBSTITUTOS |
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Como
as turmalinas não são obtidas por síntese
para fins gemológicos, mas apenas experimentalmente e com
objetivos tecnológicos, outras gemas naturais, compostas
e imitações têm sido utilizadas com esta finalidade.
Os
mais eficazes substitutos são, evidentemente, as turmalinas
naturais não-cupríferas de cores algo similares
às das legítimas elbaítas da Paraíba.
Embora não apresentem a saturação vívida
destas, ocasionalmente suscitam dúvidas quanto a sua identidade
(cupríferas ou não), o que, infelizmente, não
pode ser conclusivamente diagnosticado apenas por meio de ensaios
gemológicos usuais.
A
apatita que, na realidade, trata-se de um grupo de minerais, é
a segunda gema natural mais utilizada como substituto da turmalina
da Paraíba. Este fosfato de cálcio e flúor
é empregado, principalmente, como fertilizante, nas indústrias
química e farmacêutica e, em muito menor proporção,
destinado à joalheria. Os exemplares azuis e azuis esverdeados
de qualidade gemológica provenientes, sobretudo, de Madagascar,
do Brasil e de Mianmar possuem aspecto e tons bastante similares
aos da turmalina da Paraíba. A distinção
entre a apatita e a turmalina é simples quando se dispõe
de instrumentos gemológicos básicos, pois, embora
estas duas gemas apresentem índices de refração
próximos, sua birrefringência, peso específico
e espectro de absorção (se presente) são
bastante diferentes.
A
apatita apresenta um suprimento relativamente grande, geograficamente
diversificado e regular. O inconveniente em utilizá-la
em larga escala na indústria joalheira reside no fato de
que sua dureza é de apenas 5 na Escala de Mohs, semelhante
à do vidro, o que significa que possui brilho menos intenso
e é muito mais facilmente riscável que a turmalina,
apresentando, portanto, menor durabilidade que esta. Em vista
disso, é recomendável empregá-la na confecção
de peças de joalheria menos sujeitas ao contato com outras
superfícies, principalmente na forma de brincos ou pingentes,
e menos aconselhável em anéis e pulseiras.
Recentemente,
apareceram no mercado brasileiro zircônias cúbicas
de cor azul “neon” muito similar à da turmalina
da Paraíba. Felizmente, elas são facilmente identificáveis
por sua densidade muito superior à da turmalina, sua natureza
isótropa (comporta-se de forma distinta ao exame no polariscópio,
extinguindo a luz por completo), por apresentarem leitura negativa
no refratômetro (o índice de refração
da zircônia cúbica é superior ao limite do
instrumento) e por não exibirem o cenário típico
de inclusões das turmalinas, caracterizado por inclusões
fluidas, tubos de crescimento e/ou minerais.
Outros
substitutos menos eficazes, mas vistos com enorme freqüência
no mercado, por se tratarem de materiais de baixo custo, são
os vidros artificiais e as gemas compostas (dobletes e tripletes).
Os
vidros artificiais que imitam a turmalina da Paraíba possuem
peso específico e índice de refração
variáveis segundo a composição, mas geralmente
muito inferiores aos da turmalina, apresentam completa extinção
da luz no polariscópio (por sua natureza monorrefringente)
e costumam exibir forte reação à luz ultravioleta
(sobretudo de ondas curtas). Além disso, com uma simples
lupa de 10 aumentos, pode-se observar o quadro de inclusões
característico dos vidros artificiais, com bolhas de gás
esféricas e/ou alongadas e estruturas resultantes da distribuição
heterogênea dos seus constituintes, conhecidas como “marcas
de redemoinho”, ausentes na turmalina.
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TURMALINAS CUPRÍFERAS DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 2ª Parte
TURMALINAS CUPRÍFERAS
DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 2ª Parte |
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Até
o ano de 2001, o termo “Turmalina da Paraíba”
referia-se à designação comercial das turmalinas
da espécie elbaíta, de cores azuis, verdes ou púrpureas
a violetas, que contivessem pelo menos 0,1% de CuO e proviessem
unicamente do Brasil, precisamente dos estados da Paraíba
(mina da Batalha, situada próxima à localidade de
São José da Batalha) e do Rio Grande do Norte (minas
de Mulungu e Alto dos Quintos, situadas nas vizinhanças
da cidade de Parelhas).
Tudo
começou a mudar quando, naquele ano, uma nova fonte de
turmalinas cupríferas foi descoberta na Nigéria,
na localidade de Ilorin (mina de Edeko), voltando a ocorrer quatro
anos mais tarde, em meados de 2005, desta vez em Moçambique,
na região de Alto Ligonha, aproximadamente 100 km a sudoeste
da capital Nampula.
De
modo geral, as elbaítas com cobre destes países
africanos não possuem cores tão vívidas quanto
às das brasileiras, embora os melhores exemplares da Nigéria
e de Moçambique se assemelhem aos brasileiros.
Análises
químicas revelaram que as turmalinas da Nigéria
têm concentrações surpreendentemente altas
de cobre (até 2,18 % CuO), muito similares aos das encontradas
no Brasil (Mina da Batalha: até 2,38 % CuO; Mulungu: até
0,78 % CuO; e Alto dos Quinhos: até 0,69 % CuO).
O
achado destes depósitos africanos ocasionou acalorados
debates no mercado e entre laboratórios, uma vez que as
gemas de cores azuis a verdes saturadas procedentes da Nigéria
e de Moçambique não podem ser diferenciadas das
produzidas no Brasil por meio de ensaios gemológicos usuais
e tampouco por análises químicas semi-quantitativas
obtidas pela técnica denominada EDXRF.
Recentemente,
constatou-se ser possível determinar a origem das turmalinas
destes 3 países por meio de dados geoquímicos quantitativos
de elementos presentes como traços, obtidos por uma técnica
analítica conhecida por LA-ICP-MS (abreviatura do termo
em inglês laser ablation-inductively coupled plasma-mass
spectometry).
De
modo geral, as turmalinas da Nigéria contêm quantidades
maiores dos elementos Ga, Ge e Pb, enquanto as procedentes do
Brasil têm teores mais elevados de Mg, Zn e Sb. As turmalinas
cupríferas de Moçambique, por sua vez, exibem conteúdos
enriquecidos dos elementos Be, Sc, Ga, Pb e Bi, mas nelas falta
Mg.
No
que se refere às inclusões, o quadro típico
das turmalinas da Nigéria guarda similaridade com o do
Brasil, e nele se observam inclusões bifásicas (líquidas
e gasosas), fraturas cicatrizadas, plumas, minerais e, ocasionalmente,
tubos de crescimento. Estes últimos, de cor amarela amarronzada,
são muito mais freqüentes - embora não exclusivos
- das turmalinas da Nigéria.
Esta
política é consistente com as normas da CIBJO, que
consideram a turmalina da Paraíba uma variedade ou designação
comercial e a definem como dotada de cor azul a verde devida ao
cobre, sem qualquer menção ao local de origem.
Por
outro lado, como essas turmalinas cupríferas são
cotizadas não apenas de acordo com seu aspecto, mas também
segundo sua procedência, tem-se estimulado a divulgação,
apesar de opcional, de informações sobre sua origem
nos documentos emitidos pelos laboratórios gemológicos,
solicitação que muito poucos terão recursos
para atender satisfatoriamente.
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TURMALINAS CUPRÍFERAS DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 1ª Parte (PARAÍBA)
TURMALINAS CUPRÍFERAS
DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 1ª Parte |
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As
turmalinas conhecidas sob a designação ”Paraíba”,
em alusão ao Estado onde foram primeiramente encontradas,
causaram furor ao serem introduzidas no mercado internacional
de gemas, em 1989, por suas surpreendentes cores até então
jamais vistas.
A
descoberta dos primeiros indícios desta ocorrência
deu-se sete anos antes, no município de São José
da Batalha, onde estas turmalinas, da espécie elbaíta,
ocorrem na forma de pequenos cristais irregulares em diques de
pegmatitos decompostos, encaixados em quartzitos da Formação
Equador, de Idade Proterozóica, associadas com quartzo,
feldspato alterado, lepidolita, schorlo (turmalina preta) e óxidos
de nióbio e tântalo, ou bem em depósitos secundários
relacionados.
Estas
turmalinas ocorrem em vívidos matizes azuis claros, azuis
turquesas, azuis “neon”(ou fluorescentes), azuis esverdeados,
azuis-safira, azuis violáceos, verdes azulados e verdes-esmeralda,
devidos principalmente aos teores de cobre e manganês presentes,
sendo que o primeiro destes elementos jamais havia sido detectado
como cromóforo em turmalinas de quaisquer procedências.
A
singularidade destas turmalinas cupríferas pode ser atribuída
a três fatores: matiz mais atraente, tom mais claro e saturação
mais forte que os usualmente observados em turmalinas azuis e
verdes de outras procedências.
Estes
matizes azuis e verdes estão intimamente relacionados à
presença do elemento cobre, presente em teores de até
2,38 % CuO, bem como a vários processos complexos envolvendo
íons Fe2+ e Fe3+ e às transferências de carga
de Fe2+ para Ti4+ e Mn2+ para Ti4+. Os matizes violetas avermelhados
e violetas, por sua vez, devem-se aos teores anômalos de
manganês. Uma considerável parte dos exemplares apresenta
zoneamento de cor, conseqüência da mudança na
composição química à medida que a
turmalina se cristalizou.
Em
fevereiro de 1990, durante a tradicional feira de Tucson, nos
EUA, teve início a escalada de preços desta variedade
de turmalina, que passaram de umas poucas centenas de dólares
por quilate a mais de US$2.000/ct, em questão de apenas
4 dias. A mística em torno da turmalina da Paraíba
havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos
anos 90, convertendo-a na mais valiosa variedade deste grupo de
minerais. A máxima produção da Mina da Batalha
ocorreu entre os anos de 1989 e 1991 e, a partir de 1992, passou
a ser esporádica e limitada, agravada pela disputa por
sua propriedade legal e por seus direitos minerários.
A
elevada demanda por turmalinas da Paraíba, aliada à
escassez de sua produção, estimulou a busca de material
de aspecto similar em outros pegmatitos da região, resultando
na descoberta das minas Mulungu e Alto dos Quintos, situadas próximas
à cidade de Parelhas, no vizinho estado do Rio Grande do
Norte.
Embora
as surpreendentes cores das turmalinas da Paraíba ocorram
naturalmente, estima-se que aproximadamente 80% das gemas só
as adquiram após tratamento térmico, a temperaturas
entre 350 oC e 550 oC. O procedimento consiste, inicialmente,
em selecionar os espécimes a serem tratados cuidadosamente,
para evitar que a exposição ao calor danifique-os,
especialmente aqueles com inclusões líquidas e fraturas
pré-existentes. Em seguida, as gemas são colocadas
sob pó de alumínio ou areia, no interior de uma
estufa, em atmosfera oxidante. A temperatura ideal é alcançada,
geralmente, após 2 horas e meia de aquecimento gradativo
e, então, mantida por um período de cerca de 4 horas,
sendo as gemas depois resfriadas a uma taxa de aproximadamente
50 oC por hora. As cores resultantes são a cobiçada
azul-neon, a partir da azul esverdeada ou da azul violeta, e a
verde esmeralda, a partir da púrpura avermelhada. Além
do tratamento térmico, parte das turmalinas da Paraíba
é submetida ao preenchimento de fissuras com óleo
para minimizar a visibilidade das que alcancem a superfície.
Até
2001, as turmalinas cupríferas da Paraíba e do Rio
Grande do Norte eram facilmente distinguíveis das turmalinas
oriundas de quaisquer outras procedências mediante detecção
da presença de cobre com teores anômalos através
de análise química por fluorescência de raios
X de energia dispersiva (EDXRF), um ensaio analítico não
disponível em laboratórios gemológicos standard.
No entanto, as recentes descobertas de turmalinas cupríferas
na Nigéria e em Moçambique acenderam um acalorado
debate envolvendo o mercado e os principais laboratórios
gemológicos do mundo em torno da definição
do termo “Turmalina da Paraíba”, sobre o qual
trataremos no artigo do próximo mês.
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CÉLEBRES DIAMANTES BRASILEIROS Descobertos até o final do século XIX
CÉLEBRES DIAMANTES BRASILEIROS
Descobertos até o final do século XIX |
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Atendendo
à solicitação de um leitor, neste mês
discorreremos brevemente sobre alguns famosos diamantes brasileiros,
lembrando que a informação disponível sobre
o tema é bastante controversa, entre outros motivos porque
apenas parte dos grandes diamantes teve sua existência comprovada
e pública, além do fato de que era comum a relapidação
de espécimes famosos ao mudarem de mãos, quer fosse
para imprimir a marca do novo dono ou para evitar que fossem reconhecidos.
De modo geral,
os diamantes que se tornam célebres têm peso superior
a 50 quilates, são aproximadamente incolores ou de cor
de fantasia e possuem algum atrativo adicional, como seu tamanho,
importância histórica, singularidade, lapidação
e/ou lendas que o cercam.Como a Índia foi a única fonte importante de diamantes desde o quarto século antes de Cristo até a sua descoberta no Brasil, de lá procediam quase todos os exemplares de valor histórico. Apesar disto, especula-se que um ou outro famoso diamante de origem supostamente indiana possa ter sido realmente encontrado no Brasil. Apesar da enorme produção proveniente da região de Diamantina ter sido a responsável pela primazia do nosso país no fornecimento mundial durante um século e meio e do fato de que diversos dos maiores e melhores diamantes ali extraídos terem sido inseridos no acervo de jóias da coroa portuguesa, a maior parte dos grandes exemplares brasileiros foi descoberta mais tarde, no Triângulo Mineiro, principalmente nos municípios de Coromandel, Estrela do Sul, Tiros, Patos de Minas, Monte Carmelo, Abadia dos Dourados e Romaria. O primeiro grande diamante descoberto nesta região a receber nome e tornar-se público foi o denominado Bragança ou Regente de Portugal. Segundo o inglês John Mawe, em seu relato de viagem ao Brasil, o exemplar pesaria 144 quilates e teria sido encontrado no longínquo ano de 1798, no leito do rio Abaeté. De acordo com o mesmo autor, a pedra foi requisitada pela Coroa Portuguesa, como eram todas que pesassem mais de 20 quilates, e Dom João VI o usava em ocasiões especiais. É um espécime controverso e seu atual paradeiro é desconhecido, embora haja menção a um diamante com este nome entre as jóias da coroa sueca. Outro célebre diamante brasileiro é o Estrela do Sul, que possuía 261,38 quilates em estado bruto. Ele foi descoberto no ano de 1853, em um garimpo no Rio Bagagem, Triângulo Mineiro, por uma escrava, que mais tarde foi alforriada e recebeu uma pensão vitalícia. A pedra foi assim nomeada pelos irmãos franceses que a adquiriram, ocasionando a mudança do nome da localidade de Bagagem para a atual Estrela do Sul. A lapidação desta gema, realizada em 1857 pelo Sr. Voorzanger, de Amsterdã, durou 3 meses, resultando em um exemplar de 128,48 quilates e forma de almofada. O Estrela do Sul foi adquirido em 1867 por Khande Rao, soberano do reino indiano de Baroda, por aproximadamente US$400 mil. Ele foi o primeiro diamante brasileiro a obter notoriedade internacional e, durante mais de um século, o maior descoberto por uma mulher, até que a Sra. Ernestine Ramaboa, de Lesotho, encontrou um espécime de 601,26 quilates, em 1967. O Estrela do Sul mudou novamente de mãos em 2001, sendo adquirido por compradores que preferiram permanecer anônimos. Em dezembro do mesmo ano, foi submetido por eles à graduação no Laboratório Gemológico Gubelin, da Suiça, que estabeleceu um grau de pureza VS2 e descreveu sua cor como marrom rosáceo “fancy light”. Em 1857, portanto apenas quatro anos após a descoberta do Estrela do Sul, outro famoso exemplar, pesando 120,58 ct, foi encontrado no mesmo Rio Bagagem. Denominado Dresden Inglês, Dresden Branco ou E. H. Dresden, em homenagem ao agente inglês que o adquiriu no Rio de Janeiro e o levou a talhar no atelier de Coster, em Amsterdã, foi assim designado para diferenciá-lo do Dresden, o mais famoso diamante verde jamais encontrado, de procedência desconhecida. Conhecido por seus elevados graus de pureza e cor, o Dresden Inglês foi lapidado em uma única pedra com forma de gota, pesando 78,53 ct, e supõe-se que esteja de posse da família real de Baroda. Ao que consta, em 1859, no mesmo Rio Bagagem, teria sido encontrado um diamante de 250 quilates, denominado Estrela do Egito e, em 1867, um exuberante espécime de 105,50 ct, sem nome, no garimpo de Água Suja, município de Romaria. Se levarmos em consideração os diamantes de qualidade não gemológica, deveríamos incluir na relação dos maiores alguns carbonados, isto é, agregados criptocristalinos de cor usualmente preta, que consistem de uma mescla de diamante grafitizado e carbono amorfo, caracterizados pela ausência de clivagem e alta resistência. O maior deles foi descoberto no ano de 1842, na Chapada Diamantina, parte central do estado da Bahia, célebre pela ocorrência deste tipo de material. A pedra recebeu o nome de Carbonado Sérgio e pesava 3.167 quilates, portanto superior ao peso do Cullinan (3.106 ct), o maior diamante bruto já encontrado. | |
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