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Fraudes e movimentações suspeitas marcam o período do atual garimpo no Pará
Parceria
firmada entre garimpeiros e a empresa canadense Colossus com o objetivo
de explorar a jazida, em uma operação que envolve bilhões de dólares
Ainda
causa estranheza as imagens do formigueiro humano, dentro de uma vala
gigante, percorrendo escadas improvisadas em meio à lama. Os dramas, as
disputas, a busca por riqueza e as decepções que marcaram a história do
maior garimpo a céu aberto do mundo estão bem retratados no filme
recém-lançado Serra Pelada. A realidade conflituosa do local,
entretanto, não se encerra nos arquivos históricos que serviram de
suporte para a obra cinematográfica. Hoje, 22 anos depois que o governo
fechou a mina, localizada no sul do Pará, e a poucos meses de ser
reaberta, o clima é de guerra. A parceria firmada entre garimpeiros e a
empresa canadense Colossus com o objetivo de explorar a jazida, em uma
operação que envolve bilhões de dólares, resvalou para acusações de
lavagem de dinheiro, suborno, corrupção e fraudes contratuais.
Na semana passada, a pedido do Ministério Público (MP) local, a
Justiça determinou a intervenção da Cooperativa de Mineração dos
Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), que desde 2007 participa, em
parceria com a Colossus, da joint venture formada para explorar a mina.
Segundo Nelson Medrado, procurador de Justiça no Pará, a intervenção foi
necessária porque as últimas eleições para a diretoria da entidade não
foram legítimas. Ela afirma ainda que há suspeita de venda de carteiras
de associados, dívidas trabalhistas forjadas artificialmente e
transações financeiras suspeitas detectadas pelo Conselho de Atividades
Financeiras (Coaf). Vitor Albarado, presidente eleito da Coomigasp,
defende que o pleito ocorreu com a participação de mais de 90% dos
associados, seguindo todas as regras necessárias. Os problemas, segundo
ele, ocorreram na gestão anterior.
“Havíamos pedido uma intervenção quando descobrimos que a diretoria
passada tinha recebido dinheiro da Colossus, ao mesmo tempo em que o
contrato foi mudado, ampliando as ações da empresa de 51% para 75% e
reduzindo a parte dos garimpeiros de 49% para 25%. Conseguimos tirar a
diretoria fraudulenta e fizemos eleições. Um ano atrás, quando ocorreu
toda a bandalheira, não fizeram nada. Agora vem essa intervenção?”,
questiona Albarado. Para Medrado, a versão é uma meia verdade. “Como
esse contrato foi alterado é uma coisa que realmente precisamos saber.
Por isso, pedimos a intervenção. Mas não existe diretoria eleita de
forma legítima. O que há, nessa cooperativa, é uma guerra histórica de
dois grupos que se alternam no poder. Com a operação de extração marcada
para começar em cinco meses, sabemos que os conflitos violentos
aumentarão na região. É isso o que queremos evitar.”
A degradação
ambiental oculta pelos garimpos de topázio imperial no Alto Maracujá
O garimpo é uma atividade de extração
mineral existente já há muito tempo no mundo. Os
primeiros sinais dessa atividade datam do século XV, com os
europeus que partiam em busca de novas terras para conquistar suas
riquezas minerais. No Brasil, os garimpos começaram
a despontar com maior destaque no século XVIII, com as
campanhas em busca de ouro e diamantes no estado de Minas Gerais. Para melhor entendimento, o garimpo é uma forma de
extrair riquezas minerais (pedras preciosas e semipreciosas são
mais comuns) utilizando-se, na maioria das vezes, de poucos recursos,
baixo investimento, equipamentos simples e ferramentas rústicas.
Segundo a legislação brasileira vigente sobre
mineração, a atividade garimpeira é considerada
uma forma legal de extração de riquezas minerais desde
que atenda a determinadas regras e obrigações. É
facultado a qualquer brasileiro ou cooperativa de garimpeiros que
esteja regularizado no Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM), órgão no país que controla todas
as atividades de mineração. O garimpo se torna problema justamente porque a maioria deles
segue às margens da lei. Infelizmente, no Brasil, muitos
garimpos quase sempre estão associados a confrontos,
assassinatos, roubos, disputas de terra, prostituição,
vícios, insegurança, impunidade, patrocínio de
armas e narcotráfico e à degradação
ambiental. Isto porque os garimpos ilegais são extremamente
difíceis de serem controlados. Situam-se em regiões de
difícil acesso, são dispersos pelo
país, é migratório e não há
regularidade na mão-de-obra e no regime de trabalho. Há
muitos riscos para se estudar diretamente essa atividade. Dentro
deste cenário se insere o garimpo de topázio imperial no
Alto Maracujá, no distrito de Cachoeira do Campo,
município de Ouro Preto, Minas Gerais. Este garimpo se enquadra
muito bem em parte das descrições expostas anteriormente.
O Alto Maracujá vem sofrendo desde a década de 1970, com
a ação de garimpos de topázio imperial. O nome Alto
Maracujá se refere à região que abriga as nascentes do
rio Maracujá, afluente da margem esquerda do rio das Velhas, este último
afluente da margem direita do rio São Francisco.
Revista
Gems&Gemologist
Topázio
imperial lapidado
O topázio imperial é uma pedra preciosa de beleza impressionante,
porém muito rara na natureza. Logo, tem valor de mercado muito elevado,
o que aguça a procura pelos garimpeiros. Desde 1750, o topázio imperial é extraído na região
de Ouro Preto. Esse município é considerado, atualmente, como
o único local no mundo onde ainda é possível se extrair
este mineral em condições econômicas viáveis, visto
que a formação geológica permite sua retirada com o mínimo
de danos possíveis à sua estrutura. Uma pedra de topázio
imperial que sofre danos físicos, apresentando-se trincada ou lascada,
tem seu preço desvalorizado no mercado. O Alto Maracujá tem toda sua área praticamente exposta
à ação dos garimpos de topázio imperial. Quase todos
os pontos de extração do mineral são clandestinos, o que
agrava a situação. São utilizados métodos de lavra
agressivos em termos ambientais além da grande quantidade de água
gasta na extração e lavagem do topázio. O rio Maracujá é formado basicamente por quatro
córregos: Cipó, Arranchador ou Ranchador, Caxambu ou
Olaria e Cascalho. Os garimpos se concentram, em sua maioria, no leito,
às margens e nas cabeceiras dos córregos Cipó e
Caxambu. O Cipó é considerado o principal córrego
formador do rio Maracujá. Logo, todas as atividades que geram
degradação ambiental nesse curso d'água afetam de
forma negativa grande parte do rio. Os córregos Cascalho e
Arranchador são os únicos que se encontram em melhor
qualidade ambiental. O Cascalho, porque não há
ocorrência de topázio em suas margens e leito, e o
Arranchador, devido à ação efetiva da
proibição de garimpos pelos proprietários das
terras por onde ele passa. O topázio imperial é geralmente encontrado a
profundidades que variam de dois a sete metros na região do Alto
Maracujá. É comum a existência de uma camada de
solo que encobre os veios de cascalho (quartzo) onde está
embutido o topázio. A retirada dessa camada de solo é
feita por meio de escavação com picareta, enxadas e
enxadões ou trator, quando o garimpo é semimecanizado.
Essa operação é uma das principais causadoras da
degradação ambiental e dos acidentes de trabalho na
região. O solo exposto é carregado pela água da
chuva ou dos próprios córregos, quando em períodos
de cheias, e os sedimentos se espalham pela bacia, gerando o que se
conhece como assoreamento. Este impacto dificulta a sobrevivência
de peixes, entope canais e tubulações, muda o curso dos
córregos bruscamente, aumenta os riscos de enchentes,
além de proporcionar um aspecto visual negativo ao espelho
d'água, degradando a paisagem. Além do assoreamento, o garimpo instalado junto às margens
dos córregos promove a retirada de boa parte das matas ciliares e de
cabeceira, que são formações vegetais essenciais à
proteção não só das águas, mas principalmente
das nascentes (áreas de recarga). Na região, não é
difícil visualizar árvores derrubadas lançadas no leito
dos córregos. Esta prática é crime porque vai contra o
Código Florestal que proíbe atividades desse tipo em áreas
como as descritas acima.
Margem
do córrego Cipó destruída por garimpo
Muitas vezes são construídas pequenas barragens rudimentares
para a lavagem do solo e cascalho que contêm o topázio. Essas barragens
modificam o curso dos córregos, fazendo com que eles atinjam estradas
e pastos de pequenos sítios da região, causando prejuízos
consideráveis principalmente no período das chuvas. Como se não bastasse a degradação ambiental, os
garimpeiros e pessoas que trabalham e trafegam pela região estão
expostos a uma série de riscos de segurança e saúde ocupacional.
Como as escavações para a retirada do topázio são
realizadas sem técnica, há riscos de desmoronamento constantes.
Já houve vários casos de acidentes fatais. Outros riscos podem
ser citados tais como problemas ergonômicos, doenças devido ao
trabalho exposto à intensa umidade, alcoolismo, brigas entre garimpeiros,
assassinatos, quedas em buracos sem proteção ou cheios de água
e lama, etc.
Barragens
feitas no leito do Córrego Cipó
Enfim, os problemas são muitos para serem descritos. Tanto a
polícia do meio ambiente quanto a prefeitura local vêm tentando
resolver o problema, mas o nível de complexidade da situação,
somado à falta de aparelhamento dessas entidades, inibe uma solução
a curto prazo. Realmente, soluções definitivas para esse problema estão
muito longe de serem alcançadas. Isto porque os garimpos geram impactos
não só nos meios físico e biótico, como também
no social. A criação de uma cooperativa de garimpeiros seria uma
alternativa, porém, não se sabe com precisão quantos são,
quem são e onde estão esses trabalhadores. Não existe um
censo que demonstre com certeza a massa trabalhadora que se expõe nas
frentes de lavra dos garimpos de topázio imperial do Alto Maracujá.
Informações extra-oficiais indicam que existem pais de família
que dependem desse trabalho para sustento familiar devido ao desemprego, assim
como existem pessoas de má índole, aventureiros, aqueles que buscam
o garimpo de topázio como fonte de renda extra, aqueles que tem o garimpo
como vício e não querem mudar de situação, grandes
empresários que agem nos "bastidores" e pessoas com grau de instrução
considerável, estes últimos fazem tanto estrago quanto aqueles
garimpeiros sem instrução, o que é mais lamentável
ainda.
Uma
das nascentes do córrego Cipó destruída pelo garimpo
O que é necessário se fazer hoje pela
"saúde" da bacia do rio Maracujá, bem como pela
segurança dos seres humanos envolvidos direta ou indiretamente
no garimpo, é um estudo de grande porte, abrangendo diversas
áreas do conhecimento, de forma a identificar todos os problemas
detalhadamente nos campos físico, biótico e
socioeconômico para que as alternativas de solução
possam ser mais bem elaboradas e aplicadas. O certo é que o foco
deve ser direcionado para a informação do garimpeiro e a
tentativa de persuadi-lo de que suas ações impensadas
corresponderão a reações irreversíveis no
futuro não só dele mas dos seus descendentes. O que foi
percebido nos estudos de campo é que vários garimpeiros
sabem que seu trabalho prejudica o meio ambiente. Provavelmente, as
medidas a serem tomadas para mudança desse panorama devam
começar por esses elementos. O rio Maracujá está sujeito a problemas de
poluição muito parecidos com os de outros rios
brasileiros. Logo, a revitalização da bacia tem que
passar por políticas públicas de saneamento e
investimento em informação. A questão do garimpo
é só mais um agravante que influencia a já
crítica situação do rio. Programas de educação ambiental devem ser realizados junto
à população, principalmente nas escolas, para que todos
tomem consciência de que a água é um bem essencial
ao ser humano. Este deve protegê-la com sabedoria , para que um dia ela
não se torne artigo de luxo, como já anda acontecendo em muitos
lugares do planeta.
Cascata
do Dom Bosco formada pelas águas do rio Maracujá
E quanto ao garimpo? Bem, os recursos minerais existem na natureza para
serem utilizados. Afinal, muitos deles são essenciais à vida da
sociedade moderna. O que se deve levar em consideração é
que é possível se fazer garimpo, ou mineração em
geral, com responsabilidade social e ambiental. Basta haver investimento, boa
vontade, e trabalho dentro das normas técnicas e de desenvolvimento sustentável.
Extração ilegal em garimpo de RR movimentou quase R$ 1 bi, diz PF
A extração ilegal de ouro na Terra Indígena Yanomami,
em Roraima, gerou cerca de R$ 1 bilhão em movimentações ilegais entre os
anos de 2013 e 2014 nos estados de Roraima, Amazonas, Rondônia, Pará e
São Paulo, segundo informou a Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira
(7). Os dados foram apresentados durante coletiva de imprensa sobre a
operação ‘Warari Koxi’, deflagrada no início da manhã desta quinta. Ao
todo, 313 medidas judiciais estão sendo cumpridas.
De acordo com a PF, a operação tem como objetivo desarticular uma
organização criminosa que extrai ouro ilícito principalmente na reserva
Yanomami. A ação ocorre em duas frentes: uma rural, que investiga os
executores do garimpo, e outra urbana, que apura os intermediários e
financiadores.
“A frente urbana está atuando nos intermediários, que são os
lojistas, e os financiadores, que estão nos cinco estados investigados. A
frente rural está atuando com relação aos executores que são as pessoas
que se encontram na mata realizando a extração”, explicou a delegada
presidente do inquérito, Denisse Dias Rosa Silveiro.
Em cinco meses de investigação, a PF apurou sobre o ‘caminho’ que o
ouro extraído na terra indígena percorria. “Os garimpeiros extraíam o
ouro de uma fonte ilícita, pois todo o ouro extraído em Roraima é
ilegal, vendiam para os lojistas que, por sua vez, revendiam o minério
para os representantes das Distribuidoras de Títulos e Valores
Molibiliários (DTVM) na região Norte”, disse a delegada.
Ainda de acordo com a presidente do inquérito, esses representantes
das distribuidoras utilizavam de permissões de lavras garimpeiras dos
estados de Amazonas, Rondônia e Pará, onde a extração de ouro é
permitida, para que pudessem fazer o transporte do ouro ilegal de
Roraima ao Sudeste. “Sendo assim, quando o ouro chegava em São Paulo,
ele tinha uma nota fiscal e autorização, mas que não eram verdadeiras”,
informou.
Ao todo, a operação da Polícia Federal executou 313 medidas
judiciais, sendo 98 mandados cumpridos em Roraima, dentre eles 92 de
busca e apreensão, cinco de condução coercitiva e um de prisão. “Cinco
servidores públicos foram conduzidos à PF, sendo dois deles da Frente de
Proteção Indígena Yanomami e Yekuana [da Fundação Nacional do Índio] em
Roraima, envolvidos no esquema”, afirmou o delegado da Polícia Federal,
Alan Robson. O mandado de prisão foi expedido para o proprietário de
uma draga, embarcação usada na extração de minério.
A reportagem tentou contato com a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, mas as ligações não foram atendidas. Operação
Estão envolvidos na operação cerca de 150 policiais federais, de várias
regiões do país, além de equipes da Polícia Militar e agentes do
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), que atuam no apoio à
‘Warari Koxi’.
A PF informou que a organização criminosa investigada é formada por
empresários, funcionários públicos, donos de garimpos, joalheiros e
pilotos de avião, responsáveis pela implantação de garimpos de ouro,
minerais de uso industrial e outras pedras preciosas em reserva
Yanomami.
Os crimes investigados na operação são os de associação criminosa,
extração de recursos naturais de forma ilegal, uso indiscriminado de
mercúrio, usurpação de patrimônio da união, receptação de bens
provenientes de crime, corrupção passiva, violação de sigilo funcional,
contrabando, lavagem de dinheiro e operar instituição financeira sem a
devida autorização do Banco Central, segundo informações da Polícia
Federal, que ressaltou ainda que somadas as penas podem chegar até 54
anos de prisão.
Segundo a Polícia Federal, o termo indígena ‘Warari Koxi’ é utilizado
como conceito negativo de intervenção no meio ambiente saudável,
fazendo referência a um sentimento de repulsa à conduta de quem destrói e
degrada a natureza.
Você
já deve saber que investir oficialmente em ouro não é nada fácil. Deve
saber, inclusive, que vencer os entraves dessa aplicação para embolsar o
lucro (acumulado em 70% ao ano) é tarefa para poucos (a média diária é
de cerca de 30 investidores no pregão oficial). Porém, o que você não
deve saber é que há muita gente ganhando o mesmo tanto, ou mais, sem
amargar os empecilhos desse minguado mercado que movimenta em torno de
meros R$ 300 mil diariamente na BM&F (Bolsa de Mercadorias e
Futuros). No paralelo, o dinheiro circula à vista em quantidades
estimadas em R$ 2 bilhões ao ano, só que sem notas fiscais ou
comprovantes de origem do patrimônio. A reportagem de DINHEIRO
percorreu, sem dificuldades, as várias etapas dos investimentos
informais em ouro, que passam pelos garimpos, avançam pelas
fundidoras de metais e chegam até as instituições financeiras situadas a
poucos metros da bolsa, na região central de São Paulo. Alguns desses
agentes são também credenciados na BM&F. Esse é o caso da fundidora OMG, que era chamada de Degussa
há alguns anos. A troca de nomes das empresas que operam no formal e no
ilegal ao mesmo tempo é comum. A corretora Fitta, presidida por André
Luiz Nunes da Silva, também mudou as siglas. Há um ano, chamava-se DTVM
Corretora. As duas empresas prestam os mais diversos tipos de serviços
do investimento informal. Nesse caso, não existem as onerosas taxas de
corretagem e custódia, que levam cerca de 10% do investimento na Bolsa
e, claro, fica de fora a fatia de 20% do Imposto de Renda. A transação
funciona sem papéis, os negócios são verbais e concluídos com a troca da
mercadoria pelo dinheiro. Entre
as opções de aplicação no mercado paralelo, a reportagem de DINHEIRO
começou pelos garimpos. É de lá que vem grande parte do ouro negociado
no paralelo (cerca de 40 toneladas por ano). Nas minas de ouro em
Diamantina, Minas Gerais, a barra de ouro de 250 gramas (padrão
BM&F) é vendida facilmente sem nota fiscal, pela metade da cotação
oficial. Basta um telefonema, a entrega é feita pelos agentes da capital
paulista no endereço combinado. Na posição de investidor, a reportagem
fez contato com um escritório em Diamantina e solicitou a compra de 1
quilo de ouro. No dia (25/11) a cotação oficial estava em R$ 34,80 a
grama, mas o valor total da compra ficaria em torno de R$ 17 mil com o
desconto de 50%. O processo de repassar a mercadoria e transformar o
negócio em um bom investimento foi mais fácil ainda. Numa conversa
rápida por telefone (cerca de 10 minutos), um funcionário da corretora
Fitta ofereceu pagar o preço oficial pelas barras fictícias. O
negócio seria em dinheiro. Cada um entregaria a sua parte ao mesmo
tempo. O funcionário da Fitta se prontificava a transportar o ouro, para
evitar roubo. Assim,
em apenas um dia, o lucro poderia ser de 50%. Ou seja, o valor proposto
de R$ 34 mil (cotação X quantidade) seria suficiente para quitar a
compra (R$ 17 mil) e ainda levar mais R$ 17 mil livres. No entanto, o
funcionário avisou: ?Não vale muito a pena investir em ouro com valores
baixos, mas compramos porque falta produto?, disse. No dia seguinte,
procurado pela reportagem, a empresa recusou-se a falar. Na
fundidora OMG, a venda também pode ser feita sem a necessidade de
comprovar a origem do ouro (nota fiscal). Para fazer um cadastro na
empresa, eles pedem apenas o número de um CPF e de uma conta para o
depósito do pagamento (pelo sistema de transferência bancária). A
diferença principal em relação à corretora é a cobrança de 4% do valor
para o serviço de fundição, que verifica a qualidade do ouro. O ideal é
que o metal tenha um índice em torno de 90% de pureza. ?Com pequenas
quantidades (até 250 gramas), essa é a melhor opção. Com uma quantia
maior (acima de 500 gramas) vale a pena tentar legalizar o ouro para
negociar os papéis na bolsa?, diz o funcionário da OMG. A explicação
leva à suspeita de que o mercado ilegal não é apenas vizinho da
BM&F, mas chega até dentro do pregão. Dito e feito. Para comprar um
certificado de origem e um registro para colocar o ouro no circuito
financeiro oficial basta pagar mais 7%. Com esses documentos é possível
operar os títulos do ouro no pregão. Nesses papéis, a fundidora
apresenta um garimpo regularizado como vendedor. Você encontrará as
referências da empresa na BM&F. A OMG foi procurada pela DINHEIRO,
mas não quis dar entrevistas. Todo
esse sistema ilícito desemboca no setor joalheiro. ?Cerca de 95% dos
fornecedores dos joalheiros são informais?, disse o diretor de uma das
principais corretoras paulistas do setor à DINHEIRO, que visitou a
instituição no papel de investidor. Horas depois, quando foi
entrevistado por DINHEIRO, o mesmo executivo negou categoricamente a
existência do mercado paralelo. ?Desconheço, isso não existe?, afirmou.
No entanto, a tese foi comprovada por Hecliton Fantini Henriques,
presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos. ?A
sonegação é enorme porque a tributação é elevadíssima. É difícil pagar
59% de impostos para comprar ouro e produzir jóias?, diz Henriques. Há
ainda quem consiga investir sem os agentes, repassando direto para os
empresários. A concorrência é com as corretoras. O Banco Central, a
BM&F e a Receita Federal foram procurados mas não responderam aos
pedidos de entrevista.
Disputa com mineradora em vilarejo na Amazônia testa direitos de garimpeiros
Ouro é usado como moeda em estabelecimentos de São José (PA)
Na extraordinária corrida que se seguiu à descoberta do ouro na bacia
do rio Tapajós, em 1958, dezenas de milhares de garimpeiros se
instalaram no local.
Apenas alguns enriqueceram. Mas a maioria
conseguiu melhorar de vida, tendo lucrado mais do que se tivesse
continuado extraindo borracha, pescando ou investindo na agricultura de
subsistência.
Apesar de a atividade de ter diminuído nos últimos
anos, muitos homens ainda trabalham de forma primitiva em minas de ouro
ainda não cadastradas.
A descoberta de vastas reservas do metal
precioso no subsolo coloca os garimpeiros em pé de guerra com as grandes
empresas mineradoras, que reivindicam o direito de tocar essas riqueza,
inacessíveis pelos métodos artesanais.
A aldeia de São José, que
fica às margens do rio Pacu, no sul do Pará próximo ao Amazonas, está no
centro de um conflito entre garimpeiros e a companhia Ouro Roxo
Participações.
Há alguns anos, a Ouro Roxo Participações – parte
do grupo de mineração canadense Albrook Gold Corporation – garantiu os
direitos de exploração do subsolo na mina de Paxiuba, onde garimpeiros
ainda extraem ouro com métodos tradicionais.
Em março de 2010, a Polícia Federal e autoridades do governo chegaram a ordenar a saída dos garimpeiros.
Após
uma relutância inicial, eles acataram as ordens, mas argumentaram que
suas famílias haviam vivido na região por mais de meio século e durante
este tempo haviam adquirido direitos sobre a terra.
Cidade tem quatro bares que funcionam como bordéis nos fins de semana
O líder garimpeiro José Gilmar
de Araujo diz que desde então eles vêm tentando legalizar as atividades
de mineração, tendo levado seu pleito até Brasília.
"Mas não estamos chegando a lugar nenhum", disse.
Vida de minerador
São
José não é mais tão agitada como antigamente, mas continua sendo um
local onde os garimpeiros se encontram com prostitutas ou para beber no
final do dia.
As lojas em torno da praça central, que funciona também como campo de futebol, vende produtos a preços inflacionados.
Comerciantes cobram mais de R$10 por um quilo de cebolas, usando pequenas balanças para medir o pagamento em ouro.
Há quatro bordéis. Durante a semana, mulheres entediadas passam o tempo em torno dos bares, servindo bebidas.
Mas no final de semana, as casas ganham vida.
Os garimpeiros chegam das minas próximas e, depois de extraírem seu ouro, gastam o dinheiro ganho com suor.
No
início, havia muita violência em São José, segundo os residentes.
"Quando cheguei em 1986, alguém era morto quase todo dia", relembra
Ozimar Alves de Jesus, dono de um bordel.
Mas hoje o lugar é
bastante tranquilo. Traficantes são convidados a deixar o local, e
associações de moradores se reúnem com frequência para resolver qualquer
problema da comunidade.
A prostituição é aceita. Há muitos casos
de mulheres que chegam para trabalhar nos bordéis, casam com garimpeiros
e abrem pequenos negócios na cidade.
Cassino
O
trabalho dos garimpeiros é árduo e imprevisível. Para muitos, é esse o
aspecto mais sedutor da vida de um garimpeiro. "É meio como ir a um
cassino", confessa um deles, ao contar como volta diversas vezes à mesma
mina, na esperança de encontrar algo.
O principal problema deles é o futuro incerto da mina - e o poder das grandes mineradoras.
Garimpeiros reclamam da dificuldade para conseguirem se regularizar
"Essas empresas chegam e todas
as portas se abrem", diz o garimpeiro José de Alencar. "Eles conseguem
regularizar a situação do dia para noite. Parece que há uma lei para as
grandes mineradoras e outra para nós."
Depois da expulsão de 2010, os garimpeiros passaram três anos tentando obter permissão para retornar à mina Paxiuba.
Em 12 de junho de 2013, eles cansaram de esperar e decidiram agir, retomando o controle do lugar.
Gilmar Araújo, o líder garimpeiro, disse que a decisão foi tomada por "necessidade econômica".
"Colocamos todo o nosso dinheiro nessa mina. Seria o nosso fim se não pudéssemos produzir nenhum ouro."
E
desde então eles continuam trabalhando na mina. Enquanto isso, a Ouro
Roxo Participações está perdendo dinheiro - e está irritada.
"Se
eles permaneceram lá, vão tornar o projeto todo inviável para nós, por
conta do dano que estão causando lá", disse Dirceu Santos Frederico, um
dos acionistas da empresa.
"Os garimpeiros não evoluem. Eles estão presos na cultura da pobreza, da prostituição e das drogas."
Frederico atua como representante da Ouro Roxo na região. Em documentos obtidos pela reportagem, ele assina em nome da empresa.
A
BBC também ligou duas vezes para o escritório que a Ouro Roxo mantém na
cidade de São Paulo, sem conseguir contato com nenhum outro
representante da companhia até o fechamento do reportagem, além de
tentar contato com a Albrook no Canadá, que não quis fazer comentários.
Tensão
Acionista de mineradora diz que garimpeiros estão 'presos na cultura da pobreza'
De acordo com o advogado dos
garimpeiros, Antônio Joâo Brito Alves, o conflito está enfrentando uma
escalada. Ele afirma ter sofrido ameaças de Frederico, que teria dito
que o advogado e sua família "sofreriam as consequências" se ele não
desistir do caso de Paxiuba.
Frederico nega com veemência a acusação.
As ramificações desse conflito, no entanto, têm implicações que vão muito além das margens do rio Pacu.
Se
os garimpeiros ganharem, ou se receberem uma considerável indenização
por terem de deixar a mina, muitas outras comunidades garimpeiras podem
fazer a mesma demanda.
Assim, o vilarejo de São José tem se
tornado um improvável teste de uma batalha muito mais ampla sobre o
direito dos garimpeiros.