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segunda-feira, 6 de julho de 2015
Se dependesse dos garimpeiros da região, tudo continuaria como está..
Mineração no Xingu, a batalha entre a canadense Belo Sun e os garimpeiros da Ressaca, por Rogério Almeida
Mineração no Xingu, a batalha entre a canadense Belo Sun e os garimpeiros da Ressaca, por Rogério Almeida
Mapa: ISA / Amazonia.org
Há seis meses perto de 600 garimpeiros da Vila da Ressaca, no município de Senador José Porfirio, estão sem fonte de renda. Eles fazem parte do universo de pessoas e categorias que serão atingidas pelos grandes projetos da região do Xingu, a sudoeste do Pará, mais precisamente na Volta Grande do Xingu, a 50 km a sítio Pimental, que integra a engenharia do projeto da Hidrelétrica de Belo Monte. Cerca de duas horas de barco separam a Volta Grande do município de Altamira, cidade polo da região.
Além de Belo Monte os moradores da vila são impactados pelo Projeto Volta Grande, maior empreendimento de mineração de ouro a céu aberto do país, da canadense Belo Sun Mining Corp, que deverá retirar 50 toneladas de ouro no prazo de 12 anos, e promete empregar 2.700 operários.
Além dos empregos a corporação garante que irá promover o reassentamento das famílias da Vila Ressaca, Galo e Ouro Verde, e que vai gerar R$500 milhões em impostos em 11 anos. A Belo Sun integra o portfólio da Forbes & Manhattan Inc., um banco mercantil de capital privado, que desenvolve projetos de mineração em todo o mundo.
Após três anos de prospecção e uma negociação nebulosa com pessoas que se dizem donas da área, os garimpeiros estão impedidos de trabalhar nos antigos garimpos Grota Seca, Galo e Ouro Verde, que respectivamente seriam de propriedade de Henrique Pereira Gomes, e das pessoas conhecidas somente pelos prenomes de William e Gazio. Itatá, Curimã e Morro dos Araras fecham a constelação de garimpos da região, como outros rincões da Amazônia, marcada por uma realidade agrária caótica.
Conforme moradores da Vila, a retirada dos garimpeiros foi a condição para o pagamento da segunda parcela da negociação junto aos possíveis proprietários. A estimativa é que 50% dos moradores abandonaram o local, perto de mil pessoas. O mesmo ocorre na vizinha Ilha da Fazenda, que passou o ano sem energia elétrica gerada a motor de diesel, e já sofre com o abastecimento de água.
Cerca de 300 famílias ainda moram na Vila Ressaca, que tem parte do território definido como projeto de assentamento rural da reforma agrária. Além do garimpo os moradores possuem como ocupação a lavoura, pesca e o funcionalismo público. Seis mil pessoas chegaram a habitar o lugar durante a febre do ouro.
Prestes a receber a licença ambiental, tudo parece anuviado tanto na Vila de Ressaca, quanto na Ilha da Fazenda. Os moradores não sabem informar sobre reassentamento das famílias, e temem pela qualidade da água no presente e no futuro, por conta do desmatamento, do uso de resíduos tóxicos, assoreamento e barramento do Xingu, que deverá reduzir em até 80% a vazão do rio.
Os ribeirinhos também não sabem se existe algum programa de prevenção de acidentes. O futuro dos habitantes da Volta Grande é incerto. Os ciclos da fauna e flora serão brutalmente alterados, assim com a navegabilidade do rio.
Entre outros pontos nefrálgicos, defensores dos direitos humanos e ecologistas criticam que os estudos de impactos ambientalistas da mineradora não consideram os impactos cumulativos dos dois empreendimentos. Na mesma seara de critica encontram-se o Ministério Público Federal, Fundação Nacional do Índio (Funai), Defensoria Pública do Estado e ONG´s.
O licenciamento está suspenso pela Justiça Federal a pedido do MPF, que exige que as populações indígenas Juruna, Araras e isolados sejam ouvidas previamente. Paquiçamba e Arara são as reservas indígenas mais próximas do empreendimento.
Vila da Ressaca – Uma vila quase fantasma – Conforme dados do Estudo de Impacto Ambiental da Belo Sun, maranhenses representam 93% da população do município Senador José Porfirio, criado na década de 1960, e que desde os anos quarenta registra atividade de garimpo de ouro. As mineradoras Oca, CNN e Verona precederam a Belo Sun.
Os anos das décadas de 1960 e 1970 são considerados os gloriosos de ouro fácil. Antes do impedimento da atividade, cada garimpeiro conseguia faturar entre R$ 3 a 6 mil reais, informa José Raimundo Constantino, presidente da Cooperativa de Garimpeiros do Galo, Ressaca, Ouro Verde, Itatá e Fazenda (Coogrovif).
A placa da cooperativa informa que ela possui autorização de lavra concedida pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), de número 71 desde 2009. A desordem é a regra na fronteira. Nos garimpos da Ressaca não havia relação trabalhista entre os garimpeiros e os controladores dos locais de extração. Cada garimpeiro pagava 20% do que conseguia arrecadar. Além da precariedade trabalhista era comum o trabalho infantil, e uso do mercúrio e dinamite. Para não falar na situação de conflito que ocorreu com as populações indígenas.
A mineração em menor ou maior escala é indutora de passivos sociais e ambientais. Se os garimpeiros usam dinamite e mercúrio, as grandes corporações usam cianeto, dragas e dinamite. Tanto um quanto o outro provoca situações de conflito com as populações consideradas tradicionais, em particular indígenas.
Desabafos da Ressaca – no último sábado as casas de madeira apertavam as ruas estreitas da vila marcada por uma rotina de tranquilidade. O vai e vem comum nos dias de garimpo, com pessoas carregando combustível e motores deixou de existir. “As máquinas foram levadas para o Mato Grosso. Não temos como trabalhar”, informa Idelson de Sousa, um articulado jovem garimpeiro indignado com a situação de abandono. “Temos três vereadores, e ninguém nos defende”, arremata.
“A empresa sonega informação. Nos afronta e humilha. A gente não tem liberdade e estamos passando necessidade. Estamos que nem gado no curral” enfatiza Francisco Pereira Silva, conhecido como Piauí. Ele é a voz mais indignada na reunião da cooperativa. Há anos na atividade, ele esclarece que tem pai hoje na comunidade sem condição de comprar nem um lápis para o filho. “Não queremos nada. Apenas o nosso direito. É necessário que haja justiça em nosso país”, sublinha o garimpeiro.
Já Ideglan Cunha adverte que em Ressaca não há ladrão. Sim pobres dignos. E que não se pode sair de qualquer jeito do garimpo. Ele encerra defendendo que “a gente quer trabalhar, comer e que o direito de cada um seja respeitado”.
Mineração no Pará – Existe minério praticamente em todo o estado, – de seixo a ouro -, todavia, até o momento, Carajás tem se constituído como o principal polo exportador. O extrativismo mineral é o principal item da balança comercial do estado do Pará, chegando a contribuir com 90% do Produto Interno Bruto (PIB). O mesmo minério que pesa no PIB é responsável por uma renúncia fiscal de R$ 9 bilhões por ano por conta da Lei Kandir (lei complementar federal n.º 87, de 13 de setembro de 1996), que desonera as empresas em recolher o Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviço (ICMS) dos produtos primários e semielaborados. Dados do DNPM sinalizam que o setor faturou 100 bilhões de reais em 2012. Deste total o Pará responde por 23,3%, ficando atrás de Minas Gerais, que concentra 41,4% da produção.
A desoneração em R$9 bilhões se aproxima do orçamento total do estado para o ano de 2013, estimado em R$ 13 bilhões, assim explica a dissertação de mestrado em Direito de Victor Souza, defendida da Universidade Federal do Pará (UFPA). No cenário de corporações internacionais que exploram ou reivindicam licença para prospecção mineral junto ao DNPM em solo paraense, constam a suíça Xstrata, a estadunidense Alcoa, a francesa Ymeris, a Reinarda, subsidiária da australiana Troy Resourse, a norueguesa Norsk Hidro, a chilena Codelco, a canadense Belo Sun Mining Corp e a Vale, esta a de maior musculatura.
Ao longo dos anos a modalidade de política pública para a Amazônia baseada em grande empreendimento tem sido um indutor de desagregação econômica e social, que se manifesta a partir do rompimento de laços de solidariedade, vizinhança, formas de reprodução econômica, social e cultural de pescadores, indígenas, trabalhadores rurais, extrativistas e demais formas da sociodiversidade.
Os dois projetos, Belo Monte e Belo Sun fazem parte de um cenário que tem redefinido os territórios já estabelecidos na Pan-Amazônia, que colocam em flancos opostos grandes corporações de construtoras de barragens, mineradores, agronegócio e noutro as populações consideradas tradicionais, numa lógica secular marcada pela expropriação dos últimos.
A seca ressuscita os povos fantasmas da febre do ouro na Califórnia
A seca ressuscita os povos fantasmas da febre do ouro na Califórnia
Mormon Island, próximo a Sacramento, submergiu e atrai caçadores de vestígios de povos antigos
O povoado de Mormon Island, próximo a Sacramento. / ROBERT GALBRAITH (REUTERS)
Como se fosse um feitiço, a seca
persistente na qual a Califórnia atravessa fez submergir o esqueleto e
os restos de velhos fantasmas do passado. Os povos abandonados e
esquecidos de uma era que atraiu para a costa Oeste milhões de pessoas
ansiosas por encontrar um filão de ouro e ficar ricas da noite para o
dia acordaram de um sono profundo que durou séculos.
1849
foi o ano em que a febre do ano começou e a época na qual milhares de
pessoas se improvisaram para alojar os vários buscadores de ouro que,
atraídos por seu brilho, se aglomeraram no Estado Dourado. Em 1860, a
febre já estava muito menor e vinte anos mais tarde cessaria
definitivamente.
Foi nesse momento que os povos ficaram abandonados e, em muitos casos, o destino dessas pessoas sepultado pelas águas de lagos que saciavam a sede das crescentes necessidades de água da Califórnia à medida que o Estado crescia e ficava mais povoado.
O povo fantasma de Mormon Island, próximo a Sacramento, exemplifica esse pedaço dessa história que agora pode ser consultada nos vestígios que estão submergendo. Criado em meados do século XIX por uma comunidade de mórmons –daí o nome-, em sua época de esplendor chegou a ter 2500 habitantes. Depois de o povoado ser abandonado, com o fim da febre do ouro, conhecida em inglês pelo nome de gold rush, em 1955 ficou submerso pelas águas do Folsom Lake.
Durante 58 anos o povo mórmon foi apagado da face da terra até que, por ironia do destino, a seca o resgatou de novo. O lago baixou a mais de uma quinta parte de sua capacidade e os restos do velho povoado saíram à superfície para o regozijo dos muitos curiosos e caçadores de vestígios antigos que, desde que a boa nova correu de boca em boca, estão explorando o ocorrido.
Alguns chegam com apetrechos como detectores de metais para encontrar moedas, pregos, fechaduras das portas, anéis e outros objetos enterrados durante muito tempo pelas ruínas de pedras e pelos muros do assentamento fantasma. Para a Folson Lake Recreation Área, o assunto chegou a tal ponto que a superintendência se viu obrigada a proibir o uso destes aparelhos e a ameaçar com multas no caso de desobedecer aos avisos dos rangers que patrulham a zona.
“Como muitos dos povos inundados pelos lagos, as estruturas dos edifícios se desmontaram e as árvores foram cortadas para aclarar os obstáculos da superfície do lago, mas, mesmo assim, os muros do contorno podem ser apreciados e inclusive a estrutura de uma adega muito bem conservada e a rota de um velho canal de água”, explica a arqueóloga Jenifer Padgett.
Desde o ponto de vista arqueológico “estes vestígios são um tesouro já que ajudam a entender melhor como era a vida na Califórnia em meados do século XIX”, explica Padgett.
Os fantasmas do Texas e Utah
A Califórnia não é o único Estado onde os povos fantasmas, aliados com a seca, voltam a cobrar vida. O Texas e Utah também têm um passado que parecia esquecido para sempre.
Em Texas, as águas do diminuído Lake Buchanan deixaram chegar à superfície, em 2011, Bluffton, um povoado que permanecia submergido desde a criação do lago em 1937. O local aumenta a longa lista dos mais de 200 sítios arqueológicos neste Estado que a seca deixou descoberto, incluindo cemitérios, segundo dados do Texas Historical Comission’s.
Em Utah, muitas ruínas de assentamentos dos americanos aborígenes surgiram na última década, depois de o nível do Lago Powell, no Colorado, baixar a menos da metade. Inclusive pôde se recuperar a espetacular catarata Cathedral in de Desert que estava sepultada pelo gigantesco embalse construído em 1960.
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Foi nesse momento que os povos ficaram abandonados e, em muitos casos, o destino dessas pessoas sepultado pelas águas de lagos que saciavam a sede das crescentes necessidades de água da Califórnia à medida que o Estado crescia e ficava mais povoado.
O povo fantasma de Mormon Island, próximo a Sacramento, exemplifica esse pedaço dessa história que agora pode ser consultada nos vestígios que estão submergendo. Criado em meados do século XIX por uma comunidade de mórmons –daí o nome-, em sua época de esplendor chegou a ter 2500 habitantes. Depois de o povoado ser abandonado, com o fim da febre do ouro, conhecida em inglês pelo nome de gold rush, em 1955 ficou submerso pelas águas do Folsom Lake.
Durante 58 anos o povo mórmon foi apagado da face da terra até que, por ironia do destino, a seca o resgatou de novo. O lago baixou a mais de uma quinta parte de sua capacidade e os restos do velho povoado saíram à superfície para o regozijo dos muitos curiosos e caçadores de vestígios antigos que, desde que a boa nova correu de boca em boca, estão explorando o ocorrido.
Alguns chegam com apetrechos como detectores de metais para encontrar moedas, pregos, fechaduras das portas, anéis e outros objetos enterrados durante muito tempo pelas ruínas de pedras e pelos muros do assentamento fantasma. Para a Folson Lake Recreation Área, o assunto chegou a tal ponto que a superintendência se viu obrigada a proibir o uso destes aparelhos e a ameaçar com multas no caso de desobedecer aos avisos dos rangers que patrulham a zona.
“Como muitos dos povos inundados pelos lagos, as estruturas dos edifícios se desmontaram e as árvores foram cortadas para aclarar os obstáculos da superfície do lago, mas, mesmo assim, os muros do contorno podem ser apreciados e inclusive a estrutura de uma adega muito bem conservada e a rota de um velho canal de água”, explica a arqueóloga Jenifer Padgett.
Desde o ponto de vista arqueológico “estes vestígios são um tesouro já que ajudam a entender melhor como era a vida na Califórnia em meados do século XIX”, explica Padgett.
Os fantasmas do Texas e Utah
A Califórnia não é o único Estado onde os povos fantasmas, aliados com a seca, voltam a cobrar vida. O Texas e Utah também têm um passado que parecia esquecido para sempre.
Em Texas, as águas do diminuído Lake Buchanan deixaram chegar à superfície, em 2011, Bluffton, um povoado que permanecia submergido desde a criação do lago em 1937. O local aumenta a longa lista dos mais de 200 sítios arqueológicos neste Estado que a seca deixou descoberto, incluindo cemitérios, segundo dados do Texas Historical Comission’s.
Em Utah, muitas ruínas de assentamentos dos americanos aborígenes surgiram na última década, depois de o nível do Lago Powell, no Colorado, baixar a menos da metade. Inclusive pôde se recuperar a espetacular catarata Cathedral in de Desert que estava sepultada pelo gigantesco embalse construído em 1960.
Nova febre do ouro arrasa 1.300 km2 de selva na América do Sul
Nova febre do ouro arrasa 1.300 km2 de selva na América do Sul
Demanda crescente pelo metal como refúgio dos milionários acelera o desmatamento
Maquinário pesado em uma mina de ouro junto ao rio Araza (Peru). / Nora Álvarez
A porto-riquenha Nora Álvarez
relembra o dia de julho de 2014, quando cruzou Guacamayo, uma das
maiores minas de ouro ilegais do mundo, montada em uma motocicleta. “Foi
horrível. No lugar da floresta virgem, havia um deserto de areia
branca”, recorda. Foram 15 quilômetros de perigosa travessia por uma
paisagem apocalíptica de dunas encravada em matas centenárias, com
árvores de até 30 metros de altura.
Guacamayo está localizada na Amazônia peruana,
em Madre de Dios, região apelidada com ironia “Desmadre de Dios” por
alguns de seus habitantes. Já em 2010, documentos do Governo peruano
calculavam que 12.000 garimpeiros, um terço deles ilegais e muitos
violentos, procuravam ouro no local com a ajuda de bulldozers. Madre de
Dios é um dos epicentros da nova febre do ouro mundial
que se tornou uma “ameaça para as matas tropicais”, segundo Álvarez,
pesquisadora em ciências ambientais da Universidade de Porto Rico.
A mineração do ouro arrasou 1.300 quilômetros quadrados de selva do início da crise econômica em 2007, calcula a cientista porto-riquenha com base em imagens de satélite. É uma superfície equivalente a mais de duas vezes a cidade de Madri. O estudo, publicado hoje na revista Environmental Research Letters, detectou quatro pontos críticos onde se concentra 90% do desmatamento: a floresta úmida das Guianas, distribuída pelo Suriname, Guiana, Guiana Francesa e Venezuela (41%),o sudoeste da selva amazônica no Peru (28%), a região amazônica brasileira entre os rios Tapajós e Xingu (11%) e a floresta úmida de Magdalena-Urabá na Colômbia (9%).
“Atualmente, o garimpo de ouro é uma das principais causas de desmatamento em algumas das matas tropicais mais importantes da América do Sul”, denuncia Álvarez. Seu trabalho mostra que a destruição disparou desde o início da crise. Antes, entre 2001 e 2006, o desmatamento por causa do ouro afetou apenas 377 quilômetros quadrados.
A pesquisadora aponta os culpados dessa nova febre do ouro: o aumento das vendas de joias, sobretudo na China e na Índia, e a crise econômica, que tem levado os multimilionários a investirem no metal amarelo como garantia. Essa maior demanda pelo ouro multiplicou seu preço. Em 2000, a onça de ouro, 31 gramas, valia 250 dólares. Em 2013, chegou a 1.300 dólares.
A quintuplicação do preço do ouro tornou rentável sua extração do subsolo das florestas virgens mais remotas, explica Álvarez. “O departamento peruano de Madre de Dios, uma das áreas de maior riqueza biológica da Terra, perdeu 400 quilômetros quadrados de matas entre 1999 e 2012 devido ao garimpo”, adverte seu estudo. Ali, “um hectare de selva pode abrigar 300 espécies de árvores”, afirma Álvarez.
Madre de Dios, com 575 espécies de aves e batizada “a capital da biodiversidade do Peru” pelas autoridades, também deixou de ser uma zona remota, graças à chegada da nova Rodovia Interoceânica, que conecta com o Brasil. “A construção desta importante via porá fim ao isolamento em que se encontra a região de Madre de Dios, esquecida há tanto tempo”, afirma o Ministério dos Transportes peruano.
Álvarez alerta que um terço do desmatamento motivado pelo ouro na América do Sul ocorre a menos de 10 quilômetros de áreas protegidas – como os parques nacionais Rio Novo (Brasil) e Bahuaja Sonene (Peru) – , contaminando-as com o mercúrio empregado para extrair o metal da rocha. Essa contaminação também afeta a saúde da população. Em Madre de Dios, um estudo da pesquisadora Katy Ashe, da Universidade de Stanford (EUA), detectou em 2012 elevados níveis de mercúrio em pessoas que viviam a centenas de quilômetros das minas.
“Não queria dar a impressão de estar demonizando os garimpeiros. Muitos garimpeiros independentes que conheci, artesanais ou de pequena escala, estão dispostos a trabalhar com um garimpo responsável dos pontos de vista ambiental e social”, ressalta a ambientalista porto-riquenha, que assina o estudo com seu colega Mitchell Aide.
Além disso, Álvarez recorda que, apesar dos altos custos ambientais, a mineração do ouro é importante para as economias de alguns países sul-americanos. Na Colômbia, o setor gera 140.000 postos de trabalho, segundo o Centro de Estudos e Documentação Latino-americanos, com sede em Amsterdã (Países Baixos). No Suriname, 60.000 pessoas vivem do ouro.
“Para reduzir o desmatamento decorrente da extração de ouro em matas tropicais, é importante que os consumidores estejam conscientes dos impactos ambientais e sociais de comprar joias de ouro ou investir em ouro”, afirma Álvarez.
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A mineração do ouro arrasou 1.300 quilômetros quadrados de selva do início da crise econômica em 2007, calcula a cientista porto-riquenha com base em imagens de satélite. É uma superfície equivalente a mais de duas vezes a cidade de Madri. O estudo, publicado hoje na revista Environmental Research Letters, detectou quatro pontos críticos onde se concentra 90% do desmatamento: a floresta úmida das Guianas, distribuída pelo Suriname, Guiana, Guiana Francesa e Venezuela (41%),o sudoeste da selva amazônica no Peru (28%), a região amazônica brasileira entre os rios Tapajós e Xingu (11%) e a floresta úmida de Magdalena-Urabá na Colômbia (9%).
“Atualmente, o garimpo de ouro é uma das principais causas de desmatamento em algumas das matas tropicais mais importantes da América do Sul”, denuncia Álvarez. Seu trabalho mostra que a destruição disparou desde o início da crise. Antes, entre 2001 e 2006, o desmatamento por causa do ouro afetou apenas 377 quilômetros quadrados.
A pesquisadora aponta os culpados dessa nova febre do ouro: o aumento das vendas de joias, sobretudo na China e na Índia, e a crise econômica, que tem levado os multimilionários a investirem no metal amarelo como garantia. Essa maior demanda pelo ouro multiplicou seu preço. Em 2000, a onça de ouro, 31 gramas, valia 250 dólares. Em 2013, chegou a 1.300 dólares.
A quintuplicação do preço do ouro tornou rentável sua extração do subsolo das florestas virgens mais remotas, explica Álvarez. “O departamento peruano de Madre de Dios, uma das áreas de maior riqueza biológica da Terra, perdeu 400 quilômetros quadrados de matas entre 1999 e 2012 devido ao garimpo”, adverte seu estudo. Ali, “um hectare de selva pode abrigar 300 espécies de árvores”, afirma Álvarez.
Madre de Dios, com 575 espécies de aves e batizada “a capital da biodiversidade do Peru” pelas autoridades, também deixou de ser uma zona remota, graças à chegada da nova Rodovia Interoceânica, que conecta com o Brasil. “A construção desta importante via porá fim ao isolamento em que se encontra a região de Madre de Dios, esquecida há tanto tempo”, afirma o Ministério dos Transportes peruano.
Álvarez alerta que um terço do desmatamento motivado pelo ouro na América do Sul ocorre a menos de 10 quilômetros de áreas protegidas – como os parques nacionais Rio Novo (Brasil) e Bahuaja Sonene (Peru) – , contaminando-as com o mercúrio empregado para extrair o metal da rocha. Essa contaminação também afeta a saúde da população. Em Madre de Dios, um estudo da pesquisadora Katy Ashe, da Universidade de Stanford (EUA), detectou em 2012 elevados níveis de mercúrio em pessoas que viviam a centenas de quilômetros das minas.
“Não queria dar a impressão de estar demonizando os garimpeiros. Muitos garimpeiros independentes que conheci, artesanais ou de pequena escala, estão dispostos a trabalhar com um garimpo responsável dos pontos de vista ambiental e social”, ressalta a ambientalista porto-riquenha, que assina o estudo com seu colega Mitchell Aide.
Além disso, Álvarez recorda que, apesar dos altos custos ambientais, a mineração do ouro é importante para as economias de alguns países sul-americanos. Na Colômbia, o setor gera 140.000 postos de trabalho, segundo o Centro de Estudos e Documentação Latino-americanos, com sede em Amsterdã (Países Baixos). No Suriname, 60.000 pessoas vivem do ouro.
“Para reduzir o desmatamento decorrente da extração de ouro em matas tropicais, é importante que os consumidores estejam conscientes dos impactos ambientais e sociais de comprar joias de ouro ou investir em ouro”, afirma Álvarez.
Febre do ouro acelera desmatamento na América do Sul, afirma estudo
Febre do ouro acelera desmatamento na América do Sul, afirma estudo
Em 12 anos, 1.680 km² de florestas foram derrubados para mineração.
Brasil está entre as regiões mais afetadas, de acordo com os cientistas.
"A febre do ouro mundial conduziu a um aumento significativo do desflorestamento das selvas tropicais na América do Sul", escrevem os autores.
Entre 2001 e 2013, pelo menos 1.680 km² de florestas tropicais foram derrubados para a exploração das minas de ouro, relatam os especialistas. Isso representa uma pequena parte dos milhões de quilômetros quadrados de floresta tropical de todo o planeta, mas a riqueza biológica das áreas exploradas pelos garimpeiros é excepcional.
"Embora a perda das florestas, devido à exploração das minas, seja menos importante do que o desmatamento causado pela agricultura, ele acontece nas regiões tropicais com a biodiversidade mais rica", destaca Nora Alvarez-Berrios, uma das autoras do estudo.
Suriname, Guiana Francesa, Brasil e Colômbia
é o mais afetado (Foto: AFP)
Na região de Madres de Dios, no Peru, por exemplo, um hectare de selva pode conter "até 300 espécies de árvores", explica a pesquisadora da Universidade de Porto Rico. O agravante é que 90% da destruição detectada desde 2001 ocorre em apenas quatro regiões que fazem ecossistemas e, com frequência, perto de zonas protegidas.
As regiões mais afetadas são os trechos compartilhados entre Guiana, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa, Brasil, Colômbia, sudoeste amazônico (Peru, Bolívia, Brasil), região Tapajós-Xingu (Brasil) e região do vale Magdalena-Uraba, no norte da Colômbia.
Embora os espaços protegidos pareçam, em geral, em bom estado, os autores do estudo estimam que um terço do desflorestamento aconteceu a menos de 10 km dessas zonas, que estão expostas à contaminação química.
Em função da alta demanda, a produção mundial de ouro passou de 2.445 toneladas, em 2000, para 2.770 toneladas, em 2013.
O preço do ouro também registrou fortes altas nos últimos anos, de US$ 250 a US$ 1.300 a onça (28,3 gramas), entre 2000 e 2013. Isso contribuiu para a abertura de novas minas no mundo inteiro, incluindo em plena selva, em áreas de difícil acesso.
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A pequena cidade de Juína, no Mato Grosso, viu desde a década de 1990 o movimento em torno de seu subsolo ganhar tamanho e relevância, graça...