quarta-feira, 15 de julho de 2015

Projeto de ouro da Cleveland em GO tem recursos iniciais para 67 mil onças


A Cleveland Mining atualizou os recursos inferidos iniciais na mina de Lavra, que faz parte do projeto de ouro O Capitão, em Crixás (GO). Segundo a companhia australiana, a mineração inicial experimental será realizada em uma área com mineralização de alto teor de ouro, com recursos inferidos de 418 mil toneladas de minério com teor de 5 gramas por tonelada, para a produção de 67 mil onças de ouro.

Os Garrinchas de Serra Pelada-Eles ficaram milionários ao tirar ouro da mina

Os Garrinchas de Serra Pelada

Eles ficaram milionários ao tirar ouro da mina, mas esbanjaram com mulheres, carros e bebida - e hoje vivem na miséria

Depois de receber uma bolada em dinheiro, Índio fretou um avião da falida Transbrasil para encontrar uma namorada no Rio e passou dois meses hospedado no Copacabana Palace. Hoje, vive da aposentadoria de R$ 515 da atual mulher, sua 14ª companheira. Com Zé Sobrinho aconteceu algo parecido. Com os milhões que ganhou no trabalho, promoveu festas onde não faltavam bebidas importadas e mulheres bonitas. Aos 70 anos, dá expediente numa cooperativa para pagar as contas. As trajetórias de Índio e Zé Sobrinho lembram a história de muitos jogadores de futebol, como Garrincha, o gênio de pernas tortas que conquistou duas Copas do Mundo. Nascidos em famílias pobres, ficaram milionários da noite para o dia, não souberam administrar suas fortunas e agora vivem à beira da miséria. A diferença é que os dois não enriqueceram jogando bola, mas garimpando ouro em Serra Pelada na década de 1980. “Não gosto de falar dessa história”, disse Índio ao iG em sua casa de madeira e sem rede de esgoto no povoado que reúne cerca de 6 mil pessoas, a 55 quilômetros de Curionópolis (PA). “Às vezes parece até que foi um sonho”.

Em casa com a mulher, Índio vive uma nova realidade: depois de tirar mais de uma tonelada de ouro de Serra Pelada, o garimpeiro fretou um avião para ir ao Rio de Janeiro
A história de José Mariano dos Santos, o Índio, cuja mãe ascendia a tribos locais, ganhou contornos de lenda em Serra Pelada. Nascido em 1953 em Penalva, município a 250 quilômetros de São Luís do Maranhão, largou a escola para ajudar a pagar as contas de casa. Trabalhava numa oficina de motosserras no município paraense de Jacundá quando ouviu falar de Serra Pelada pela primeira vez. Não pensou duas vezes e, aos 27 anos, resolveu tentar a sorte na mina de ouro. Durante os dois primeiros anos só conseguiu o suficiente para sua subsistência. Não imaginava o que estava por vir. Entre 1982 e 1986, Índio “bamburrou” (enriqueceu, na gíria dos garimpeiros) ao garimpar 1.183 quilos de ouro – R$ 81,5 milhões em valores atualizados. Com os descontos de impostos e pagamentos de empregados, sócios e fornecedores, ficou com um lucro de 411 quilos (cerca de R$ 28 milhões). “Com esse dinheiro o cabra analfabeto quer ir logo atrás de mulher, boate e carro novo”, contou.


Em Belém, capital do Pará, Índio tentou comprar uma passagem de avião para ir ao Rio encontrar uma mulher por quem se apaixonara. Vestido de garimpeiro (camiseta, bermuda e chinelos), foi menosprezado por uma balconista da antiga Transbrasil. Quando ela foi atender um cliente engravatado que pedia informações sobre o mesmo voo, Índio não se conteve. Começou a gritar que não queria comprar uma passagem, mas fretar um avião. Com a confusão armada, o garimpeiro foi chamado pelo gerente da companhia para conversar. Ali, soube que poderia fretar o avião, mas que isso custaria muito caro. “Disse que não queria saber o preço, só quando o avião decolaria”, disse Índio. Logo ele embarcaria para o Rio acompanhado do piloto, co-piloto e uma comissária de bordo. E só. O arroubo de novo rico custou o equivalente a quase cinco quilos de ouro, ou R$ 345 mil em valores atualizados. No auge de Serra Pelada, Índio guardava sua fortuna em sacos de dinheiro escondidos em guarda-roupas, tinha 13 casas em sua maioria em Belém e Serra Pelada e 11 carros zero quilômetro na garagem. Mas a gastança desenfreada fez com que o sonho virasse um pesadelo. Índio vive com Raimunda, a 14ª mulher, com quem está casado há oito anos. Não tem renda e suas contas são pagas com a aposentadoria da mulher, de R$ 515. Até para comprar a carteira de cigarro de R$ 2 o garimpeiro precisa pedir dinheiro emprestado. Boa parte da comida que vai à mesa vem do quintal de casa, onde eles criam galinhas, cultivam um pomar e uma pequena horta. Aos 57 anos, Índio voltou a estudar e sonha em fazer faculdade – Geologia ou Direito estão entre suas opções. “Se pudesse, faria tudo diferente”, disse ele. “Nunca achei que fosse envelhecer ou que o ouro fosse acabar."
“Aproveitei a vida”

o garimpeiro Zé Sobrinho com uma foto dos tempos áureos de Serra Pelada: responsável por tirar quase uma tonelada de ouro da mina
Entre os moradores de Serra Pelada não é difícil encontrar exemplos de garimpeiros que tiveram história de ascensão e queda como a de Índio. No auge do garimpo, quando cerca de 100 mil pessoas exploravam a mina artesanalmente e carregavam nas costas sacos de lama de até 35 quilos, transformando a cava num verdadeiro formigueiro humano, estima-se que foram extraídas 42 toneladas de ouro da região. Os feitos dos garimpeiros eram contados ao final do dia na principal avenida do vilarejo, ao pé de uma árvore que ficou conhecida como “Pau da Mentira“. O apelido tem fundamento. Apesar do volume expressivo, poucos ficaram ricos com o ouro de Serra Pelada. Os moradores costumam repetir que apenas 1% dos que exploraram a mina encontraram ouro em grande quantidade. Destes, apenas 10 enriqueceram de fato. O restante “blefou” – ou perdeu tudo, na gíria dos garimpeiros. José Sobrinho da Silva, 70 anos, é um dos “blefados”. Natural de Barra de São Francisco, no Espírito Santo, chegou a Serra Pelada em 1980 e encontrou milhares de homens cavando a terra em busca de riqueza. Logo seria recompensado: tirou quase uma tonelada de ouro da mina e estima que tenha ficado com 50% desse valor. “A primeira coisa que garimpeiro faz quando ganha dinheiro é investir no ‘banco rachado’ (mulheres, na gíria local)”, disse ao iG. Zé Sobrinho gostava de beber e promovia festas de arromba para os amigos e familiares. Em meio a bebedeiras, ficava generoso. “Dei um carro semi-novo para um amigo só porque tinha raspado a lateral”, afirmou. O resto do dinheiro ele reinvestiu na mina. No auge do garimpo teve 27 barrancos (área em que se explorava o ouro) e mais de 100 funcionários. O sonho de encontrar mais ouro acabou em 1992, com o fechamento da mina pelo então presidente Fernando Collor.
Dá época áurea, restou apenas uma coleção de fotos amareladas guardadas num envelope. Em uma delas, Zé Sobrinho posa com 12 quilos de ouro em uma bateia - espécie de peneira sem furo. Hoje, trabalha como vice-presidente da Coomigasp, a cooperativa que se associou à mineradora canadense Colossus para retomar a exploração de Serra Pelada, e tem renda de R$ 5 mil. Apesar disso, vive com a família numa casa modesta, feita de madeira, em Serra Pelada. O garimpeiro está animado com a mecanização. Primeiro, por causa dos empregos que serão gerados na região. E depois por causa dos lucros gerados pelo ouro – a jazida comprovada está avaliada em R$ 2,3 bilhões. Ele sabe que nenhum garimpeiro vai “bamburrar”, mas acredita que o lucro do negócio vai gerar uma renda para os moradores da região. “Perdi tudo o que tinha, mas aproveitei a vida”, disse Zé Sobrinho. “Não adianta nada ter uma tonelada de ouro guardada no banco”.

Serra Pelada foi o maior garimpo a céu aberto nos anos 80

Serra Pelada foi o maior garimpo a céu aberto nos anos 80

Região do sul do Pará recebeu mais de 100 mil mineradores, que extraíram mais de 42 toneladas de ouro em uma década

A mineração em Serra Pelada, no sul do Pará, começou no início da década de 80. Com promessas de enriquecimento fácil por meio da extração de ouro, a área foi invadida por milhares de pessoas e rapidamente o local se tornou o maior garimpo a céu aberto do mundo.
O garimpo teve seu auge em 1983. Só naquele ano foram retiradas 14 toneladas de ouro do local, segundo registros oficiais. Na época, 100 mil homens escavavam a cratera aberta à mão no sudeste do Pará para "bamburrar" – ou enriquecer, na gíria dos garimpeiros.

 
O "formigueiro humano": na década de 1980, auge de Serra Pelada, mais de 100 mil homens trabalharam para retirar 42 toneladas da mina
Existem muitas lendas em torno da descoberta do ouro em Serra Pelada. A mais aceita diz que um homem chamado Genésio Ferreira da Silva, antigo dono das terras da região, teria encontrado ouro ao cavar um buraco para fazer uma cerca no final da década de 70. A notícia se espalhou com a velocidade de um raio e em pouco tempo milhares de homens chegariam a Serra Pelada em busca de ouro.

Para tentar organizar o caos, o governo federal enviou para a região um coronel que havia combatido a guerrilha do Araguaia. Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido como coronel Curió , encontrou mais de 40 mil homens garimpando quando chegou ao local. "Para controlar a situação, proibi a entrada de mulheres, bebidas alcoólicas e o uso ostensivo de armas", diz Curió  O apelido do coronel Curió foi usado para dar nome à cidade de Curionópolis, que surgiu na região da Serra Pelada no início da mineração. Como crianças, mulheres e bebidas eram proibidos no garimpo, eles ficaram no caminho e acabaram dando origem à cidade, que atualmente tem cerca de 17 mil habitantes.
Após o auge na década de 80, a produção em Serra Pelada declinou e menos de 250 quilos de ouro foram extraídos em 1990. Em 1992, a mina foi desativada oficialmente com um decreto do ex-presidente Fernando Collor. O buraco que se formou com a exploração tem o formato de um feijão, 180 metros de profundidade e está cheio de água desde que o garimpo foi fechado.

Beiradeiros da Volta Grande: o aventureiro

Beiradeiros da Volta Grande: o aventureiro
Pelo que Marcela vai contando durante a viagem pelo rio, o desafio de seu trabalho é grande. Ficar preso à terra não faz parte dos sonhos de nenhum beiradeiro. A maioria ali conheceu e viveu o garimpo, mudou de fonte de renda conforme a força do vento (ouro, seringa, castanha, caça, pesca, construção) e não está habituada a ficar tão presa a mesma atividade, ao seu ritmo lento. Embora acumule muitos saberes e não levem uma vida nada fácil, os ribeirinhos nunca viram as suas terras como os agricultores tradicionais.
Seu Jessé Oliveira Aranha, de 46 anos, é um exemplo dessa dificuldade. Ele está na Ressaca desde 2012, quando foi realocado. Sua casa anterior foi largada para trás devido às obras da UHE Belo Monte. Quando nasci, já tinha muito ouro em Itatá. Era bravo explorar na época, assisti a morte de muitos índios e cristãos, conta ele enquanto senta na rede e sua esposa me traz um bolo macio de mandioca, perfeito para acompanhar o café. Seu Jessé acaba de voltar de Belém, onde passou por uma retirada cirúrgica de um tumor na cabeça e sessões de quimioterapia. Minha vida foi garimpo,só estudei até a terceira série… Hoje é diferente, meus filhos estão estudando. Tem uma certa dificuldade em contá-los…Tenho aqui quatro filhos e uma neta, mas tem mais três filhas em Altamira… Acho que é isso.
O rio Xingu, cenário da viagem (Norte Energia/ Divulgação)
O rio Xingu, cenário da viagem (Norte Energia/ Divulgação)
Ele terá de se mudar novamente devido às obras de uma mineradora. Mas suas terras para plantio não são ali, estão mais adiante. Marcela tenta falar das mudas de cacau, estavam enviveiradas, já foram plantadas? Não todas, ele diz, pedi a meu irmão que visse isso pra mim, completa, e o olhar volta-se para mim e para o chão, alternadamente: Isso aqui é tudo ouro embaixo, diz com os olhos brilhando.Mas larguei o garimpo em 97, agora não pode mais, lamenta-se. Olha de novo para Marcela e atira: eu queria que meu irmão cuidasse disso pra mim (referindo-se ao cacau). Volta ao garimpo: em 97 eu parei porque um túnel em que a gente estava desabou com quatro homens dentro… um estava ao lado, já ia entrar e, de repente.. Só meu irmão se salvou, os outros três morreram… Fiquei impressionado, sei lá, larguei o garimpo. E os olhos brilham de novo: mas conheço dois que ganharam muito e se garantiram, conseguiam segurar o ouro que garimpavam.. E, na seqüência, emenda: agora já tem cacau, queria criar novilhos. E olha para Marcela: acho que os vizinhos tão pegando o cacau lá, eu não posso ir, se meu irmão não for eles pegam, né?
Pergunto sobre Belo Monte. Ele não vê muita diferença, acha que é o progresso chegando. Diz que a água está um pouco diferente, não sobe nem desce em demasia. Preocupa-se com a piracema, com os peixes que vão para as águas rasas desovar.Especialmente o curimatá, é tão bonito ver aquilo.Vamos ver como vai ficar. Acha que a agricultura, com essa assessoria técnica, vai tirar a terra da penúria, especialmente pelo cacau. Só faz ressalvas ao transporte para as escolas. A Norte Energia pôs escola pra índio lá longe daqui, por ser índio, né? Nossos filhos pegam barco ou voadeira pra ir estudar. E sobre a mineradora que vai se instalar na região, notei um centro de capacitação profissional na ilha. Ele vai aproveitar? Eu quero que minha filha vá lá e aprenda algo. Mas não é para garimpar, não podemos mais. Se fosse…
Eu o olho na rede esticado, se recuperando da doença grave que teve, e pergunto se voltaria para o garimpo, se fosse possível, mesmo depois do trauma de 97. Ele negaceia, não diz que não ou que sim. Pergunto para pensar no que lhe sobrou de anos de garimpo. Pensando bem, avaliando… Sobrou só eu mesmo! E gargalha. Depois abre um sorriso de quem conhece algo que eu não sei, e completa: e minha experiência, né? A vida que tive. Insisto na possível volta. Os índios têm garimpo, eles podem fazer isso nas terras deles. Armados, não deixam ninguém entrar. Mandei falar com M… (o indígena responsável pelo garimpo que ele afirma conhecer), se ele precisar de investimento, sondagem, eu entrava de parceiro… E ri largamente, sabendo que eles não irão querer sócios.
Na despedida, me deixa um sorriso enviesado, de quem se senta na mesa de jogo e mostra o gosto de correr o risco. Fico com a sensação de que, em silêncio, Seu Jessé diz que sua vida valeu a pena – e que jamais poderia ser de outra forma.

A Vale vai mesmo diminuir a produção de minério de ferro?

A Vale vai mesmo diminuir a produção de minério de ferro?




O mercado reagiu positivamente, ontem, ao anúncio do corte de 25 milhões de toneladas na produção da Vale e as ações da mineradora subiram mais de 8%. A repercussão deste corte atravessou o globo e foi parar na Austrália, onde existe uma guerra surda contra o minério de ferro brasileiro: a grande ameaça à economia e aos empregos do país.

Parece-nos que o mercado não entendeu, exatamente, a estratégia da Vale.

Na realidade a mineradora não está pensando em cortar a produção para, com isso, arrefecer a queda do preço do minério de ferro.

O que a Vale está verdadeiramente fazendo é aumentar a qualidade do produto exportado e, consequentemente, a sua margem de lucro. É mais uma estratégia de tornar os seus produtos mais competitivos em um mercado altamente seletivo.

As 25 milhões de toneladas que deixarão de ser produzidas correspondem ao minério de mais baixa qualidade que é vendido a preços inferiores a clientes cada vez mais exigentes. Este minério da Vale, até certo ponto, dava sustentação aos australianos de baixo teor.

Sem o minério de baixo teor da Vale no mercado os australianos terão que competir com verdadeiros “blockbusters” como o Brazilian Blend ( 63% Fe) ou o minério do S11D, cuja produção se aproxima, que terá teores médios ainda maiores.

É um cheque à rainha dado pela Vale.

Os australianos não conseguirão competir com a qualidade e só terão o custo final, como boia de salvação. Mas, infelizmente para eles, a vantagem do custo está com os dias contados.

Tudo leva a crer que o minério de qualidade imbatível do S11D terá, também, um custo operacional baixíssimo o que vai colocar a Vale no topo da pirâmide do minério de ferro e muitas minas australianas, com baixo teor e qualidade, no sal...

É neste cenário que a Vale pensa crescer e é esse cenário que tira o sono dos grandes produtores australianos.

A empresa não pretende diminuir a produção, mas sim substituir um minério de baixa qualidade por outro de altíssima qualidade, aumentando a margem e atingindo em 2018 a marca de 450 milhões de toneladas.