quinta-feira, 30 de julho de 2015

Dinheiro não cresce em árvores, mas cientistas encontram ouro em eucaliptos

Dinheiro não cresce em árvores, mas cientistas encontram ouro em eucaliptos

O site Nature e outras fontes internacionais apontam que pesquisadores encontraram ouro em eucaliptos localizados em Goldfields-Esperance, região oeste da Austrália. O lugar ganhou esse nome exatamente por ter seu solo rico em metais, especialmente ouro e níquel. O único problema é que sempre foi muito difícil encontrar e extrair esses metais.
Então, uma equipe de cientistas resolveu procurar pelas preciosidades em um lugar inusitado: as árvores. Os eucaliptos presentes na região são conhecidos por sua resistência e raízes incrivelmente grandes, que chegam a alcançar camadas muito profundas do solo em busca de água para garantir sua sobrevivência. Curiosamente, foi nas partes mais inexploradas do solo que os pesquisadores localizaram o ouro.

Árvores que valem ouro

O que levou os pesquisadores a examinar as árvores foi justamente o rumor de que o brilho presente nas folhas dos eucaliptos viria dos depósitos subterrâneos. Ao analisar as folhas, logicamente os cientistas encontraram traços do metal precioso.
Aparentemente, as raízes das árvores crescem cerca de 10 andares no solo e absorvem as partículas de ouro dos depósitos. Para confirmar essa teoria, os pesquisadores utilizaram uma estufa para cultivar eucaliptos em um solo misturado com ouro e comprovaram a presença do metal nas folhas das amostras.

“O ouro provavelmente é tóxico para as plantas, por isso é transportado para as extremidades (como as folhas) ou em outras áreas dentro de células para reduzir os danos de uma reação bioquímica”, aponta o Nature. De qualquer maneira, essa é a primeira evidência de ouro em partículas presentes no tecido biológico vivo de uma espécie natural.
Mas se engana quem pensa que a derrubada das árvores para extração do ouro pode ser um negócio lucrativo. Cada eucalipto contém uma quantidade ínfima do metal – 46 partes por milhão, conforme os cálculos dos pesquisadores. Porém, as árvores podem facilmente ser usadas para descobrir a exata localização dos principais depósitos, já que se estima que a região tenha cerca de 30% das reservas de ouro do mundo.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Garimpando na areia da praia

Garimpando na areia da praia

Quando entra a frente fria, pescadores ficam atentos ao que o mar traz: dependendo da sorte, encontra-se um bom “tesouro”

Na última quarta-feira, parte da areia na praia de Matinhos, no Litoral do Paraná, amanheceu coberta por sujeira. Entre um volume grande de algas, também era possível encontrar uma porção de objetos como óculos, relógios, pulseiras, correntes, bermudas e até uma dentadura. Tudo trazido pelo mar.
Enquanto o fenômeno espantava alguns veranistas, para os pescadores aquilo não era novidade. O cisco (como eles chamam os detritos trazidos pelo mar) aparece na praia sempre que entra uma frente fria. “Quando bate o vento sul e o tempo está para mudar, o mar traz tudo o que encontra para a areia da praia”, explica o pescador Gerson Crisanto, 46 anos, que também é pai do surfista Peterson Crisanto, vice-campeão mundial sub-16 e que participa do WQS. Mais conhecido pelo apelido de Gugo, o pescador volta e meia aprecia garimpar o cisco na areia, pois sabe muito bem que no meio daquelas coisas que não valem nada pode haver um tesouro a ser descoberto.
Entre os objetos que Gugo já recolheu do cisco e guarda estão várias moedas antigas, da década de 30 e 40. Uma delas é praticamente uma preciosidade: um patacão de prata de 100 réis do período imperial, de 1883.
“O pessoal diz que eu conseguiria um bom dinheiro vendendo minhas moedas para colecionadores de Curitiba, mas eu não tenho o mínimo interesse”, conta Gugo, que se diz um aficcionado por coisas antigas. Até mesmo objetos aparentemente sem valor – como inúmeros óculos quebrados e já cheios de cracas, todos trazidos pelo mar – ele faz questão de guardar. “Para mim tudo tem o seu valor. Tanto que montei até uma espécie de museu em casa, junto com outras coisas antigas que adquiro e os troféus de surfe do meu filho. Se um dia eu faltar, isso fica de lembrança para minhas crianças.”
Sorte
Quem perguntar na colônia de pescadores de Matinhos quem é o pescador mais sortudo para achar coisas no cisco fica sabendo este sujeito é Orlando Gonçalves da Silva, 42 anos, o Feijão. Além de pegar camarão todos os dias no mar, a renda de Feijão volta e meia é reforçada pelo que encontra na areia da praia. “Ano passado vendi seis relógios e 40 óculos que achei no cisco”, conta.
Mas sorte mesmo Feijão teve há oito anos, quando encontrou R$ 800 na areia. “As notas estavam todas espalhadas pelo cisco”, lembra. Em anos mais recentes, o pescador diz ter encotrado R$170 e R$ 80, valores que deram uma força no sustento da mulher e de três filhos.
Os presentes trazidos pelo mar ajudam, mas não garantem uma renda estável, lembra ele. “Já vi uma reportagem sobre um cara no Rio de Janeiro que vivia de recolher o lixo na praia. Mas aqui não tem disso”, lembra Feijão, que nunca deixa de sair de sol a sol para buscar seus camarões. “Ainda mais agora, que até os veranistas passaram a catar o cisco. Antes sobrava mais para os pescadores.”

Garimpo no Brasil – impactos sociais e ambientais -

Garimpo no Brasil – impactos sociais e ambientais -


O garimpo, autorizado pela Constituição Federal, é uma atividade cheia de paradoxos e contradições: contribuiu para a expansão territorial do país, mas às custas da destruição de comunidades indígenas. Hoje, ela ajuda no equilíbrio da balança comercial brasileira, ao mesmo tempo em que danifica o meio ambiente. Também mantém potencial simultâneo para enriquecer e adoecer os garimpeiros. A reportagem especial desta semana traça o panorama atual do garimpo no brasil. Ao longo da semana, você vai conhecer as ações do Parlamento e do Executivo em prol de garimpos legais e ambientalmente sustentáveis. A segunda matéria sobre o garimpo no brasil detalha um pouco mais os impactos sociais e ambientais dessa atividade polêmica, mas rentável.
TEXTO
O que leva homens a abandonar a família e a vida urbana para se embrenhar em garimpos à beira de rio ou dentro de crateras de rocha, quase sempre em condições subumanas? A resposta está na ponta da língua de qualquer garimpeiro espalhado por esse país continental.

"O sonho do garimpeiro é bamburrar, ficar rico. Achar um filão com muito ouro, uma pedra muito grandona de ouro".
A atividade garimpeira é cheia de contradições: contribuiu para a expansão territorial do país na época do Brasil colônia, mas às custas da destruição de várias comunidades indígenas; ajuda o equilíbrio da balança comercial brasileira, ao mesmo tempo em que danifica o meio ambiente; e tem potencial para enriquecer e adoecer os garimpeiros, só para citar alguns desses paradoxos. Defensores da atividade costumam afirmar que, apesar de reconhecidos pela Constituição federal, os garimpeiros são "satanizados ambientalmente, injustiçados socialmente e penalizados tributariamente". Presidente de uma cooperativa de garimpeiros do Amapá, Antônio Pinto, explica o perfil desses homens e lamenta as poucas oportunidades para o trabalho legal no Brasil.
"A classe dos garimpeiros é uma classe sofredora. São pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar e hoje vivem em busca do ouro porque é a forma mais fácil que ele acha para sobreviver. Então, tem que ter oportunidade. Não é preciso que nossos garimpeiros entrem nos países (vizinhos) adentro atrás de ouro, porque o nosso país tem muito ouro. Na nossa região de Boa Vista, em Roraima, eu conheço cento e poucas pistas de avião que foram explodidas pela Polícia Federal. E é área rica. Por que o nosso governo brasileiro não abre uma oportunidade para essa classe garimpeira se manter dentro de seu país e ter a sua liberdade?"
Hoje, Antônio Pinto comanda um grupo de garimpeiros devidamente legalizados. Mas ele também já desempenhou essa atividade clandestinamente aqui no Brasil e também nos vizinhos Suriname e Guianas francesa e inglesa. Antônio conta que não tem nenhuma saudade daqueles tempos difíceis.
"Eu fiquei cinco dias escondido no mato, lá no Kourou (Guiana Francesa), querendo tanto ir ao supermercado para comprar uma merenda. E eu não podia ir porque, se fosse, eu seria preso. Eu já entrei bem aqui, no Oiapoque, passando pelo garimpo do Sikini, Sapucaia, Groatá, Mototáxi, Abafadinho e saí lá na fronteira do Suriname com a Guiana, que é a Tapiqui. E de lá, eu fui para Paramaribo, Suriname. De lá, fui para um garimpo dentro da Guiana inglesa, me expulsaram e fui para Boa Vista. Eu conheço essa rota todinha. Mas hoje eu não quero viver naquela situação, porque é triste. É muito sofrido para quem está lá dentro".
MÚSICA: "Garimpeiro", de Antônio Ferreira
"Eu só vou garimpar, garimpar, garimpar
Sou garimpeiro
Eu vim da Serra Grande, parei na Serra Pelada
Atravessei o Amazonas, montado em minha jangada.
No caminho de lá pra casa, gastei tudo que ganhei
E a fortuna que lá deixava, nunca mais eu avistei..."
Quem vai atrás de esmeraldas, conhecida como "ouro verde", também vive uma via crucis. Para se chegar, por exemplo, aos veios de esmeralda dentro das rochas da Serra da Carnaíba, na Bahia, é preciso cavar buracos de até 300 metros de profundidade e, lá em baixo, suportar temperaturas escaldantes, manipular dinamite, respirar fuligem e rezar para que não ocorra nenhum desabamento.
Além do drama humano, as atividades em torno do garimpo esburacam nossas serras e sangram nossos rios. O mercúrio, usado para separar o ouro e outros metais presentes na água fluvial, é extremamente tóxico e está associado a problemas respiratórios, digestivos e neurológicos nos garimpeiros; e à contaminação de peixes, água, ar e solo. O problema é tão sério que a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), aprovada pelo Congresso em 1981, determinou ao Ibama a responsabilidade de controlar a importação, a produção, a comercialização e o uso do mercúrio no Brasil.
Outro impacto ambiental da atividade garimpeira se dá na extração ilegal de ouro e outros metais preciosos em parques nacionais e terras indígenas. E se não bastassem tais problemas, o policial federal Jorielson Nascimento, que tenta combater o garimpo ilegal na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa, lista uma série de crimes que rondam as comunidades garimpeiras.
"A prática da exploração clandestina do ouro faz com que flutue em torno dessa prática diversos outros crimes: tráfico de drogas, tráfico de armas, tráfico de pessoas especificamente para prostituição. Tráfico de crianças também. Sonegação fiscal, crimes contra ordem tributária, crimes contra o sistema financeiro, enfim, a prática do garimpo ilegal na fronteira faz isso".
Ufa, haja problemas! E na hora de pensar em soluções, o consenso gira em torno da legalização dos garimpos. Até porque a atividade dificilmente deixará de existir e o Brasil precisa dos recursos financeiros gerados por suas riquezas minerais. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o setor de mineração responde por cerca de 4% do PIB nacional, movimentando em torno de 70 bilhões de dólares por ano. Ex-secretário do ministério e autor do livro "Geopolítica das Minas no Brasil", o geólogo Cláudio Scliar afirma que o país ainda tem muito potencial inexplorado.
"Nós somos um país continental e ainda há muitas áreas que precisam ser detalhadas do ponto de vista do mapeamento geológico sobre o conhecimento do seu potencial. Mas o Brasil, dentro do que já foi descoberto, tem um papel extremamente importante do ponto de vista mundial, onde somos o primeiro produtor em vários bens minerais, como bauxita, rochas ornamentais, caulin; e, em outros, somos importantes: segundo em ferro. Nós temos vários bens minerais que são muito importantes para a nossa balança comercial".
Quanto ao ouro, o governo estima que as reservas brasileiras são de 2 mil toneladas. A produção anual, que está em torno de 60 toneladas, deve dobrar até 2017, consolidando o ouro como o segundo bem mineral em valor de exportação, atrás apenas do minério de ferro. E essa estimativa, obviamente, nem leva em conta a extração informal feita por 300 mil a 500 mil garimpeiros espalhados pelo país, na avaliação do próprio ministério.
E vem de um simples garimpeiro legalizado da Amazônia, Manoel Perquival, um apelo para que essa riqueza possa ser explorada com pleno respeito à vida humana e ao meio ambiente. Com seus 60 anos de idade, Manoel ainda não perdeu a esperança de bamburrar, ou seja, de ficar rico trabalhando dignamente nos garimpos do país.
"Que nos deixem trabalhar, porque as autoridades, hoje em dia, estão nos reprimindo ao máximo. Estão nos deixando sem respirar. Há como trabalhar no garimpo sem danos para o meio ambiente. Não é o terror que eles falam. O nosso maior problema é proteger as nascentes. Eu, como garimpeiro, reconheço que, se protegermos as nascentes, nós não teremos problemas com o meio ambiente. Há como recompor, como reflorestar. Não existe bicho de sete cabeças. O problema é planejamento".
Música: "Garimpeiro do rio das Garças", de João de Barro (c/ Francisco Alves)
"Garimpeiro, tua vida é sem bonança,
Mas tu vives de esperança, continuas a procurar.
Continua, garimpeiro rude e forte,
Pois um dia vem a sorte e te bem diz
E acharás pedras lindas como estrelas
E nas mãos sorrindo ao vê-las
serás feliz..."

Nova propriedade do ouro é descoberta pelos cientistas

Nova propriedade do ouro é descoberta pelos cientistas

O ouro é um metal nobre e precioso. No entanto, ele sempre foi considerado pouco interessante quimicamente devido à sua capacidade limitada de reagir com outras substâncias. Mas, agora, os cientistas descobriram uma nova propriedade que pode mudar o conceito desse elemento para processos químicos e biológicos.
Segundo o LA Info, os pesquisadores da Escola de Química da Universidade de Cardiff, no País de Gales, descobriram que, quando dividido em nanopartículas contendo apenas algumas centenas de átomos, o ouro se torna muito reativo.
"O ouro tem sido objeto de fascínio humano há milênios, sendo em grande parte devido à sua resistência à corrosão e à sua beleza duradoura. No entanto, quando dividido dessa forma, ele não apenas muda de cor, como também se torna altamente reativo”, disse o professor Graham Hutchings, diretor do Instituto de Catálise de Cardiff (CCI).
Hutchings ressaltou que sua pesquisa indica que nessa forma reduzida as reações do ouro são mais rápidas, mais fáceis e mais eficientes em termos energéticos do que muitos outros catalisadores. Vale lembrar que a catálise é uma tecnologia que é aplicada em cerca de 80 a 90% de todos os produtos fabricados no mundo inteiro.
Este fenômeno implica um material que não é um dos reagentes que aceleram a reação desejada sem a necessidade do aumento de temperatura. Os catalisadores mais utilizados, tais como os que contêm mercúrio, provaram ser prejudiciais para o meio ambiente e para a saúde humana.
Uma das descobertas iniciais feitas no País de Gales é que o ouro é o melhor catalisador para a formação de cloreto de vinilo, o ingrediente principal para a produção de PVC, e tem um grande potencial de substituir o mercúrio, o que seria um grande benefício para a natureza como um todo e, consequentemente, para os seres humanos.

O ouro da Terra está acabando, e isso não é nada bom para a tecnologia

O ouro da Terra está acabando, e isso não é nada bom para a tecnologia

Que o ouro é um material raro ninguém duvida. Presente em apenas 0,005 partes de milhão na crosta terrestre, o componente é um dos mais raros que existem. Tanto que, se juntássemos todo o outro minerado na história, teríamos um cubo de pouco menos de 20 metros de lado.
Para piorar, o ouro está entre os mais importantes na fabricação de aparelhos eletrônicos – pois é, aquelas conexões douradas no seu PC não são todas uma questão estética. Com isso, pense que, de acordo com um relatório do The Wall Street Journal, estamos a apenas duas décadas de distância até que todas as fontes desse valioso material desapareçam da superfície.

“E é por isso que você deve reciclar seus eletrônicos”

Ok, o ouro sempre foi um material escasso durante nossa história. Mas por que devemos nos preocupar com isso agora? O motivo é simples: antes, cada pedacinho do material era reaproveitado. Uma taça de ouro do período romano, por exemplo, pode ter sido “transformada” no adorno de uma espada séculos depois, sendo tempos depois derretido em uma barra de ouro, para então virar um valioso pingente.
Mina de ouro de Kalgoorlie, na Austrália
Agora, vamos lembrar que o ouro atualmente é usado em quase todos os eletrônicos fabricados. Sim, a quantidade é pequena, normalmente não maior do que algumas lascas daquele enorme cubo para um smartphone. Mas é justamente por estarmos falando de uma quantidade tão minúscula que empresas, e principalmente os próprios consumidores, não se dão ao trabalho de reciclar seus dispositivos.

Pior para o seu bolso

Como se isso não fosse suficiente, há também o fato de que encontrar novas fontes de ouro está se tornando uma tarefa absurdamente dispendiosa. Em comparação a antes, quando as minas estavam praticamente no topo da superfície, as que restam são de difícil acesso.
Algumas minas, por exemplo, ficam em profundidades muito maiores, como no caso dos mineradores que mandaram mais de 100 toneladas métricas de rocha pelos ares para chegar a apenas 28 g do componente. Outras estão em territórios árticos, que obviamente são ridiculamente difíceis de serem mineradas.
Não espere ser tão sortudo quanto esse cara e encontrar uma pepita de 5 kg por aí
Se você acha que estamos exagerando, basta citar o relatório da SNL Metals Economics Group, que mostra o número de fontes encontradas pelos anos: em 1995, tivemos 22 depósitos, com pelo menos 56 toneladas de ouro, encontrados; em 2010, foram seis depósitos; em 2011, apenas um depósito; em 2012, nenhum foi descoberto.
E no que você acha que isso vai resultar? Quem disse “aparelhos eletrônicos mais caros” acertou. Então é melhor torcermos que o público passe a reciclar seus dispositivos ou que, em um futuro próximo, um melhor substituto do ouro seja encontrado. Porque, do jeito que a situação está, podemos esperar um futuro nada bom para a tecnologia.