A descoberta do Diamante no Brasil
A descoberta do diamante
no Brasil ocorreu em 1729, nas lavras do Tijuco, Mg – atual Diamantina –
para onde atraiu um grande contingente de mineradores, quando o governo
português permitiu a livre extração, até 1739, através do pagamento do
quinto. Novas descobertas de garimpos surgiram forçando ao governo de
Portugal a só consentir a extração por contrato, até 1739, e
posteriormente estabeleceu o monopólio, a partir de 1771. Com este
regime a extração clandestina intensificou induzindo ao contrabando,
sobretudo para a Holanda, Inglaterra e França, mesmo assim as
estatísticas oficiais assinalavam que o Brasil ainda era o principal
produtor e exportador de diamante até o final do século XIX, desde então
só superado pela África do Sul.
A Bahia participou deste importante ciclo econômico, pouco antes do
meado desse século, onde esta atividade teve um importante papel na
atividade sócio – econômico e política, além de contribuir com a
expansão demográfica e povoamento de zonas inabitadas. A descoberta na
Chapada provocou um fluxo migratório sem precedentes, oriundo de antigos
centros de mineração diamantífera de Minas Gerais e de muitas
atividades auríferas na Bahia, tendo como conseqüência o despovoamento
de importantes centros urbanos como Diamantina e Serro, em Minas Gerais e
Rio de Contas, na Bahia.
Com a queda de preço do diamante no mercado internacional, foi
preciso conter a produção, assim em 1731, o vice-rei e governador geral
do Brasil, Vasco Fernandes de Menezes, o Conde de Sabugosa – por Carta
Régia proibiu a exploração de diamantes na Bahia, onde começaram a
surgir evidências de achados. Com isto, os registros históricos são
muitos controversos a respeito da descoberta do diamante na Bahia. Os
resgates mais antigos afirmam que, em 1817 ou 1818, o capitão-mor Felix
Ribeiro de Morais encontrou diamantes na Serra do Gagau, conhecida como
serra do Bastião, próximo às fazendas de gado, onde posteriormente
surgiu a vila de Mucugê, cuja descoberta é atribuída ao pajé de uma
tribo. Acredita-se que dada à proibição da corte, guardou-se segredo
sobre o achado.
Seguem-se muitas referências a possível presença do diamante pelos
naturalistas alemães Spix e Von Martius, em 1821, que ao examinarem as
rochas da serra do Sincorá, na vila do Sincorá, atualmente Sincorá
Velho, reconheceram os terrenos diamantíferos semelhantes aos do Arraial
do Tijuco, englobando ainda os municípios atuais de Mucugê, Andaraí,
Lençóis e Palmeiras.
Publicação de trabalho do geólogo e cientista Orville Derby, em 1882,
faz referência à descoberta do primeiro diamante na Chapada, por José
de Matos, em 1840, próximo à vizinhança de Santo Inácio, na Chapada
Velha. Outras descobertas foram registradas, em 1841, na serra do
Assuruá, município de Gentio do Ouro, em 1842, na serra das Aroeiras, em
Morro do Chapéu, tornando-se mais tarde um grande produtor e na vila de
Bom Jesus do Rio de Contas, hoje sede do município de Piatã, onde foi
encontrado o maior diamante dos sertões baiano.
Mas o dado mais significativo é revelado por Theodoro Sampaio, que
somente a partir de 1844, a mineração de diamante tomou rumo com a
descoberta feita por José Pereira do Prado, o “Cazuza do Prado”. Morador
da Chapada Velha que ao percorrer as terras marginais do ribeirão
Mucugê, reconheceu o local do terreno como propício e ao fazer um ensaio
de algumas horas extraiu grande quantidade de pedras de alto valor. Diz
também a história que o diamante foi acidentalmente encontrado em 25 de
junho de 1844, por Cristiano Nascimento, afilhado de Cazuza, ao lavar
as mãos no leito do riacho Mucugê afluente do rio Cumbucas.
Uma variante desta versão assinala que já na primeira investida,
Cazuza encontrou alguns diamantes de fina água neste riacho.
Entusiasmado, juntou-se, a alguns amigos e parentes numa expedição de 14
homens e começou a explorar o garimpo, pegando em poucos dias uma boa
quantidade destas pedras. Precisando comprar mantimentos, enviou um dos
seus colegas, seu melhor amigo chamado Pedro Ferreiro, à Chapada Velha
para que este pudesse vender parte do tesouro já encontrado. Seu amigo
foi preso e acusado de roubar algum comprador, pois se tratava de gemas
de pureza jamais vistas e para se livrar da prisão, o suspeito foi
obrigado a revelar o segredo da origem das mais cobiçadas jóias.
Há também outras versões que corroboram com esta versão sendo este o
local ou região para onde afluíram dezenas de milhares de aventureiros,
faiscadores e garimpeiros de todos os rincões onde aí se espalharam.
Calcula-se que 25 mil pessoas foram para lá, aglomerando-se em povoados,
onde muitos se transformaram em vilas e posteriormente em municípios –
Mucugê, Andaraí, Lençóis e Palmeiras, designada com a região das Lavras
Diamantinas.
O Ciclo do Diamante no Brasil durou cerca de 150 anos, da segunda
metade do século XVIII até o final do século XIX, quando o País foi o
maior produtor mundial. A produção na Bahia foi iniciada em 1844 e seu
apogeu perdurou apenas até 1871, com declínio da produção e queda de
preço que coincidiu com a expansão das jazidas da África do Sul,
descobertas seis anos antes. O colapso da região só não foi maior porque
ao lado do diamante passou a ter valor o carbonado ou carbonato usado
na indústria e na perfuração de rochas, sobretudo durante a abertura e
construção do Canal do Panamá.
- Instituições Envolvidas
Três instituições foram envolvidas na formulação e montagem do Museu
Vivo do Garimpo que são: o Museu Geológico da Bahia com sua participação
técnica na elaboração do projeto museográfico; a Prefeitura Municipal
de Mucugê, onde teve inicio as primeiras frentes de extração do diamante
na Chapada, a qual está capacitada para sediar e ser a receptora e
mantenedora do mesmo; e o Projeto Sempre Viva, o qual já dispunha de
infra-estrutura que foi ampliada e adaptada para abrigar as diversas
unidades do Museu Vivo:
A implantação do Projeto “Museu Vivo do Garimpo”
justifica-se pela razão de resgatar parte da história do diamante. Deste
modo, reconhece o papel desempenhado pela força de trabalho do
garimpeiro, que na labuta do dia a dia, para a busca do dinheiro visando
o sustento da família ou na ilusão de ficar rico, desempenhou um papel
de grande importância social e econômica. Com isto, foi responsável pela
exploração e desenvolvimento de riquezas para a região, além da
expansão demográfica com a fixação e o desenvolvimento de diversos
núcleos urbanos.
E a proposta de um Museu Vivo no lugar onde teve início a exploração do
diamante na Chapada, reveste-se de uma precisão histórica no local onde
teve inicio as explorações e daí se expandiu na região, tornando-se
conhecida como “Lavras Diamantinas”. Portanto:
“Resgatar a história vivenciando a atividade do garimpeiro é tornar-se espectador dos fatos”
Do ponto de vista administrativo a Prefeitura de Mucugê está
desenvolvendo uma linha de ação turística voltada para o setor cultural,
educativo e científico.