sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Novo garimpo de ouro é descoberto no sul do Amazonas

Novo garimpo de ouro é descoberto no sul do Amazonas


Do correspondente.

Um novo garimpo de ouro foi descoberto no sul do Amazonas no município de Santo Antônio do Matupi distante 180km do município do Humaitá, o garimpo fica localizado na rodovia Transamazônica no KM 156 da linha União KM e tem rendido inicialmente alguns quilos de ouro.  O município de Santo Antônio do Matupi, também é conhecido como KM 180 vem crescido diariamente o movimento, recebendo centenas de garimpeiros de Rondônia, Amazonas e Pará. Movimentando a economia local, promovendo o desenvolvimento e o crescimento desordenado da cidade.


A exploração era feita de forma manual por integrantes de uma família que decidiiram abrir para os empresários e a todos que se interessam em explorar a lavra de ouro. Acredita-se que é um novo explorar a lavra do ouro. Acredita-se que é um novo Eldorado, que tem previsão maior que o do Rio Juma (Apuí).



Pepitas de Ouro

Pepitas de Ouro

 

A descoberta de ouro na porção norte do estado do Maranhão, na região localizada entre os rios Gurupi e Maracaçumé, remonta ao ano de 1624, quando das primeiras incursões de aventureiros europeus em território brasileiro. Segundo relatos da época os primitivos índios que viviam na região já conheciam o metal considerando-o todavia de pouca importância. Os primeiros a explorarem o ouro foram os padres jesuítas que se utilizaram de índios e escravos africanos para retirar o metal das aluviões. No início do século XIX. Estes jesuítas se estabeleceram em uma área próxima a Serra do Pirocaua onde hoje é a Vila Aurizona, no município de Godofredo Viana. A busca do ouro espalhou-se para além das bacias dos Turiaçu e Maracaçumé, alcançando a cidade de Bragança no estado do Pará. Ao final do século uma firma inglesa denominada Companhia de Mineração de Ouro Montes Áureos, montou escritório na região. Nesta época o governo brasileiro começou a regularizar as atividades mineiras na região.
No início do século XX ocorreu a primeira invasão de garimpeiros na região, que passaram a batear as aluviões do rio Maracaçumé. Em 1954 a Companhia de Mineração Maranhense tentou o emprego de lavra mecanizada, não vindo a alcançar todavia o resultado esperado.
Além do ouro aluvionar foram identificadas ocorrências de ouro primário em veios de quartzo na Mina Nova, porém os teores revelaram-se antieconômicos.

LOCALIZAÇÃO E ACESSO
A área com ocorrência de ouro situa-se na porção norte-noroeste do Estado do Maranhão (Figura 1), abrangendo os municípios de Turiaçu, Carutapera, Cândido Mendes, Godofredo Viana e Luís Domingues. As vilas de Aurizona e Redondo, esta última situada às margens do rio Maraçumé, são os principais centros de exploração e comércio de ouro. O acesso a área partindo-se da capital maranhense, São Luís, é feito inicialmente por via rodoviária até Vizeu no estado do Pará, e a partir daí, somente por via marítima, até a denominada Baixada Maranhense. Por via aérea atinge-se as cidades de Turiaçu e Carutapera por meio de aviões de pequeno e médio porte. As ocorrências de ouro somente podem ser alcançadas por estradas carroçáveis e/ ou barcos de pequeno calado.

CLIMA E VEGETAÇÃO
O clima da região é quente e úmido, com intensa precipitação anual , que nos meses de março e abril atinge seu valor mais alto, 2.184,3 mm. A temperatura média anual é de 26 o com uma amplitude térmica de apenas 2o . A umidade relativa chega a atingir 85% em alguns meses do ano.
A vegetação maranhense particulariza-se na região costeira pela presença de manguezais, que são substituídos por gramíneas de campos alagados ou secos, para interior adentro aparecer a zona da mata. A floresta amazônica está representada na porção noroeste e parte da região central do Maranhão.

MODO DE OCORRÊNCIA
Tais depósitos tanto podem ser marinhos, como fluviais e até mesmo flúvio-marinho, e são compostos essencialmente por areias mal selecionadas, silte, argila e cascalho.

PRINCIPAIS GARIMPOS DA REGIÃO
De acordo com Neto(1982) são os seguintes os principais garimpos da região:

Garimpo do Caboré
Situado a nordeste da Vila Livramento, apresenta as seguintes coordenadas: 45o 54’ 36" W e 01o 17’ 24" S. A média da produção chegou a alcançar 50 gramas de ouro em uma semana.

Garimpo da Poeira.
Localizado 30 km a Oeste do povoado de Livramento, exibe as seguintes coordenadas 45o 57’ 00 "W e 01o 19’ 00" S. Neste local o ouro é encontrado no leito intermitente do igarapé Poeira, disseminado em espessa camada de material aluvionar essencialmente constituído de argilas de cores amarela a vermelha.

Garimpo Pedra de Fogo
Este garimpo situa-se nas imediações da vila de mesmo nome, com as seguintes coordenadas: 45o 49’ 24" W e 01o 22’ 24" S. O garimpo de ouro aluvionar vem sendo feito num buraco com 25 metros de profundidade e é retirado de uma argila esverdeada denominada de tabatinga pelos garimpeiros do local

Garimpo do Igarapé Cavala
Distante 1,5 km da cidade de Luís Domingues na direção da cidade de Carutapera, no vale do Irrí-Açu, possui as seguintes coordenadas: 45o 54’ 30" W e
01o 19’ 06" S. O ouro é retirado de um cascalho situado a 2,5 metros de profundidade

Garimpo da Ponta do Jardim
Localizado ás margens do Rio Itererê 4 km da cidade de Godofredo Viana, exibe as seguintes coordenadas 45o 44’ 30" W e 01o 22’ 06" S. Encontra-se atualmente desativado.

Garimpo Praia Velha
Situado na localidade de mesmo nome, na foz do rio Irirímirim, com coordenadas de 45o 54’ 48" S e 01o 08’ 54" S. O acesso ao garimpo somente pode ser feito por meio de barco, em jornada de uma hora a partir de Carutapera. A região é de mangue e o ouro ocorre misturado a uma camada de 30 cm de areia fina esbranquiçada, coberta por sedimentos de maré.

Garimpo do Tromaí
Situado no leito do rio Tromaí, apresenta as coordenadas de 45o48’ 36" W e 01o 23’ 12" S. O ouro ocorre em aluviões do rio, e as atividades garimpeiras limitam-se à época do inverno

Garimpo do Maraçumé
Localizado no leito do Rio Maracaçumé, , próximo a cidade de Cândido Mendes, com as coordenadas 45° 43’ OO" W e 01° 26’ 30" S. O ouro ocorre em cascalheira do rio normalmente coberta por 1 a 2 metros de areia, que é removida por chupadeira para então lavrar-se o cascalho.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Placeres diamantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil Diamond placers of the Itiquira River, MT, Brazil

Placeres diamantíferos do Rio Itiquira, MT, Brasil Diamond placers of the Itiquira River, MT, Brazil Itiquira situa-se a SE de Cuiabá, no Estado de Mato Grosso e está inserida no contexto geológico da porção NW da Bacia do Paraná, que do mais antigo para o mais jovem são coberturas cretáceas (Formação Marília), terciárias (Formação Cachoeirinha) e quaternárias (Formação Pantanal). Os cascalhos inconsolidados desta última unidade são hospedeiros de diamantes, que são explorados às margens do Rio Itiquira nos garimpos conhecidos por Cambaúva, Cavoqueiro, Bode e fazendas Formosa e Velha. Os primeiros registros sobre a extração de diamantes dos cascalhos diamantíferos remontam ao século XX, ano de 1930 e ocorreram no garimpo do Cavoqueiro, situado na margem direita do rio a aproximadamente 1 km a jusante da cidade. A região experimentou alta atividade garimpeira e descoberta de novas frentes até o ano de 1940. Desde então os garimpos entraram em declínio e a descoberta de novas frentes também. Foram realizados mapeamentos geológicos das frentes abandonadas que permitiram o empilhamento estratigráfico dos placeres, aos quais adicionamos informações sobre a idade absoluta e o estudo de química mineral em concentrados. A associação das informações geológicas e de geocronologia evidencia a existência de três eventos deposicionais aqui informalmente denominados de T0 a T2, distribuídos ao longo do canal, planícies e terraços laterais mais antigos. Utilizamos a técnica de LOE (Luminescência Opticamente Estimulada) para cinco amostras coletadas desde o canal até o terraço mais elevado. A idade mais jovem, de 660 ± 90 anos, foi obtida na amostra EIT 13 e a idade mais antiga, de 8400 ± 858 anos, na amostra EIT 05, ambas em terraço T1. O conjunto de idades mostra que os terraços diamantíferos foram depositados a partir do Holoceno e retrabalhados até 660 ± 90 anos. Amostras coletadas para estudo dos minerais pesados foram analisadas em lupa e microssonda eletrônica. Os minerais identificados foram as granadas G0, G3, G4 e G4D; o rutilo; a ilmenita; a safira; o zircão; e, óxidos secundários de ferro. A maioria dos minerais identificados não mostra associação com fontes primárias férteis em diamante, com exceção da granada G4D. Palavras-chave: Itiquira, diamante, placeres, armadilhas, idade, minerais indicadores Abstract Itiquira is situated SE of Cuiabá, in the Mato Grosso State, and is inserted in the geological context of NW portion of the Paraná Basin, which from oldest to youngest includes the Cretaceous Marilia Formation, the Tertiary Cachoeirinha Formation and the Quaternary Pantanal Formation. Unconsolidated gravels from the latter unit host diamonds that are mined on the rivers known for rudimentary mining in Itiquira: Cambaúva, Cavoqueiro, Bode and Formosa and Velha farms. First records on the extraction of diamonds from these gravels date to the twentieth century, 1930, and took place in the artisanal mining Cavoqueiro, located on the right bank of the river, about 1 km downstream of the city. The region experienced high mining activity and the discovery of new mining areas by the year of 1940. Since then, the artisanal mining and the discovery of new fronts went into decline. We carried out geological mapping of abandoned fronts allowing the stratigraphic stacking of the placers, determination of their absolute age and study of the chemistry of mineral concentrates. The combination of geological and geochronological studies demonstrate the existence of three depositional events here informally termed T0 to T2, distributed along the channel, plains and older terraces on both sides. We used the LOE (Optically Stimulated Luminescence) dating technique for five samples collected from the channel to the highest terrace. The youngest age of 660 ± 90 years, was obtained in the sample EIT 13 and the oldest with 8400 ± 858 years in the sample EIT 05, both samples at T1 terrace. The ages show that part of these diamondiferous flats were deposited from the Holocene, and reworked until 660 ± 90 years. Heavy mineral samples collected for the study were examined with magnifying glass and analyzed by electron microprobe. The minerals identified were the garnets G0, G3, G4 and G4D, rutile, ilmenite, sapphire, zircon, and secondary iron oxides. Most of the identified mineral shows no close association with fertile diamond primary sources, with the exception of the garnet G4D. Keywords: Itiquira, diamond, placers, traps, age, mineral indicator boletim paranaense de geociências Santana & Weska/Boletim Paranaense de Geociências 68-69 (2013) 26-35 27 1. Introdução O estudo de depósitos de placeres no Brasil foi intensificado nas últimas décadas por apresentar grande importância econômica, como hospedeiros de recursos minerais com destaque para o diamante. Em Mato Grosso, potencialmente existem placeres diamantíferos extensos e espessos, decorrentes do condicionamento climático favorável ao intemperismo e como parte da evolução da Bacia do Pantanal. Rios como o Paraguai, Cuiabá, das Mortes, Itiquira, entre outros, ao longo de ambas as margens comportam placeres diamantíferos. Nestas últimas décadas, este potencial posiciona Mato Grosso entre os principais estados produtores de diamante. Por décadas a história de Itiquira esteve intimamente relacionada à descoberta e garimpagem de depósitos diamantíferos ao longo do rio Itiquira e em várias frentes (Marques 2004). Dos inúmeros vestígios de garimpos existentes, cinco foram estudados: Cambaúva, Cavoqueiro, Bode e fazendas Formosa e Velha. Neste estudo foi possível realizar mapeamento dos pacotes mineralizados em diamante, obtendo-se as características litológicas e empilhamento estratigráfico. Ademais, foram obtidas cinco idades absolutas pelo método de quartzo luminescência em pacotes areno-cascalhosos posicionados em distintas cotas topográficas no vale, assim como estudo preliminar sobre a existência de minerais pesados indicadores de fontes primárias diamantíferas kimberlítica ou outras. 2. Localização e vias de acesso As frentes de garimpos de diamante pesquisadas situam-se na porção extremo SE do Estado de Mato Grosso, no Município de Itiquira, distribuídas em uma área de cerca de 100 km2, na fronteira entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (Figura 1). De Cuiabá a Itiquira o acesso é feito pela BR 163. Esta BR interliga Cuiabá a Campo Grande e passa por Rondonópolis. A partir desta cidade até o trevo de acesso a Itiquira, no entroncamento com a MT 370 são71 km. Deste trevo até Itiquira, à distância é de 76 km e o percurso total a partir de Cuiabá soma 362 km. Os acessos às diferentes frentes de garimpos foram realizados através de estradas vicinais (Figura 1). Estas estradas, em grande parte, foram construídas pelos garimpeiros e hoje constituem as principais vias que interligam a cidade com fazendas e chácaras em Itiquira. 3. Materiais e métodos O mapeamento geológico de pontos e das frentes de garimpos de diamantes (Figura 2) foi na escala entre 1:100 a 1:1.000. Foram descritas as características litológicas, bem como a sequência cronológica preliminar dos eventos deposicionais desde o canal atual até os terraços laterais mais elevados e, em princípio, os mais antigos. A compilação dos variados pontos permitiu a elaboração de dois perfis aproximadamente perpendiculares ao canal do Rio Itiquira (Figura 2), que foram plotados sobre a base cartográfica Folha Itiquira, SE. 21-X-D-III, DSG, 1976. Figura 1 – Mapa de localização e acessos ao município de Itiquira e garimpos estudados. Santana & Weska/Boletim Paranaense de Geociências 68-69 (2013) 26-35 28 Estudos de fácies e de armadilhas (traps), de acordo com Weska et al. (1984) e Weska (1996a), suportaram a coleta de amostras de minerais pesados, Figura 3A. O método utilizado para a datação foi LOELuminescência Opticamente Estimulada, que se baseia na interação da radiação ionizante (radiação γ, partícula β e partícula α) com o cristal natural. Quando a radiação incide sobre o cristal, ocorre a ionização do mesmo, com a criação de pares de cargas positivas e negativas no seu interior (Tatumi et al. 2008). As idades foram obtidas no Laboratório de Vidros e Datação da FATEC, Faculdade de Tecnologia de São Paulo. As amostras foram coletadas em poços de 0,90 m de diâmetro e de profundidade, com ambiente livre de ações antrópicas, de animais (zoorturbações) ou de plantas (fitoturbações) (Sallun et al. 2007). Os amostradores foram tubos de PVC, com 0,40 cm de diâmetro e tampões com anel de borracha para vedar as extremidades (Figura 3B). Em laboratório estas amostras, nas frações 0,88 a 0,18 mm, foram submetidas à lavagem com H2O2, HCl e HF, intercalados por enxágues de água destilada, para eliminar vestígios de matéria orgânica, carbonato e ionização do quartzo proveniente das partícula α que atuam na superfície do grão. Um ímã foi utilizado para separar minerais magnéticos da amostra, que em seguida foram imersos em politungstato de sódio para separar a fração de minerais pesados. Etapas subsequentes permitiram a determinação das doses acumuladas natural e anual. A dose acumulada natural foi obtida através do equipamento OSL Automated Systems, modelo 1100-series, Daybreak Nuclear Instruments Inc. Esta dose resulta de medidas das intensidades de LOEnat e as LOEres + irradiação, com incidência de luz azul e detecção no UV pelo método de regeneração total. A partir daí, é feita a curva de calibração onde são inseridos os valores de LOEnat. O ajuste dos pontos experimentais de intensidade de LOE no valor de pico, quando comparados com valores de doses conhecidas nos fornecem o valor da dose acumulada em Gy. A dose acumulada anual foi medida por estação espectroscópica portátil Canberra Inspector com detector: NaI – Tl. As amostras em recipiente plástico são colocadas em um espectrômetro para medidas durante 24 h. Este equipamento faz uma varredura de energia e fornece uma relação de Contagem versus Energia. A partir desta relação, são extraídos os valores de intensidade de contagem referentes à energia dos elementos U (Urânio), Th (Tório), K (Potássio). A idade em anos resulta da equação: Dose Acumulada Natural (Gy)/Dose Anual (Gy/ano). A prospecção de minerais pesados indicadores foi realizada nos cascalhos diamantíferos que ocorrem no rio e alguns afluentes, desde o canal até os terraços. O volume por amostra foi de 50 litros. As amostras em campo foram separadas granulometricamente em peneiras (Figura 3C e D) utilizadas em garimpos de diamantes, denominadas popularmente de refina 1,6 mm; fina 2 mm; média 3,6 mm; grossa 6 mm e sururuca 20 mm. O resíduo final abaixo de 1,6 mm foi concentrado em bateia. Em laboratório os concentrados foram novamente separados nas frações abaixo de 0,125 mm, entre 0,125 a 0,5 mm e acima de 0,5 mm. A fração entre 0,125 a 0,5 mm permitiu a qualificação dos minerais por identificação em lupa binocular. Entre 0,5 mm a 1 mm, os grãos destes pesados foram destinados à confecção de seções para o estudo da química mineral. Estas seções foram confeccionadas no Laboratório de Laminação da Universidade de Brasília (UNB) e analisadas no Laboratório de Microssonda Eletrônica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O equipamento utilizado foi o Cameca Camebax BX50. 4. Contexto geológico regional O Rio Itiquira drena a porção NW da Bacia do Paraná e deságua na Bacia do Pantanal. Os tipos litológicos que compõem o bedrock dos placeres diamantíferos deste rio, do mais antigo para o mais jovem, de acordo com Vasconcelos (2007), são: os grupos Guatá (Formação Palermo), Passa Dois (Formação Irati) e Bauru (Formação Marília). A Formação Cachoeirinha cobre as unidades anteriores e é coberta por Aluviões Atuais. Em Mato Grosso as Aluviões Atuais constituem a Formação Pantanal, conforme Oliveira & Leonardos (1943), com depósitos aluvionares constituídos por vasas, areias e argilas de deposição recente que ocorrem no Pantanal mato-grossense. Almeida (1959) discorreu sobre esta unidade como depositada em uma das maiores planícies no interior do continente, com entulhamento influenciado pela orogenia Andina e o ambiente deposicional fluvial e/ou flúvio-lacustre. Falhas distensivas NE, (Figura 4) delimitam aproximadamente a calha do Rio Itiquira. Regionalmente estas falhas são paralelas a Falha de Poxoréo, que marca a borda entre o graben e o horst do Rifte Rio das Mortes (Weska et al. 1996, Weska 1996, Gibson et al. 1997) e que foram reativadas pelo impacto da Pluma de Trindade durante o Cretáceo. 5. Os placeres Os placeres estudados estão distribuídos em depósitos desde o canal até os terraços laterais (Figuras 5A a D). São compostos por cascalhos na base e areia a argila no topo. Os cascalhos ao longo do rio cobrem, por discordância erosiva, rochas mais antigas do Terciário ao Permiano. Na área estudada normalmente o bedrock dos cascalhos diamantíferos é de tipos litológicos da Formação Marília, Santana & Weska/Boletim Paranaense de Geociências 68-69 (2013) 26-35 29 Figura 2 – Mapa de localização dos pontos estudados e os perfis AA’ e BB’. Figura 3 – Amostragem e concentração. Em A, para minerais pesados. Em B, para datação. Em C, peneiramento de cascalho. Em D, minerais pesados concentrados indicados pela seta. Santana & Weska/Boletim Paranaense de Geociências 68-69 (2013) 26-35 30 Grupo Bauru e, secundariamente, a Formação Palermo (Vasconcelos, 2007). As rochas da Formação Marília são arenitos finos a imaturos e intensamente silicificados (silcretes), como observado no Garimpo do Cavoqueiro (Figuras 5A e B). Os cascalhos normalmente possuem clastos que variam de grânulos a matacões e, eventualmente, ocorrem blocos. Entre os clastos predominam os de quartzo arenito, quartzo, silexito e laterita (Figuras 5C e D). Os dois primeiros tipos apresentam esfericidade média a alta e arredondamento bom a muito bom. Nos demais, a esfericidade é baixa e o arredondamento é ruim. A matriz é composta por argila a areia grossa e, por vezes, há cimento incipiente de óxidos de ferro. O arcabouço dos cascalhos varia de fechado (clasto suportado) a aberto (matriz suportando clastos) e a gradação é normal e, por vezes, inversa Walker (1975). As areias maturas a imaturas (Figura 5D) e por vezes, argilosas, cobrem os cascalhos. Os pacotes de placeres possuem cores branca a marron amareladas quando situados junto ao canal ou na planície de inundação e cores vermelhas a amareladas quando dispostos em terraços. Os primeiros são denominados pelos garimpeiros de grupiaras e os outros de monchões. A razão estéril/minério varia na proporção de 0:1 no canal e 3:1 nos terraços. A partir dos perfis AA’ e BB’ (Figuras 6 e 7) é possível sugerir o empilhamento estratigráfico dos pacotes areno-cascalhosos que, do mais antigo para o mais jovem, são aqui denominados informalmente de T2 a T0. Geralmente os placeres T2 são aqueles posicionados em cotas topográficas acima de 550 m e estão distribuídos ao longo de ambas as margens do Rio Itiquira, recobrindo parte da Formação Marília. Os pacotes tipo T1 ocorrem ao longo das cotas topográficas situadas entre 500 a 550 m. Os cascalhos T0 são aqueles posicionados geograficamente junto ao rio, afluentes e depositados em cotas topográficas abaixo de 500 m. Os cascalhos dos terraços mais elevados apresentam seixos a matacões com tipos litológicos similares a aqueles encontrados no T1 e T0; porém, o tamanho dos clastos, em média, difere. Os cascalhos tipo T2 são mais finos, enquanto que os cascalhos tipo T0 são em média mais grossos. Isto decorre do retrabalhamento realizado pelos eventos deposicionais T0 sobre os pacotes mais antigos T1 e T2. Figura 5 – Em A, escavação aberta no garimpo do Cavoqueiro. Em B, detalhe do contato discordante erosivo entre cascalho diamantífero no topo e os silcretes da Formação Marília na base. Em C, detalhe do cascalho clasto suportado no topo em contato discordante erosivo com silcretes. Em D, garimpo da Fazenda Velha, com destaque para a cobertura estéril branca. Santana & Weska/Boletim Paranaense de Geociências 68-69 (2013) 26-35 31 Figura 6 – Perfil Geológico AA’'. Mostra as formações Palermo e Marília sobrepostas por cascalhos dos “terraços” T2 e T1. O T0 é o canal atual do Rio Itiquira. Figura 7 – Perfil Geológico BB'. Mostra a distribuição dos “terraços” T2 e T1 em relação ao Rio Itiquira (T0) e no bedrock as formações Palermo e Marília. Armadilhas em ambiente fluvial constituem estruturas controladoras da evolução do rio e de captura (concentração) de recursos minerais, resultantes de condicionamentos hidrodinâmicos, litologia do bedrock, evoluções geomorfológica e tectônica. Na área estudada foram identificadas armadilhas tipo bolsões, panelas, veias e ajogo (Figuras 8 A a D), conforme descrito por Weska (1996a). As duas primeiras armadilhas são formas erosivas que predominam no bedrock dos garimpos do Cavoqueiro e Fazenda Velha, todavia foram vistas também no leito do rio, próximo ao garimpo do Bode. Veias são canais de corte e preenchimento (cut and fill), de pequeno porte e foram observadas nos cascalhos ou no limite entre o bedrock e o cascalho, como por exemplo, no garimpo do Cavoqueiro. O ajogo é um depósito de barra de pontal que ocorre no meandro do rio (Figura 8D) e a evolução desta armadilha foi controlada por falhas NE e NW. 6. Idades por luminescência do quartzo No Brasil os primeiros registros sobre a aplicação deste método de datação absoluta ocorreram a partir do ano de 1950; entretanto, a aplicação mais intensa em sedimentos iniciou a partir de 1980 (Sallun et al. 2007). Em Mato Grosso não há registro desta utilização. Os resultados das datações deste trabalho são apresentados na Tabela 1. Estes dados, associados ao empilhamento estratigráfico do quaternário local, mais os perfis geológicos, permitem diferenciar os eventos mais jovens dos antigos. A idade de 720 ± 120 anos da amostra EIT 14, corresponde aos depósitos atuais a subatuais T0; enquanto que, a idade de 8400 ± 858 anos, da amostra EIT 05, aos depósitos mais antigos e do terraço T1, Figura 9A. As idades obtidas nas amostras EIT 07, 11 e 13, respectivamente, Figuras 9B e 9A, foram interpretadas como retrabalhamento dos terraços mais antigos por eventos erosivos mais jovens e por reativação neotectônica da bacia. O conjunto de idades mostra que parte dos placeres diamantíferos do Rio Itiquira são holocênicos, principalmente aqueles eventos relacionados à T0 e T1. Em função do pequeno número de amostras e este trabalho não ter amostrado todos os terraços, pressupõe-se idades pleistocênicas para placeres nos terraços mais elevados > 550 m e assim melhor definir a evolução deste rio no Quaternário. Santana & Weska/Boletim Paranaense de Geociências 68-69 (2013) 26-35 32 Figura 8 – Tipos de armadilhas (traps). Em A, bolsão próximo ao garimpo do Bode. Em B, panela no Cavoqueiro. Em C, veia (cut and fill) em pacote cascalhoso. Em D, barras de pontal (ajogo) na Fazenda Formosa mostradas pelas setas. Tabela 1 – Idades dos pacotes quaternários obtidas pelo método de Luminescência Opticamente Estimulada (LOE). PONTOS UNIDADE LOCAL IDADE/ANOS EIT 05 T1 GARIMPO DO CAVOQUEIRO 8400 ± 858 EIT 07 T0 FAZENDA FORMOSA 1750 ± 210 EIT 11 T1 FAZENDA FORMOSA 4100± 430 EIT 13 T1 GARIMPO DO CAVOQUEIRO 660 ± 90 EIT 14 T0 GARIMPO DO CAMBAUVA 720 ± 120 Figura 9 – Pontos amostrados para datação por LOE. Santana & Weska/Boletim Paranaense de Geociências 68-69 (2013) 26-35 33 7. Minerais pesados O estudo de minerais pesados em depósitos secundários diamantíferos no mundo constitui um método de prospecção de vital importância para a prospecção de fontes primárias kimberlítica, lamproítica ou outras, conforme Addad (2001). O estudo da química de minerais indicadores norteia a prospecção de fontes primárias e contribui para o entendimento da provável gênese destes minerais. Por exemplo, minerais indicadores para kimberlito são as granadas G3D, G4D, G5D e G10D (Grütter et al. 2004), a picroilmenita, o espinélio e o cromodiopsído, principalmente. No caso de lamproíto, os minerais indicadores são: cromita, andradita, zircão, manganoforita, Ba-flogopita, priderita e wadeita (Gold 1984). Em Mato Grosso existem trabalhos que trataram sobre a prospecção, a gênese e/ou fertilidade dos corpos primários por meio da química mineral de minerais indicadores, como por exemplo, Weska (1996), Greenwood et al. (1998) e Greenwood (2001). Estudos sobre minerais indicadores e acompanhantes em depósitos de paleoplaceres e placeres estão descritos em Weska et al. (1984), Weska (1987, 1996) e Bittencourt Rosa et al. (1993). Os grãos de minerais pesados identificados em lupa binocular, com denominações utilizadas por garimpeiros em parêntesis, foram: o diamante na Figura 10; a magnetita; safira (azulinha); granada (chicória); ilmenita (pretinha); rutilo; zircão (microdiamante); e, óxidos de ferro (feijão). O percentual em peso de óxidos das granadas nas amostras EIT 14_1 a 14_7 (Tabela 2) situa-se entre 0,16 a 9,68 para o MgO; são empobrecidas em Cr2O3 com 0 a 0,06; os valores de CaO são baixos a altos, respectivamente, 0,31 a 7,19; o conteúdo de MnO entre 0,54 a 26,05; o FeOt de 16,24 a 27,70; o TiO2 varia entre 0,02 e 0,15; e, o Na2O entre 0 a 0,15. Resulta que duas composições moleculares de granadas existem. A primeira dominada pelo Fe2+, associada a Mg, caracterizada pelo par Alm42-55; Py31-40 e seguido de Gr3-16, And2-6 e Sp1-2. A segunda destaca o Mn em paragênese com o Fe2+, o par molecular dominante é Sp44-52; Alm42-47, seguido de Py1-8 e And1-2. Figura 10 – Diamantes capturados em garimpos de Itiquira. Um diagrama CaO X Cr2O3 foi construído para as granadas analisadas e o resultado é mostrado na Figura 11. Este diagrama foi proposto por Dawson & Stephens (1975) para discriminar granadas peridotíticas (G10), lherzolíticas (G9) e eclogíticas (G3). Grütter et al. (2004) adicionaram a este diagrama intervalos de percentuais de outros óxidos, como é o caso do TiO2, MgO, Na2O, FeO e o MGNUM= (MgO/40,3)/(MgO/40,3 + FeOt/71,85) [óxidos %], que permitem a classificação detalhada e individualizar granadas G0, G1, G3, G4, G5, G9, G10, G11 e G12. Granadas G9, G5, G4, G3 e G1 possuem campos em sobreposição que são discriminados por estes óxidos e o MGNUM. As granadas G3, G4, G5 e G10, com Na2O > 0,07%, de acordo com Grütter et al. (2004), sugerem associação composicional e de P-T com o diamante e as quais se adiciona o sufixo “D”. Figura 11 – Diagrama Cr203 vs CaO com os campos segundo Grütter et al. (2004). As granadas do Rio Itiquira são de variedades G0 (crustal), G3 (eclogito) e G4 (piroxenito). As granadas das amostras EIT14_1 a 7, tratadas pelo método proposto por Grütter et al. (2004), plotam nos campos G0, G3 e G4. O conteúdo de Na2O na granada da amostra EIT 14_3 é de 0,09 (Tabela 2) e é G4D. Sendo assim, entre as granadas coletadas no Rio Itiquira foram identificadas G0, G3, G4 e G4D. As granadas G0 (EIT 14_4, 14_6 e 14_7) com valores elevados de Mn (18,38 a 26,05%) e valores baixos de CaO (0,31 a 1,56%) e Cr2O3 (0 a 0,02%), não ocorrem em kimberlitos. As granadas G4 e G3 sugerem, respectivamente, fontes piroxenítica e eclogítica, enquanto a granada G4D indica associação com fonte kimberlítica fértil em diamante (Grütter et al. 2004). As ilmenitas das amostras EIT14_8 a 10 possuem baixos valores de MgO (0 a 1,44%) e elevados de MnO (1,36 a 7,29%). Os percentuais em peso de TiO2 variam de 49,41 a 53,41; e, o de FeOt entre 41,69 a 43,51, Tabela 2. A composição molecular é Ilm94-99, Geik0-6, Hem0-6 e plotam nos campos de granito e basalto do diagrama da Figura 12 proposto por Mitchel (1986). Kaminsky & Belousova (2009) descreveram valores elevados de MnO (0,63 a 2,49%) e baixos de MgO (0 a 0,24%) em ilmenitas Santana & Weska/Boletim Paranaense de Geociências 68-69 (2013) 26-35 34 Tabela 2 – Dados de química mineral de minerais pesados em percentual em peso. Amostra Na2O MgO Al2O3 SiO2 K2O CaO TiO2 Cr2O3 MnO FeOt NiO Total Mineral EIT14_1 0,06 8,68 22,06 38,81 0,00 3,22 0,07 0,00 0,55 25,20 0,03 98,69 granada EIT14_2 0,07 6,89 21,08 36,51 0,01 5,18 0,02 0,06 1,48 27,24 0,02 98,57 granada EIT14_3 0,09 9,68 22,15 36,29 0,05 3,19 0,05 0,04 0,54 27,70 0,08 99,87 granada EIT14_4 0,15 0,19 19,95 35,88 0,06 1,56 0,15 0,02 26,05 16,24 0,00 100,23 granada EIT14_5 0,05 8,75 21,83 36,69 0,04 7,19 0,10 0,00 0,46 23,80 0,00 98,91 granada EIT14_6 0,00 0,16 20,52 33,72 0,02 0,67 0,08 0,00 20,60 23,04 0,02 98,83 granada EIT14_7 0,05 1,93 20,48 35,38 0,02 0,31 0,14 0,00 18,38 23,64 0,02 100,35 granada EIT14_8 0,03 1,44 0,05 0,21 0,02 0,03 53,41 0,07 1,36 43,12 0,01 99,76 ilmenita EIT14_9 0,00 0,07 0,00 0,11 0,04 0,00 50,91 0,00 2,96 43,51 0,00 97,61 ilmenita EIT14_10 0,02 0,00 0,04 0,21 0,02 0,01 49,41 0,00 7,29 41,69 0,00 98,69 ilmenita EIT14_11 0,05 0,00 0,06 0,09 0,00 0,01 98,98 0,20 0,00 0,57 0,06 100,02 rutilo EIT14_12 0,00 0,02 0,07 0,14 0,01 0,00 96,95 0,40 0,00 0,21 0,06 97,86 rutilo EIT14_13 0,05 0,00 0,09 0,15 0,01 0,00 97,11 0,25 0,00 0,83 0,00 98,47 rutilo manganesíferas de kimberlitos em Juína, que também ocorrem em Guaniamo, Venezuela e sugeriram tratar-se de um indicador distinto para kimberlito. Os percentuais em peso de MgO e MnO nas ilmenitas analisadas são elevados, quando comparados aos das ilmenitas de kimberlitos em Juína. São também muito mais elevados do que em picroilmenita de kimberlito (0,2 a 0,3%) e sugerem fonte distinta de kimberlito. Figura 12 – Diagrama Fe2O3-FeTiO3-MgTiO3, mostrando os campos de ilmenitas de kimberlitos, de rochas alcalinas, de granitos (A) e basaltos (B) extraídos de Mitchel (1986). As ilmenitas do Rio Itiquira plotam em A e B. 8. Conclusões Os garimpos em Itiquira representaram em passado recente importante atividade econômica local e contrastam com o declínio atual. As frentes de garimpos abandonadas estudadas permitiram o empilhamento estratigráfico de depósitos diamantíferos quaternários. Os depósitos cascalhosos foram subdivididos informalmente em T0 a T2 e são hospedeiros de diamante. As armadilhas do diamante identificadas nestes placeres foram panela, bolsão, veia (canal de corte e preenchimento) e ajogo (barra de pontal). A idade mais jovem de 720 ± 120 anos foi obtida na amostra EIT 14 (Cambaúva), em cascalhos do canal atual do rio e T0. A mais antiga, no terraço da margem direita do rio, amostra EIT 05 (Cavoqueiro), T1, com idade de 8400 ± 858 anos e situam estes depósitos no Holoceno. As demais idades não refletem a idade de sedimentação, mas retrabalhamento dos terraços mais antigos por eventos erosivos mais jovens (T0). O estudo de minerais pesados indicadores e acompanhantes proporcionou a identificação de magnetita, safira, granada, ilmenita, rutilo e zircão. A partir da química mineral de minerais indicadores foram identificadas granadas G0 e G4+G3. A primeira não tem relação com fontes primárias kimberlíticas. A segunda é indicadora de fonte piroxenítica a eclogítica (Grütter et al. 2004), com baixo Cr2O3 e médio a alto CaO. Entre as granadas G4, o percentual em peso de Na2O na granada da amostra EIT14_3 é 0,09. Neste caso é uma granada G4D e indicadora de fontes primárias férteis em diamante. As ilmenitas estudadas são distintas de ilmenita magnesiana (picroilmenita) encontrada em kimberlito devido ao baixo conteúdo de MgO e o elevado de MnO. A plotagem das ilmenitas no diagrama Fe2O3-FeTiO3-MgTiO3 mostra derivação de fontes granítica e de basalto. Agradecimentos: Os autores agradecem a FATEC – Laboratório de vidro e datação pela obtenção das idades dos sedimentos, em especial a professora Sonia H. Tatumi e toda sua equipe. Agradecemos também o laboratório de Microssonda Eletrônica da UFRGS, em particular a professora Márcia Elisa Boscato e a técnica Juscelania Tramontina pela realização das análises de química mineral. Ao laboratório de laminação da UNB pelo suporte na montagem das seções de grãos e aos trabalhadores de Itiquira: Jucelino, Manoel, Paulo, Detinho e Dito, que se empenharam em nos fornecer dados sobre os garimpos e pelo acompanhamento nas etapas de campo

Garimpo de diamante- BAHIA

Garimpo de diamante- BAHIA
A partir da descoberta de diamantes no Rio Mucugê, em setembro de 1844 chegaram à região, garimpeiros e comerciantes. Esse contingente de pessoas deu nome ao povoado de Mucugê (antiga Santa Isabel do Paraguaçu) e a partir desse núcleo desenvolveu-se a mineração na região seguindo o curso dos rios. 

Em 1945, a descoberta dos garimpos no rio Lençóis, despertou o interesse dos compradores de diamantes instalados em Mucugê e garimpeiros vindos das lavras em decadência, além de comerciantes da capital e senhores de engenho com seus escravos.

Pela Lei n. 604 de 18/12/1856 o antigo arraial, que era sede de um distrito de Mucugê, foi transformado na Comercial Vila dos Lençóis, pois nessa época eram realizadas negociações com mercadores franceses, ingleses e alemães (BAHIA, 1980). 

Em 1853 foi transferida de Mucugê a sede da Delegacia de Terras e Minas para a Vila dos Lençóis e um ano após foi instalada a Câmara Municipal. Em 1864, pela Lei Provincial n. 946, de maio de 1864, a Vila tornou-se cidade com o nome de Lençóis . A exploração de diamantes contribuiu para a construção da cidade, que chegou a ser conhecida como capital do diamante e Vila Rica da Bahia. 

A cidade prospera até 1871, entretanto devido a grande exploração de diamantes no local e a descoberta das jazidas de diamantes na África do Sul (1865) inicia-se o declínio da mineração na região. Após o abandono do garimpo, o cultivo do café e a extração do carbonado, utilizado como abrasivo industrial, ajudaram a melhorar a situação econômica da cidade (BAHIA, 1980).

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE GARIMPEIRA (DIAMANTE) PARA O DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DE JUÍNA-MT

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE GARIMPEIRA (DIAMANTE) PARA O DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DE JUÍNA-MT (1970-1980) A presente pesquisa busca mostrar a importância da atividade garimpeira para o município de Juína-MT nas década de 70, 80 e 90. Durante esses anos, vários imigrantes vieram do Sul do país em busca do diamante, a extração do diamante mereceu destaque, e se manteve por mais de uma década no auge da atividade econômica do município. Devido à ocupação das áreas de garimpo do município, houve grande êxodo dos garimpeiros da cidade, este fluxo da população provocou a decadência desta atividade econômica Juinense. O garimpo trouxe muitas riquezas, mas, hoje essa atividade é vista apenas como uma prática demasiada agressiva ao meio ambiente e às populações indígenas do território nacional. Palavra chave: Atividade Econômica, Garimpo, Diamante. 1. INTRODUÇÃO A iniciativa desse trabalho surgiu após buscar informações a respeito do garimpo de diamante no município de Juína-MT. Diante dos acontecimentos e de sua importância para o crescimento do município nas décadas de 70, 80 e 90, tornou-se de fundamental importância desenvolver uma pesquisa a respeito desta temática. O período compreendido entre as décadas de 70, 80 e 90 foram marcados por projetos de instalação de núcleos urbanos em plena selva amazônica, e a descoberta de ricas jazidas de diamantes, ocasionou uma imigração em massa para a região. Por meio da pesquisa realizada pela empresa SOPEMI, muitas das riquezas encontradas foram levadas para outras localidades escondidas, sem impostos, ou até mesmo descartadas, por se tratar de uma área de sítios arqueológicos, o que propiciou um rico comércio naquela época. 2 Através da perspectiva de apropriação e transformação do espaço, esta pesquisa visa mostrar a importância da atividade garimpeira para o crescimento do município de Juína-MT no período anteriormente referido, bem como estabelecer as contribuições economias da extração de diamante e sua importância histórica, pois sabemos que o seu crescimento se deu devido à sua grande potencialidade na extração de diamante principalmente na década de 80. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O DIAMANTE Neste capítulo, abordaremos o que é diamante, desde sua formação, qualidade e propriedade, destacados sua importância para o Brasil e para o estado do Mato Grosso. Entre as muitas pedras preciosas, o diamante destaca-se por várias razões e tem características que o tornam único. Hum tratado de química mineral, ele nada mais é que “Carbono Puro”, em estado cristalino, na qual é cristalizado sob altas pressões e temperaturas, nas mais profundas entranhas da terra há bilhões de anos. É um mineral raro, infundível e refratário aos ácidos e que, na escala de rigidez, ocupa o mais alto degrau e possui um peculiar poder refulgente, com efeitos esplêndidos maiores e mais fulgurantes quanto maior e melhor lapidada for à pedra (KRAUS 2008). É através destas características que justificam o alto valor atribuído à “gema entre as gemas” e também a dúplice versão que foi dada à origem de seu nome. Alguns dizem que deriva do Árabe “adamas” (o indomável) e outros de “daemos” (o tentador), por causa das paixões que jóias fabricadas a partir deste minério tem provocado em todas as épocas. Dada sua indomabilidade, o diamante pode ser vencido somente por si mesmo, para lapidá-lo, usa-se pó de diamante com óleo de linhaça, sobre uma mola de aço muito suave (BRANCO 2008). A cada ano que passa, modernas técnicas de lapidação estão sendo implantadas neste fechadíssimo mercado, os fragmentos menores são despregados para cortar o vidro e gravar pedras preciosas. 3 O diamante lapidado em dupla pirâmide truncada, cujos lados são divididos em 58 diminutíssimas facetas triangulares ou rombaidais, que são lapidadas uma a uma, chama-se “brilhante“, e aquele cortado com apenas uma pirâmide de base plana, com 24 facetas, chama-se “rosa“. Os exemplares incolores predominam, mas encontra-se também diamantes cujos reflexos possuem tintas escuras, rosas, verdes, amarelas, e existe, ainda, muito raro, o “diamante negro”. O diamante, por seu brilho, dureza e, sobretudo, raridade, figura no primeiro plano das pedras preciosas, desde as remotas eras. Sua formula é “C”, peso especifico 3,4 a 3,6 e pertence ao sistema cúbico. Suas faces são, por vezes, estriadas, transparente ou incolor, também encontrado amarelo ou amarelado e, em outras cores deslumbrantes, pois como carbono puro, possui propriedades químicas deste elemento (BRANCO 2008). Existem diversas qualidades de diamante: o “incolor”, considerado a primeira das pedras preciosas, sendo seu custo calculado na base de quilate (0,25 gramas); o “bort”, de faces curvas, que serve para polir a anterior e, finalmente o carbonado negro, usado para perfurar rochas; esta variedade, a mais conhecida, é produto de jazidas da Índia, do Brasil e do Cabo, as primeiras quase esgotadas (METAMAT 2006). Decididamente o que valoriza o diamante é a lapidação, que compreende três operações sucessivas: clivagem, lapidação e polimento. A primeira desembaraça o diamante da crosta que o envolve. A segunda dá-lhe a forma definitiva, de brilhante ou rosa. A terceira confere à pedra talhada, o brilho e transparência. Na clivagem, o clivador faz o diamante roçar sobre a pedra bruta, fazendo a crista destacar-se. Isto feito, o lapidador, com a maça, martelo cônico, e uma lâmina de aço, bate pancadas secas na pedra, pendendo-a segundo as faces da clivagem. 2.2. MINERAÇÃO DE DIAMANTE NO MUNDO E NO BRASIL. A “explosão demográfica” verificada principalmente no século XX e a melhoria das condições gerais de infra-estrutura de uma parte da humanidade ocasionaram o aumento vertiginoso da demanda por bens minerais. Isto pode ser notado ao se observar às estatísticas de produção de metais (ROSSETE et al 2006). Os dados da produção de metais foram de 25 milhões de toneladas do início da civilização até 1750; 10 milhões de toneladas de 1750 a 1800; 100 milhões 4 de 1800-50; 900 milhões de 1850 a 1900; 4 bilhões de 1900 a 1950; e de 5,8 bilhões de 1950-80. Cada indivíduo consome em média, 20 toneladas anuais de matérias-primas minerais. Este consumo deve-se em grande parte à crescente industrialização, notadamente nos países do Hemisfério Norte, fenômeno este que teve seus primórdios com a Revolução Industrial do século XVIII (SUNKEL ET AL 1988), implicando numa explosão desenfreada da pesquisa e lavra dos bens minerais (McDIVITT et al 2006). Atuando como base de sustentação para a maioria dos segmentos industriais, a extração mineral desempenha, hoje um papel fundamental na economia de diversos países, principalmente dos países em desenvolvimento que tem a mineração como uma importante fonte de geração de divisas, via exportação de minério, além de ser uma atividade geradora de empregos e impostos, representando, assim, um fator determinante para o desenvolvimento de um grande número de cidades e micro-regiões (MARQUES1993). O primeiro centro de diamantes foi à Índia, que dominou o mercado até a descoberta dessas pedras no Brasil no começo do século XVIII, pois ainda não se conheciam os diamantes da África. Duzentos e cinqüenta anos depois da descoberta do Brasil, este passou a ser o maior produtor de diamantes do mundo (FERREIRA 1993). Em meados do século XVIII, ocorreu a descoberta de grandes aluviões diamantíferos na Colônia do Cabo, em Orange e Trabsvaal, hoje ultrapassadas pelo Congo Belga, que somente em 1.955 produziu cerca de 12 milhões de quilates. Em 1950, a produção mundial foi de 15.300.000 de quilates, dos quais o Brasil contribuiu com 200.000, ou seja, a proporção de 1,3%. A partir do ano de 1950, a posição do país melhorou sensivelmente devido principalmente aos grandes esforços dos cientistas que se dedicaram com afinco a esse problema nas regiões diamantíferas (MORENO et al 2005). Os primeiros diamantes foram descobertos no Brasil por Bernardo da Fonseca Lobo, no riacho Caeté-Mirim. De início, não se atribuiu muita importância ao fato, pois a atenção estava voltada para o ouro. Mais tarde iniciou-se a exploração intensificada, em Diamantina, junto ao rio Jequitinhonha, Abaeté e Grão-Mogol. Jazidas importantes surgiram também em Goiás, na Bahia e no estado de Mato Grosso. Entretanto, os maiores diamantes 5 eram reservas à coroa de Portugal, que auferiu grandes lucros, e os menores eram vendidos a negociantes por contrato (METAMAT 2006). O primeiro comprador de diamantes que se tem notícia foi Gil de Mester, que explorou o tal serviço até o ano de 1866. Os contratadores de diamantes eram pessoas importantes e de grande prestígio. O mais famoso deles foi Felisberto Caldeira Brandt, que inspirou ao Maestro paulista Francisco Mignome a bela opera “O Contratador de Diamantes”. Exercia-a tal atitude no Tejuco, onde se desenrolaram fatos históricos. A região de Alto Araguaia e do rio Garças, forneceu pedras de alto valor pela sua pureza (FERREIRA 1993). O famoso diamante “Estrela do Sul” foi encontrado, em 1853, por uma escrava que estava lavando roupa às margens do rio Bagagem. A gema pesava, em estado bruto, 261,88 quilates, passando a 122,8 depois do processo de lapidação. É um brilhante muito puro levemente rosado, e foi vendido por 400.000 dólares ao “Gaekwar de Baroda”, depois de ter sido cuidadosamente lapidado por Coster, de Amsterdã. Segundo dados estatísticos, na década de quarenta, passaram pelo serviço de classificação e avaliação de pedras preciosas da Casa da Moeda, algo em torno de 460.865 quilates métricos de diamantes em estado bruto, as maiores pedras provenientes do estado de Minas Gerais, embora a maior produção fosse do Estado de Mato Grosso. Dados oficiais estimam a nossa produção entre 1728 a 1947, em 6.065.543 (seis milhões, sessenta e cinco mil e quinhentos e quarenta e três) quilates, sendo que no período de 1727 a 1847, foi de 1727 a 1847, de 1.977.419 quilates, e de 1938 a 1947 de 1.818.015 (um milhão, oitocentos e dezoito mil e quinze) quilates (METAMAT 2006). 2.3. MINERAÇÃO DE DIAMANTE EM MATO GROSSO No estado de Mato Grosso, as principais regiões produtoras de diamantes são as regiões do Médio Norte, Sudeste, Araguaia, Central e Noroeste. Porém as pedras mais preciosas produzidas no estado são exportadas para países na Ásia, na Europa e no Oriente Médio (METAMAT 2006). 6 Os depósitos diamantíferos explorados na região do Médio Norte de Mato Grosso são secundários e estão associados aos cascalhos aluvionares (depósito sedimentar, formado por materiais em geral grosseiros, mal rolados, e mais ou menos soltos, transportados por águas correntes como rios, ribeiros, etc. O mesmo que alluvium ou alúvio) e coluvionares (em geral com uma camada do subsolo frágil, tipicamente ricos em argila). Os depósitos diamantíferos mais recentes se encontram na região sudesde do estado, na Reserva Garimpeira de Poxoréo se destaca a produção de diamantes e outros minerais, tal como a safira, de melhor qualidade ao serem lapidados. Há a ocorrência de depósitos diamantíferos do tipo terraço e aluvionar na região do médio Araguaia, especialmente na planície aluvionar das bacias dos rios Araguaia e Garças, abrangendo parte dos municípios de Alto Araguaia, Alto Garças, Araguainha, Ponte Branca (Figura 1), Guiratinga, Pontal do Araguaia, Ribeirãozinho, Torixoréu, Tesouro, General Carneiro e Barra do Garças. Figura 1 – Diamante Fonte: METAMAT (2006). Nos municípios localizados na região Central do Estado, Paranatinga, Campinápolis e Gaúcha do Norte, são encontrados depósitos aluvionares tipo paleocanais e canais atuais, uma vez que as aluviões e os terraços são de pequena 7 expressão ao longo dos principais rios, como o Jatobá, o Batovi, o Coliseu e o Piranha. A maior produção de diamantes de Mato Grosso concentra-se atualmente na região noroeste do Estado, que abrange parte dos municípios de Juína e Aripuanã. Nas redondezas do município de Juína, destaca-se a produção de diamantes industriais, enquanto que nas outras regiões do estado, os diamantes são, na maioria das vezes, comercializados como gemas, prática principal da fonte de renda de diversos municípios mato-grossenses. A figura 2 ilustra um lote de diamantes brutos, produzidos no município de Juína, dividido em quatro frações granulométricas de 10 pontos, 15 pontos, 42 pontos e 115 pontos, respectivamente, com tamanho médio geral da ordem de 45 pontos. Figura 2 – Lote de diamantes brutos produzidos no município de Juína-MT. Fonte: METAMAT (2006). Na região de Chapada dos Guimarães existe uma planta industrial de diamante (tipo gema) em implantação, com investimentos previstos da ordem de US$ 7 milhões, com capacidade de produção inicial de 600.000 m3 ano, com teor médio de 0,05 ct/m3 , pertencente à empresa Chapada Brasil Mineração Ltda. No município de Juína há uma segunda mina de diamante tipo industrial, com reservas da ordem de 14 milhões de toneladas, produção de 60.000 ct ano, com teor médio de 0,40 ct/t, pertecente a Diagem do Brasil, com investimentos da ordem de US$ 2,5 milhões (METAMAT 2006). 8 3. METODOLOGIA A execução dessa pesquisa se deu em um primeiro momento no embasamento do referencial teórico. Logo após, foram realizadas pesquisas bibliográficas e aquisição do material básico, para contextualização da temática em questão. Esses dados foram adquiridos na biblioteca municipal e em arquivos pessoais de garimpeiros que durante anos trabalharam nessa atividade. Outros materiais foram coletados através de entrevistas com o senhor José Ferreira Lima Junior, técnico em mineração, atualmente exerce o cargo de diretor na Cooprodil. Em posse de todo material bibliográfico necessário para o embasamento da pesquisa foram realizadas a integração dos mesmos e com isso foi possível desenvolver a pesquisa. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1. LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JUÍNA-MT. O município de Juína está localizado a 748,9 quilômetros de Cuiabá na região noroeste do estado de Mato Grosso, faz limites há diversas cidades, dentre elas, Castanheira e Aripuanã ao norte (rio das Pedras e rio Furquim), ao sul: Campo Novo dos Parecis e Comodoro (rio Juruena e Iquê) a oeste: Vilhena (rio Temente, rio Marques, rio Capitão, rio Carso) e a leste: Brasnorte (rio Juruena). (Figura 3) 9 Figura 3. Localização do Município de Juína-MT Org: LEMES (2009). Encontra-se a uma longitude de 58º44’05” e uma latitude de 11º25’05” com uma altitude média de 400 metros. A sua área é de 26.251 km², equivale há 2.906% do estado, 1.6401% da região e 0.309% de todo o território brasileiro. A sua população urbana e rural se aproxima dos 40 mil habitantes. 10 4.2. O HISTÓRICO E A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO GARIMPO DE DIAMANTE PARA O MUNICÍPIO DE JUÍNA-MT O município foi criado a partir de um projeto implementado pela Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso, CODEMAT, no ano de 1976, com o objetivo de expansão das fronteiras agrícolas e ocupação de áreas até então desocupadas. No mesmo ano, chegou ao município a CIA de mineração SOPEMI S/A- Sociedade de Pesquisa e Exploração de Minérios S/A. Esta empresa era multinacional formada pela união de dois grupos; BRGM, que era representado pelos franceses e a “De Beers”, que era controlada pelos ingleses (Figura 4). Sua filosofia de trabalho, a princípio, se resumia em pesquisar “Rocha Primária” (kimberlito1 ), tal pesquisa obteve ótimos resultados, de onde se descobriu 21 kimberlitos e centenas de anomalias em todas as regiões do município de Juína. Muitas dessas anomalias foram checadas na época, pois em janeiro de 1982, passou-se a outra fase, ou seja, a de exploração, que durou apenas seis anos. No ano de 1988 ocorreu a invasão dos garimpeiros nas áreas de lavra impossibilitando assim a continuidade em um trabalho paralelo de se descobrir novos corpos kimberliticos. Neste período esta empresa tinha um contingente de aproximadamente 220 funcionários entre Geólogos, técnicos, funcionários especializados e braçais. Figura 4. Integrantes da CIA de mineração SOPEMI S/A. Fonte: FERREIRA (1993). 1 Kimberlito: Rocha ígnea, peridotito alcalino-ultrabásica, muitas vezes brechada e serpentinizada, composta por olivina e quantidades variáveis de flogopita, ortopiroxênio, clinopiroxênio, carbonatos e cromita tendo como acessórios melilita, granada piropo, magnetita, carbonatos, ilmenita, apatita, rutilo e perovskita. 11 Após a invasão dos garimpeiros, passou-se a conviver com uma nova realidade. A região iniciou um processo de crescimento econômico bastante acentuado que se estende até aproximadamente até 1998. O deposito diamantífero descoberto pela SOPEMI em nosso município é muito grande, talvez, o maior do país. Há alguns anos atrás, essa atividade era bem mais fácil de ser executada, pois além dos diamantes se encontrarem em uma profundidade considerada economicamente viável, ou seja, aproximadamente 2 metros de profundidade em média e ocorrem em abundância, com teores de concentração altíssimos atingindo até o valor de 42 cts/m³ na bacia do “Rio Cinta Larga” (Figura 5). Do município de Juína já saíram muitas pedras consideradas gemas destacando-se a quarta maior pedra já encontrada no Brasil, garimpada pelo senhor Negão da Anta, a pedra pesava 452 cts. Pode-se destacar também, outras preciosidades, como: 262 cts (Rio Porção), 330 cts (Rio Sorriso), 117 cts (Rio 2 Barras), 56 cts (Rio Seu Luiz), 64 cts (Rio Juininha). Figura 5 - Garimpo de diamante na bacia do “Rio Cinta Larga”. Fonte: FERREIRA (1993). Por volta da década de 1990 o movimento em torno do subsolo do município ganhou tamanho e relevância, graças à mineração de diamantes e metais preciosos. O garimpo era considerado uma das atividades econômicas mais importantes do município de Juína, em 1976, ricas jazidas diamantíferas foram descobertas na região, assim a garimpagem de diamantes fez história na cidade. Os irmãos Ben–Davi, 12 compradores de diamantes, instalaram a “Bolsa de Diamantes”, que adquiriu, por longos anos, considerável lote de gemas. O comércio de diamantes naquela época era ativo de na cidade, estava presente nas ruas (Figura 6, 7 e 8) e na estação rodoviária (Figura 7). Figura 6. Comercio de diamantes nas mesas de bares. Fonte: FERREIRA (1993). Figura 7. Comercio de diamantes. Fonte: FERREIRA (1993). Figura 6. Comercio de diamantes na esquina da Drogaria São Jorge. Fonte: FERREIRA (1993). 13 Figura 8. Comercio de diamantes na rodoviária. Fonte: FERREIRA (1993). Algo em torno de 11,4 milhões de hectares em Mato Grosso está reservado para as grandes mineradoras fazerem prospecção sobre o potencial de exploração mineração, especialmente de diamantes. Até 2003, Mato Grosso tinha 4,5 milhões de hectares de seu solo requeridos. Isso significa em torno de 13% do território mato-grossense apenas para a exploração mineral. Hoje apesar de existir ainda uma ocorrência diamantífera, considerável, os garimpeiros (Figura 9) que ainda persistem trabalhando na região se esbarram em variados problemas, como por exemplo: o depósito mineralizado se encontra em grandes profundidades, exigindo um maior investimento; a produção, apesar de ser inferior, ainda é compensadora; a produção é negociada com um preço variando de 10 a 30 U$/ cts, isto quando tem alguém para negociar, se não, fica-se esperando a vinda de algum comprador. Esta espera se torna desconfortável, pois, existe um custo de operação se tem como querer negociar tornando o pequeno produtor inadimplente. 14 Figura 9. Garimpeiro tentando garimpar mesmo diante das dificuldade. Fonte: FERREIRA (1993). Para se ter uma idéia, só a Mineradora Diagem retém 130.000 hectares de área requerida e a mesma, não é atuante, pois seus garimpeiros se encontram parados e expostos ao tempo há vários anos, exceto um grupo de 15 funcionários em atividades checando as respectivas anomalias descobertas pela SOPEMI S/A a 25 anos atrás. É preciso que a diretoria atual da Diagem estabeleça outros critérios, não coloque obstáculos e libere parte do seu subsolo para que a garimpagem se torne uma atividade legalizada proporcionando assim, opções de trabalho para todos os colaboradores favorecendo diretamente o crescimento do município. Já a Sl. Mineradora Juinense tem apenas 30.000 hectares, mas direciona a produção com responsabilidade, e consegue através disso gerar de 80 a 100 empregos diretos. Baseado nas dificuldades enfrentadas pelos garimpeiros ao longo dos anos, e também, na preocupação de todos em sentindo de se trabalhar dentro da legalidade, um grupo de proprietários de máquinas resolveram criar uma cooperativa denominando de COOPRODIL- Cooperativa dos Produtores de diamante de Juina LTDA. Essa cooperativa nasceu com o intuito de proporcionar ao garimpeiro o direito de exercer sua atividade, obedecendo aos parâmetros legais exigidos pelos órgãos estaduais e federais como DNPM, SEMA, IBAMA e METAMAT, órgãos estes, direcionados à produção mineral e ao meio ambiente. Para isso, criaram-se as PLG’s (Permissão de Lavra Garimpeira), que concede o direito ao garimpeiro de trabalhar legalmente. Essa PLG é concebida graças a um acordo feito entre o superficiário e a mineradora encaminhando futuramente para os órgãos competentes. 15 A Mineradora Diagem liberou 13 PLG’s e a S.L Mineradora liberou 6 PLG’s, mas, sua diretoria se colocou a disposição para novas negociações. Preocupada tanto com os problemas surgidos anteriormente, quanto com a legalização da atividade garimpeira, já que desde 1998 os garimpeiros sofreram grandes represálias, sendo constantemente impedidos de trabalharem e não terem o apoio e a orientação necessária por parte das pessoas que administravam o município de Juína na época, a administração Hilton Campos juntamente com o secretário de agricultura, mineração e meio ambiente, senhor Gilson Nascimento nomeou o “Diretor do Departamento de Mineração”, hoje visto que este departamento foi criado anteriormente, mas fictício, pois quem acumulava essa função era o próprio secretário mesmo que no papel, este cargo era exercido por outra pessoa. 5. CONCLUSÃO O desenvolvimento do município de Juína se deve em grande parte devido ao garimpo que impulsionou grande movimentação populacional na década de 70 e simultaneamente essa migração impulsionou os demais setores. O crescimento econômico da cidade deu início desde então, acelerando o processo de desenvolvimento de outros setores que foram necessários para dar suporte ao garimpo. Durante três décadas, a exploração do diamante constituiu-se como principal atividade econômica no município de Juína. Nos últimos tempos, a atividade mineradora vem, sendo principalmente desempenhada por grandes empresas, detentoras de recursos econômicos e tecnológicos. Tal fato vem ocasionando movimentos migratórios, mudança ocupacional de parte da população e esvaziamento de pequenas localidades. Vários fatores foram responsáveis pela decadência da atividade na região, a grande profundidade dos depósitos mineralizados requer um investimento maior para se extraírem os minérios, a retenção de terras ideais para o garimpo por grandes empresas também dificulta o sustento desta atividade nos dias de hoje. Em virtude da decadência do garimpo foi criada a COOPRODIL com o intuito de proporcionar o direito aos garimpeiros de exercerem a atividade. Hoje o garimpo é uma atividade legalizada devido aos esforços da cooperativa para conseguir permissão de lavra garimpeira (PLG). A situação atual da atividade garimpeira no município de Juína ainda é ativa, mas sem o mesmo fôlego de outrora, a total decadência foi evitada graças às ações da cooperativa que movimenta o mercado fazendo compra e venda de diamante.