sexta-feira, 4 de março de 2016

Nova fase da Lava Jato impulsiona mercados e dólar despenca

Nova fase da Lava Jato impulsiona mercados e dólar despenca

Pela manhã o Ibovespa passava os 48.000 pontos, com 3,50% de alta, e o dólar era cotado a R$ 3,70, com queda de 2,5%

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, Rui Falcão, na reunião do Conselho Político da Presidência do PT, nesta segunda-feira (15), em São Paulo
Mercado reagiu bem ao agravamento da crise envolvendo o governo da presidente Dilma Rousseff e à nova fase da Operação Lava Jato(Jorge Araújo/Folhapress)
O principal índice da bolsa de valores, o Ibovespa, disparava 3,61%, aos 48.898 pontos na manhã desta sexta-feira, após a Polícia Federal lançar nova fase da operação Lava Jato que tem como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mercado de câmbio, o dólar desabava cerca de 2,5% frente ao real na abertura dos negócios.
Às 11h30, o dólar recuava 2,49%, a 3,7074 reais na venda, após cair 5,03 % nas três sessões anteriores. A moeda americana chegou a recuar 3%, a 3,6876 reais, na mínima deste pregão, menor patamar intradia desde 1º de setembro de 2015 (3,6192 reais).
"(A presidente Dilma Rousseff) já está muito fragilizada e com isso a oposição ganha mais força", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado. "Se as manifestações do dia 13 forem grandes, a situação fica muito ruim para ela", acrescentou, referindo-se a protestos planejados a favor do impeachment da presidente. Se mantiver esse ritmo, o dólar fechará esta semana com a maior queda acumulada desde outubro de 2008.
A operação Lava Jato lançou nesta manhã nova fase da investigação tendo como alvo Lula, contra o qual foram expedidos mandados de condução coercitiva e busca e apreensões, para apurar possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do esquema envolvendo a Petrobras.
Notícias que aumentam a pressão sobre Dilma, alvo de processo de impeachment, vêm sendo bem recebidos pelo mercado, que entende que uma troca no governo pode trazer de volta a confiança e abrir espaço para mudanças na política econômica.
E, agora tendo Lula como alvo direto, a Lava Jato poderia atrapalhar os planos do ex-presidente de concorrer nas eleições de 2018.
Ainda assim, alguns analistas ponderam que as turbulências políticas podem dificultar ainda mais a governabilidade no presente. Além disso, não é certo que a saída da presidente resultaria em um governo mais apto a promover as reformas econômicas dolorosas que muitos acreditam ser a chave para a recuperação brasileira.
"O mercado está apostando em uma retomada da confiança que pode não se concretizar. Há uma certa euforia e acho que algumas pessoas estão indo no embalo, mas tem muita água para rolar ainda", disse o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato.
Na véspera, o dólar já javia caído mais de 2% sobre o real, reagindo à notícia de suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) na operação Lava Jato envolvendo a presidente Dilma e Lula.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Descubra onde você pode encontrar as brilhantes opalas, a pedra preciosa nacional da Austrália.

Descubra onde você pode encontrar as brilhantes opalas, a pedra preciosa nacional da Austrália.

Todas as cores do arco-íris aparecem nas opalas, a pedra preciosa nacional da Austrália.   Na verdade, de acordo com a lenda aborígine, o redemoinho de cores foi criado quando um arco-íris caiu na terra.  A Austrália produz 95% das opalas do mundo, o que faz dessas hipnóticas pedras um souvenir tipicamente australiano.  Elas variam desde as opalas brancas ou 'leitosas' mais comuns, encontradas em Coober Pedy, até as raras opalas negras de Lightning Ridge.  Faça um passeio pelos famosos campos de opalas ou compre opalas em lojas especializadas em todo o país.
Todas as principais cidades e centros turísticos australianos têm lojas especializadas, onde você pode comprar opalas incrustadas em joias ou como pedras soltas e não lapidadas.  As opalas negras são as mais valiosas, seguidas das opalas boulder, cristais de opalas e opalas brancas.  Esse sistema de valor se baseia na ideia de que as pedras mais escuras têm cores mais vibrantes, embora exista variações de pedra para pedra.
Para viver uma aventura repleta de opalas, visite os campos de opala pelo outback daAustrália do Sul, Nova Gales do Sul e Queensland.  Eles ficam no local da Grande Bacia Artesiana, que no passado foi um vasto mar interno.  As opalas evocam esse antigo mundo submarino, com listras fluorescentes verde-azuladas e semelhantes ao coral.  Também são conhecidas como o ‘fogo do deserto', sendo garimpadas em algumas das partes mais quentes e inóspitas da Austrália. Você deve visitar os campos de opalas entre abril e setembro, quando as temperaturas são menos intensas.
Na pitoresca cidade mineradora de Coober Pedy, na Austrália do Sul, a maioria dos habitantes locais vivem em moradas subterrâneas, para evitar o calor abrasador do verão.  Hospede-se em um hotel subterrâneo e visite as residências, igrejas e lojas subterrâneas.   Acima do solo, faça um passeio pelas minas e campos de opalas e veja uma demonstração das técnicas de lapidação de opalas.  Alugue um veículo com tração nas quatro rodas para visitar as outras cidades produtoras de opalas: Andamooka, Mintabie e Roxby Downs.  Juntos, esses campos da Austrália do Sul produzem a maior parte das opalas brancas ou leitosas do mundo.
As opalas negras são as mais cobiçadas do mundo, sendo encontradas em Lightning Ridge, a quase 800 km a noroeste de Sydney.   Os caçadores de fortunas têm vindo para cá desde 1800 e hoje são acompanhados pelos turistas, que também querem vivenciar a experiência do outback. Conheça a mina em Bald Hill, compre souvenires ou jogue golfe no antigo campo de opalas.   Relaxe nos spas artesianos minerais, caminhe pela paisagem esburacada e observe os pássaros nativos.   Na cidade são realizados o Black Opal Rodeo e peculiares corridas de bode durante a Páscoa e o Lightning Ridge Opal Festival, em julho.
A trilha das opalas serpenteia mais além pelo interior até White Cliffs, que já foi uma agitada cidade centrada nas opalas, mas que hoje tem apenas algumas centenas de habitantes.  Explore as colunas de mineração abandonadas, onde os habitantes locais vivem durante o verão e veja claros cristais de opala, valorizados por sua translucidez e a claridade de suas cores.
Opalas boulder são exclusivas de Queensland, e você pode procurá-las em remotas cidades do outback, como Quilpie, Yowah e Opalton. Compre opalas rústicas e polidas no animado Yowah Opal Festival, realizado em julho, ou visite Opalton, onde a maior opala do mundo foi encontrada em 1899.
Saia à caça das opalas no outback ou capture sua opala em uma loja da cidade.  De qualquer forma, esta exclusiva pedra preciosa australiana é uma vibrante lembrança de sua aventura australiana.

Geológos identificam jazidas de diamantes

Geológos identificam jazidas de diamantes

Uma equipe de geólogos do governo federal identificou dezenas de novas áreas pelo país potencialmente ricas em diamantes. A maioria está no Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Pará. Até então, informações oficiais sobre esses pontos eram escassas ou não existiam. Os detalhes dos achados ainda são mantidos em reserva. A previsão é que sejam divulgados em 2014. O governo avalia que os dados poderão atrair empresas e levar a um aumento da produção de diamantes no país.
Os trabalhos fazem parte do projeto Diamante Brasil, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia. As pesquisas de campo começaram em 2010 e desde então geólogos visitaram cerca de 800 localidades em todo o país, recolhendo amostras de rochas, fazendo perfurações e levantando informações sobre as gemas de cada um dos pontos.
O objetivo, segundo o geólogo Francisco Valdir Silveira, chefe do Departamento de Recursos Minerais do CPRM e coordenador do projeto é fazer uma espécie de tomografia das áreas diamantíferas no território brasileiro. É um levantamento inédito.
O ponto de partida da equipe foi uma lista que a De Beers, gigante multinacional do setor de diamantes, deixou com o governo após anos de investimentos e atividades no Brasil. Da lista constavam coordenadas geográficas de 1.250 pontos, entre os quais muitos kimberlitos, mas nada de detalhes sobre quantidades, qualidade e características das pedras dessas áreas. Kimberlito é um tipo de rocha que serve como um canal do subsolo até a superfície e na qual em geral os diamantes são encontrados.
“O projeto Diamante Brasil não foi concebido para descobrir novas áreas de diamantes. Mas a grande surpresa foi que conseguimos registrar novos kimberlitos e áreas com potencial para que outros kimberlitos sejam descobertos”, disse Silveira ao Valor.
“O projeto já descobriu e cadastrou mais de 50 corpos [possíveis depósitos de diamantes no subsolo]”, disse. Em praticamente todos os Estados, segundo ele, a equipe identificou áreas com potencial para produção de diamantes. Várias delas não constavam nem do documento da De Beers. Caso, por exemplo, de um kimberlito descoberto no Rio Grande do Norte. Mas as maiores novidades estão no Norte e Centro-Oeste (Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Pará).
Este ano, com o trabalho de campo praticamente concluído, os geólogos do Diamante Brasil passam a se dedicar mais à descrição dos minerais encontrados e às análises dos furos das sondas. O projeto se encerra em 2014.
O diagnóstico ajudará a atrair investimentos de mineradoras e eventualmente ajudar a mobilizar garimpeiros em cooperativas. E com isso, aumentar a produção de diamantes no país. Hoje, a produção nacional é pequena e em grande parte ilegal, diz. Brasil é signatário do Processo de Certificação Kimberley, um acordo internacional chancelado pela ONU, que exige dos países participantes documentação que ateste procedência em áreas legalizadas.
Todo o diamante que sai do Brasil é ainda produzido em áreas de aluvião – pedras retiradas de leitos de rio ou do solo. Minas Gerais, Rondônia e Mato Grosso são alguns dos Estados com atividade garimpeira expressiva. O país não tem mina aberta extraindo diamante em rocha primária, no subsolo, onde estão depósitos maiores e as pedras mais valiosas. Os novos achados podem abrir caminho para potenciais novas minas.
Reservas dos chamados diamantes industriais e também de gemas (para uso em joias) se espalham pelo país, segundo Silveira. Estes últimos são os que fazem girar mais dinheiro.
Um diamante pode ser vendido em um garimpo do Brasil por R$ 2 milhões. Depois, um atravessador de Israel ou da Europa paga R$ 10 milhões pela pedra. E ela pode chegar a Antuérpia, por exemplo, para ser lapidada, ao preço de R$ 17 milhões, R$ 20 milhões.
Esses diamantes brutos, grandes e valiosos, também estão no radar do CPRM. O projeto ainda não conseguiu desvendar um mistério sobre a origem dos maiores diamantes do Brasil. O alvo principal é o município de Coromandel e região, no leste de Minas Gerais, onde foram encontrados nas últimas décadas grandes exemplares. Vários acima dos 400 quilates.
Silveira diz que os geólogos do CPRM vão testar novos métodos para tentar encontrar os kimberlitos que dão origem a essas pedras.

Diamantes mineiros

Diamantes mineiros

Pesquisa do IGC/UFMG estuda as rochas que dão origem aos diamantes

Passeando pelas ruas de algumas cidades do interior de Minas Gerais, visi-tando igrejas e praças, percebe-se a presença de um de seus elementos históricos mais marcantes: o diamante. Ele já motivou tropeiros e comendadores e tornou famosa a escrava Xica da Silva. Ao lado da importância histórico-cultural e econômica, a pedra preciosa desperta também o interesse da geologia. Mais do que o próprio diamante, o que tem motivado pesquisas nas universidades mineiras é a rocha que encerra o mesmo: o kimberlito. 

O kimberlito é um conduto vulcânico, ou seja, uma estrutura que conecta a superfície da Terra ao seu interior e por onde o magma (material expelido pela parte visível do vulcão) flui, a partir das partes mais profundas, onde ele se forma. Para visualizar seu formato, basta lembrar que, em inglês, conduto significa neck, ou seja, pescoço.

Kimberlitos são objetos de estudos de pesquisadores do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências (IGC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob a coordenação do professor Geraldo Norberto Chaves Sgarbi. Com o apoio da FAPEMIG, o projeto denominado “Identificação de kimberlitos nas regiões Oeste e Central de Minas Gerais” teve início no ano passado e começou abrangendo as cidades da região do Alto Paranaíba, como Carmo do Paranaíba, Patos de Minas, Arapuá, Coromandel, Patrocínio, Lagoa Formosa e Tiros. A segunda fase do projeto, aprovada pela Fundação no final do ano passado, vai aprofundar as pesquisas já realizadas e abranger também a região central do Estado. 


A vegetação indica a presença de rochas vulcânicas
Diamantes mineiros 
O diamante forma-se no interior da Terra, em profundidades de cerca de 150 km, sob altas pressões e temperatu-ras, por átomos de carbono. Segundo o professor Geraldo, o conduto vulcânico atua como uma espécie de “táxi” para a pedra preciosa, visto que o magma, ao subir em direção à superfície, a uma velocidade de aproximadamente 800 km/h, transporta a pedra, que se encontra em estado bruto. Alguns geólo-gos fazem uma analogia desse magma, que sobe em altíssima velocidade, com uma “perfuradeira química”, que dissolve as rochas encontradas durante sua ascensão. 

Todo esse material é submetido a uma pressão muito alta no interior da Terra, a qual é liberada ao atingir a superfície. Nesse momento, o magma kimberlítico geralmente explode, devido à súbita redução da pressão, e se solidifica em uma rocha denominada kimberlito. Quanto aos diamantes, apenas uma ínfima fração resiste a esse transporte até a superfície. 

O processo de formação de kimberlitos ocorreu, no oeste mineiro, há cerca de 85 milhões de anos e, hoje, os pesquisadores se deparam com um “enigma geológico”: no Brasil, temos muitos kimberlitos estéreis, ou seja, sem diamantes. Entretanto, a pedra pode ser encontrada em alguns leitos dos rios dessas regiões. Curiosamente, alguns países de dimensões continentais como a Austrália, África do Sul, Canadá e Rússia produzem diamantes não somente através dos leitos dos rios, como no Brasil, mas direto da fonte, ou seja, através dos kimberlitos. Isso fez com que esses países sejam grandes produtores, ultrapassando o Brasil, que foi o maior produtor mundial no século XIX. 

Por que não fazemos o mesmo? Porque, pelo que se sabe até então, não temos kimberlitos mineralizados em diamantes. É justamente esse o contexto do enigma: não temos kimberlitos mineralizados, mas temos aluviões com diamantes nas mesmas regiões onde se encontram esses kimberlitos. Então, a pergunta correta é: qual a origem dos diamantes mineiros? Um fator que ajuda a compreender a dificuldade na realização dessas pesquisas é o clima brasileiro, pois, em climas tropicais úmidos, a água aumenta consideravelmente a velocidade das reações químicas. Assim, como os minerais que formam a massa principal do kimberlito não são muito resistentes à degradação química, este se transforma e se confunde com outras rochas. 


Prof. Geraldo Norberto Sgarbi, da UFMG
A pesquisa desenvolvida pela UFMG é pioneira no Estado. Além da importância econômica, que não pode ser desconsiderada quando se trata de diamantes, sobretudo em um país de tradição diamantífera, a pesquisa cons-titui uma base para a geologia, para o conhecimento da terra e dos recursos de que dispomos. 

O que os olhos vêem, o coração senteTodas as transformações que ocorrem nas camadas internas da Terra, assim como os elementos que ali se formam, produzem efeitos visíveis na superfície do Planeta. Sendo assim, para descobrir kimberlitos, é possível utilizar alguns critérios físicos que funcionam como indicadores. Segundo o pesquisador, a partir dos estudos teóricos, a equipe, composta de um biólogo e três geólogos, foi a campo em busca dos elementos que pudessem dar indícios da presença de kimberlitos. 

Ele destaca o critério geobotâ- nico, que diz respeito à presença das espécies arbóreas Terminalia argentea (capitão), Pseudobombax sp (paineira) e Myrcine sp (pororoca), pois elas utilizam em sua dieta elementos constitutivos do kimberlito. Quanto aos critérios geológicos, tem-se, por exemplo, a presença de uma depressão de formato circular no terreno. Esta pode ter se originado da alteração do conduto vulcânico, considerando-se que, na medida em que essa rocha sobe em direção à superfície, ao longo do tempo, torna-se menos resistente e, portanto, mais suscetível a alterações. Em certos locais, como na África do Sul, a depressão é tão acentuada que o acúmulo de água permite a formação de um lago. Ela é conhecida como cratera “Maar”. 

A água também fornece outro indicativo. As chuvas enfrentam dificuldade para erodir as rochas kimberlíticas, pois as mesmas possuem consistência argilosa. Por isso, é comum a formação de rios ou cursos d’água na zona de contato entre o kimberlito e a rocha não-mineralizada que estiver em contato, chamada de rocha encaixante. Dessa maneira, muitos kimberlitos são, a priori, identificados em função de uma diferença física entre as duas rochas. É preciso considerar que essa zona de contato já vem recebendo um fluxo de água há milhões de anos, o que propicia uma espécie de abertura prévia, um canal natural. Assim, o rio evolui, causando erosão em ambas as rochas.

Outro critério de campo é a ocorrência de uma “capa de canga”, rocha rica em ferro. Essa formação, que possui cor avermelhada, ocorre apenas sobre o kimberlito, porque o mesmo é composto de minerais ricos em ferro, como magnetita e hematita (produto de alteração da magnetita). A existência de ferro condiciona também a presença de cupinzeiros de cor vermelha, ao passo que os cupinzeiros de cor clara são aqueles que se instalam sobre alguns tipos de rochas encaixantes.

A vegetação natural, assim como a agricultura, também pode ser usada para identificar kimberlitos. É que o solo composto por rochas kimberlíticas é mais fértil devido à forte presença de elementos como potássio, cálcio e magnésio. Por isso, as espécies vegetais encontradas sobre o kimberlito são mais saudáveis que aquelas encontradas no entorno. As rochas encaixantes são relativamente estéreis, em decorrência da forte presença de alumínio e sílica. Como pode ser visto na fotografia acima, referente ao kimberlito batizado pelos pesquisadores de “Larissa”, a cor e a textura fazem a diferenciação entre o kimberlito (verde-escuro) e a rocha encaixante (verde mais claro). Ao fundo, existe o vale de um córrego que flui no contato entre o kimberlito e sua encaixante. Essa estrutura encontra-se na cidade de Carmo do Paranaíba. 


Amostra de Kimberlitos, rochas associadas à presença de diamantes
Do campo para o laboratórioUma vez identificados visualmente esses aspectos, os pesquisadores partem para a procuraefetiva do kimberlito, cavando a terra. De acordo com os conhecimentos teóricos sobre a rocha intrusiva, os pesquisadores coletam o material desejado e levam para o peneiramento. Para facilitar a busca, considera-se a presença de pequenos minerais coloridos, como piropo, ilmenita, diopsídio e espinélio, minerais satélites ou indicadores de diamantes que, por sua vez, apontam para a existência de kimberlitos, pois desenvolvem-se junto aos diamantes e são resistentes ao clima tropical úmido. Se o resultado observado na peneira apresentar um aspecto de gradação do claro (borda) para o escuro (centro), com a presença desses minerais indicadores, significa que temos um kimberlito.

Os estudos não param por aí. Com o intuito de refinar a pesquisa, os mine-rais encontrados são levados para análises mineralógicas e químicas na UFMG. A análise mineralógica é feita através de um método denominado Espectroscopia Raman, que visa a identificar o tipo de mineral. Cada amostra é levada até uma sonda, que emite um feixe de laser, fazendo com que o mineral emane energia de acordo com seu sistema cristalino. Cada mineral possui seu espectro próprio, como uma impressão digital, que permite distingui-lo entre os demais. Essa técnica é utilizada para checagem de jóias, a fim de atestar se a mesma é verdadeira ou falsa, natural ou sintética. O próximo passo é a análise química, realizada por meio de uma microssonda eletrônica. Esse aparelho permite determinar os componentes químicos dos minerais. Numa análise direcionada aos kimberlitos, o resultado que indica a possibilidade de se obter diamantes expressa altos teores de cromo e magnésio, e baixos de cálcio. Todos esses equipamentos foram adquiridos com os recursos da FAPEMIG.

Subindo o leito do rioA pesquisa desenvolvida vem investigando a existência de diamantes nas crateras kimberlíticas, ou seja, direto da fonte. Mas, como saber se os diamantes encontrados nos leitos dos rios são de fato originados dessas rochas ou vieram transportados de outros locais? De acordo com o professor Geraldo, a próxima etapa da pesquisa é fazer o caminho inverso, ou seja, partir do leito do rio em direção às possíveis fontes kimberlíticas. O objetivo é verificar qual a localização do kimberlito erodido que fez com que os minerais fossem encontrados em determinado rio. O pesquisador conta que, em função dos minerais satélites – pois o diamante em si é muito difícil de ser encontrado –, os pesquisadores começam a subir o rio em direção contrária ao seu escoamento, que é sempre em função da gravidade. Assim, tem-se a rocha fonte dos minerais indicadores e, portanto, do diamante.

Outro aspecto teórico da segunda parte da pesquisa é o cálculo da distância de transporte do mineral, através do formato do grão. Quanto mais longa a distância em que foi transportado por um rio, mais arredondado é o fragmento, pois o atrito ocasiona a perda dos cantos. Além da pesquisa de campo, os geólogos utilizarão um equipamento importado, semelhante a um tambor giratório, que simula a erosão de um rio, para a realização desse cálculo.

O geólogo ressalta, ainda, o interesse que a pesquisa despertou nos garimpeiros, através de divulgação na mídia eletrônica especializada. Muitos entraram em contato com ele através de e-mail para adquirir mais informações sobre o assunto, além de procurá-lo no próprio campo. Ele lamenta, porém, a falta de iniciativas governamentais, como cursos de capacitação, no sentido de preparar melhor esses trabalhadores e conscientizar sobre a preservação do meio ambiente. Para o professor Geraldo, os garimpeiros são pessoas inteligentes e intuitivas, mas que não tiveram oportunidade de estudar. “Se eles tivessem oportunidade de conhe-cer a Geologia, porque, no final das contas, eles estão trabalhando como geólogos, acho que o trabalho seria mais produtivo e traria menos impactos ao meio ambiente”, completa.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Em breve somente Minas Gerais estará transportando 106,5 milhões de toneladas de minério de ferro em minerodutos com centenas de quilômetros.

Minerodutos ou agricultura irrigada: quem gasta mais água?


Em breve somente Minas Gerais estará transportando 106,5 milhões de toneladas de minério de ferro em minerodutos com centenas de quilômetros. O volume de água necessário para esse transporte é muito elevado, atingindo 13 trilhões de litros por ano.
Qual o significado desse volume nas condições brasileiras atuais?
Como bem sabemos o Brasil está atravessando um período de seca extrema que afeta drasticamente o Sudeste.
Esta crise hídrica que enfrentamos é, também, uma boa oportunidade para revermos quem são os grandes vilões e como podem ser mitigados ou neutralizados. Temos que saber quais são os projetos que desperdiçam a maioria da água consumida no Brasil.
No caso da mineração muito se fala sobre os minerodutos e do desperdício de água por eles causados. Este é um assunto sistematicamente ventilado pela mídia, que está, muitas vezes mal informada e propaga notícias escabrosas que distorcem a realidade.
O objetivo desta matéria é entender o real impacto que os minerodutos irão causar em uma região onde a seca começa a penalizar os seus habitantes e comparar com outros projetos como os da agricultura.
A grande pergunta que queremos resolver é:
 Será verdade que um mineroduto consome mais do que um projeto de irrigação?

O que é um mineroduto?
De uma forma simplificada um mineroduto é uma tubulação usada para transportar minérios com mais baixo custo.
O mineroduto de minério de ferro  é, portanto, um cano que transporta uma lama viscosa chamada polpa com 35% de água e 65% de sólidos que é o minério de ferro. Esta polpa rica em minério fino é bombeada por centenas de quilômetros até o processamento final.

Os maiores minerodutos do país são da Samarco e do projeto da Anglo, o Rio-Minas.
A Samarco (foto do terminal abaixo) é uma associação da Vale com a BHP que transporta, no momento, 25 milhões de toneladas de minério por ano. A emprresa está expandindo para 30,5 milhões de toneladas através do projeto denominado de quarta usina.
A Samarco tem o mineroduto mais conhecido, mas o maior mineroduto do momento é o da Anglo American no projeto Rio-Minas.
O projeto produzirá 26,5 milhões de toneladas que serão transportadas ao longo de um ano, por 529 km, até a planta de processamento.
Este é o mais longo mineroduto do mundo.
Afinal qual o volume de água necessária para transportar esses 106,5 milhões de toneladas de minério de ferro nos minerodutos mineiros?

Esta é a pergunta que a maioria das pessoas e políticos estão fazendo.
O que se vê na internet são os números mais horripilantes e contraditórios que só fazem assustar a quem lê.
O número abaixo, de 6.200 metros cúbicos por hora, usado em um site de campanha contra o uso da água é um desses números errados, que afirmam que será usado para transportar 25 milhões de toneladas ao ano.
Como veremos a seguir esses números são exagerados ou por ignorância ou com um propósito.
 Temos que ter alguns cuidados para entender a quantidade de água necessária para transportar essas 106,5 milhões de toneladas.
A matemática da água em um mineroduto:
O cálculo da água necessária é bastante simples. Em geral a quantidade de água depende do tipo de minério e sua granulometria, mas isso pode ser sumarizado: a polpa tem aproximadamente 65% de sólidos (minério de ferro) e 35% de água.
Para quem gosta de cálculo:
Se os sólidos correspondem a 65% da polpa, para transportar 1 metro cúbico de minério de ferro seco serão necessários 1,54 m3 de polpa já que o minério é 65% desta polpa.
Portanto 35% de 1,54m3 é 0,538m3 que é o volume de água usado por cada metro cúbico de minério. Como cada m3 de minério pesa em torno de 4,4 toneladas é só dividir os 538 litros por 4,4 e teremos 122 litros de água.
Ou seja: para cada tonelada de minério transportada é necessário, aproximadamente, 122 litros de água em uma polpa dentro de um mineroduto.
Portanto, para transportar 25 milhões de toneladas por ano é necessário 348 m3 por hora não os 6.200m3/hora que a mídia desinformada propaga.
Quando todos os minerodutos de Minas Gerais estiverem transportando os 106,5 milhões de toneladas por ano serão necessários 13 trilhões de litros de água em um ano ou 1.483m3 por hora. Número ainda muito longe dos assustadores 6.200m3 por hora...
Não deixa de ser uma enormidade, que se dividida por 365 dará 35,7 milhões de litros por dia, o suficiente para o consumo (200 litros por habitante) de 178.537 pessoas.
O consumo de água dos habitantes de uma cidade de porte médio.
Será esse consumo assim tão assustador, considerando a riqueza, os empregos e os impostos que serão gerados?
Outro mineroduto, que ainda não está em uso, é o que a Ferrous Resources projeta.
Ele terá uma capacidade de 25 milhões de toneladas por ano e transportará, por aproximadamente 400km, o minério da mina de Congonhas em Minas ao porto no Espírito Santo.
Por fim, o mineroduto da Manabi terá uma capacidade de 25 Mt por ano transportando o minério da Mina Morro do Pilar ao super-porto no Espírito Santo.
Em suma, muito em breve teremos 106,5 milhões de toneladas de minério de ferro sendo transportados em minerodutos, somente em Minas Gerais.