sábado, 2 de julho de 2016

O ENIGMA DOS DIAMANTES DO TAPAJÓS

O ENIGMA DOS DIAMANTES DO TAPAJÓS


Os diamantes do Tapajós são quase 100% gemológicos e pequenos, ou seja, pelos conhecimentos dos geólogos da África do Sul, eles foram transportados por centenas de km, o transporte tendo destruídos os diamantes mais fracos, mas eles também não são rolados, mostrando todas as facetas e são até bi-piramidados, às vezes perfeitamente euédricos e por esta razão, eles não foram transportados;
Uma flagrante contradição sem contar outros problemas como a quase ausência dos guias tradicionais do diamante; Isto é só o início do ENIGMA



Tapajos Diamonds are almost 100% for gemology and small; by South African geologists knowledge, they were transported for hundreds of miles, transport having destroyed the weaker diamonds, but they are also not rolled, showing all facets and are to bi-pyramided, sometimes quite euhedral and for this reason they were not transported;
A contradiction not counting other problems like near absence of traditional guides diamond; This is only the beginning of puzzle

O geólogo José Inácio Stoll Nardi neste artigo joga a primeira pedra no caminho para entender esse enigmo; iremos aguardar as outras pedras com ansiedade.


Há várias décadas são conhecidas ocorrências aluvionares de Diamantes nos rios Cupari e Itapacurá, ambos afluentes da margem direita do rio Tapajós, o primeiro à jusante da cidade de Itaituba e o segundo, à montante da mesma. Garimpagem intermitente e rudimentar nestas áreas têm produzido algumas gemas de boa qualidade. Mais recentemente, novas descobertas são mencionadas em áreas de confluência dos rios Jamanxim e Tapajós, ao longo de tributários menores do baixo Jamanxim, em região ao norte de Novo Progresso, em drenagens menores ao longo da estrada Itaituba – Rurópólis e ao longo de alguns ramais rodoviários ao sul de Rurópolis. Com a migração da tecnologia garimpeira do ouro para o diamante, começam a pipocar informações de quase todo o Tapajós. Esta série de ocorrências diamantíferas sugere que a bacia do Tapajós pode abrigar depósitos importantes deste precioso mineral.
É importante tecermos algumas considerações sobre a gênese dos Diamantes em regiões como a do Tapajós, baseados nos conceitos dos estudiosos SHIREY & SHIGLEY (2013). Lembremos a regra de Clifford (1966), que enuncia – “kimberlitos diamantíferos se introduziram nas porções mais antigas dos crátons, enquanto kimberlitos estéreis se introduziram em rochas mais jovens”.  Esta relação é bem evidente no cráton Kaapvaal (África do Sul), onde os kimberlitos diamantíferos estão intrudidos no cráton e os estéreis, fora do cráton.
A erosão de antigos crátons tem produzido intemperismo nos kimberlitos aflorantes e a deposição dos Diamantes nos aluviões resultantes. Sem alçamento crustal (uplift), tais Diamantes permanecem depositados em bacias geológicas sedimentares, como no oeste da África, Zimbabwe e Brasil. Onde o cráton tem sido alçado, os Diamantes são liberados de suas rochas hospedeiras e transportados pelas drenagens junto com os sedimentos.
Ondas sísmicas evidenciam a presença de Mantle Keel (quilha mantélica), subjacente a muitas regiões continentais antigas (crátons) e aí se inclui o cráton Amazônico ou mais especificamente, a região drenada pelo alto Tapajós e tributários, foco desta análise.
Situado abaixo das crostas continental e oceânica, está o manto peridotítico rígido – este conjunto compreende a litosfera. Através dos crátons, o manto litosférico se estende de 40 Km até a profundidade de 250-300 Km. Sob os oceanos, esta camada se estende até a profundidade de 110 Km. Por causa desta forma protuberante mais espessa e sua associação antiga no tempo à crosta continental do cráton, esta parte do manto é chamada Mantle Keel.
O Mantle Keel é causador de algumas particularidades associadas aos continentes – estabilidade tectônica, elevação acima do piso oceânico e a ocorrência de Diamantes. Erupções kimberlíticas que transportaram Diamantes para a superfície, também carrearam amostras de rochas do manto litosférico – os xenólitos. E a partir destes, conseguimos conhecer melhor a natureza do Mantle Keel, sob os continentes, como por exemplo, que ele inclui 5% de Eclogitos. O Mantle Keel é a fonte de quase todos os Diamantes gema do mundo e daí, a importância que devemos dispensar ao mesmo.
Acredita-se que a crosta e o Mantle Keel subjacente ao continente, foram criados juntos em processo de consolidação crustal e estabilização cratônica. A duração deste processo é pouco conhecida; pode ter demandado muitas dezenas de milhões de anos, iniciando com a formação da crosta continental mais antiga (próximo de 4 bilhões de anos atrás). 
O significado disto, para a formação do Diamante, é que no fundo do Mantle Keel, sob cada região crustal continental antiga, há pressão alta suficiente e comparativamente baixa temperatura para permitir a cristalização de Diamantes, desde que receba fluídos saturados em Carbono, do manto convectivo sobrejacente.
Assim, o fundo do keel pode ser comparado a uma “caixa de gelo” (ice box), embora com muito mais elevadas temperaturas, capaz de armazenar Diamantes, durante bilhões de anos e mantê-los isolados da circulação convectiva do manto, muito embora, passíveis de serem carreados por um magma kimberlítico ascendente. Tanto Peridotitos, como Eclogitos contem Diamantes; mas Peridotitos que irromperam em superfície com Diamantes inclusos são raros, ao passo que Eclogitos com conteúdo diamantífero são comuns.
As atividades geológicas relacionadas às placas tectônicas, como vulcanismo, orogênese e magmatismo intrusivo próximo da superfície da crosta, geralmente podem destruir os diamantes, as que ocorrem em condições de P (pressão), T (temperatura) e oxidação, nas quais Diamantes não podem cristalizar ou permanecer estáveis.
No caso da região do Tapajós, houve o episódio intrusivo / vulcânico, predominantemente ácido e secundariamente, intermediário (riolíto- dacítico / granítico - granodiorítico), que se estendeu de 1,8 até 1,0 GA. Ainda que tal magmatismo / vulcanismo tenha sido causado dominantemente por refusão de rochas siálicas, não se tem ideia de quanto e como este fenômeno poderia ou não, ter atingido e influenciado os depósitos diamantíferos guardados nas profundezas do Mantle Keel subjacente.        
A realidade é que alguns garimpos daquela região têm produzido gemas de muito boa qualidade, o que sugere transporte longo, mas pudemos observar cristais de Diamante bi-piramidados, perfeitamente euédricos, o que sugere pequeno transporte a partir da área fonte. Também já foram verificadas na região, ocorrências de Diamantes associados a sedimentos pós-vulcânicos, ou seja não primários, fenômeno que poderia ter um papel na equação contraditória. Tais litologias sedimentares deverão ser brevemente melhor observadas, descritas e classificadas para que possamos situá-las do ponto de vista geocronológico.
Muitas pesquisas ainda deverão ser feitas para se determinar as prováveis fontes destas gemas preciosas na região do Tapajós e para explicar a contradição diamantes gemológicos/diamantes não rolados

José Nardi
Consultor Mineral

Um X a menos na equação dos diamantes do Tapajós

Um X a menos na equação dos diamantes do Tapajós

Fonte: Jornal do ouro

Após a quilha mantélica diamantifeira apresentada por INACIO NARDI, JOSÉ ELOI GUIMARÃES CAMPOS & GUILHERME MODESTO GONZAGA mostram os estudos e experimentos que colocam em xeque a teoria sul africana do transporte dos diamantes por centenas e milhares de km, no Brasil e inclusive na própria Africa do sul. Isto muda a equação ate hoje contraditória a respeito dos diamantes não rolados observados no Tapajós.


ABSTRACT THE TRANSPORT OF DIAMOND BY FLUVIAL SYSTEMS FOR LONG DISTANCE: A CRITICAI VIEW Many authors believe in the possibility of diamond transport for hundreds of kilometers by fluvial sedimentary processes. This work attempts to show by the integration of alluvial placer observations, experimental data analysis and case study that diamonds cannot be transported for long distances by tractive processes. The presence of diamond in a large geographical area (hundreds of square kilometers) implies in the necessity of the presence of multiple well distributed sources, including primary (kimberlite and lamproite) or secondary (sedimentary rocks) sources. The coarse facies related to the glaciogenic sediments are the most important sources among the secondary host rocks. The case studies exemplified in this paper show clearly that the wide dispersion of diamonds is mainly explained by the presence of secondary sources with regional distribution. 


Vários autores acreditam na possibilidade de transporte de diamantes por centenas de quilómetros através de ambientes fluviais. Esta crença influencia diretamente nas hipóteses dos geólogos brasileiros nas suas pesquisas para diamante, pois os diamantes da África dominaram o mundo por muito tempo e os geólogos sul africanos são geralmente consultores ou chefes das equipes brasileiras; esses autores sul africanos consideram que os diamantes presentes na costa atlântica da Namibia foram transportados pelo Rio Orange desde a região de Kimberley na África do Sul, a uma distância superior a 1000 km no interior do continente.
Este trabalho tenta mostrar a partir da integração da observação de placeres aluvionares, de dados experimentais, que diamantes não podem ser transportados por processos tracionais a longas distâncias. A presença de diamantes em uma extensa região (milhares de quilómetros quadrados) implica na necessidade da presença de numerosas fontes distribuídas por toda a bacia, podendo ser representadas por fontes primárias (kimberlitos ou lamproítos), secundárias (rochas sedimentares) ou ambas. Entre os hospedeiros secundários, as fácies rudíticas relacionadas aos sedimentos glacio gênicos são destacados pelos autores. O estudo dos casos exemplificados neste trabalho mostra claramente que a grande dispersão de diamantes é devida principalmente a presença de fontes secundárias com ampla distribuição regional.
A análise dos processos fluviais integrados a partir de: observações de campo, análise dos principais condicionantes para origem de placeres, resultados experimentais de laboratório, mostra que os minerais pesados de forma geral e os diamantes em particular apresentam curto transporte em ambiente fluvial e uma tendência à rápida deposição. O objetivo deste trabalho é rediscutir a questão, geralmente aceita, a respeito da distribuição de diamantes a centenas de quilómetros de sua fonte, por sistemas fluviais. Também objetiva mostrar como se processa o transporte de elementos pesados por sistemas fluviais, para contribuir aos aspectos práticos a respeito da geração de placeres e/ou paleoplaceres e para a prospecção de depósitos primários e secundários de diamante;
Os ambientes, onde são encontrados depósitos diamantíferos, incluem os sistemas fluviais de leques aluviais, de rios entrelaçados, de rios meandrantes e os depósitos resultantes da interação destes sistemas. Ambientes fluvio glaciais e canais sub glaciais (zona basal de geleiras), também apresentam elevado potencial para acumulação de minerais pesados, sendo as fácies sedimentares de maior regime de fluxo conhecidas;
Contudo, como observado por Miall (1977), as características dos vários tipos de fácies fluviais podem se superpor no tempo e no espaço. Dessa forma, os depósitos tipo placeres observados em cursos de rios meandrantes atuais, foram na realidade gerados em um intervalo de tempo anterior, quando o rio apresentava um canal mais retilíneo do tipo entrelaçado, com importante transporte e deposição de cascalho (atualmente observados na base dos canais).
DADOS EXPERIMENTAIS Os trabalhos experimentais convergem para os mesmos resultados, indicando que os minerais pesados tendem a se concentrar em uma camada basal (heavy infralayer) enquanto os leves acumulam-se posteriormente (light supralayer). Hattingh & Rust (1993) realizaram um trabalho experimental, onde 40 toneladas de areia de praia rica em ilmenita, granada, perovskita e limonita foram acumuladas a montante de uma sinuosidade do curso do os minerais pesados acumularam-se na porção interna da curva do rio e não sofreram transporte superior a algumas centenas de metros. Sutherland (1982) propôs uma "curva de seleção" para o diamante transportado por processos fluviais, objetivando descrever a variação de tamanho dos diamantes com a distância da área fonte. A curva que descreve a equação tem a forma geral de uma exponencial:
y = a. e {- b x(1º/2)]
onde y é o tamanho médio da pedra a uma distância x da área fonte, x a distância medida em quilómetros e a e b são parâmetros determinados pelo método dos mínimos quadrados (respectivamente tamanho médio das pedras na área fonte e constante de desintegração que varia de 0,10 a 0,20 nos sistemas naturais). A análise numérica da equação mostra que com um transporte fluvial de cerca de 500 km uma pedra originalmente de 10 quilates teria cerca de 0,035 quilates (3,5 pontos - tamanho aproximado de um grão de areia grossa) e que uma pedra de cerca de 3,7 quilates (em um aluvião) deveria apresentar 100 quilates na área fonte após um transporte de 400 km. Este fato mostra que mesmo uma equação teórica obtida através de análises empíricas, não sustenta a ideia de um longo transporte pelos sistemas fluviais, pois diamantes de dezenas de quilates são relativamente comuns em vários depósitos secundários.
Mesmo considerando a atuação de sucessivos ciclos de transporte fluvial, e não o transporte em um instante de tempo, como até então estabelecido, não se deve esperar a transferência de diamantes por centenas de quilómetros em uma bacia sedimentar, uma vez que o contraste de densidade entre o diamante (ρ = 3,5) e os materiais componentes dos cascalhes fluviais (média de ρ = 2,75) é significativo, resultando em uma tendência geral para a deposição destes minerais. O único ambiente deposicional capaz de transportar diamantes por distâncias consideráveis é o sistema glacial, que através do transporte de grande volume de massa pela expansão das capas de gelo, pode ser responsável pela transferência de material por até centenas de quilômetros.
ANÁLISE DE CASOS: Objetivando exemplificar as ideias discutidas nesta contribuição foram escolhidos dois exemplos de depósitos diamantíferos associados a sistemas fluviais bastante difundidos na literatura. Os exemplos escolhidos são representados pelos depósitos diamantíferos da região da Serra do Espinhaço Meridional, incluindo os aluviões do Rio Jequitinhonha, no estado de Minas Gerais, e pelos depósitos diamantíferos do Rio Orange, na África do Sul e na Namíbia, bem como pelos placeres diamantíferos da costa atlântica destes países.
Rio Jequitinhonha (Brasil) O Rio Jequitinhonha está localizado no nordeste do Estado de Minas Gerais, em uma região que durante o século XVIII foi responsável pela maior produção mundial de diamantes. As ocorrências diamantíferas estão distribuídas por cerca de 400 quilómetros ao longo do curso fluvial. Neste trecho do rio existe uma marcante variação do tamanho médio das pedras recuperadas dos aluviões e paleoaluviões cenozóicos.
O Rio Jequitinhonha é diamantífero desde sua nascente, onde drena metaconglomerados da Formação Sopa-Brumadinho, sendo as ocorrências de diamantes distribuídas onde o curso fluvial intercepta as rochas do Supergrupo Espinhaço e do Grupo Macaúbas (e.g. região da Mineração Rio Novo). No momento em que o rio flui sobre as fácies distais do Grupo Macaúbas, a presença de diamantes diminui sensivelmente, desaparecendo completamente nos trechos sobre as rochas granito-gnáissicas do embasamento cristalino. As ocorrências diamantíferas são apenas observadas nas regiões proximais aos hospedeiros secundários, sendo sua ampla distribuição relacionada à grande dispersão das fontes secundárias.
A simples observação dos dados de variação de peso médio dos diamantes ao longo de mais de 250 quilómetros do Rio Jequitinhonha (Haralyi et al. 1991) permite concluir que o sistema fluvial foi responsável por um transporte reduzido.
A partir da análise anterior, foi possível mostrar que o Rio Jequitinhonha é mais um exemplo de um sistema natural que demonstra claramente o transporte de diamantes a pequenas distâncias por sistemas fluviais. O mesmo raciocínio pode ser desenvolvido para as ocorrências secundárias oriundas dos kimberlitos da região de Juína/MT, onde os placeres via de regra, se distribuem no máximo a dezenas de quilómetros das fontes primárias.
Inúmeros autores acreditam que a origem dos diamantes do Rio Orange, na África do Sul, e dos depósitos diamantíferos na costa atlântica da África do Sul e Namíbia, esteja ligada a fontes primárias localizadas no Cráton de Kapvaal, distantes a cerca de 1200 quilómetros. Rouffaer (1988) e Marshall & Baxter-Brown (1995), ao contrário, afirmam que os diamantes são derivados de rochas sedimentares.glaciogênicas permo-carboníferas relacionados à Formação Dwyka. O teor geral de diamantes nos sedimentos Dwyka é bastante baixo. Porém, assumindo a presença de menos de um quilate por milhões de toneladas de sedimento, depósitos resultantes da erosão e reconcentração de bilhões de toneladas destes sedimentos poderiam explicar os depósitos secundários do Rio Orange, como também da costa atlântica (Marshall & Baxter-Brown 1995). Na realidade, os diamantes do Rio Orange são oriundos de diversos afloramentos de sedimentos Dwyka (fontes secundárias) e foram transportados por alguns quilómetros, sendo retidos por diversos tipos de armadilhas fluviais. É muito importante citar que a região da foz do Rio Orange apresenta uma mediana de peso dos diamantes superior àquela observada no seu alto curso (Rombouts 1995). Tal fato não é compatível com a distribuição de tamanhos de diamantes transportados em regimes fluviais e vem reforçar a presença de várias fontes secundárias ao longo do curso fluvial.
Este exemplo, juntamente com o do Rio Jequitinhonha no Brasil, reforça significativamente dois pontos de vista que ainda se encontram pouco difundidos na literatura geológica:
- os processos glaciais são poderosos agentes de transporte e, em alguns casos, de concentração de diamantes e outros minerais pesados;
- os sistemas fluviais não são agentes capazes de transportar diamantes a centenas de quilómetros de distância das fontes.
CONCLUSÕES O diamante, por ser um mineral pesado, cujas características físicas e químicas lhe conferem extrema resistência e estabilidade durante o transporte, pode ser retrabalhado a partir de suas fontes através de sucessivos ciclos deposicionais.
- os sistemas deposicionais do tipo rios entrelaçados, com pre-domínio de transporte de cascalhes juntamente com fácies fluvio-glaciais e canais subglaciais, são os agentes mais eficientes na concentração de minerais pesados.
- os sistemas fluviais transportam minerais pesados a distâncias reduzidas, geralmente não compatíveis com centenas de quilómetros da fonte, como usualmente é sugerido na literatura. A tendência natural do diamante é a rápida deposição nas fácies proximais nos ambientes de maior energia.
- quando ocorrências diamantíferas são distribuídas por uma grande região, deve-se esperar a presença de várias fontes (primárias ou hospedeiros secundários) ao longo de todo o sistema fluvial, já que de uma forma geral, os minerais pesados não são transportados por longas distâncias em regimes fluviais. Estes minerais ficarão retidos nas várias modalidades de armadilhas nas regiões proximais das fontes. As fontes primárias diamantíferas apresentam uma dispersão de pequena magnitude, enquanto os hospedeiros secundários podem apresentar uma distribuição geográfica muito ampla.
- Dentre os possíveis hospedeiros secundários, que podem ser de diversos tipos, destaca-se os sedimentos glaciogênicos, que apresentam uma capacidade de transporte de centenas de quilómetros e em alguns casos apresentam condições de concentrar diamantes e outros minerais pesados.

Este trabalho mostrou, a partir da integração de características do transporte fluvial, condicionantes de geração de placeres, dados experimentais e estudo de casos que os diamantes não são transportados por sistemas fluviais a longas distâncias, conforme usualmente descrito na literatura geológica. Este fato deve ser levado em consideração durante as campanhas exploratórias, pois a sua inobservância tem levado a equívocos de sérias consequencias

Os boarts: ou o porque dos diamantes feios ser mais importantes para o prospector do que os diamantes bonitos

Os boarts: ou o porque dos diamantes feios ser mais importantes para o prospector do que os diamantes bonitos


Os diamantes extraídos das várias minas são classificados como pedras preciosas ou industriais, conforme a sua forma e pureza. Em geral, apenas os diamantes cuja pureza e limpidez não são suficientes para seu uso como pedras preciosas é que são classificados como industriais.

A porcentagem de diamantes industriais varia bastante de uma mina para outra — por exemplo, na Consolidated Diamond Mines of South West África, 9,8% são preciosos e 90,2% industriais. nos grandes depósitos do Zaire, onde mais de 80% dos diamantes são industriais e menos de 20% podem ser classificados como gema ou quase gema.

Foram essas enormes jazidas do Zaire que, até o advento do diamante sintético, supriram em grande parte a demanda mundial de diamantes industriais, do tipo empregado para a geração de pós e grãos abrasivos.

Seria interessante explicar brevemente a classificação dos diamantes industriais. 

A classificação mais ampla é uma divisão em dois tipos. O de qualidade inferior que serve apenas para ser britado para uso como abrasivo industrial, conhecido como “boart”, e que constitui o maior volume apesar de ter o menor valor. 

O diamante de melhor qualidade do que o que é britado é subdividido, por sua vez, conforme sua utilização geral — diamantes para perfuração nas indústrias de mineração e petróleo, dressadores para a retificação de rebolos abrasivos, etc.

Num primário para diamantes como kimberlito ou lamproito, os diamantes formam todos os tipos, desde o mais bonito (gema) ate o mais feio (boart) e sempre tem mais boarts do que gemas, mas nas aluviões, como os boarts são fracos, já se desfizeram; Portanto se nas aluviões tiver 85 a 100% de gemas, a fonte primária esta longe (centenas de kms), mas se tiver só 30% de gemas e 70% de boarts, estamos perto da fonte (alguns kms).
Mais boarts, mais perto da fonte e, portanto a proporção de boarts passou a formar  uma metodologia de approach

Mas cuidado, a fonte pode não existir mais, tiver sido completamente erodida, pois a rocha que contem os diamantes é muito fraca, ainda mais num ambiente amazônico e neste caso, a proporção maior de boarts ira nos aproximar do que era e não do que é.

No passado, os diamantes eram pesados com as sementes desta arvore

No passado, os diamantes eram pesados com as sementes desta arvore


A palavra quilate (carat em inglês) tem origem numa árvore mediterrânea chamada Alfarrobeira (Carob Tree), cujas sementes foram usadas durantes séculos como o padrão de pesagem.


O quilate era o peso de uma semente de alfarroba. Era considerada uma característica única da semente da alfarroba, o seu peso sempre igual. Hoje em dia, contudo, sabe-se que seu peso varia como qualquer semente.
As sementes de alfarroba em si não são comestíveis, mas foram lhe observados um tamanho muito uniforme e de peso. Isso lhes fez muito útil para os comerciantes. As sementes foram utilizadas para equilibrar uma balança ao pesar pedras preciosas, onde a menor mudança no peso faz a diferença. Um maior número de sementes indicou uma pedra mais pesada e, portanto, mais valiosa. Diferentes países tiveram valores um pouco diferentes para o número de sementes e a equivalência com o valor das joias, mas o uso das sementes foi consistente em todo o Oriente Médio e Europa. Em áreas do mundo onde a alfarroba não era tão popular, os grãos de trigo ou de arroz foram utilizados de forma semelhante para discernir o peso dos diamantes.
 Em 1907, a Quarta Conferência Geral de Pesos e Medidas adotou o carat métrico como a medida oficial para pesos de pedras preciosas, hoje é universalmente aceito. Um carat métrico é um quinto de um grama, que é 0.2grams - sobre o peso de um clipe de papel!

Artigo enviado pelo geólogo Fernando Lemos

OS MAIS FAMOSOS DIAMANTES DO MUNDO

OS MAIS FAMOSOS DIAMANTES DO MUNDO:


O CULLINAN, o maior dos diamantes já encontrados, pesava 3.106 quilates quando bruto e originalmente um pouco menos de 1 libra e meia. Ele foi cortado em 9 pedras principais e 96 pedras menores. Na foto, o Cullinan já dividido
O Estrela da África é a maior das pedras cortadas do Cullinan. é um dos doze mais famosos diamantes do mundo e pertence à COROA INGLESA.Ele pesava 530,20 quilates, tem 74 facetas e ainda é considerado como o maior diamante lapidado do mundo.
KOH-I-NOOR ("Montanha de Luz") Foi mencionado pela primeira vez em 1304, pesando 186 quilates. Uma pedra de corte oval. Acredita-se ter estado, certa vez, engastado no famoso trono de pavão do Xá Jehan como um dos olhos do pavão. Relapidado no reinado da Rainha Vitória, encontra-se hoje em dia entre AS JÓIAS DA COROA INGLESA e pesa atualmente 108,93 quilates.
O Olho do Ídolo Uma pedra no formato de pêra achatada e do tamanho de um ovo de galinha. O seu tamanho lapidado é de 70,20 quilates. Um outro diamante famoso que uma vez foi colocado no olho de um ídolo antes de ter sido roubado. A lenda também diz que ele foi dado como resgate da Princesa Rasheetah pelo "Sheik" da Kashmir ao Sultão da Turquia qua a tinha raptado.
O Excelsior A segunda maior pedra já encontrada é o Excelsior, que era de 995,2 quilates quando bruto. Alguns dizem que o Braganza é a segunda maior pedra já encontrada, mas não há registros de sua existência e muitos acreditam ser mitológico ou nem mesmo um diamante. 
O Regente Um diamante verdadeiramente histórico descoberto em 1701 por um escravo índio perto de Golconda, pesava 410 quilates quando bruto. Quando pertencente a William Pitt, primeiro-ministro inglês, foi cortado em um brilhante no formato de uma almofada de 140,5 quilates e, até ter sido vendido para o Duque de Orleans, Regente da França, quando Luís XV ainda era uma criança em 1717, era chamado de "O Pitt". Foi então rebatizado como "O Regente" e colocado na coroa de Luís XV para a sua coroação. Após a Revolução Francesa, foi possuído por Napoleão Bonaparte que o colocou no cabo de sua espada. Atualmente está exposto no Louvre.
O Blue Hope (Esperança Azul) Mais famoso do que qualquer outro diamante, o Hope foi uma vez possuído por Luís XV, sendo oficialmente designado de "o diamante azul da coroa". Roubado durante a Revolução Francesa, tornou a aparecer em Londres, em 1830 e foi comprado por Henry Philip Hope, razão pela qual atualmente tem esse nome. Foi em poder da família Hope que este diamante adquiriu a reputação horrível de trazer azar. Toda a família morreu na pobreza. Uma infelicidade similar ocorreu com um proprietário posterior, Sr. Edward McLean. Atualmente, encontra-se na Instituição Smithsonian em Washington.

O Grande Mogul foi descoberto no século XVII. A pedra tem esse nome em homenagem ao Xá Jehan, que construiu o Taj Mahal. Quando bruto, diz-se ter pesado 793 quilates. Atualmente encontra-se desaparecido.
O "Sancy" pesava 55 quilates e foi cortado no formato de uma pêra. Primeiramente pertenceu a Charles, o Corajoso, Duque de Burgundy, que o perdeu na batalha em 1477. A pedra de fato tem esse nome devido a um dono posterior, Senhor de Sancy, um embaixador francês na Turquia no final do século XVI. Ele o emprestou ao rei francês Henry III que o usou no gorro com o qual escondia sua calvície. Henrique VI da França, também pegou emprestado a pedra de Sancy, mas ela foi vendida em 1664 a James I da Inglaterra. Em 1688, James II, último dos reis Stuart da Inglaterra, fugiu com ele para Paris. O "Sancy" desapareceu durante a Revolução Francesa.
Taylor - Burton Com 69,42 quilates, este diamante no formato de uma pêra foi vendido em leilão em 1969 com a pressuposição de que ele poderia ser nomeado pelo comprador. Cartier, de Nova York, com sucesso, fez um lance para ele e imediatamente o batizou de "Cartier". Entretanto, no dia seguinte, Richard Burton comprou a pedra para Elizabeth Taylor por uma soma não revelada, rebatizando-o de "Taylor-Burton". Ele fez seu debut em um baile de caridade em Mônaco, em meados de novembro, onde Miss Taylor o usou como um pendente. Em 1978, Elizabeth Taylor anunciou que o estava colocando à venda e que planejava usar parte da renda para construir um hospital em Botswana. Somente para inspecionar, os possíveis compradores tiveram que pagar $ 2.500 para cobrir os custos de mostrá-lo. Em junho de 1979, ele foi vendido por quase $ 3 milhões e a última notícia que temos dele é que se encontra na Arábia Saudita.
O Orloff Acredita-se que tenha pesado cerca de 300 quilates quando foi encontrado. Uma vez foi confundido com o Grande Mogul, e atualmente faz parte do Tesouro Público de Diamantes da União Soviética em Moscou. Uma das lendas diz que "O Orloff" foi colocado como olho de Deus no templo de Sri Rangen e foi roubado por um soldado francês disfarçado de hindu. 
Hortensia Esta pedra cor de pêssego, de 20 quilates, tem esse nome em honra de Hortense de Beauharnais, Rainha da Holanda, que era filha de Josephine e a enteada de Napoleão Bonaparte. O Hortensia fez parte das Jóias da Coroa Francesa desde que Luís XIV o comprou. Junto com o Regente, atualmente está em exposição no Louvre, em Paris.
Entre os mais novos diamantes famosos está o "Amsterdã", uma das pedras preciosas mais raras do mundo, um diamante totalmente negro. Proveniente de uma parte do Sul da África, cujo local se mantém em segredo, tem peso bruto de 55.58 quilates. A belíssima pedra negra tem um formato de uma pêra e possui 145 faces e pesa 33.74 quilates.

Artigo enviado por Fernando Lemos