sábado, 24 de setembro de 2016

Nova mina de Turmalina Paraíba renderia 1 bilhão de dólares a investigados na operação 'sete chaves'

Nova mina de Turmalina Paraíba renderia 1 bilhão de dólares a investigados na operação 'sete chaves'


Os diálogos interceptados durante a Operação Sete Chaves revelam a descoberta de nova reserva de turmalinas Paraíba, negócio “muito bom”, segundo os investigados. Eles comentam que lucrarão cerca de “um bilhão de dólares” com o negócio e que estarão “bem de vida até a sexta geração da família de todos eles”.
Diálogo interceptado, em abril de 2014, revela a visita de especialistas do Gems Institute of America à mina em São José da Batalha. No trecho, um dos investigados comenta que na semana anterior havia extraído pedras de qualidade e que a visita dos americanos foi encomendada por Sebastião Lourenço e Azizi, com o objetivo de analisar a qualidade da extração das turmalinas paraíba.
Entre os dias 31 de março de 2014 e 17 de abril do mesmo ano, uma expedição do GIA visitou minas brasileiras nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Paraíba. A expedição tinha o objetivo de “reunir informações e documentar o estado atual das minas de pedras coloridas, particularmente esmeralda e turmalina”.
Turmalina paraíba é uma das pedras preciosas mais caras do planeta
Estima-se que um quilate (0,2 grama) da pedra custa em média U$ 30 mil e pode chegar a custar até U$ 100 mil, dependendo das características da gema. A maior dessas pedras já encontrada, a Ethereal Carolina Divine Paraíba, tem 191,87 quilates e é de propriedade do filantropo canadense Vicente Boucher. A pedra foi avaliada em até U$ 125 milhões.Embora haja turmalinas em outras regiões do Brasil e do mundo, apenas as gemas do distrito de São José da Batalha (PB) conseguem alcançar teores de cobre acima de 2% A turmalina paraíba é uma das pedras preciosas mais caras do planeta. Em razão de suas características particulares, de seu azul incandescente, a gema paraibana exerce fascínio em todo o mundo, sendo utilizada nas joias confeccionadas por grifes nacionais (Amsterdan Sauer e H Stern) e internacionais (Dior e Tiffany & Co UK).

As turmalinas são um minério comum encontrado em várias localidades. Entretanto, a autêntica turmalina paraíba possui traços de cobre, manganês e ouro em percentuais únicos, o que proporciona um efeito de fluorescência que não se encontra em nenhuma outra gema. Embora haja turmalinas em outras regiões do Brasil e do mundo, apenas as turmalinas do distrito de São José da Batalha (PB), conseguem alcançar teores de cobre acima de 2%. No Rio Grande do Norte e África, onde se exploram também turmalinas, os teores de cobre não chegam a 0.80%.
A pedra foi batizada de turmalina paraíba por ter sido encontrada pela primeira vez em São José da Batalha, distrito do Município de Salgadinho, na região do Cariri, interior da Paraíba, a 244 km da capital. Segundo relatos da imprensa, a primeira turmalina paraíba foi descoberta em 1982 por Heitor Dimas Barbosa, dono da Mina da Batalha. Na época da descoberta, Heitor Barbosa foi citado em revistas estrangeiras como o homem que descobriu a raríssima turmalina paraíba. A qualidade excepcional da pedra foi comprovada pelo Gemological Institut of America (GIA) nos Estados Unidos.

A Ametista

A Ametista

Uma das pedras preciosas mais conhecidas e apreciadas, a ametista é uma variedade de quartzo de cor roxa, devida à presença de ferro como impureza. Essa cor varia de um roxo bem claro até o bem escuro, e quanto mais escura a cor mais valiosa é a ametista. Exposta ao Sol por tempo prolongado, o colorido da ametista enfraquece.
Aquecida a uma temperatura adequada, em torno de 475 ºC, esta gema adquire cor amarela ou alaranjada, excepcionalmente vermelha, transformando-se, assim, em citrino, outra pedra preciosa muito apreciada. O citrino, porém, pode ser encontrado também na natureza e deve-se alertar que, seja natural ou produto de tratamento térmico da ametista, seu preço de mercado é o mesmo.
A ametista é em geral transparente, às vezes semitransparente, com brilho vítreo. Não tem clivagem, o que facilita sua lapidação. Ocorre em cavidades de rochas vulcânicas e em pegmatitos. Seu maior produtor mundial é o Brasil (Rio Grande do Sul e Bahia, principalmente), seguindo-se Rússia (Sibéria), Sri Lanka, Índia, Madagascar, Uruguai, Paraguai, México, Zâmbia, Birmânia, Canadá e Estados Unidos.
Os geodos com cristais de ametista extraídos no norte do Rio Grande do Sul podem atingir 2 m de comprimento, e já se encontrou um medindo 10 x 5 x 3 m, com 35 t. No Museu Britânico, há um cristal com cerca de 250 kg. Na coleção particular de Dom Pedro II, Imperador do Brasil, havia um cristal de 80 x 30 cm procedente do Rio Grande do Sul.
Ametistas sintéticas de ótima qualidade vêm sendo produzidas na Rússia, por processo hidrotermal e já são abundantes no mercado internacional. Na lapidação, recomenda-se os estilos cabuchão, pêra ou brilhante.
Em Ametista do Sul, município responsável pela maior parte da ametista gaúcha, há um interessante museu, o Ametista Parque Museu, que, além de exibir belas gemas e outros minerais da região, permite aos visitantes entrar em galerias que foram abertas para extração daquela gema, e vê-la ainda na rocha, exatamente como ocorre na natureza.
O nome da ametista tem uma origem curiosa. Amethystos, em grego, significa não ébrio, porque se acreditava, na Idade Média, que a bebida alcoólica servida em cálice feito com essa gema não provocava embriaguez. Ametisto é forma mais correta, mas não é usada.
As ametistas exibidas nas fotos dessa publicação estão expostas na atração Inventário Mineral, no 1º andar do MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, Belo Horizonte/MG.

Características físicas e químicas das gemas
1. FAMÍLIA /GRUPO: Família dos Tectossilicatos; Grupo do Quartzo.
2. FÓRMULA QUÍMICA: SiO2. Óxido de silício.
3. COMPOSIÇÃO: Si = 46,7%, O = 53, 3%. Apresenta compostos de ferro e manganês, que lhe rendem sua cor característica.
4. CRISTALOGRAFIA: sistema Hexagonal-trigonal
5. PROPRIEDADES ÓPTICAS: Isotrópico uniaxial positivo (biaxial quando deformado, 2V de 5º ou mais).
Quase sempre contém inclusões, tais como: turmalina, clorita, mica, magnetita, zircão.
6. HÁBITO: Prismático, granular, maciço.
7. CLIVAGEM: Imperfeita {1011} ou {0111}.
8. DUREZA: 7
9. DENSIDADE: 2,65
10. FRATURA: Conchoidal, quebradiça.
11. BRILHO: Predomina o brilho vítreo.
12. COR: Geralmente violeta, roxa ou púrpura.
13. TRAÇO: Incolor.
14. VARIAÇÕES: Existe uma variedade bicolor, denominada quartzo ametista, trata-se de uma forma mais compacta de ametista que, frequentemente possui bandas de quartzo leitoso. Além de, uma variedade tricolor com uma extremidade de cor roxa, a outra extremidade amarela, sendo cortada por uma faixa incolor. Outras espécies são: Ametista Jacobina, variedade de ametista escura com tonalidades vivas; Ametista Madagascar, variedade de ametista violeta-escura, levemente enfumaçada ou violeta-púrpura quando mais clara; Ametista mosquito, variedade com pequenas inclusões de goethita; A Ametista espanhola, nome dados as ametistas finas comercializadas na Espanha de origem desconhecida e cor púrpura. Também existem a Ametista Uruguai, Ametista uraliana, Ametista siberiana, etc.
15. PROPRIEDADES DIAGNÓSTICAS: Caracterizado por sua cor violeta, seu brilho vítreo, fratura conchoidal, e forma cristalina.
16. CONSIDERAÇÕES GERAIS: Devido a mostrar em muitas vezes alternância de faixas claras e escuras, a ametista costuma ser lapidada com a mesa inclinada em relação ao plano das faixas. Também costuma ser lapidada em cabochão, pêra ou brilhante. É considerada símbolo da sinceridade e lucidez, antigamente acreditava-se que a ametista combatia a embriaguez, o sono e até mesmo gafanhotos. A Rússia tem produzido ametista sintética de ótima qualidade.

Ocorrências da gema
Ocorre em cavidades de rochas vulcânicas e em pegmatitos. São encontradas em geodos, gretas ou jazidas. Os cristais sempre crescem sobre uma base (substrato). É quase ausente nas rochas que constituem o assoalho oceânico; pode ocorrer em abundancia tanto nas rochas ígneas (principalmente graníticas), quanto nas sedimentares.

Principais Ocorrências Brasileiras
Bahia – Bom Jesus dos Meiras, Brejinho das Ametistas, Vitória da Conquista, Ituaçu, Jacobina, Macaúbas e Rio de Contas.
Rio Grande do Sul – Iraí, Lajeado, Livramento, Rio Taquari, Santa Maria, São Gabriel, Soledade, Três Arroios, Erechim, Bento Gonçalves e Cruz Alta.
Minas Gerais – Viçosa, Ataléia e Itamarandiba.
Ceará – Russas, Quixeramobim e Solonópole.
Pernambuco – Petrolina.
São Paulo – Itapirapuã.
Goiás – Xambioá.
Santa Catarina – Timbó.
Paraná – Porto Guairá.
Pará – Marabá.
Mato Grosso do Sul – Corumbá

A ametista também é comum nos pegmatitos pouco evoluídos do extremo sul da Bahia, porém aparecem mais como curiosidade do que como produto econômico. Uma pequena produção é assinalada nos pegmatitos de Espírito Santo, (Mimoso do Sul, Fundão, Itaguaçu), Minas Gerais (Marambaia, Serro, Matias Barbosa), Ceará, e Rio de Janeiro.

Descrição de algumas Ocorrências Brasileiras

1) BAHIA
JAZIDA DE AMETISTA DA GROTA DO COXO, JACOBINA.
A ametista está encaixada em quartzito vertical, de grã fina e cor branca da Formação Rio do Ouro, exibe litificação variável e marcas de ondas. A jazida corresponde a uma zona levemente tectonizada, vertical, paralela à direção regional N-S.
Blocos de quartzitos, frequentemente enormes, bascularam uns sobre os outros. São algumas vezes cimentados por um arenito cinza rosado mais escuro. Todas as cavidades resultantes desse amontoamento foram recobertas por ametista. Existem também drusas de quartzo hialino ou leitoso variavelmente britado e cimentado por quartzo hematóide. Algumas grandes drusas apresentam um excepcional preenchimento de material orgânico carbonoso (Pioco do Barro). Uma areia branca preenche os condutos formados entre os blocos e as drusas.

2) RIO GRANDE DO SUL
AMETISTA DE IRAÍ
As drusas são muito abundantes nos imensos platôs do sul do Brasil. Todas as jazidas de ametista localizam-se na bacia do Paraná, vasta sinéclise onde as erupções vulcânicas da era secundária formaram um lençol de aproximadamente 1.200.000km2 de trapps cuja espessura média é de 650 metros. Essa sucessão de derrames suborizontais é essencialmente constituída por rochas basálticas cujos minerais principais são: labradorita, augita e pigeonita. Como elementos acessórios ocorrem: titano-magnetita, apatita, quartzo, feldspato potássico e biotita. A textura é basáltica, rica em vidro intersticial. Termos mais ácidos tais como hialodacitos, dacitos e delenitos ocorrem na parte superior de alguns derrames. Brechas basálticas e andesina-basaltos são localmente conhecidos.
Dois ciclos magmáticos foram reconhecidos: o mais antigo iniciou-se antes do Jurássico Superior e somente formou intrusões; o segundo foi responsável por enorme emissão de lavas, que jorraram através de fissuras. Todas as lavras pertencem ao Grupo São Bento, Formação Serra Geral (Jurássico-Cretáceo).
O início da exploração de ametistas no estado do Rio Grande do Sul data de 1840. Atualmente quase toda a produção provém da região de Iraí, que inclui os múnicípios de Alpestre, Iraí, Frederico Westphalen, Nonoaí, Planalto e Rodeio Bonito.

3) PARÁ
3.1 – Garimpo do ALTO BONITO
No garimpo de ametista do Alto Bonito em Marabá, Estado do Pará, foram caracterizados dois tipos de depósitos:
a) DEPÓSITOS PRIMÁRIOS – a ametista encontra-se associada a cristais de rocha puros ou leitosas, sob a forma de geodos e/ou drusas encaixados nas zonas de falhas que afetaram o quartzito;
b) DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS – são depósitos detríticos de material mal selecionado que foram desagregados e transportados para as partes mais baixas da área do garimpo. Nesse tipo de depósito, a extração da ametista se torna mais fácil.
Os depósitos primários são resultado da intensa atividade hidrotermal que afetou a área. Tal atividade estaria ligada a um último evento magmático que remobilizou, a SiO2, o Fe e Mn das rochas encaixantes gerando as ametistas, ou mesmo os cristais de rocha e quartzo fumê que foram formados em zonas de falha.
3.2 – Garimpo de PAU D’ARCO
A concentração de ametista, sob a forma sedimentar, está relacionada à sedimentação pleistocênica, com platôs remanescentes da desnudação pliocênica da depressão periférica do sul do Pará, atuante na região da confluência dos rios Araguaia e Tocantins. A ametista, apesar do baixo aproveitamento em lapidação, possui um elevado valor no mercado joalheiro pela tonalidade extra que apresenta.
A concentração da ametista ocorreu devido a desagregação dos veios, transporte e deposição fluvial do material desagregado, com um posterior retrabalhamento, que deu origem a terraços no antigo leito do rio Araguaia. O conjunto de processos erosivos e deposicionais pós-pliocênicos permitiram a concentração de bens minerais como a ametista.

GARIMPOS, A FEBRE E A GANÂNCIA PELO OURO NA AMAZÔNIA

GARIMPOS, A FEBRE E A GANÂNCIA PELO OURO NA AMAZÔNIA






A saga de homens e mulheres em busca da riqueza fácil arriscando a vida nos rios e enfrentando doenças tropicais.
A revista Via Amazônia esteve em contato com homens e mulheres que na década de 80, auge da busca pelo ouro, se embrenhavam em barrancos, muitos deles clandestinos, procurando enriquecer de forma rápida e fácil.Muitos retiraram toneladas de ouro, mas foram poucos, talvez 5% apenas. No vale tudo na corrida do ouro, entre a multidão cega pela ambição, muitos mataram, morreram, venderam seus corpos. E ao final, o que colheram, nada mais que ilusão e contaminaram seus corpos, até de forma fatal, contraindo malárias, doenças venéreas e um sem número de males da alma. Pior é que essa loucura não teve fim com o fechamento do garimpo de Serra Pelada, muito menos com a secura que atingiu barrancos, dando uma esfriada no ímpeto de homens que se tornaram selvagens, na ânsia de enriquecer a qualquer custo, pagando até o preço pela própria alma.

Transgarimpeira sobrevive à escassez de ouro com saudades dos velhos tempos

Transgarimpeira sobrevive à escassez de ouro com

 saudades dos velhos tempos

Nos anos 80, milhares de quilos ao mês eram retirados dessa região do PA.
Hoje o ouro diminuiu, mas ainda é o principal meio de sobrevivência.

No distrito de Moraes Almeida, no Pará, a época de ouro farto deu lugar à extração ilegal de madeira. "Eles trabalham clandestinos pra sobreviver. Às vezes trabalham à noite, trabalham escondido, né? Se não fosse os madeireiros aqui era muito pior", comenta o mecânico Francisco Almeida. 

O local já foi um dos pontos mais movimentados da BR-163, rodovia que liga Cuiabá a Santarém. Era o principal ponto de abastecimento dos garimpos de ouro que se espalhavam pelo Alto Tapajós. Até o fim da década de 80, a rodovia na altura de Moraes Almeida era usada como pista de pouso e chegava a receber mais de cem voos por dia.



Depois foi aberta a Transgarimpeira, que permitiu que os garimpos fossem abastecidos por terra. Com isso, aviões deixaram de pousar por ali. Um sobrevoo da região mostra que a exploração do ouro fez mal ao meio ambiente. O Rio Novo ficou marrom de tão poluído. O Rio Jamanxim, que passa ao lado, é bem mais claro porque não teve garimpo.



Do alto, ainda se avitam pequenos garimpos em atividade. Mas onde ficava Ourolândia, no km 140 da Transgarimpeira, hoje só resta a antiga casinha de apoio na pista de pouso abandonada. Nos tempos áureos, ali eram vendidos 700 millitros de óleo diesel por ano para movimentar os motores dos garimpos."Na época eu voava de comissão, ganhava em média trezentos gramas [de ouro] por dia de comissão", relembra saudoso o piloto de avião Antônio dos Santos.


Creporizinho


Creporizinho é outro lugar que não é nem sombra do que já foi no passado. Na década de 80, auge da vila, cinco mil dragas retiravam duzentos quilos de ouro por dia. Atualmente, não passam de cinco quilos."Era festa todo dia, muita cerveja, muita cachaça, muita gente. Você quer ter uma idéia, aqui tinha 160 boates", conta José Rodrigues, que viveu aqueles dias áureos. Movimento na Transgarimpeira só há em Creporizão, que tenta sobreviver à escassez de ouro. 

Segundo o subprefeito do distrito, mais de 70% dos moradores não têm registro de nascimento. Mas há quem veja em Creporizão o paraíso. A professora Núbia deixou Santarém, umas das maiores cidades do Pará para morar aqui com seus três filhos e o marido, que conserta motores para garimpar. "Não temos assaltos, não temos ladrões, então não existe lugar melhor pra se viver do que aqui", argumenta. 

Em Creporizão há cinco lojas que compram ouro. Por mês, esses estabelecimentos movimentam 90 quilos do metal precioso, que virou moeda corrente para comprar outros bens. "Pra comprar óleo diesel, arroz, gás... todo esse tipo de coisas pra vender aí no garimpo. Tudo em ouro", diz José Deosdete da Silva, comerciante local. 

Ouro por aqui é uma fixação e vale tudo para consegui-lo. No Rio Crepori, onde não há mais peixes por causa do excesso de mercúrio usado para separar o ouro, homens arriscam a vida diariamente. 

O trabalho mais perigoso no garimpo é o do mergulhador. Ele fica três horas debaixo d'água, numa escuridão total. Com uma mangueira ele suga a terra, que é peneirada em busca do ouro. Essa técnica forma barrancos no fundo do rio. "Já fui soterrado duas vezes", conta Domingos Benício Alves. "Outra balsa me salvou". 

Nas dragas há um sistema de sucção que substitui o mergulhador, mas ainda assim a vida não é fácil, pois as pessoas passam meses nelas sem pisar em terra seca. 

Luiz Nascimento já viu muito ouro, mas não poupou nada. Com o que gastou tudo? "A 'mulhezada'", diverte-se. É por causa de clientes como Luiz que ainda existem sete cabarés em Creporizão. Garimpeiros são bem mais "generosos", garante uma prostituta local. Com alguns deles, "acontece de passar até três dias", conta. 

Mas o tempo de aventuras do garimpeiro Luiz está com os dias contados, pois o ouro da superfície da terra e no leito dos rios está acabando. Depois, só haverá espaço para as grandes empresas, com seus altos investimentos para tirar o minério de 80 ou 100 metros de profundidade.
O ouro fácil, de aluvião está acabando mas o ouro primário, com teor de 100/200 gramas a tonelada está todo ali pronto para ser explorado e a reserva é de mais de 800 toneladas de ouro, talvez a maior do mundo, mas só minerações de grande porte, com maquinários caríssimos podem extrair esse ouro, pois está em grandes profundidades. Por isso os garimpeiros não exploram esse tipo de ouro, apenas o aluvionar. 

Garimpos do Pará atuam sem projetos de sustentabilidade

Garimpos do Pará atuam sem projetos de sustentabilidade

Os garimpos são comuns na região de Itaituba desde os anos de 1980. Localizada no sudoeste do Pará, na Província Mineral do Tapajós,  a 1.600 km de Belém, ainda hoje cerca de 12 mil garimpeiros trabalham na região, segundo pesquisa do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
A região é conhecida pelo potencial de exploração mineral. Informalidade, mineração em áreas não legalizadas, ausência de licenciamento ambiental e geração de rejeitos sem tratamento adequado foram alguns dos problemas detectados durante a passagem de representantes de Meio Ambiente e Planejamento na área.
Segundo o diretor municipal de Planejamento de Itaituba, Dirceu Sobrinho, a exploração do ouro representa 60% de toda economia do oeste do Pará. “Sem um ordenamento da produção mineral, a região não terá benefícios disso”, disse.
O secretário de Estado de Meio Ambiente do Pará, José Colares, ratifica. ”Sem um projeto de sustentabilidade, o potencial da região não será usado em benefício da comunidade”, disse ao percorrer garimpos ao longo da rodovia Transamazônica.
No local, os operários trabalham com 300 retroescavadeiras e 1,1 mil pares de máquinas, produção mensal é de 350 quilos de ouro. O engenheiro de minas responsável pelo estudo, Oldair Lamarque, acredita que esses números sejam ainda maiores.
O advogado da área de mineração da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Belém (Sema), Samir Bestene, explicou que a visita ao garimpo serviu para traçar um diagnóstico das atividades garimpeiras da área e assim elaborar a proposta de Instrução Normativa de ordenamento da atividade garimpeira no rio Tapajós.
A instrução vai minimizar os impactos ambientais, estimular o garimpeiro a adotar uma conduta dentro da legalidade, além de fiscalizar a área e suspender atividades desenvolvidas de maneira irregular. Uma das vantagens do ordenamento é a priorização dos garimpeiros já instalados na região, que, depois de adequados às regras, continuarão a produzir sem que haja impacto na economia mineral do município.
O secretário também visitou o projeto Tocantinzinho, já licenciado pela Sema. Localizada a 200 quilômetros de Itaituba, a área, antes ocupada por garimpeiros artesanais, será usada para lavra e beneficiamento de ouro. Com reservas estimadas de 60 toneladas de ouro e vida útil em torno de onze anos de operação, o produto final beneficiado será ouro em barras e a empresa diz ter capacidade de produção de 4,9 toneladas ao ano, com 94% de pureza.
garimpo
Fonte: Portal Amazônia