segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Império de Eike Batista hoje tem novos donos

Império de Eike Batista hoje tem novos donos

Três anos após a derrocada do Grupo X, o antigo império integrado de infraestrutura e commodities de Eike Batista foi loteado. Uma parte dos ativos acabou nas mãos de investidores estrangeiros, outra está em processo de transferência para os principais credores, como o fundo soberano Mubadala, de Abu Dabi, e uma parcela menor permanece com o empresário, cuja fortuna é estimada entre R$ 200 milhões e R$ 400 milhões.
Entre as companhias levadas por Eike à Bolsa, a MPX (energia) e a LLX (logística) acabaram nas mãos de grupos de fora. A primeira teve uma fatia relevante vendida à alemã E.On e foi rebatizada de Eneva. Com um passivo de R$ 2,4 bilhões, a empresa entrou em recuperação judicial em dezembro de 2014, mas encerrou o processo em junho deste ano.
Dona do Porto do Açu, a LLX teve o controle vendido à americana EIG em outubro de 2013. Ocupando uma área maior do que Manhattan, o porto era visto como a joia da coroa do império X. Ali já ocorrem embarques de minério de ferro, comercialização de combustíveis e transbordo de petróleo, além do aluguel de áreas para outros grupos. A atual Prumo Logística tenta fechar o capital, mas enfrenta questionamentos de acionistas minoritários.
Outras cinco empresas seguem em recuperação judicial. A lista inclui a antiga OGX (hoje Óleo e Gás Participações, a OGPar), a OSX (braço naval) e empresas de mineração do grupo: as controladas MMX Sudeste e MMX Corumbá e a holding MMX Mineração e Metálicos S.A. As duas últimas pediram proteção à Justiça no fim de novembro, em caráter de urgência. Ambas foram atingidas pelas dificuldades enfrentadas na MMX Sudeste, que concentra os ativos operacionais da mineradora.
Diluição
Pelo acerto anunciado no início do ano com o Mubadala, a fatia de Eike nas empresas CCX, OGX, OSX e MMX será encolhida. De acordo com fontes, entretanto, ainda restam condições remanescentes a serem cumpridas, como a solução de bloqueios de participações societárias em processos movidos por outros acionistas contra o empresário.
Sócios da EBX, os árabes tinham um crédito de US$ 2 bilhões a receber. Pelo acordo feito em março, Eike deverá ficar com 36% de fatia na MMX; 37,22% da OSX; 35,21% na CCX Carvão da Colômbia; e 0,25% na OGX. Com operações na Colômbia, a CCX fechou acordo com a Yildirim para a venda dos ativos dos projetos de mineração.
O acordo com o Mubadala englobou negócios fora da Bolsa, como a empresa de entretenimento IMX, dona da marca Rock in Rio, e a fatia de Eike na rede de fast-food Burger King. O fundo também ficou com o hotel cinco estrelas Glória, no Rio, a mineradora de ouro Minesa (antiga AUX) e 48% do Porto do Sudeste e títulos lastreados em royalties do ativo. No Hotel Glória, Eike poderá receber uma comissão dos árabes, caso encontre um investidor para tocar o projeto, dizem fontes. Procurado, o Mubadala não retornou os pedidos de entrevista.
O restaurante Mr. Lam continua nas mãos de Eike.
Réu. Eike ainda é réu em ações penais sob a acusação de manipulação de mercado e uso de informação privilegiada. As ações são relativas à petroleira OGX e à OSX, de construção naval.
Na semana passada, o empresário evitou a imprensa ao prestar seu primeiro depoimento à Lava Jato. Ele foi ao Ministério Público Federal (MPF) para esclarecer sobre suas relações comerciais e políticas com o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e sua mulher, Adriana Ancelmo. O MPF desconfia de um pagamento feito pela EBX ao escritório de advocacia de Adriana, no valor de R$ 1 milhão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: IstoÉDinheiro

Papéis da Vale mantêm boas perspectivas para 2017

Papéis da Vale mantêm boas perspectivas para 2017

O desempenho das ações da Vale chama a atenção de qualquer investidor. No ano, os papéis da mineradora brasileira acumulam um salto superior a 150%, tendo retornado a valores que não eram vistos desde meados de 2014. O impulso para essa valorização veio do aumento dos preços do minério de ferro no mercado internacional. Nesse cenário, surge a dúvida entre os investidores: ainda compensa comprar esse papel, depois de uma valorização tão expressiva?
Para a maior parte dos analistas, a resposta é sim. A curtíssimo prazo, espera-se uma volatilidade maior para os papéis da empresa, natural após o processo de alta, mas a expectativa é que a mineradora apresente melhores resultados a partir do ano que vem, com uma necessidade menor de investimentos e o minério em um patamar melhor.
— Minha visão para a Vale é muito positiva. A empresa está acabando com os investimentos do projeto de expansão de Carajás e poderá dar prioridade a sua geração de caixa. Terá um balanço mais saudável daqui em diante — disse Pedro Galdi, analista de investimento da consultoria Upside Investor.
Na semana passada, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou a investidores que o minério em Carajás terá um custo de extração menor, mas que seu preço de venda terá um prêmio sobre o praticado no mercado internacional, por ser de maior qualidade. A distribuição de dividendos prometida pela empresa também é outro fator a atrair investidores. Por essa razão, o Deutsche Bank manteve a recomendação de compra para o papel, mesmo depois da ação já ter mais do que dobrado de preço em 2016.
“Nós vemos mais potencial de alta, mas nos sentimos um pouco decepcionados com a menor urgência para reparar o balanço”, afirmaram Rene Kleyweg e Chris Terry, analistas do banco alemão, mostrando a preocupação em relação ao endividamento e ao nível de investimentos da empresa.
CONCORRENTES EM ALTA
A Vale não é a única mineradora a registrar uma alta expressiva. Suas concorrentes internacionais, como a Rio Tinto e a Anglo American, também apresentam uma forte valorização em seus papéis, de 33,76% e 204,1%, respectivamente. Em todos os casos, um dos vetores do crescimento das cotações é o valor do minério de ferro, que, no ano, acumula alta de 77,5%.
A cotação da commodity ganhou um estímulo adicional após a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos. Caso o magnata coloque em prática seu bilionário plano de investir em infraestrutura, estimado em mais de US$ 500 bilhões, a demanda pela matéria-prima deve subir. Isso compensaria, em parte, a desaceleração da economia chinesa.
A cotação do minério de ferro atingiu seu menor patamar no ano em janeiro, quando ficou abaixo de US$ 40 a tonelada, devido às incertezas em relação à sustentabilidade do crescimento da economia chinesa. Essas dúvidas começaram a se dissipar ao longo dos meses seguintes.
Já a maior cotação no ano foi observada na semana passada, quando a tonelada ultrapassou os US$ 80. No entanto, analistas veem um certo exagero nessa alta recente, por isso esperam uma acomodação a curtíssimo prazo. Esse é o motivo de as ações da Vale ainda poderem experimentar alguma volatilidade.
— Desde o início do ano, a economia chinesa tem apresentado um desempenho melhor, voltado para o mercado imobiliário, o que impulsiona a demanda por minério de ferro e outras commodities — avalia Victor Penna, analista-chefe da BB Investimentos.
Além da questão conjuntural, pesa a favor da Vale o seu plano de venda de ativos. Esses recursos devem entrar no caixa da empresa e, gradualmente, melhorar seu nível de endividamento — uma dívida bilionária foi feita para arcar com o projeto de expansão de Carajás. Mas é importante ressaltar que essa venda não deve ocorrer de forma rápida, uma vez que a mineradora já expressou o desejo de esperar o momento mais apropriado, ou seja, aquele em que os preços estejam mais elevados, para fazer o desinvestimento.
Roberto Indech, analista da Rico Corretora, alerta, no entanto, que, apesar do otimismo em relação ao papel, é recomendável ter cautela. Para quem já comprou ações da Vale, a sugestão é manter os papéis. Para quem ainda não comprou, ele recomenda esperar alguma queda adicional e mais informações concretas sobre os planos de investimento em infraestrutura na economia americana.
— É melhor esperar as políticas de Trump e ver o que vai ser concretizado. A ação subiu muito sem fundamento, só na expectativa, na especulação. Neste momento, é melhor nem comprar nem vender — afirma Indech.
SIDERÚRGICAS TAMBÉM SE BENEFICIAM
Outro papel que viveu um movimento similar ao da Vale foi o da Gerdau. Isso porque os preços do aço também subiram, e 35% da receita operacional da empresa vêm dos Estados Unidos — o que a coloca à frente das concorrentes caso Trump resolva pôr em prática as medidas protecionistas anunciadas durante sua campanha. As ações da Gerdau acumulam alta de 118% no ano.
— Em siderurgia e mineração, os papéis melhores são os da Vale e Gerdau. A CSN está com um endividamento muito elevado, e a Usiminas está em meio a uma briga de acionistas, o que acaba afetando os negócios — resume Indech.
Mas, mesmo sendo consideradas menos atraentes, as concorrentes da Gerdau também conseguiram subir, a reboque das expectativas melhores para o preço do minério e a possibilidade de novos projetos por parte das grandes economias do mundo. As ações da Usiminas acumulam valorização de 97% neste ano. Já as da CSN apresentam ganho de 140%.
Fonte: Extra / O Globo

Robô mapeia cavidades de minério de ferro

Robô mapeia cavidades de minério de ferro

A espeleologia é a ciência que estuda a formação e constituição das cavidades naturais subterrâneas. Na mineração, o espeleólogo é um profissional essencial, já que os dados coletados por ele, como o levantamento topográfico e a identificação de seres vivos nesses ambientes, são determinantes para a relevância da cavidade e, consequentemente, para a viabilidade ou não de um projeto de mineração. Mas o trabalho do espeleólogo não é fácil.
Muitas dessas cavidades não são cavernas ou grutas de fácil acesso. “Pelo contrário, a maioria das cavidades em regiões com presença de minério de ferro são estreitas e de difícil acesso, onde o profissional em trabalho de campo pode se deparar com diferentes riscos, como desabamento pontual de teto, presença de animais selvagens e peçonhentos e fungos”, explica Ramon Araújo, analista de meio ambiente da Vale.
Pensando no trabalho diário desse profissional, a equipe de Espeleologia e Tecnologia da Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos da Vale tomou a iniciativa de desenvolver um dispositivo robótico operado remotamente, com câmeras e sistema de iluminação, capaz de se locomover em terrenos acidentados e realizar a inspeção de cavidades. O objetivo é evitar a presença do espeleólogo dentro destes locais. Juntaram-se ao projeto o Instituto Tecnológico Vale (ITV) de Minas Gerais e o Instituto Brasileiro de Robótica do SENAI/CIMATEC, da Bahia.
O mapeamento será feito remotamente utilizando um laser tridimensional capaz de rastrear cerca de 30 mil pontos por segundo, junto com câmeras de alta resolução. Esses pontos são interligados, gerando uma nuvem tridimensional e colorida, que representa a cavidade investigada, visualizada em ambientes de realidade virtual. “Além do aumento da segurança, ganha-se em qualidade no mapeamento topográfico, que é uma exigência da legislação ambiental para fins de licenciamento”, afirma Iuri Brandi, especialista técnico da equipe de Espeleologia e Tecnologia da Vale.
Já o sistema intercambiável de locomoção, desenvolvido pelos pesquisadores do ITV, permite ao robô mover-se utilizando rodas, pneus, esteiras ou pernas, dando condições de mobilidade em diferentes tipos de terrenos. “Podemos usar também um sistema híbrido de locomoção. Por exemplo, o robô pode andar com quatro rodas e duas pernas. As rodas dão estabilidade ao equipamento em um terreno mais acidentado, enquanto as pernas lhe permitem superar obstáculos encontrados pelo caminho”, explica Gustavo Freitas, pesquisador do ITV. O sistema intercambiável de locomoção é uma tecnologia pioneira. “O que normalmente temos na indústria são robôs adaptados para o uso em mineração subterrânea, e não para o trabalho de espeleologia”, completa o pesquisador.


Fonte: Vale

domingo, 4 de dezembro de 2016

Brasil abre novas frentes para explorar diamantes

Brasil abre novas frentes para explorar diamantes

Empresa canadense prepara na Bahia método inédito de extração das pedras e governo vasculha indícios do mineral no fundo do mar



O Brasil já foi um dos maiores produtores mundiais de diamante, mas nos tempos de colônia, quando a exploração das grandes reservas africanas ainda não tinha começado. É improvável que o País volte a figurar novamente como um grande produtor mundial, o que não é empecilho para esforços extras nessa seara: no momento, o Brasil está tentando abrir frentes inéditas de extração do mineral precioso, que movimenta imponentes US$ 12 bilhões (R$ 20 bilhões) no mundo por ano.

AP Photo
Tiara de diamantes estimada em até US$ 80 mil que pertenceu à atriz Elizabeth Taylor: Brasil quer um naco maior de um mercado bilionário
A canadense Vaaldiam Resources está na fase de preparativos para começar a extrair na área de Braúna, na Bahia, diamantes diretamente do kimberlito, a rocha vulcânica e ancestral nas quais as pedras ficaram acondicionadas por milhões de anos, desde antes da era pré-glacial. Pode parecer uma mudança sutil, mas é uma alteração completa na maneira como se explorou o mercado de diamantes no País: até hoje, a extração ocorre apenas nos depósitos aluviais, aqueles em que as pedras são carregadas pela água de rios e chuvas.
Segundo análises prévias já feitas em material extraído pela Vaaldiam na área, o valor dos diamantes brutos (antes da lapidação, fase em que eles ficam prontos para ornamentar joias, quando o custo do mineral multiplica-se dezenas de vezes) chega a US$ 338 por quilate. A cifra é equivalente à do diamante bruto da Namíbia, um dos países com o preço médio do quilate mais elevado do mundo.
Em cronograma apresentado a investidores, a companhia informou que a fase de captação de recursos e análise de viabilidade do empreendimento deverá estar encerrada em breve, momento em que a construção da mina deverá ocorrer. A extração, segundo esse cronograma.


A empresa, que tem projetos no Peru, Quênia e também em Catalão (GO), já investiu US$ 6,5 milhões (R$ 11 milhões, em valores atuais; nem todo o desembolso já foi feito) no projeto. Os recursos foram usados para elevar de 20% para 51% sua participação na área de Braúna. A companhia não respondeu os pedidos de entrevista feitos pelo iG.
N o fundo do mar
Também o governo debruça-se sobre a tarefa de abrir novas frentes para o mercado de diamantes. O Projeto Diamante Brasil, em andamento desde 2009, pretende apresentar no ano que vem os resultados do mapeamento desse mineral no País. “A ideia é criar uma base de dados específicos sobre diamantes. Queremos fazer o diagnóstico do potencial brasileiro”, afirma Reinaldo Brito, chefe do Departamento de Recursos Minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), empresa ligada ao Ministério de Minas e Energia. Ela está encarregada da tarefa.

Reprodução
Amostra de diamantes encontrados pela Vaaldiam na área de Braúna
É com base no trabalho da CPRM que o Brasil também procura a ocorrência de diamantes embaixo do mar. Ainda não foram feitas expedições marinhas, mas já foi mapeada a estrutura submarina da foz dos rios Pardo e Jequitinhonha, no litoral baiano. Ambos nascem em Minas Gerais e passam pelas regiões Lavras e Salobro, ambas com ocorrência de diamantes. Um alerta, portanto, para o potencial de haver diamantes na área em que os dois desembocam no Oceano Atlântico.
“O governo tem muita informação sobre onde tem ferro, ouro, cobre, mas pouca sobre os diamantes”, diz Brito. Os levantamentos da CPRM já apuraram ocorrências do mineral, sobre as quais quase nada se sabia, em Canguçu (RS) e em Roraima.
Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Paraná e Roraima são os principais estados produtores brasileiros. No mundo, a participação brasileira é irrisória.  a produção nacional somou 25,4 mil quilates (cada quilate de diamante equivale a 200 miligramas), volume que correspondeu a US$ 1,4 milhão e que deixou o País na 18ª posição no ranking mundial. Em volume, a Rússia foi a maior produtora, com 34,8 milhões de quilates, mas Botswana, com produção menor, de 22 milhões, conseguiu receita de US$ 2,6 bilhões por ter diamantes mais bem avaliados no mercado.

A rota das esmeraldas


A rota das esmeraldas
Jazidas descobertas em Itabira e Nova Era provocam corrida ao garimpo e invasão de grandes empresas

EDAÇÃO ÉPOCA
No Brasil do século XVII, quem desejasse riqueza subia o Rio das Velhas, mergulhando na mata fechada à procura de gemas preciosas. Foi o caminho do bandeirante Fernão Dias, em 1674. Mais de 300 anos depois, Minas Gerais volta à rota dos caçadores de pedras. O novo foco da cobiça concentra-se em uma área de cerca de 20 quilômetros quadrados, entre os municípios de Itabira e Nova Era, a 160 quilômetros de Belo Horizonte. Lá, encravadas na rocha, escondem-se esmeraldas. Apreciadas pela cor e transparência, podem valer mais que diamantes – 1 grama chega a ser negociado no Exterior por até US$ 10 mil.
Empresas nacionais e estrangeiras disputam a exploração. À frente da corrida está uma canadense, a Seahawk Minerals, representada no Brasil pela Piteiras Mineração. Dona de quase 10 mil hectares na região, há três meses anunciou a descoberta da maior jazida de esmeraldas no país, com 740 mil toneladas. Planeja começar a produção em 2002, com investimento de US$ 5 milhões, para processar inicialmente 30 mil pedras por ano. A reserva ultrapassa a de Santa Terezinha de Goiás, a 300 quilômetros de Goiânia, até agora considerada a maior mina nacional. O Brasil está entre os quatro maiores produtores mundiais.
Também estão seguindo a trilha do tesouro mineiro americanos ligados ao ramo de joalheria. Formaram no ano passado a Brazilian Emerald Inc. do Brasil (Beibra), com o propósito específico de participar da corrida da mineração no país.
Os estrangeiros deixam preocupados os concorrentes nacionais. “A chegada deles está transformando isso aqui em um queijo suíço”, reclama Luiz Carlos Terto, engenheiro da mineira Belmont. Segundo Terto, dois lugares no mundo hoje monopolizam a atenção dos desbravadores do século XXI: Austrália e Minas Gerais.
A Belmont não pretende ficar atrás dos canadenses e dos americanos. Garante que já tem identificadas áreas com minério com grandes teores de águas-marinhas e esmeraldas. A empresa vem investindo US$ 600 mil por ano em pesquisa. Tem 2 mil hectares e uma mina a céu aberto, atualmente com as atividades suspensas e onde foi encontrada a primeira esmeralda da região de Itabira.
Em 1979, diz a lenda contemporânea das esmeraldas brasileiras, Mauro Ribeiro Lage era caminhoneiro. Prestava serviços para a Companhia Vale do Rio Doce e mantinha uma fazenda modesta a 15 quilômetros da cidade. Nas águas da represa que banhava suas terras foram achados por acaso pedaços de minério com esmeraldas. Mauro procurou o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e obteve o decreto de lavra dois anos depois, fundando a Belmont. Atualmente a empresa tem 95 funcionários e é administrada pelos seis filhos do caminhoneiro. Ele morreu há quatro meses, aos 71 anos, antes de ver sua região ser alçada à condição de capital nacional das pedras verdes.
A Belmont paga entre R$ 300 e R$ 400 a seus empregados. Edimilson Ferreira da Silva, de 29 anos, precisou apurar a visão para ganhar a vaga de catador de pedras. Hoje é capaz de apontar de longe uma esmeralda. Foram mais de dois anos de treino para saber identificar a pedra no meio de pedaços de rocha sem valor. “Às vezes o companheiro da frente acha uma esmeralda. Fico apreensivo, porque quer dizer que a pedra passou por mim e eu não vi”, conta Edimilson, que todo ano faz um exame de vista obrigatório. Trabalha com uniforme sem bolsos, cuidado tomado pela empresa para evitar furtos