domingo, 3 de junho de 2018

Marca ícone em diamantes investe na produção de pedras sintéticas

Marca ícone em diamantes investe na produção de pedras sintéticas


Estratégia reflete maior aceitação por esse tipo de produto, considerado mais sustentável, já que principais minas estão em zonas de conflito
Lightbox Jewelry (Foto: Divulgação)
ADe Beers, gigante produtora de diamantes sediada em Luxemburgo, anunciou hoje a entrada no segmento de gemas sintéticas para joias. As pedras serão oferecidas sob uma nova marca, a Lightbox Jewelry e chegam ao mercado em setembro. “A Lightbox Jewelry vai oferecer aos consumidores algo novo: brilho e cores a preço bastante acessível”, disse Steve Coe, gerente geral da nova empresa.
Fabricadas nas cores rosa, branco e azul bebê, as pedras custarão de US$ 200, o quarto de quilate, a US$ 800, o quilate. Ainda que o valor pareça alto para muitos, é em média 75% mais baixo que o praticado por outras fabricantes de pedras sintéticas, como a americana Diamond Foundry, ou a russa New Diamond Technology, que já vendiam seus produtos de 30% a 40% mais barato que as pedras naturais, segundo o New York Times. A queda no preço é atribuída ao uso de novas tecnologias e processos de produção.
Com minas espalhadas por países como África do Sul, Canadá, Namíbia e Botsuana, a De Beers é conhecida por ter criado e dominado o mercado internacional de diamantes durante a maior parte do século XX. Há cerca de cinco décadas, também desenvolve materiais industriais de ponta com seu braço industrial, a Element Six Innovation Center. São matérias primas com aplicações em ferramentas para a exploração de petróleo, lasers de alta potência e alto-falantes de última geração, entre outros produtos. É à Element Six que a Lightbox Jewelry está ligada no organograma da De Beers.
O lançamento representa uma virada na postura da companhia. Há dois anos, a De Beers fazia parte dos esforços do setor de conter o avanço dos diamantes sintéticos no mercado com uma campanha de marketing marcada pelo slogam “Real is rare” (“O real é raro”, em uma tradução livre). Hoje, as pedras sintéticas respondem por apenas 2% das vendas mundiais. Mas há analistas que estimam que, até 2030, essa fatia possa chegar a 10%.
O avanço é atribuído, em parte, a crescente aceitação do produto no mercado, por suas características mais sustentáveis (algumas das principais minas de diamantes do mundo ficam em zonas de conflito) e à demanda reprimida gerada por profissionais bem sucedidas, mas sem dinheiro suficiente para investir em joias ou vontade de usar no dia a dia um diamante verdadeiro. O movimento da De Beers, assim, seria uma forma de a companhia se posicionar para ocupar o crescente mercado dos sintéticos e proteger a fatia de cerca de 30% que ainda detém no mercado internacional de diamantes naturais.
Além da fábrica em funcionamento na Inglaterra, a De Beers tem outra em construção, nos Estados Unidos, que custará US$ 94 milhões, nos próximos quatro anos. Segundo a companhia, a nova unidade terá capacidade de produzir cerca de 500 mil quilates em pedras sintéticas por ano. A ideia, diz Coe, da Lightbos Jewelry, é também introduzir novas formas e cores no mercado, sempre com preços abaixo da concorrência. “A eficiência tecnológica e nosso processo produtivo significam que seremos capazes de oferecer as pedras a preços acessíveis”, afirma.
Fonte: Negócios

sábado, 2 de junho de 2018

Estanho

Estanho, metal conhecido desde os primórdios das civilizações, é um elemento químico (antes, um semimetal)
 da família 4A, mesma do Carbono. É sólido, muito resistente à corrosão, inerte ao oxigênio em condições ambiente e apresenta coloração branco-metálica com brilho característico. Seu símbolo químico é Sn.


Como todos os metais, é maleável; porém, pouco dúctil – é difícil ser disposto em forma de tubos maciços. Sua massa atômica ponderada vale 118,7u, e número atômico igual a 50 (elétrons e prótons). Possui estados de oxidação +2 e +4 como os mais comuns, é bom condutor de eletricidadee de calor – um fato interessante deste metal é que a uma temperatura de 3,72K (-269,43°C) se transforma num supercondutor.
O Estanho é bastante resistente a meios corrosivos naturais (como o ar ambiente ou a água do mar), mas pode ser atacado quando exposto a ácidos fortes, sais não-metálicos (sais ácidos) e bases fortes.
É o melhor dos metais para ser fundido, pois sua temperatura de fusão é relativamente baixa em comparação aos outros: 232°C. E, a aparência esbranquiçada brilhante só é obtida quando o Estanho está a uma temperatura maior que 13°C.

Ocorrência e Abundância

Cassiterita, mineral de onde o estanho é extraído. Foto: Albert Russ / Shutterstock.com
Cassiterita, mineral de onde o estanho é extraído. Foto: Albert Russ / Shutterstock.com
O Estanho é produzido por 35 países ao redor do mundo em mais de 200.000 toneladas por ano, mas é relativamente escasso: sua concentração na crosta terrestre é de 2 ppm.
Os maiores produtores são a Malásia, Indonésia e Tailândia (os dois últimos correspondem a mais de um terço da produção mundial). Entretanto, a China, Nigéria república do Congo e Bolívia (maior produtor da América do Sul) também se destacam.
O Estanho obtido é, em quase sua totalidade, originária do minério cassiterita (SnO2) através da redução por Carbono, segundo a equação:
SnO2 + 2C -> 2CO + Sn
Para que o monóxido de carbono produzido seja eliminado pode-se oxidá-lo a dióxido de Carbono (menos nocivo ao meio ambiente e aos seres humanos).

Aplicações do Estanho

  • Galvanoplastia;
  • Componente de ligas metálicas;
  • Solda macia (Estanho e Chumbo);
  • Sais para fabricação de espelhos, papel, remédio e fungicidas;
  • Fabricação de molas;
  • Produção de lâminas finas para acondicionamento de vários produtos (como chocolate e maços de cigarros);
  • Artigos decorativos.
Fontes:
http://nautilus.fis.uc.pt/st2.5/scenes-p/elem/e05000.html

Autorizada exploração de ouro em cidade que atraiu garimpo ilegal em 2015

O governo federal autorizou a exploração de ouro em Pontes e Lacerda, no Mato Grosso. A atividade também foi permitida em áreas dos municípios mato-grossenses de Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima; todos na região de fronteira.



Os terrenos podem ser explorados pela Central das Cooperativas Associadas da Província Mineral de Serra Pelada e pela Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Pontes e Lacerda, a Cooperpontes.



Já a Compel (Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Pontes e Lacerda) vai poder pesquisar minério de ouro na região.



O ato foi publicado no Diário Oficial da União de terça-feira e é assinado pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen.



Em 2015, Pontes e Lacerda foi alvo de garimpo ilegal quando foi encontrada uma pepita de ouro com mais de  um quilo. A notícia ganhou as redes sociais e atraiu milhares de pessoas que travaram uma verdadeira corrida ao minério. Cerca de oito mil pessoas foram atraídas para o local que chegou a ser comparado a Serra Pelada – considerado o maior garimpo a céu aberto do mundo.

Fonte: CPRM/DNPM

O Garimpo de Diamantes em Marabá - PARÁ

O Garimpo de Diamantes em Marabá - PARÁ



br.geoview.info
O presente artigo tem a finalidade de analisar as atividades de diamantes no município de Marabá, localizado no Sudeste do Estado do Pará, bem como descrever um breve  histórico do município.
No final do século XIX, maranhenses que chegaram ao estado do Pará fundaram um pequeno povoado na margem esquerda do rio Tocantins. Denominado Burgo Agrícola do Itacaiúnas, o local começou a se desenvolver após a chegada de Francisco Coelho da Silva, um comerciante que construiu um negócio chamado “Casa Marabá”, em homenagem à obra do poeta Gonçalves dias. A vila começou a crescer através da extração do látex utilizado na produção de borracha, produto bastante consumido no mercado internacional para fabricar pneus. A atividade trouxe muitos imigrantes nordestinos para a cidade.
O município de Marabá vivenciou vários ciclos econômicos. Até o início da década de 80 a economia era baseada no extrativismo vegetal. No início o extrativismo girava em torno do látex do caúcho, cuja lucrativa exploração atraiu grande número de nordestinos. Desde o fim do século XIX (1892) até o final da década de 40, o extrativismo foi marcado pelo ciclo da borracha que contribuiu sobremaneira para a economia do Município e da região, porém, a crise da borracha levou o município a um novo ciclo, desta vez, o ciclo da Castanha-do-Pará, que liderou por anos a economia municipal. Houve também o ciclo dos diamantes, nas décadas de 20 e 40, que eram principalmente encontrados às margens do rio Tocantins. Com o surgimento da Serra Pelada e por situar-se na maior província mineral do mundo, Marabá também viveu o ciclo dos garimpos, que teve como destaque maior, a extração do ouro.
Marabá já viveu nada menos do que quatro grandes momentos econômicos: a borracha, com a extração do caucho (em 1895); extração da castanha-do-pará (1920); garimpo de diamantes no leito do rio Tocantins (1930) e a partir dos anos 80, a exploração do minério, com o ouro de Serra Pelada e o minério de ferro da Serra do Carajás.Em 1950, a cidade começou a se destacar como exportadora de pedras preciosas, atividade que passou a ser desenvolvida em paralelo ao comércio da castanha. Garimpos de diamantes foram descobertos ao longo do rio, e novos moradores começaram a chegar na região. É o caso de Militão Solino pessoa que, assim como a cidade, também é centenário. “Cheguei em 1950 com a esperança de fazer riqueza por aqui, mas nada disso aconteceu”, disse o aposentado, que mesmo assim não voltou para a terra natal: em Marabá, ele casou, constituiu família.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os preços e a demanda da castanha-do-pará, despencaram no mercado internacional, devido as várias restrições impostas pela guerra. Entre 1939 e 1945 as exportações de diamante e cristal de rocha superaram as exportações de castanha-do-pará, e se tornaram as principais commodities exportadas por Marabá. O garimpo, iniciado nas proximidades de Lago Vermelho, atual Itupiranga, era feito nos pedrais e corredeiras dos rios; em seguida, sendo mecanizado, passou a utilizar bombas para secar os canais naturais do rio Tocantins, em cujo leito havia muitas gemas. A partir de 1940 os garimpos de diamantes passam a utilizar escafandros para prospecção e extração submersa.
As frentes migratórias para a região de Marabá, a partir de meados da década de 20, destinavam-se especialmente, a extração e a comercialização de castanha-do-pará e, desde os fins dos anos 30, no garimpo de diamante nos pedrais do rio Tocantins. A cidade recebia imigrantes vindos de várias regiões do Brasil, principalmente da Bahia, Ceará, Piauí, Goiás, Paraíba, Maranhão, mas também imigrantes Libaneses, constituindo uma camada importante na sociedade local. Em 1929, a cidade já se encontrava iluminada por uma usina à lenha e em 17 de novembro de 1935 o primeiro avião pousa no aeroporto recém inaugurado na cidade. Nesse período, a cidade era composta por 450 casas e 1500 habitantes fixos.
Foi em São Félix, na década de 1940, que surgiu a primeira associação de classe do município de Marabá, a associação dos garimpeiros. As pressões da associação obrigaram o governo federal a instalar na localidade a Fundação de Assistência ao Garimpeiro (FAG), demonstrando assim a elevada influência da vila à época. Neste período surge um vilarejo próximo ao São Félix, a Vila do Espírito Santo, que também concentrava garimpeiros.
A exploração de diamantes foi uma atividade econômica importantíssima para Marabá. Com a lavra das gemas iniciada em 1937 em Praia Alta ,hoje parte do município de Itupiranga, a região experimentou um grande boom econômico e populacional. Um dos distritos urbanos de Marabá, o distrito de São Félix (incluindo a vila Espírito Santo), se desenvolveu como uma vila de garimpeiros neste período, concentrando órgãos da Fundação de Assistência ao Garimpeiro (FAG) e órgão do Ministério do Trabalho. A história do distrito do São Félix relaciona-se em sua fundação com fatores históricos e geoeconômicos marcantes para o município de Marabá. O primeiro fator são as enchentes que anualmente atingem Marabá, deixando grande parte da Velha Marabá  centro histórico do município alagada. O segundo fator foram os ciclos econômicos das gemas (diamantes e cristais) e do extrativismo vegetal (castanha e caúcho), e a posição geográfica estratégica que o distrito dispunha em relação aos depósitos minerais e vegetais.
Embora próximos da cidade de Marabá, à época restrita somente a Velha Marabá, os depósitos minerais exigiam alguma infraestrutura básica em áreas mais próximas a estes. Desta forma, os garimpeiros e comerciantes de pedras preciosas, montam seu acampamento próximo aos “pedrais de São Félix” e do “Espírito Santo”, onde havia a lavra de tais gemas. Surge então, o povoado de São Félix de Valois, nome dado em homenagem à Félix de Valois, santo padroeiro de Marabá.
A descoberta dos depósitos de gemas de diamante e cristal de rocha no leito do Rio Tocantins nas proximidades de Marabá, na década de 1930, fez ocorrer uma intensa imigração de garimpeiros e comerciantes para a região. A lavra torna o acampamento dos garimpeiros um centro economicamente dinâmico, concentrado todo tipo de estabelecimentos comerciais e de lazer bares, restaurantes, bordéis, etc, além de hotéis e outros serviços.
Com a mecanização da lavra, que passou a utilizar bombas para secar os canais naturais do rio Tocantins, cujo leito havia muitas gemas, a escala produtiva de diamantes e cristais aumentou substancialmente. A partir de 1940 os garimpos de diamantes passam a utilizar escafandros para prospecção e extração submersa. A extração desenfreada precipitou a exaustão das gemas no Tocantins. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a produção dos garimpos cai, até que nos fins da década de 1950 praticamente inexiste, levando a vila a uma profunda crise. Mesmo com a crise, a vila de São Félix servia como área de abrigo durante as enchentes que atingem a Velha Marabá anualmente. A queda na produção de gemas a partir de 1947 deixou o povoado de São Félix em situação econômica difícil. Muitos dos estabelecimentos comerciais fecharam, e a Fundação de Assistência ao Garimpeiro (FAG) encerrou suas atividades. Houve um esvaziamento populacional, com grande parte dos antigos moradores mudando-se para a Velha Marabá.
Na década de 1950, São Félix tornou-se uma vila de pescadores e extratores silvícolas, recuperando parte de sua importância econômica. Graças a sua localização, dentro das terras dos povos Gavião, havia grande abundância de recursos vegetais em seu entorno, entretanto a relação entre indígenas e extrativistas era conflituosa. Já na década de 1960, tanto a vila de São Félix, quanto a vila do Espírito Santo haviam se recuperado economicamente, sendo assim de vital importância para Marabá, pois localizavam-se numa área rica em castanhais e dentro dos territórios indígenas.
No garimpo e no setor mineral, o nomadismo também foi essencial na busca de novas jazidas de diamantes e cristais de rocha, tanto é que os garimpeiros se espalharam livremente entre as cidades de Marabá, Itupiranga, Tucuruí, São Domingos do Araguaia e Jacundá, vizinhas entre si, no período 1920-1960, compondo da mesma forma uma classe de trabalhadores autônomos. Os custos sociais do nomadismo eram exorbitantes. A circulação pelas matas colocava em perigo a vida dos extrativistas que eram atacados de malária; febre amarela; doenças de Chagas; filariose, entre outras enfermidades que deveriam ser tratadas na cidade, onde havia o SESP, serviço público de saúde, bastante precário, com apenas dois médicos em 1950 para uma população superior a 40 mil indivíduos, entre eles, residentes e flutuantes.Nos garimpos de diamante da região de Ipixuna muita gente fez riqueza. Muitos dos garimpeiros se concentraram na região do Pedral do Lourenção e de lá extraíram muitas pedras. Mortes, traições, brigas, doenças e outros dilemas desse tipo de lugar fizeram parte do cenário do garimpo.
Ao mesmo tempo, o nomadismo provocou invasões e conflitos graves nas terras indígenas que eram resolvidos no final, com violência, entre o extrativista e o índio usando-se a bala como solução. O nomadismo também enfraqueceu a família oficial do garimpeiro e popularizou a família não oficial, longe do cartório civil e da Igreja, dando origem a uma população de filhos que jamais soube o nome de seus pais biológicos.
É importante ressaltar, o aspecto ambiental, apesar que no momento histórico em questão, não havia uma exigência e fiscalização legal. Mas, temos que frisar a relação homem e natureza, na exploração extrativa dos diamantes no período analisado. Nas últimas décadas a acepção do termo garimpeiro tornou-se sinônimo de degradação ambiental, especialmente aqueles dedicados à extração do ouro na região amazônica, responsável pelo despejo de mercúrio nos rios, assoreamento das coleções hídricas, conflitos com sociedades indígenas, entre outras mazelas na busca desenfreada por riqueza. Mas nem todo garimpeiro se dedica ao ouro e muito menos na Amazônia. Analisada sob uma perspectiva mais ampla, a problemática garimpeira tem vínculos históricos importantes, o que se confirma examinando o comportamento da legislação que envolve a atividade original e as demandas por conservação do meio ambiente a partir da Constituição Federal de 1988. Legalmente é exigida uma licença ambiental para garimpar, atrelada a um plano de recuperação da área degradada. Na prática isto não funciona, ou funciona muito mal, pois o garimpo é tradicionalmente dinâmico e o Poder Público tem dificuldades para acompanhar e fiscalizar a atividade, especialmente pela extensão da região. Se o garimpeiro sem sorte não encontra diamantes suficientes para bancar suas despesas, como poderá custear a recuperação da área degradada? Quanto custa uma licença ambiental, um plano de recuperação de uma área degradada e a execução deste plano? Quem planeja, executa e fiscaliza a recuperação da área degradada pelo garimpo?
O exame deste questionamento reconhece, por razões óbvias, que a atividade garimpeira do diamante tornou-se inviável, especialmente após a incorporação de equipamentos mecânicos. Descumprida a legislação, o garimpeiro torna-se um criminoso. Por este viés o garimpeiro é o ator principal de um conflito multifacetado na busca por sobrevivência, onde, em alguns casos, buscou outras atividades para o seu sustento, tanto ou mais poluidoras que o garimpo de diamantes. Ainda como parte do conflito existe a ruptura cultural, ou a desterritorialização da população garimpeira. Perceber a figura do garimpeiro para além da vilania ambiental e reconhecer sua figura como vítima histórica pode resultar positivamente para o meio ambiente.
A garimpagem geralmente é executada de forma tradicional nas margens de rios, em locais que recebem grande volume de sedimentação e em planícies fluviais. O garimpo mecanizado produz profundos impactos nos ambientes fluviais, destruindo as margens dos rios e modificando profundamente a paisagem. O prejuízo ambiental é muito elevado, pois os rios são assoreados, a fauna é contaminada, a cobertura vegetal é retirada e compromete a saúde do homem.  Os danos gerados nas áreas onde são desenvolvidas a garimpagem são irreversíveis. Diante desses fatos percebemos que a lucratividade oriunda da extração mineral fica nas mãos de uma minoria e os prejuízos ambientais para toda a população atual e também futura.
Em 1966, foi produzido um filme, dirigido por Líbero Luxardo e patrocinado pelos empresários marabaenses: Pedro Bentes Pinheiro, Iran Bichara, Miguel Gomes da Silva e Luso Solino. O filme, faz menção, ao garimpo e tem como personagem principal João, goiano, tropeiro, seguindo orientações de uma cigana, sai a procura de fortuna em garimpo. O filme, trata de trabalho, cobiça, desejo, vingança, amores e amizades em uma clima de muita aventura.

fonte: Natureza Bela Vida

Exploração de esmeraldas na Serra da Carnaíba (BA)

ESMERALDAS LAPIDADAS/BRUTAS
Exploração de esmeraldas na Serra da Carnaíba (BA)



MUNICÍPIOS BA - Campo Formoso BA - Pindobaçu
LATITUDE -10,003
LONGITUDE -41,7727
SÍNTESE A exploração de esmeraldas nos municípios de Pindobaçu e Campo Formoso, no norte da Bahia, gera vários impactos ambientais. Uma das saídas para a grande quantidade de rejeitos é a recuperação da molibdenita contida nos veios minerais para uso comercial. A molibdenita pode ser aplicada em vários setores produtivos, dentre eles a cerâmica de revestimento.
APRESENTAÇÃO DE CASO
A Serra da Jacobina, localizada na microrregião de Senhor do Bonfim, no norte do estado da Bahia, congrega um complexo de serras, que se prolongam por 220 km de extensão. O local apresenta grande potencial para produção de minérios e pedras preciosas, sendo as atividades minerais mais representativas as ligadas ao garimpo de esmeraldas, nos municípios de Pindobaçu e Campo Formoso (DIAS NETO, 2005 apud VALE, 2005).
Pindobaçu tem 496,279 km² e 20.121 habitantes (IBGE, 2010a). Já Campo Formoso, 7.258,574 km² e 66.616 habitantes (IBGE, 2010b). Assim como outros municípios da região, ambos foram inicialmente povoados por bandeirantes à procura de riquezas. A economia dos municípios limítrofes gira basicamente em torno da agricultura, em especial da mandioca, e não atende às necessidades da população no que diz respeito à oferta de empregos. As constantes secas e a falta de investimentos também atrapalham o crescimento econômico dos municípios (VALE, 2005).
Os veios de esmeralda e os minerais a ela associados – berilo, talco, alga-marinha, molibdênio, etc. – são conhecidos, na região, desde a década de 1960, quando se formou o Garimpo da Serra da Carnaíba, no município de Pindobaçu.
Posteriormente, formou-se o Garimpo de Socotó, em Campo Formoso, a 50 km de Pindobaçu (CAVALCANTE, 2010).
Em 1963, começaram as escavações em Pindobaçu, no setor conhecido como Bráulia, na Carnaíba de Baixo. Um ano depois, foram descobertas mineralizações em Carnaíba de Cima, a partir de rolados de berilos encontrados na encosta da Serra da Jacobina, formando o setor de extração chamado de Trecho Velho (CAVALCANTE, 2010).
No final da década de 1960, foram localizadas mineralizações de esmeralda na Marota (Carnaíba de Baixo) e, em 1972, no Trecho Novo, na Carnaíba de Cima (CAVALCANTE, 2010). Ainda existem áreas potenciais a serem descobertas, e, para detectá-las, novos mapeamentos vêm sendo solicitados ao governo do estado (SILVA, 2006 apud CAVALCANTE, 2010). De acordo com dados da Companhia Mineral da Bahia (CMB), existem cadastrados, em Carnaíba e Socotó, 161 frentes de trabalho, mantidas por 600 investidores locais, regionais e nacionais. Atuam, no local, cerca de 1.600 trabalhadores braçais (CAVALCANTE, 2010).
Para a retirada do material do interior das minas, osmineradores entram em um shaft [poço vertical de 60 a 500 m de profundidade] pendurados em um cabo de aço sustentado por um guincho simples, chamado de carretel. Os trabalhadores sentam-se em tiras de borracha de pneus velhos, denominadas cavalos (CAVALCANTE, 2010).
São usados explosivos para retirada dos blocos de rocha, abertura de galerias, ou grunas, e de shafts mais profundos onde o minério, contendo esmeralda, alexandrita e molibdenita, é lavrado de forma mais rigorosa e armazenado em local próprio para ser beneficiado (CAVALCANTE, 2010). Nestes shafts, a temperatura beira os 40 graus. Os trabalhadores manipulam dinamite e respiram fuligem o tempo todo. Além disso, ficam sujeitos a desabamentos (FERREIRA, 2010).
Os blocos retirados são levados para o exterior através de um guincho e analisados pelo proprietário do corte. Os blocos grandes, com esmeraldas brutas incrustadas, chamados de gangas, são os de maior valor, sendo normalmente comprados por colecionadores. Já os minerais como a biotita e o quartzo são vendidos para artesãos. Cerca de 50% dos minérios, devido à sua baixa concentração e distribuição na massa rochosa, são encaminhados para o bota fora, onde são trabalhados por quijilas – grupo formado por senhoras, anciãos e homens desempregados. Os quijilas partem cada um dos blocos de rocha à procura de uma esmeralda para ser trocada, em geral, por comida. Devido à falta de emprego na região, cerca de 1.500 pessoas se dedicam a esta atividade no entorno da área garimpeira (CAVALCANTE, 2010).
Vários são os impactos socioambientais causados pela extração e beneficiamento de esmeraldas nos garimpos da Serra da Carnaíba, explorados de maneira desordenada e sem estudos prévios e técnicas especializadas (CAVALCANTE, 2010). Um dele é o acúmulo de rejeitos, lançados aleatoriamente no ambiente (CALMON et al., 2004; BRAGA, 2007; CAVALCANTE, 2010).
Uma das soluções encontradas para equacionar a quantidade de rejeitos sem destinação apropriada foi a recuperação da molibdenita contida no estéril da lavra de esmeralda (BRAGA, 2007; CAVALCANTE, 2010). O preço do molibdênio no
mercado internacional (US$ 35/kg) acabou incentivando a busca por esse bem de base mineral (BRAGA, 2007), cujas reservas não oficiais, no Brasil, são modestas (NESI, 2007 apud BRAGA, 2007; ANUÁRIO MINERAL BRASILEIRO, 2006 apud BRAGA, 2007).
Com a detecção de molibdenita nas rochas onde eram encontradas esmeraldas e berilo (CAVALCANTE, 2010), tanto no garimpo da Carnaíba, quanto no garimpo de Socotó (BRAGA, 2007), os próprios garimpeiros viram a possibilidade de extrair o mineral comercialmente. Assim, em 1985, instalaram uma pequena unidade rústica de flotação [processo de separação de partículas minerais] para aproveitamento artesanal do dissulfeto de molibdênio. Chegaram a ter 10 unidades produzindo até 15.000 kg do produto por mês. Em 2010, havia cinco unidades de flotação artesanais processando minérios com teor acima de 0,5% e gerando aproximadamente quatro toneladas de molibdênio concentrado ao mês (CAVALCANTE, 2010).
Após a lavra do minério de molibdenita, os garimpeiros separam manualmente os minérios de interesse dos que não são, e vendem o produto obtido para outros garimpos, os quais realizam seu beneficiamento, recebendo, ao final do processo, o preço combinado (BRAGA, 2007).
Dentre outras aplicações, o molibdênio pode ser usado na fabricação de peças de aviões, contatos elétricos e motores industriais; em filamentos elétricos; na produção de aços inoxidáveis e em superligas para alta temperatura (OLIVARES, 2005; MAGYAR, 2007 apud BRAGA, 2007). Além disso, vem sendo estudada sua aplicabilidade na construção civil, incorporado em cerâmica vermelha para fabricação de tijolos e telhas especiais ou ainda como matéria prima alternativa ao feldspato na fabricação de cerâmica de revestimento, setor em franco desenvolvimento no Brasil (CAVALCANTE, 2010).
Em 2007, o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) realizou um trabalho pioneiro para recuperação da molibdenita contida nos rejeitos de esmeralda/berilo da região da Serra de Carnaíba. O projeto de pesquisa se insere no Planejamento Estratégico do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e no Plano Plurianual do governo federal. O objetivo é universalizar o acesso aos bens gerados pela ciência e pela tecnologia e ampliar a capacidade local e regional de gerar e difundir o progresso técnico, visando à competitividade econômica e à qualidade de vida da população (BRAGA, 2007).
Para tanto, o Cetem, primeiramente, coletou amostras das minas. Depois, procedeu, em seus laboratórios, às caracterizações mineralógica e química do estéril da lavra de esmeralda e dos concentrados e rejeitos de molibdenita resultante dos processos de concentração existentes na localidade de Pindobaçu (BRAGA, 2007).
Os estudos possibilitaram a elaboração de uma rota preliminar de beneficiamento para recuperação da molibdenita contida no estéril da lavra de esmeralda.  Chegou
se à conclusão de que o beneficiamento do minério deveria ser constituído, em linhas gerais, das seguintes etapas: britagem, moagem, separação gravítica em mesas oscilatórias/espirais  concentradoras [método que apresenta bons resultados com baixo custo. O processo se baseia na diferença de densidade existente entre os minerais presentes, utilizando-se um meio fluido — água ou ar — para efetivar a separação/concentração] e flotação rougher e cleaner (BRAGA, 2007).
Em 2008, foi instalada, em caráter experimental, uma planta industrial em Pindobaçu, com participação de empresas estrangeiras, para processar o molibdênio, que utiliza as gangas e blocos de rocha dos mineradores e dos pequenos produtores do metal. A planta já produz cinco toneladas do produto por mês.
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
A exploração de esmeraldas na Serra da Carnaíba tem como localização geográfica os municípios de Pindobaçu (latitude 10°44’34”S e longitude 40°21’46”W) e de Campo Formoso (latitude 10°30’41”S e longitude 40°19’21”W).


Fonte:CPRM/DNPM