domingo, 5 de maio de 2019

Autoestima: por que se fala tanto nela hoje em dia?

Autoestima é a qualidade de se valorizar e demonstrar confiança em si mesmo. Por isso, alguém com a autoestima elevada tende a se julgar de forma positiva. Já uma pessoa com a autoestima baixa está a inclinada a fazer uma imagem negativa de si mesma.
A autoestima não é estática. É o que diz o pesquisador Juan Mosquera, da PUC-RS. Para ele, essa autoavaliação acontece em diversas situações do nosso dia a dia e pode apresentar altos e baixos.
Assim, se uma pessoa está com a autoestima baixa, isso não significa que nada possa ser feito para mudar a situação.
Imagem 1

Mas, afinal: como elevar a autoestima?

Atualmente, fala-se muito em autoestima como um dos fatores decisivos para se ter sucesso na vida. Num mundo cada vez mais competitivo, ter uma imagem positiva de si mesmo tornou-se valor fundamental.
É preciso manter a autoestima elevada para se dar bem financeiramente, para tirar boas notas e ser um aluno de sucesso, para se tornar um profissional de destaque... Até para conquistar o coração de outra pessoa não podemos deixar a peteca cair.
Autoestima
Livros de autoajuda e vídeos motivacionais na internet fazem uma lista de recomendações de como elevar a autoestima. As dicas são as mais variadas: identificar qualidades ao se olhar no espelho, sempre comemorar conquistas, ser mais tolerante com os próprios erros, cercar-se de pessoas positivas...
Há muitas recomendações, algumas baseadas em opiniões de especialistas, outras não. E quando se trata de saúde mental, é preciso cautela. Se não há consenso na Psicologia sobre o conceito de autoestima, é provável que nem todas as dicas sirvam para todas as pessoas.
Para o psicoterapeuta canadense Nathaniel Branden, a autoestima está relacionada à satisfação pessoal. “Desenvolver a autoestima”, segundo ele, “é expandir nossa capacidade de ser feliz”. No famoso livro Autoestima e seus Seis Pilares, Branden recomenda seis atitudes básicas para quem não anda com uma imagem tão positiva de si mesmo, entre as quais a autoafirmação, uma atitude relacionada à defesa de seus próprios valores e princípios.

A origem do conceito na Psicologia e o debate acadêmico

O famoso psicólogo norte-americano William James (1842-1910) é o responsável por introduzir o conceito de autoestima no debate acadêmico. Isso foi em 1885. Segundo James, o que define a autoestima é a diferença entre as nossas pretensões e o nosso sucesso. Assim, se uma pessoa supõe que pode chegar longe, mas por alguma razão não consegue, essa frustração vai derrubar a autoestima.
Podemos que ver que o conceito de autoestima, desde a origem, aparece associado a eventos externos. Apesar da autoavaliação ser subjetiva (somos nós mesmos que nos julgamos), o que se passa no nosso entorno é muito importante na definição da autoestima.
Não ser amado reduz a autoestima. Ser amado a aumenta. Quem disse isso foi Sigmund Freud (1856-1939), o pai da Psicanálise. No seu célebre estudo sobre o narcisismo, de 1905, Freud estabelece relações entre o amor e a autoestima.
Quando amamos alguém, abrimos mão de parte do nosso próprio narcisismo. O amor tem a ver com doação. “Uma pessoa apaixonada é humilde”, diz Freud. Mas essa perda pode ser compensada pelo amor de outra pessoa. Há equilíbrio se somos correspondidos.

Imagem Freud
Sigmund Freud (1856-1939)

Hoje em dia o conceito de autoestima é muito utilizado no campo da Psicologia e das Ciências Sociais. Há pesquisas sobre autoestima envolvendo diversos grupos sociais, categorias profissionais, faixas etárias, instituições etc. Afinal, se o indivíduo se constrói em relação com a sociedade, é impossível compreendê-lo isoladamente. E isso também vale para a autoestima.

A importância de se valorizar: um estudo com policiais

Imagem polícia
Os especialistas em Saúde Pública Edson de Andrade e Edinilsa de Souza, num estudo sobre policiais civis do Rio de Janeiro, apontam, entre outras coisas, que a autoestima elevada contribui com a saúde mental e com a melhoria da qualidade dos serviços prestados por esses profissionais.
Para os autores, atuar na autoestima pode ajudar inclusive na diminuição da cultura da violência no meio policial.
Ou seja: autoestima tem tudo a ver com satisfação e bom desempenho profissional. No caso do estudo com policiais cariocas, vê-se como toda a sociedade pode sair ganhando caso um grupo profissional se sinta valorizado.

Autoestima e estigma social


Imagem Direitos dos homossexuais
Passeata pelos direitos dos homossexuais em 1976, em Nova York, durante a Convenção Nacional Democrata.

Estudos em Psicologia Social atribuem ao estigma um papel importante na diminuição da autoestima.
Já ouviu falar da palavra estigma? No sentido literal, estigma é uma marca provocada por uma ferida. Uma cicatriz.
No sentido figurado, que é o que mais nos importa agora, estigma é uma “marca social”. Uma mancha que algumas pessoas carregam simplesmente pelo fato de serem elas mesmas. Um processo de estigmatização geralmente está associado a preconceitos e discriminações.
Um estudo publicado por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora, intitulado “Estigma internalizado e autoestima”, chama a atenção para esse fenômeno.
Devido a certas características consideradas socialmente indesejadas, indivíduos e grupos são desvalorizados. Perdem status. E o que esses pesquisadores procuram demonstrar é que essa desvalorização social pode, em alguns casos, levar à internalização do estigma. Isto é, a própria pessoa discriminada, seja por qual motivo for, acaba trazendo a marca – o estigma – dentro de si.
Os efeitos disso para a autoestima são devastadores, pois a pessoa já antecipa a desvalorização. Um indivíduo de baixa renda, por exemplo, pode se sentir menos capaz antes mesmo de sofrer a discriminação.
Uma pessoa cujo corpo não corresponda aos padrões de beleza da sociedade também pode sofrer com isso. O mesmo se pode dizer em relação às minorias sociais.
Há tempos que os chamados movimentos identitários, como o movimento negro ou de gênero, tentam combater as raízes desse processo de estigmatização, sobretudo por meio da afirmação de sua identidade e do orgulho de ser quem é. Nos Estados Unidos dos anos 60, o Black Power marchava pelos direitos civis e estimulava a população negra a orgulhar-se de sua aparência. Atualmente, movimentos ligados às minorias sociais continuam lutando contra a discriminação e por melhores condições de vida. Talvez seja essa uma das principais causas pelas quais tanto se fala em autoestima hoje em dia. Lutar por direitos, nesse sentido, também é lutar pela autoestima.

Fonte: HIPERCULTURA

Gem, Mineral & Fossil Show at Expo Idaho

7 mistérios sobre o Triângulo das Bermudas que ainda não foram resolvidos

Há dezenas de anos, grandes mistérios envolvem uma região do planeta conhecida como "Triângulo das Bermudas". Esta parte do Oceano Atlântico compreende a uma área com mais de 2.000.000 Km² em forma de um triângulo imaginário formado nas águas do Caribe que ligam três pontos entre: Flórida, Ilhas Bermudas e Porto Rico.
triangulo

A origem dos mistérios

Os primeiros relatos sobre coisas estranhas acontecidas no Triângulo das Bermudas datam da primeira viagem de Cristóvão Colombo às Américas, em 1492. Colombo relata falhas nas bússolas e luzes no mar, assim como objetos caindo do céu.
Desde então, vários navegadores temem viajar por esta região onde ocorreram dezenas de naufrágios e acidentes. Inclusive o naufrágio sofrido pelo navegador espanhol Juan Bermúdez, em 1503, que deu nome ao arquipélago.
Mas foi durante a Segunda Guerra Mundial que o mundo finalmente teve conhecimento destes mistérios. Após o desaparecimento de uma esquadra de 5 bombardeiros norte-americanos (conhecido como Voo 19) esta região passou a ser chamada de Triângulo das Bermudas.
Outros nomes também foram atribuídos ao local, como: "Mar do Diabo", "Triângulo Maldito", "Triângulo da Morte", "Mar dos Barcos Perdidos", "Cemitério de Barcos", "Triângulo do Diabo", etc.
São inúmeros os casos relatados de desaparecimentos, naufrágios, acidentes, e até mesmo de aparições de embarcações e outros fenômenos, dentre os quais, podemos citar os mais famosos.

Os 7 casos mais enigmáticos registrados no Triangulo das Bermudas

1840 - Rosalie

A embarcação francesa Rosalie foi encontrada meses após o seu desaparecimento. Ela navegava com as velas recolhidas e a carga intacta, mas sem vestígios de sua tripulação.

1872 - Mary Celeste

O barco Mary Celeste desapareceu em novembro, com 10 tripulantes a bordo. A embarcação foi encontrada em dezembro do mesmo ano sem nenhum vestígio de tripulantes.

1902 - Freya

A embarcação alemã Freya ficou um dia desaparecida. Saiu de Cuba no dia 3 de outubro e foi encontrada no dia seguinte, no mesmo local de onde havia saído, porém sem nenhuma pessoa a bordo: todos os tripulantes desapareceram.

1918 - Cyclops

A embarcação Cyclops, carregada com 19.000 toneladas de aprovisionamentos para a Marinha Norte-americana, tinha 309 pessoas a bordo. Desapareceu com tripulantes e carga a 4 de março em mar calmo, sem emitir aviso, mesmo dispondo de rádio. Ele partiu do Rio de Janeiro em 16 de fevereiro, após uma rápida parada em Barbados, entre 3 e 4 de março, nunca mais foi visto. Todos as 306 pessoas desapareceram sem deixar rastro.

1945 - Voo 19

Cinco bombardeiros da Marinha norte-americana decolaram de Fort Lauderdale, na Flórida, e desapareceram com 14 tripulantes. O incidente ficou conhecido como "Voo 19" (número de controle no tráfego aéreo). O caso tornou a região mundialmente famosa como local de sumiços misteriosos.

1967 - Witchcraft

A embarcação Witchcraft desapareceu em 24 de dezembro de 1967. Considerado um dos casos mais extraordinários do Triângulo, tratava-se de uma embarcação que realizava cruzeiros marítimos. O navio estava amarrado a uma boia em frente ao porto de Miami, Flórida, a cerca de 1600 metros da costa. Simplesmente desapareceu com sua tripulação e um passageiro a bordo.

1999 - Gênesis

O cargueiro Gênesis afundou depois de sair do porto de São Vicente. Sua carga incluía 465 toneladas de tanques de água, tábuas, concreto e tijolos. Através de rádio, foram informados problemas com uma bomba um pouco antes de se perder o contato. Foi realizada uma busca sem sucesso em uma área de 85.000 km².

Revelando os mistérios

Entre 1960 e 1970 muitos investigadores, jornalistas e sobreviventes de desastres criaram várias teorias sobre os acontecimentos no Triângulo das Bermudas. Mas sem conseguirem chegar a uma conclusão definitiva que explicasse tantos acidentes e desaparecimentos.
Desde a época dos Descobrimentos, os navegantes que passavam pelo Triângulo, já sabiam que esta era uma zona de formação de grandes tempestades e fenômenos meteorológicos intensos. O que fazia com que muitas embarcações não conseguissem chegar ou retornar ao seu destino.
crash
Alguns cientistas acreditam que já estão próximos de conseguir resolver estes casos, que transformaram o Triângulo das Bermudas na mais temida região de navegação do planeta.
A maioria dos estudiosos defende a teoria de que não há nada de sobrenatural no local. Para eles, os incidentes relatados ao longo dos últimos anos tiveram causas meramente meteorológicas. Eles podem ser atribuído a fatores como: correntes marítimas, formação de ciclones tropicais, furacões e até a uma rápida mudança atmosférica.
Pesquisadores americanos e noruegueses sustentam a ideia de que crateras sub-aquáticas poderiam ser a causa dos naufrágios. Estas formações poderiam liberar bolhas gigantescas de gás metano que, ao atingirem a superfície, danificariam os cascos das embarcações ou fariam com que a água perdesse densidade.
Ainda há os que defendem que existam portais dimensionais, OVNIs, maldições, assombrações, etc. O que, logicamente, jamais tiveram a existência comprovadas.

Mas, então, o que realmente acontece?

Na verdade, o que acontece no Triângulo das Bermudas é exatamente o que pode acontecer em qualquer outro lugar do planeta. Todo desastre é fruto de uma soma de fatores. Os incidentes ocorridos são causados por navegação em tempestades, desconhecimento da região, desobediência de normas de segurança, falta de preparo técnico e ignorância sobre equipamentos tecnológicos. Em muitos casos é pura teimosia mesmo.
Dados levantados por seguradoras mostram que não há um volume maior de acidentes no Triângulo, do que em qualquer outra parte do planeta. No passado, havia ainda outros fatores como: ataques de piratas, falta de tecnologia, desconhecimento meteorológico e falta de formação técnica por parte dos tripulantes.
Nos casos em que surgiam navios sem tripulação, o mais provável é que após algum problema ou acidente durante tempestades, os tripulantes tenham abandonado os navios, que acabavam por não naufragar. Os tripulantes, em fuga, teriam menos sorte que a própria embarcação, ao tentarem escapar em pequenos botes durante fortes tempestades.

Ondas gigantes: nova teoria pode ser a solução do mistério

Em meados de 2018, cientistas da Universidade de Southampton, na Inglaterra, divulgaram um estudo que reacendeu o debate em torno do mistério que envolve o Triângulo das Bermudas. Os pesquisadores atribuíram os desaparecimentos à incidência de ondas gigantes, comuns na região.
O fenômeno, registrado pela primeira vez em 1997, mostrou que ondas de até 30 metros de altura aparecem subitamente, duram pouco minutos e têm potência suficiente para afundar grandes navios.
Os cientistas reforçam a teoria, ressaltando que o Triângulo das Bermudas é um local no qual podem se encontrar várias tempestades oceânicas originárias de três regiões diferentes: o Mar do Caribe, o Atlântico Sul e o Atlântico Norte, aumentando ainda mais a potência das ondas.
Durante a pesquisa, foi criada uma réplica do navio USS Cyclops, embarcação que desapareceu na região, em 1918. Depois, em um simulador especial localizado em um ambiente controlado, aconteceu a simulação do fenômeno das ondas gigantes, que rapidamente afundou a embarcação. Outras simulações atestaram que ondas de apenas 15 metros seriam suficientes para afundar embarcações semelhantes.
Agora que você já sabe que não precisa mais desmarcar suas férias em um cruzeiro pelo Caribe, aproveite para se divertir com diversas obras sobre o Triângulo das Bermudas, disponíveis nas livrarias.

Fonte: HIPERCULTURA

Pessoas de olhos violeta ou com duas cores diferentes? Veja essas e outras curiosidades sobre a cor dos olhos

Os olhos humanos podem ter uma variedade de cores. No entanto, é surpreendente perceber que são apenas pigmentos do amarelo ao marrom que dão à íris sua cor verdadeira, ou que existem pessoas de olhos violeta e de duas cores diferentes.
Veja esses e outros fatos interessantes sobre a cor dos olhos que você provavelmente não sabia.

1. A cor dos seus olhos é devido à concentração de melanina

Iris macro
A determinação da cor do olho envolve dois pigmentos: a melanina, que é um pigmento marrom, e lipocromo, um pigmento amarelado. Quanto maior a concentração de melanina, mais escura será a cor dos olhos.
A forma como a íris dispersa a luz também altera a cor que percebemos. Quando você vê alguém olhos azuis, significa que há uma ausência de melanina.

2. Uma anomalia genética chamada heterocromia faz as pessoas terem olhos de cores diferentes

Heterocromia
Algumas pessoas nascem com os olhos de cores diferentes, ou com uma parte da íris de cor diferente do restante. O nome dessa bela anomalia é heterocromia, e estima-se que apenas 6 a cada 1000 pessoas a possuem.
Essa característica geralmente surge por causa do DNA, mas também pode ter causa em lesões, uso de medicamento ou doenças.

3. Não existem olhos pretos, nem azul e verde

Olhos azuis
Olhos negros não existem! Nós só o percebemos assim devido à forte concentração da melanina na íris, que fazem com que os olhos castanhos escuros pareçam negros intensos.
Da mesma forma, não existem pigmentos verdes e azuis: é apenas o reflexo da luz que faz com que os olhos pareçam claros.

4. E por isso os olhos dessas cores parecem mudar

Iluminação nos olhos
Como as cores claras são causadas pela quantidade da luz refletida neles, as pessoas com olhos azuis, verdes ou avelã podem ter a cor do olhos alterados dependendo da iluminação, da roupa que eles estão vestindo ou da maquiagem que estão usando.
O humor também pode mudar o tamanho da pupila, fazendo com que a íris pareça ter uma cor diferente. Isso não quer dizer que a quantidade de melanina está mudando, mas sim a forma como a luz está refletindo e se espalhando pela íris.

5. Existem pessoas com olhos violeta e vermelho

Olhos violeta
As pessoas com albinismo são frequentemente consideradas com olhos violetas ou vermelhos, no entanto, a verdade é um pouco mais complicada. O albinismo é uma condição que faz com que as pessoas tenham falta de pigmento nos cabelos, na pele e nos olhos.
Como falta pigmento na íris de pessoas com albinismo, a luz geralmente irá refletir em tons de vermelho por causa dos vasos sanguíneos da parte de trás da retina. Os olhos podem parecer violetas quando esta cor vermelha combina com a cor azulada da íris, que resulta da falta de melanina e dos efeitos de dispersão de luz acima mencionados.
Então, a razão pela qual os olhos parecem vermelhos é a mesma razão pela qual você pode ter olhos vermelhos em uma fotografia, que resulta da luz refletindo na parte de trás do olho e passando de volta pela íris.

6. Castanho é a cor de olhos mais comum

Olhos castanhos
Os olhos castanhos ocorrem devido à quantidade excessiva de melanina na íris, e é a cor de olhos mais comum entre os seres humanos. Mas a cor castanha trás com si enormes vantagens: além dessa cor ser mais resistente à luz, ela conta com uma maior proteção contra raios solares.

7. Apenas 2% da população mundial tem olhos verdes

Olhos verdes
A cor de olhos verde é a mais rara encontrada em todo o mundo, e estima-se que apenas 2% da população mundial tenha olhos dessa cor.
Essa cor verde é resultado de uma quantidade leve de pigmentação, com uma tonalidade dourada. Quando combinados com a dispersão azul natural do olho, as cores se misturam para dar uma aparência verde.

Fonte: HIPERCULTURA

Césio-137: o pior acidente radiológico da história aconteceu em Goiânia

O acidente radiológico com césio-137 ocorrido em Goiânia, em setembro de 1987, foi o pior envolvendo fontes radioativas de toda a história, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA). Devido à exposição ao material radioativo, que estava dentro de um equipamento de radioterapia, cerca de 6.500 pessoas foram contaminadas, das quais quatro morreram.
Hoje felizmente a situação está controlada. Todo o material contaminado encontra-se devidamente isolado e monitorado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Césio

A narrativa de uma tragédia

No dia 13 de setembro de 1987, dois catadores de sucata invadiram o antigo prédio do Instituto Goiano de Radioterapia, desativado há mais de dois anos, e encontraram uma máquina. Não sabiam que se tratava de um equipamento de radioterapia, muito menos o enorme perigo que corriam. O aparelho foi dividido a golpes de marreta. E a fonte de césio foi rompida.
Logo vieram os sintomas da contaminação: enjoos, tonturas, vômitos, diarreias. Um deles ficou com a mão inchada e foi ao hospital por causa de estranhas queimaduras nas mãos e nos braços. Seis dias depois, venderam parte da máquina para um ferro-velho.
O dono do ferro-velho ficou impressionado com o conteúdo de uma cápsula metálica: um pó branco que, à noite, emitia um brilho azul. Deixou essa cápsula na sala de casa e chamou parentes e amigos, a quem distribuiu porções daquela substância.
Ficaram todos doentes. Alguns foram internados. Os sintomas eram os mesmos dos catadores que encontraram o equipamento.
Fragmentos do aparelho de radioterapia chegaram a ser revendidos para outros dois ferros-velhos da cidade. Com isso, a cadeia de contaminação só aumentava.
Só no dia 28 de setembro, a esposa do dono do ferro-velho e um dos empregados pegaram um ônibus e entregaram a cápsula à Vigilância Sanitária de Goiânia.
Um dia depois, dois físicos realizaram testes e confirmaram as suspeitas dos médicos: o material era altamente radioativo. Tinham que agir rápido para evitar uma tragédia ainda maior.
O local onde a fonte de césio-137 foi rompida hoje é um terreno abandonado.
O local onde a fonte de césio-137 foi rompida, no centro de Goiânia, hoje é um terreno abandonado.

Mas por que o acidente radiológico de Goiânia foi o pior de todos os tempos?

O acidente de nuclear de Chernobyl é considerado pela IAEA o mais grave da história. Mas, afinal, o que foi pior: Goiânia ou Chernobyl?
Apesar de ambos serem acidentes radioativos, é preciso fazer uma distinção entre acidentes nucleares e radiológicos. Os nucleares ocorrem em instalações industriais destinadas à produção de energia – o que aconteceu em Chernobyl, por exemplo, foi uma explosão seguida de incêndio em um dos reatores da usina que espalhou enorme quantidade de material radioativo (incluindo o césio) na atmosfera.
Já o acidente de Goiânia foi provocado pela violação indevida de uma fonte radioativa, o césio-137, que estava dentro de um equipamento de teleterapia, usado no tratamento do câncer.
Portanto, trata-se de desastres radioativos diferentes. Chernobyl foi o pior acidente ocorrido em instalações nucleares. Goiânia, o pior acidente envolvendo fonte radioativa.
Chernobyl, sem dúvida alguma, teve consequências mais devastadoras: 31 pessoas morreram nos três primeiros meses, a cidade de Pripyat, na Ucrânia, teve de ser completamente evacuada e até hoje há uma zona de exclusão cujo acesso é controlado pelas autoridades locais.
O que chama a atenção no acidente de Goiânia, e o que fez dele o mais grave desse gênero, foi o tempo decorrido entre a violação da fonte de césio e a notificação às autoridades: 16 dias. O cloreto de césio se espalha facilmente através do contato. Assim, à medida que a substância ia sendo manuseada e distribuída, surgiam novos focos de contaminação. Só para se ter uma ideia, basta encostar o dedo no cloreto de césio e depois pegar um objeto qualquer para este objeto já estar contaminado.
Césio-137
No dia 23 de outubro de 1987, faleceram as duas primeiras pessoas: a esposa do dono do ferro-velho e sua sobrinha de seis anos que havia ingerido comida contaminada. Dois funcionários do ferro-velho morreram pouco tempo depois.

O que foi feito para conter a contaminação?

Acionou-se imediatamente um plano de emergência para conter a contaminação. Áreas da cidade, incluindo casas, foram isoladas. 112.800 pessoas, ao todo, foram monitoradas, entre as quais 6.500 foram classificadas como vítimas, por apresentarem níveis de radiação acima do normal. Essas pessoas passaram por procedimentos médicos de descontaminação e algumas chegaram a ser isoladas, devido aos riscos de transmissão.
Cinco pessoas (quatro médicos e um físico) foram responsabilizadas criminalmente pelo abandono da máquina de teleterapia dentro da clínica e cumprirem pena em regime semiaberto. Mais tarde, conseguiram substituir a pena por trabalho comunitário.
Todo o processo de descontaminação da cidade gerou mais de 6.000 toneladas de lixo radioativo, que foi armazenado em contêineres de aço e levado a dois depósitos subterrâneos na cidade de Abadia, a 25 km de Goiânia. Hoje, esses depósitos são monitorados pelo CNEM e vigiados pela polícia. E isso deve durar pelo menos mais 300 anos, que é o tempo estimado para que toda a radioatividade dos rejeitos tenha se esgotado. Como a radioatividade de um material só diminui naturalmente, não há nada que se possa fazer a não ser esperar.
Segundo informações do CNEM, o acidente de Goiânia hoje não traz riscos ao meio ambiente. Os níveis de radiação, tanto nos locais afetados, quanto no entorno dos depósitos de Abadia, encontram-se dentro de limites aceitáveis.

Como estão os sobreviventes hoje?

Muitas pessoas ainda convivem com sequelas físicas e psicológicas. Hoje existe o Centro de Assistência aos Radioacidentados (CARA), que presta apoio médico e psicológico às milhares de vítimas. Muitas delas sofrem problemas de saúde decorrentes da radiação, como o desenvolvimento de tumores e hipertensão.
A radiação de tipo ionizante, como a do césio-137, pode danificar as células do copo humano. Em casos de radiação elevada, isso pode levar à morte de células, provocando sérias complicações, como hemorragias e anemias.

Fonte: HIPERCULTURA