domingo, 15 de março de 2015

A dura vida dos pesquisadores de diamantes primários

A dura vida dos pesquisadores de diamantes primários 



A pesquisa de diamantes em fontes primárias como kimberlitos e lamproitos, não é para qualquer um. É um trabalho altamente técnico, incrivelmente caro e se não for adequadamente conduzido, há o risco de se perder uma jazida ou de investir onde não existe depósito econômico.

Quando os teores são baixos, o que é o caso da maioria dos kimberlitos, uma amostra de pequeno volume não tem nenhuma representatividade e qualquer que seja o teor obtido não deve ser considerado. Para entender essa premissa é necessário ler os próximos parágrafos.

 A concentração dos diamantes na rocha fonte é, frequentemente muito pequena, de apenas algumas miligramas por tonelada. Isso obriga o pesquisador fazer verdadeiras minas piloto para obter dados fidedignos como teor, qualidade, preço e tamanho médio dos diamantes.

Um bom exemplo é a mina de Letseng no Lesotho. Ela é uma das mais importantes minas de diamante primário do mundo.

No kimberlito de Letseng o teor médio é de apenas 3 quilates (600 miligramas) por tonelada de minério.

Com teores tão baixos as amostras pequenas, de 50kgs, por exemplo, irão quase sempre dar resultados negativos para diamante. Se você fizer esse erro poderá simplesmente perder uma jazida de bilhões de dólares. Ou, gastar muito em um prospecto sem nenhum valor...

A pergunta que se deve fazer é: qual o tamanho mínimo de uma amostra que seja representativa do teor, qualidade, preço e tamanho do diamante de Letseng?

Lembre-se que o investimento em Capex para uma mina destas pode chegar e ultrapassar a 1 bilhão de dólares, o que nos obriga a ter muita confiança nos dados obtidos na pesquisa. Na realidade antes da viabilidade econômica o nível de confiança deve estar próximo dos 97,5%, mas isso é uma outra história...

Sem entrar em cálculos estatísticos complexos a resposta mais utilizada pelos pesquisadores é que é necessário coletar um mínimo de 2.000 quilates de diamante (por amostra) para que essa tenha alguma representatividade de teor.

Por este cálculo simples seria necessário uma amostra mínima de 67.000 toneladas. Ocorre que em Letseng os diamantes médios são os maiores do mundo. Este kimberlito é o que produz mais diamantes acima de 10 quilates, o que faz o preço médio do diamante de Letseng ser um dos mais elevados.

Estas características fazem com que uma amostra representativa tenha que ser, no mínimo, de 1 milhão de toneladas.

Assustado?

Lembre-se que dependendo do kimberlito existem imensas variações faciológicas o que vai aumentar em muito o número de amostras a serem coletadas. O pior é que cada fácie tem um teor diferente e alguns, no mesmo pipe, podem ser estéreis.

Ou seja, é necessário uma verdadeira mina para que o investidor tenha a certeza de que o projeto é viável.

É por essas características da jazida que várias empresas amostraram o kimberlito e nunca conseguiram entender os teores, qualidade e tamanhos médios reais. Alguns anos atrás eu debati esse assunto com um “expert” em diamantes Sul-Africano. Ele me confidenciou que a empresa dele havia investido milhões em Letseng sem conseguir ver a viabilidade do projeto, pois nunca amostraram grandes volumes, como necessário.

Como se vê, essas particularidades fazem a pesquisa em Letseng ser caríssima. Foi por isso que entre a descoberta em 1957 e a mina se passaram 20 anos e muitos perderam dinheiro em uma das jazidas mais rentáveis da África.

A sorte é que a garimpagem feita ao longo destes 20 anos produziu dezenas de milhares de quilates o que permitiu, aos mais espertos, uma avaliação preliminar dos teores, qualidade, preço e tamanho.

O histórico de produção serviu como uma mina piloto e orientou os geólogos quanto ao tamanho mínimo da amostra de Letseng.

Lembre-se deste exemplo quando for avaliar os teores de um kimberlito. Talvez a resposta só seja possível se a sua empresa estiver disposta a investir dezenas de milhões na pesquisa.





A mina é famosa por seus diamantes enormes como o Lesotho Promise de 603 quilates (foto – Gem Diamond

Vale mais uma vez depreciada continua em queda

Vale mais uma vez depreciada continua em queda 




Quando parecia que as ações da Vale voltariam a recuperar os imensos prejuízos elas voltaram a cair impulsionadas por mais avaliações negativas.

Desta vez foram o Jefferies Group e o Cowen and Company que rebaixaram a ação da mineradora de $8 para $5.

Outros analistas também colocaram a Vale, recentemente, em “underperform” como o caso do Itaú e do Credit Suisse.

Com isso as ações atingem o pior preço nas últimas 52 semanas.  Enquanto isso o Presidente Murilo Ferreira parece estar se preparando para abandonar o navio, mudando para a Petrobras...

Será isso um prenúncio de mais quedas?

Alderon bye bye: o melhor projeto de minério de ferro do Canadá em vias de fechamento

Alderon bye bye: o melhor projeto de minério de ferro do Canadá em vias de fechamento 




A empresa junior canadense Alderon, dona do Projeto de minério de ferro Kami, foi a empresa canadense mais celebrada nos últimos anos recebendo prêmios pela sua qualidade, inclusive o do Desenvolvedor do Ano de 2014.

No entanto, enquanto os canadenses se deixavam levar pelo marketing do projeto e por notícias de vendas de minério a mercado futuro, os problemas afloravam a medida que o preço do minério despencava no mercado internacional.

O que poucos viam é que Kami é um projeto de baixa qualidade, com baixíssimo teor, elevado work index, repleto de problemas e custos operacionais elevados que só eram aceitáveis aos preços de minério de ferro nas alturas.

Apesar de nunca divulgado o all-in cost de Kami deve superar os US$60-US$70/t o que torna o projeto um natimorto.

Os principais motivos servem de exemplo àqueles que querem promover as suas jazidas acima dos fundamentos técnico-econômicos.

Kami tem reservas de 668Mt @ 29% . 

Teores baixos, quando o mineral de minério é a magnetita, nem sempre são problemas intransponíveis.

No entanto, no caso de Kami o minério está contido em uma formação ferrífera a base de magnetita, mas com hematita, carbonatos e silicatos de ferro que afetam o teor de ferro total e podem causar problemas metalúrgicos se não forem separados.

Para complicar as rochas são bastante duras (elevado WI) e, para que o minério seja liberado, as moagens deverão atingir níveis abaixo de 200# . Tudo isso se traduz um custo elevadíssimo.

Pit Kami
Como se vê no gráfico do pit, o minério de Kami está subverticalizado. Isto obriga a mineradora a fazer uma lavra a céu aberto com 400m de profundidade e uma relação de estéril-minério proibitiva.

Mais custos.

A lavra a céu aberto só irá lavrar (se um dia for iniciada) 50% do corpo. O restante deverá ser lavrado com custos de mina subterrânea.

Ou seja: o restante do corpo nunca será lavrado.

Mas os investidores de hoje não estavam muito preocupados com o amanhã, afinal, para a maioria isso tudo não passa de uma jogada de bolsa onde o objetivo é o lucro no curto prazo.

Foi essa visão que enlouqueceu e cegou a muitos que desprezaram os fundamentos.

Para cegar mais ainda os investidores a Alderon conseguiu injetar centenas de milhões de dólares através de acordos de offtake, onde o comprador (chinês) paga hoje para garantir o fornecimento amanhã.

Estes acordos fizeram a ação da Alderon (que está $0,27 hoje) subir acima de $1,70 (veja o gráfico) o que levou os “ experts” e analistas a transformarem a empresa na melhor coisa “depois da invenção do pão quente...”

Apesar disso o Portal do Geólogo não se iludia e divulgava matéria explicando que os all-in costs do projeto eram proibitivos...


Hoje a situação da empresa é desesperadora. A única saída seria a lavra de teores mais elevados, que não existem.

Kami e Alderon é mais um caso onde uma empresa está mais interessada em promover os seus ativos esquecendo-se de “pequenos” pontos básicos que fazem um projeto ser bem sucedido no futuro.

Para a maioria dos investidores de primeira hora, o seed money, a Alderon já deu lucros gigantescos, pois as ações desses foram adquiridas por poucos centavos...

Os demais investidores, que chegaram após o IPO e que foram atraídos pelo “canto da sereia”...bem esses terão que carregar o mico preto...

Quem sabe eles vão, agora, aprender algo sobre a economia mineral antes de colocar tudo em sonhos.

Um case de como não investir em uma empresa de mineração sem antes saber o que está por trás do sucesso ou do insucesso do empreendimento...Ou por que o analista deve ser um geólogo especializado em economia mineral...

Botuobinskaya a nova mina de diamantes da Alrosa entra em produção

Botuobinskaya a nova mina de diamantes da Alrosa entra em produção 



Botuobinskaya é mais um kimberlito na região Yakutia. Esta região é famosa por seus pipes e pela enorme produção de diamantes.

O novo pipe deverá produzir um milhão de quilates em 2015, excedendo 2 milhões de quilates por ano a partir de 2016, até o final da vida útil da mina.

Botuobinskaya deverá ter um ROM de 400.000 toneladas extraídas de uma operação a céu aberto.

A Alrosa, a maior produtora de diamantes do mundo, espera compensar a produção decrescente do pipe Nyurbinskaya, que se encontra somente a três quilômetros, mantendo a produção local constante em torno de 7,5 milhões de quilates ao ano.

Botuobinskaya é o primeiro novo pipe a entrar em produção no Yakutia em dez anos.

O kimberlito tem uma reserva Jorc de 13,7 Mt @ 5,19 quilates por tonelada.

No total serão recuperados, ao redor de 93 milhões de quilates, graças a um teor altíssimo de 5,19 quilates por tonelada: uma anomalia raríssima.

Descoberta em Juína a maior mina de diamantes do Brasil





O Estado de Mato Grosso deve manter o título de maior produtor de diamante do País. Isso porque foi descoberta no município de Juína, localizado a 724 quilômetros de Cuiabá, a maior mina do mineral no Brasil. A cidade mato-grossense, líder na produção do mineral, vai aumentar ainda mais sua capacidade no setor. 

A reserva está avaliada em US$ 350 milhões, e concentra um total de 14 milhões de toneladas de minério de diamante industrial com teor de 0,5 quilate por tonelada, o que representa um depósito de 7 milhões de quilates. A pesquisa na região de Juína e a descoberta da jazida foram feitas pelo grupo canadense Diagem Internacional Resource Corp. Segundo informações do gerente do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Amóss de Melo Oliveira, a produção de diamante em Mato Grosso foi de aproximadamente 500 mil quilates em 2001. Em todo o País a produção chegou a 700 mil quilates.

Segundo ele, a reserva descoberta em Juína se destaca de várias outras no Estado por ter diamante encravado na rocha-mãe, o qual deve ser explorado por indústrias especializadas e com máquinas apropriadas. Apesar de ser de difícil exploração a jazida é realmente viável, prossegue ele. "Existem centenas de corpos kimberlíticos (rochas que dão origem aos diamantes) descobertos em Mato Grosso, em Minas Gerais, em Rondônia e no Maranhão, mas nenhum até agora havia apresentado viabilidade técnico-econômica", informa o especialista em diamantes do DNPM.

O especialista explica que a produção de diamante no País está em baixa devido à sua vocação original. Ou seja, o mineral é proveniente, na sua maioria, de atividade garimpeira. "Houve a diminuição com o fortalecimento das ações dos ecologistas, que impediu um pouco a forma de exploração garimpeira", complementou. Justamente por esse motivo a exploração da jazida de Juína vale a pena, pois a atividade que deve ser instalada no local é diferente da tradicional.

A reserva descoberta em Mato Grosso pode revitalizar também o valor de comercialização da pedra regional. Segundo Oliveira, apesar do Estado ser o maior produtor do mineral, o preço do diamante mato-grossense ainda é inferior ao de outros mercados, devido à qualidade do produto. Enquanto o diamante de Juína é vendido a US$ 25,00 o quilate, em outras regiões o preço pode atingir até US$ 120 o quilate. Essa realidade pode mudar.

Em entrevista concedida a um jornal de circulação nacional, o gerente-delegado da Diagem no Brasil, José Aldo Duarte Ferraz, disse que o estudo de viabilidade da jazida está pronto e o plano de aproveitamento da lavra deve ser concluído até janeiro do ano que vem. "O DMPN só poderá comentar sobre o período que a jazida vai começar a gerar lucro depois que receber o plano de aproveitamento econômico da empresa, que tem o prazo até o ano que vem para entregar o documento", finalizou Oliveira.

A Diagem anunciou que vai investir US$ 8 milhões para explorar a jazida de Juína. Inicialmente, a usina de beneficiamento vai processar 20 mil toneladas de minério de diamante por hora.