sexta-feira, 5 de julho de 2013

O OURO COMO FATOR ECONÔMICO NA MINERAÇÃO BRASILEIRA

O ouro é um metal precioso, de elevado valor comercial. Supõe-se que tenha sido o primeiro metal que chamou a atenção do homem primitivo. Por ser um metal é um bom condutor de calor e eletricidade, não magnético, maleável e dúctil, podendo por isso ser laminado até a espessuras da ordem de micrômetros.
O ponto de fusão do ouro é de 1064°C e o ponto de ebulição 2970° C, sua densidade e de 19,3 g / cm³ , e sua dureza atinge 2,5 a 3 na escala de Mohs. Devido suas propriedades físicas e químicas, é muito resistente ao intemperismo e tende a acumular-se em depósitos secundários, que serão abordados mais adiante.
Encontra-se o ouro entre os metais menos ativos quimicamente, não se oxida na presença do ar e é inerte às soluções-alcalinas fortes e aos ácidos. E dissolvido em um meio químico mediante a um agente oxidante, juntamente com um outro capaz de formar complexos, como a água-régia.
BREVE HISTORIA DA EXPLORAÇÃO DE OURO NO BRASIL
O seu nome veio do latim aurum, de provável origem indo-européia. Talvez tenha sido o primeiro mineral a ser conhecido pelo homem. Devido às suas extraordinárias características, o ouro é usado desde ha muitos séculos como meio de permuta comercial. Ao princípio, os mercadores recebiam o metal devidamente pesado, em troca das suas mercadorias. As primeiras moedas, com incisões indicativas do seu peso exato surgiram pela necessidade de se evitar as sucessivas pesagens.
No Brasil, ao final do século XVII e no inicio do seguinte, foram encontrados nos córregos, rios e montanhas de Minas Gerais "ricas jazidas de ouro". Tripuí, Carmo, Gualacho, Ouro Preto, Paraopeba, Rio das velhas, Inficcionado Pintangui, Pará, Catas altas, Santa Bárbara, Brumado, Rio das mortes e outras localidades. Ate 1713, o grande núcleo das Minas Gerais já estava desvendado.
A importância conferida pela Coroa Portuguesa a essas descobertas é atestada pela instalação, em janeiro de 1703, de uma Casa da Moeda no Rio de Janeiro, cidade localizada próximo da região aurífera.
A influência dos mineradores gerou um clima de disputas e tensão nas Minas Gerais. Os incidentes entre os paulistas, pioneiros na exploração das minas, e os emboabas (nome dado pelos paulistas a todos os forasteiros que não eram naturais da Capitania de São Vicente) começaram a se intensificar em 1707. A situação agravou-se em 1708, quando o português Manoel Nunes Viana, a frente dos emboabas expulsou muitos paulistas da zona de mineração. Para pacificar e melhor administrar a região, a metrópole criou, em 1709, a capitania real de São Paulo e Minas do Ouro, que incluía a antiga capitania hereditária de São Vicente.
A rápida ocupação da área minerada traduziu-se pela presença, em pouco tempo, de um expressivo contingente populacional (cerca de 30mil pessoas em 1709, sem falar nos escravos vindos da África e das zonas açucareiras de retração) e pelo surgimento de uma importante rede urbana, fato totalmente inédito para os padrões da colônia. Os pequenos núcleos, originados da junção de vários arraiais dos vales onde se extraia o ouro de aluvião, se desenvolveram, e alguns deles foram elevados à categoria de vida dotados de Câmaras Municipais.
Entre 1711 e 1715, o período mais intenso do processo de urbanização, foram criadas varias vilas, dentre elas a vila do Ribeirão Nossa Senhora do Carmo (atual Mariana), Vila Rica (Ouro Preto) e Arraial do Tijuco (atual Diamantina ) -- veja o mapa ao lado ...
Os números sobre a produção aurífera de MG não são muito precisos devido ao intenso contrabando que desde cedo começou a ser praticado. Os cálculos são dificultados pelas diversas formas de taxação imposta pela Coroa lusitana. Segundo a literatura, os dados oficiais referiam-se a uma produção de 100 arrobas (1arroba = 14.7kg) em 1711, embora cálculos mais realistas pudessem elevar esse total para 300 arrobas.
A produção do ouro aumentou de forma constante ate o final da década de 1740. Em 1725, pela primeira vez a cobrança do "quinto" ultrapassou os 1000kg. E novamente a literatura nos indica que no qüinqüênio 1745-50 a produção media chegou a 9712kg, caindo para 8780kg no qüinqüênio seguinte. Até o final do século, essa tendência declinante manteve-se irreversível, entre 1793 e 1799, a media anual limitou-se para 3249kg. Detendo com ampla margem de vantagem, a liderança na exploração do ouro, Minas representou 70% da produção da colônia do século XVIII.
Abriu-se a decadência ao desestimulo à exploração criado pelo sistema tributário, mais voltado para a arrecadação do que para o crescimento da produção em si, como também ao próprio esgotamento das reservas e ao processo técnico deficiente, ensejador de elevados desperdícios. Também o desenvolvimento da mineração diamantífera nas regiões do Norte de Minas deve ter contribuído para o fluxo de mineradores e de capitais a esse tipo de mineração.
Entre os princípios do século XVIII e a Primeira Guerra Mundial, a escassez do metal e a sua contínua subida de preço acabaram com a função do ouro em moedas. No entanto, as reservas dos bancos centrais dos estados mais poderosos ainda hoje são constituídas por grandes quantidades do rei dos metais.

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