O OURO COMO FATOR ECONÔMICO NA MINERAÇÃO BRASILEIRA
O
ouro é um metal precioso, de elevado valor comercial. Supõe-se que
tenha sido o primeiro metal que chamou a atenção do homem primitivo. Por
ser um metal é um bom condutor de calor e eletricidade, não magnético,
maleável e dúctil, podendo por isso ser laminado até a espessuras da
ordem de micrômetros.
O
ponto de fusão do ouro é de 1064°C e o ponto de ebulição 2970° C, sua
densidade e de 19,3 g / cm³ , e sua dureza atinge 2,5 a 3 na escala de
Mohs. Devido suas propriedades físicas e químicas, é muito resistente ao
intemperismo e tende a acumular-se em depósitos secundários, que serão
abordados mais adiante.
Encontra-se
o ouro entre os metais menos ativos quimicamente, não se oxida na
presença do ar e é inerte às soluções-alcalinas fortes e aos ácidos. E
dissolvido em um meio químico mediante a um agente oxidante, juntamente
com um outro capaz de formar complexos, como a água-régia.
BREVE HISTORIA DA EXPLORAÇÃO DE OURO NO BRASIL
O seu nome veio do latim aurum,
de provável origem indo-européia. Talvez tenha sido o primeiro mineral a
ser conhecido pelo homem. Devido às suas extraordinárias
características, o ouro é usado desde ha muitos séculos como meio de
permuta comercial. Ao princípio, os mercadores recebiam o metal
devidamente pesado, em troca das suas mercadorias. As primeiras moedas,
com incisões indicativas do seu peso exato surgiram pela necessidade de
se evitar as sucessivas pesagens.
No
Brasil, ao final do século XVII e no inicio do seguinte, foram
encontrados nos córregos, rios e montanhas de Minas Gerais "ricas
jazidas de ouro". Tripuí, Carmo, Gualacho, Ouro Preto, Paraopeba, Rio
das velhas, Inficcionado Pintangui, Pará, Catas altas, Santa Bárbara,
Brumado, Rio das mortes e outras localidades. Ate 1713, o grande núcleo
das Minas Gerais já estava desvendado.
A
importância conferida pela Coroa Portuguesa a essas descobertas é
atestada pela instalação, em janeiro de 1703, de uma Casa da Moeda no
Rio de Janeiro, cidade localizada próximo da região aurífera.
A
influência dos mineradores gerou um clima de disputas e tensão nas
Minas Gerais. Os incidentes entre os paulistas, pioneiros na exploração
das minas, e os emboabas (nome dado pelos paulistas a todos os
forasteiros que não eram naturais da Capitania de São Vicente) começaram
a se intensificar em 1707. A situação agravou-se em 1708, quando o
português Manoel Nunes Viana, a frente dos emboabas expulsou muitos
paulistas da zona de mineração. Para pacificar e melhor administrar a
região, a metrópole criou, em 1709, a capitania real de São Paulo e
Minas do Ouro, que incluía a antiga capitania hereditária de São
Vicente.
A
rápida ocupação da área minerada traduziu-se pela presença, em pouco
tempo, de um expressivo contingente populacional (cerca de 30mil pessoas
em 1709, sem falar nos escravos vindos da África e das zonas
açucareiras de retração) e pelo surgimento de uma importante rede
urbana, fato totalmente inédito para os padrões da colônia. Os pequenos
núcleos, originados da junção de vários arraiais dos vales onde se
extraia o ouro de aluvião, se desenvolveram, e alguns deles foram
elevados à categoria de vida dotados de Câmaras Municipais.
Entre
1711 e 1715, o período mais intenso do processo de urbanização, foram
criadas varias vilas, dentre elas a vila do Ribeirão Nossa Senhora do
Carmo (atual Mariana), Vila Rica (Ouro Preto) e Arraial do Tijuco (atual
Diamantina ) -- veja o mapa ao lado ...
Os
números sobre a produção aurífera de MG não são muito precisos devido
ao intenso contrabando que desde cedo começou a ser praticado. Os
cálculos são dificultados pelas diversas formas de taxação imposta pela
Coroa lusitana. Segundo a literatura, os dados oficiais referiam-se a
uma produção de 100 arrobas (1arroba = 14.7kg) em 1711, embora cálculos
mais realistas pudessem elevar esse total para 300 arrobas.
A
produção do ouro aumentou de forma constante ate o final da década de
1740. Em 1725, pela primeira vez a cobrança do "quinto" ultrapassou os
1000kg. E novamente a literatura nos indica que no qüinqüênio 1745-50 a
produção media chegou a 9712kg, caindo para 8780kg no qüinqüênio
seguinte. Até o final do século, essa tendência declinante manteve-se
irreversível, entre 1793 e 1799, a media anual limitou-se para 3249kg.
Detendo com ampla margem de vantagem, a liderança na exploração do ouro,
Minas representou 70% da produção da colônia do século XVIII.
Abriu-se
a decadência ao desestimulo à exploração criado pelo sistema
tributário, mais voltado para a arrecadação do que para o crescimento da
produção em si, como também ao próprio esgotamento das reservas e ao
processo técnico deficiente, ensejador de elevados desperdícios. Também o
desenvolvimento da mineração diamantífera nas regiões do Norte de Minas
deve ter contribuído para o fluxo de mineradores e de capitais a esse
tipo de mineração.
Entre
os princípios do século XVIII e a Primeira Guerra Mundial, a escassez
do metal e a sua contínua subida de preço acabaram com a função do ouro
em moedas. No entanto, as reservas dos bancos centrais dos estados mais
poderosos ainda hoje são constituídas por grandes quantidades do rei dos
metais.
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