sexta-feira, 4 de outubro de 2013

'Invasão' chinesa inflaciona mercado de pedras preciosas

'Invasão' chinesa inflaciona mercado de pedras preciosas

Por Marcos de Moura e Souza | De São José da Safira (MG)
Cinquenta metros abaixo do chão, trabalhadores caminham na Mina do Cruzeiro por túneis estreitos, abertos na rocha e cheios de poças de água, para extrair a pedra que caiu no gosto do mercado de luxo da China - turmalinas. As pedras são exportadas em forma bruta, lapidadas na China e lá transformadas em anéis, brincos e pingentes para chinesas endinheiradas.
O aumento do interesse chinês por turmalinas e outras pedras preciosas do Brasil já provoca uma pequena revolução no mercado de gemas. O apetite da China literalmente salvou empregos em algumas cidades do interior de Minas, mas também é motivo de preocupação.

Grandes joalherias brasileiras que usam pedras nacionais viram quase de uma hora para outra compradores chineses arrematarem grandes lotes de turmalinas, topázios, águas-marinhas e quartzo. A oferta para o mercado interno diminuiu e os preços explodiram. Algumas pedras estão sendo vendidas a preços 400% superiores aos de há quatro anos. E muitos produtores privilegiam os negócios com os chineses porque eles em geral compram lotes maiores, pagam mais e à vista. Daniel Sauer, diretor da Amsterdam Sauer, sediada no Rio, diz: "Se quiser comprar, tenho de pagar o preço que eles estão pagando ou mais. E tem pedras que eles estão pagando o dobro e ninguém quer pagar mais"
Um dos efeitos do aquecimento do mercado pela China é visível no setor. Segundo o chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral em Governador Valadares, Marlucio de Souza, há um movimento de reabertura de minas na região.
Em 2009, a China tornou-se o principal destino das pedras brutas brasileiras. O Brasil é o maior produtor de pedras coradas em termos de variedade. Produz mais de cem tipos de gemas, em um mercado que só aqui movimenta entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões. Minas Gerais é o maior produtor por valor.
"Os chineses estão em todo o lugar", diz Douglas Neves, um dos sócios da Mina do Cruzeiro, que viu a fatia de suas vendas à China passar de 20% para 80% de 2008 para cá. Para empresários da região, os chineses chamam a atenção: andam de chinelo, se vestem mal, dormem até debaixo de lonas no mato e, apesar da aparência, compram lotes de pedras com dinheiro vivo, à vista e chegam a pagar adiantado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário