Estudo de inclusões fluidas em veio de quartzo aurífero do prospecto patinhas, Província Aurífera do Tapajós, Cráton Amazônico
O prospecto Patinhas, na porção sudeste da província Tapajós, é
caracterizado por um veio de quartzo aurífero comespessura média de 70
cm hospedado em zona de cisalhamento rúptil-dúctil, transcorrente,
subvertical, orientada segundo NE-SW, que corta gnaisse granodiorítico
do Complexo Cuiú-Cuiú (~2,0 Ga). O quartzo é leitoso, maciço e rico em
pirita em sua porção central e foliado no contato com a rocha
encaixante. Esse contato é também marcado por estreito halo de alteração
hidrotermal que contém sulfetos disseminados e pela deformação dúctil
imposta à rocha encaixante pelo cisalhamento. O caráter estrutural é
sugestivo de posicionamento do veio em profundidade moderada, em
estrutura ativa, cuja atividade estendeu-se por algum tempo após a
formação do veio. O ouro é microscópico e preenche microfraturas em
cristais de pirita. Ao microscópio, cristais de quartzo de dimensões
variadas são envoltos por matriz recristalizada, em mosaico. São
observados efeitos variáveis de deformação dúctil, fraca a intensa,
devido à deformação que acompanhou e sucedeu a formação do veio de
quartzo. Inclusões fluidas (IF) ocorrem em trilhas intra- e
transgranulares, em bordas de cristais recristalizados, ou são
encontradas em áreas menos deformadas e/ou reliquiares do quartzo, de
forma isolada ou em pequenos grupamentos aleatórios. São descritas
inclusões carbônicas (tipo 1) mono- e bifásicas, geralmente associadas
com inclusões aquo-carbônicas (tipo 2) bi- ou trifásicas em temperatura
ambiente, com o volume de CO2 variando entre 20e 70%. Inclusões aquosas
(tipo 3) bifásicas dividem-se em dois subtipos, um associado
espacialmente aos tipos 1 e 2 e um outro posterior a todos os demais
tipos. A temperatura de fusão da fase carbônica das IF dos tipos 1 e 2
mostra forte concentração de valores próximo ao ponto de fusão do CO2
puro. Com base no conjunto de dados estruturais, petrográficos e
microtermométricos, interpretase a origem das IF como uma combinação
entre separação de fases e re-equilibrio durante e após o
aprisionamento. Parâmetros físicoquímicos estimados a partir dos dados
microtermométricos indicam que: a mineralização ocorreu entre 307ºC e
389ºC, sob pressão variável (média de 2,1 kb, correspondendo a 7 km de
profundidade); o fluido aquo-carbônico possui densidade global entre
0,73 e 0,97 g/cm3, salinidade média de 6,6 % em peso equivalente de
NaCl; e que a fração molar do CO2 (XCO2) varia entre 6 e 16 moles %.
Essas características são compatíveis com as de depósitos auríferos
mesotermais / mesozonais estruturalmente controlados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário