A mineração chilena e o uso da água
O Chile um país com um PIB de US$268 bilhões tem como a mineração a sua
principal fonte de renda. O principal produto mineral do país é o cobre
cuja produção corresponde a 60% de toda a produção mineral do país.
Graças ao seu clima seco e a sua geografia ímpar o Chile tem um sério
problema: a falta de água doce. São poucos e pequenos os rios que descem
a cordilheira com tamanho suficiente para abastecer a população, a
agricultura e as indústrias.
Como bem sabemos, a mineração não vive sem a água. Em uma mina, o volume
de água necessário para operar, principalmente, as plantas metalúrgicas
é enorme. Consequentemente, para lavrar os minérios chilenos são
necessários bilhões de litros de água doce que, a cada dia que passa, se
torna mais escarça. O uso de grandes volumes de água doce faz o Chile
refém da economicidade dos projetos e dos grupos preservacionistas que
querem paralisar as operações.
Poucos dias atrás, o VP da Comissão Chilena do Cobre informou que o
consumo de água doce na mineração de cobre, em 2021, será algo em torno
de 27.700 litros por segundo, mais do que o consumo da cidade de S.
Paulo, com suas dezenas de milhões de habitantes, uma das maiores
cidades do mundo...
Ou seja, o consumo chileno de água na mineração do cobre, em 2021, será simplesmente imenso.
Como a água doce está praticamente em extinção no país andino os
chilenos deverão investir, principalmente, em plantas de dessalinização
da água do mar. Essa estratégia implica em elevados investimentos e
custos operacionais. Serão altos os custos de bombeamento dessa água, do
mar até as minas situadas, geralmente, no alto das montanhas. Entre
custos e investimentos o projeto de dessalinização irá reduzir
consideravelmente a competitividade e a lucratividade do cobre chileno.
Espera-se que em 2021, pelo menos 9.700 litros por segundo da água usada
na mineração do cobre, sejam provenientes dos projetos de
dessalinização da água do mar.
Uma tarefa extremamente difícil de ser atingida.
Em paralelo serão feitas várias modificações nos processos
mineiro-metalúrgicos que visam reduzir o consumo de água: nada tão
radical como a dessalinização. É na metalurgia que 87% da água utilizada
é consumida, consequentemente a recuperação desta água pode mudar
completamente essa situação dramática que a mineração chilena enfrenta.
Os próximos anos verão grandes mudanças na mineração chilena que se
ressente da falta de água e de energia, os dois principais pontos fracos
nesta equação.
Foto: planta de dessalinização na costa chilena
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