Jóias seguem a moda
O processo de produção
industrial de uma jóia começa com o trabalho de criação, com a
elaboração dos desenhos das peças e a definição de qual mercado se quer
alcançar com elas. Ou seja: em primeiro lugar é preciso definir se é uma
jóia exclusiva ou se ela será um produto de linha, sempre tendo como
base as tendências das cores da moda.
O diretor industrial da Manoel Bernardes, Sérgio de Oliveira Bernardes,
joalheria mineira especializada na utilização de pedras brasileiras e
que tem clientes em todo o Brasil, conta que a criação é feita seis
meses antes do lançamento. Normalmente o mercado trabalha com o
lançamento de duas linhas por ano. “As pedras brasileiras têm uma
infinidade de cores e é preciso estudar as tendências da moda para
acertar nos resultados”, explica.
Na maior parte dos casos, trabalha-se com pedras como quartzo que,
antigamente, eram consideradas menos nobres num universo de pedras
preciosas dominado por diamantes, topázios imperiais – encontrados
somente em Ouro Preto (MG) -, e turmalinas da Paraíba, existentes apenas
neste Estado. Ao lado delas, embora menos caras, esmeraldas e águas
marinhas também costumam ser utilizadas na confecção das jóias. “O uso
de pedras preciosas nobres encarece muito o produto e o torna inviável
no mercado brasileiro. Por isso, geralmente só fabricamos jóias com
pedras muito caras (o quilate da turmalina da Paraíba custa R$ 100 mil),
sob encomenda”, explica o empresário.
De acordo com o diretor, a empresa compra a pedra bruta diretamente da
mina e, em seguida, a peça é enviada para o departamento de lapidação.
Depois, as gemas são cravadas nas jóias, que seguem para o consumidor
final. Em alguns casos, porém, a pedra pode ser adquirida lapidada e
seguir direto para a cravação. Quando se trata de gemas de alto valor -
água-marinha, rubelita e topázio imperial, por exemplo – elas podem ser
aproveitadas ao natural, adaptando-se o design à pedra. Segundo
Bernardes, apenas 20% das gemas brutas são aproveitadas para o produto
final. “Uma pedra bruta, que segue para a lapidação pesando 100
quilates, chega ao consumidor final com o peso de 20 quilates, em
média”, diz.
Depois de desenhadas as peças, elas passam ao departamento de modelagem
da empresa, no qual trabalham além de duas designers, seis ourives com
experiência profissional suficiente para montar as jóias à mão. “A
primeira peça é feita em prata e serve como molde para as demais”, diz
Sérgio de Oliveira Bernardes. Na opinião dele, diferente de outros
setores da economia e até do próprio comércio, o mercado de jóias no
Brasil está maduro, o que significa que não há espaço para aumento de
vendas, a não ser avançando sobre a concorrência.
Lapidário
A joalheria Manoel Bernardes surgiu de uma empresa de lapidação fundada
em 1944 pelo ex-estudante de medicina Manoel Bernardes, que se apaixonou
pelas pedras preciosas brasileiras. A empresa começou como um lapidário
– Lapidação Minas Gerais – no qual, dos 20 empregados, 13 eram
lapidadores e o restante trabalhava como assistente. Em 1970, surgiu a
Manoel Bernardes, instalada numa sede moderníssima para a época,
inspirada na arquitetura de Brasília.
De lá para cá, passou por muitos percalços até se tornar uma empresa com
reconhecimento nacional e internacional. “As pessoas não conheciam as
pedras brasileiras, que eram consideradas semi-preciosas. Nessa época,
os olhos do mundo estavam voltados para o rubi, a safira e a esmeralda”,
conta o atual presidente da empresa, Manoel Bernardes, o filho. Só a
partir da década de 1970 foi iniciado o processo de exportação dessas
gemas para os Estados Unidos, Inglaterra e Japão, principal comprador
das pedras brasileiras daquela época.
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