domingo, 7 de junho de 2015

OS DIAMANTES DE MARIA ANTONIETA 2ª Parte


OS DIAMANTES DE MARIA ANTONIETA
2ª Parte


Luís XVI e Maria Antonieta ficaram a par de todos os detalhes, e o desagrado de Maria Antonieta quanto ao cardeal tornou-se ódio. O rei apoiou a esposa, mandando prender o cardeal - ocupante do mais alto posto católico na França - em público, em frente de toda a corte de Versalhes.  Além do vexame da prisão, a rainha queria vingança e o cardeal foi então submetido a um julgamento pelo Parlamento de Paris.
O julgamento foi uma sensação durante meses e muita roupa suja da corte em Versalhes foi lavada em público. O resultado foi um desastre para a rainha e contaria muitos anos depois como mais uma prova contra ela, quando do seu “julgamento” pelos membros revolucionários da Convenção Nacional.
No final, os nobres que compunham o Parlamento francês inocentaram o poderoso cardeal De Rohan de qualquer insulto premeditado à rainha e, ainda pior, fizeram constar em ata que, dada à má reputação de Maria Antonieta (desde muitos anos que a rainha era vítima dos famosos libelos, o equivalente em nossos dias aos tablóides; estes circulavam livremente por Paris e cidades francesas importantes e eram lidos por representantes de várias classes sociais), ela era merecedora de que o cardeal tivesse sido levado a crer que receberia favores amorosos em troca de um colar de diamantes. Mas condenaram Madame de Lamotte à prisão e a marcaram a ferro com o V (voleur) de ladra. Porém, um tempo depois, ela consegue escapar da prisão e se refugia na Inglaterra e de lá, faz circular milhares de folhetins onde conta falsamente que era amante da rainha e que tudo não passou de um grande divertimento para Maria Antonieta, e que esta teria ficado com o colar de diamantes, o que é absolutamente falso.
Em outubro de 1793, pouco tempo antes da sua execução, Maria Antonieta deu o anel à princesa Lubomirska, uma de suas amigas mais íntimas. Com a morte da princesa anos depois, sua imensa fortuna e jóias foram divididas entre quatro filhas, três das quais casadas com membros da família aristocrata polonesa Potocki. Em 1955, o anel pode ser apreciado pelo público em Versalhes, por ocasião da exibição “Maria Antonieta, Arquiduquesa, Delfina e Rainha”. Em 1983, a casa de leilões Christie’s colocou o anel à venda.
Na década de 1950-60, muitos joalheiros e negociantes de gemas norte-americanos foram para a Europa comprar jóias antigas pertencentes a famílias que tinham perdido tudo durante a Segunda Guerra Mundial. Van Cleef, Cartier e Harry Winston estavam entre eles. Mas somente as gemas os interessavam, já que o design das jóias tinha se modernizado e ninguém mais se interessava pelos estilos antigos. As gemas, principalmente diamantes, rubis e safiras, eram retiradas das antigas peças e enviadas para serem lapidadas em novas formas.
Porém, algumas peças de joalheria compradas por Harry Wiston foram vendidas como estavam para clientes colecionadores de jóias antigas, como Marjorie Merriweather Post que, mais tarde, doou um substancial número delas para o Museu Smithsonian, situado em Washington, EUA. Dentre as jóias doadas, estava um par de brincos em diamantes pertencentes à Maria Antonieta.
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Considerações da autora:
Maria Antonieta, criada em uma corte católica e tendo uma mãe imperial - em todos os sentidos - Maria Tereza da Áustria, teve o seu casamento com o Delfim francês Luís Augusto (mais tarde Luís XVI) acordado entre França e Áustria como um movimento importante no sentido de promover um relaxamento das tensões entre os dois países, que se enfrentaram na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e por dois séculos seguintes continuaram a ser antagonistas políticos no cenário europeu.

De imediato odiada quando chegou à Corte francesa, não soube se posicionar politicamente (sua imperial mãe a queria como defensora dos interesses austríacos na França e os franceses a queriam longe da esfera do poder de então), preferindo - talvez por ser parte de sua personalidade, mas também e certamente tendo suas ações motivadas pela não consumação do seu casamento por longos sete anos (onde sofreu pressões dos dois países para que gerasse um herdeiro ao trono da França, quando na verdade só lhe cabia “metade da culpa” pelo fracasso matrimonial que sofria) e pela ausência total das amigas de infância austríacas, mandadas de volta assim que a arquiduquesa pisou pela primeira vez em solo francês - uma vida onde os vestidos, sapatos, penteados e as frivolidades da Corte francesa tinham preponderância.
Quando se tornou mãe (quatro filhos, dois mortos em tenra idade), passou a se mostrar mais amadurecida e preocupada com o que ocorria a sua volta. Infelizmente, não conseguiu reverter a imagem negativa que detinha perante a Corte e principalmente ao povo, martirizado por invernos rigorosos e conseqüentes colheitas muito fracas, mas principalmente vítima do enorme déficit criado pelo apoio financeiro francês à guerra por independência das colônias inglesas contra a Inglaterra que culminaram com o surgimento dos Estados Unidos da América do Norte.
Com um marido fraco e completamente "não-talhado" para ser rei de um país como a França, foi presa junto com sua família, primeiro nas Tulherias e depois no antigo palácio do Templo e finalmente na Conciergerie, de onde saiu aos 38 anos de idade para ter sua cabeça cortada na guilhotina.
Usada como bode expiatório pelos agentes da Revolução Francesa, contudo, teve uma conduta digna em todos os momentos em que passou presa e inclusive no seu “julgamento” (já estava condenada antes mesmo do início deste). Morreu completamente entristecida pela morte do marido (a quem não amava, mas respeitava) e, mais ainda, pelo fato de seu único filho homem sobrevivente, Delfim Luís, lhe ter sido tirado das mãos quando ainda da prisão no Templo e ter servido de peça acusatória contra a própria mãe, com acusações de incesto, coisa que jamais ocorreu e que teve um efeito devastador na rainha.

Maria Antonieta passou seus últimos dias em situação de profunda humilhação como ser humano, mas na hora de sua morte enfrentou o final da vida com coragem e serenidade, porque o que mais lhe dizia ao coração ela já havia perdido totalmente: o convívio com a sua pequena família e, principalmente, sua proximidade com os dois filhos, Maria Tereza e Delfim Luís.

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