Serra Pelada ainda vale R$ 2,31 bilhões em ouro
No antigo grande "formigueiro" há 33 toneladas de ouro
Em valores atuais, as 33 toneladas de ouro que a cooperativa e a empresa esperam extrair superam 2,31 bilhões de reais. Como a previsão de investimentos da Colossus deve girar em torno de R$ 100 milhões, o lucro pode ser gigantesco. Além do ouro, há a perspectiva de que sejam extraídos também 6,8 toneladas de platina e 10, 6 toneladas de paládio - um metal branco parecido com a platina e que tem diversas utilidades na indústria química, farmacêutica e petrolífera, além de muito usado na medicina dentária.
O projeto que liga a principal cooperativa de garimpeiros e a gigante canadense tem vida útil prevista para oito anos. A expectativa da Coomigasp é que até o final de janeiro, o ministro das Minas e Energias, Edison Lobão, conceda o alvará de lavra. “Com o alvará na mão a Serra vai ser definitivamente do garimpeiro”, comemora José Sobrinho da Silva, vice-presidente da Coomigasp.
Desde julho de 2007, a Coomigasp tem um contrato de parceria para desenvolver o empreendimento no garimpo com a Colossus. A união dos dois empreendedores gerou a empresa Serra Pelada - Companhia de Desenvolvimento Mineral, detentora dos direitos minerários. “Até abril esperamos que o projeto comece a ser implantado”, diz Sobrinho. “Até julho queremos desenvolver o ‘projeto ouro’”. A parceria entre os dois grupos prevê que 75% de toda a produção fique com a empresa canadense. Os 25% restantes ficam com os garimpeiros. Além disso, espera-se que haja empregos diretos para os garimpeiros, já que toda a extração será mecanizada. “Mais de dois mil garimpeiros serão empregados. O município vai evoluir. Vai mudar tudo por aqui”, diz.
A euforia que toma conta da diretoria da Coomigasp não encontra eco em outras associações ligadas ao garimpo. “A Coomigasp tem o nome sujo na praça. Não pode receber dinheiro, nada. Por isso, criaram uma empresa, a SPE, que vai receber e usar os recursos. Cinco pessoas são donas dessa empresa. Três são da Coomigasp e dois da Colossus. Eu não posso confiar nisso”, diz um diretor da Coomisp, a Cooperativa de Mineradores de Serra Pelada, que tem pouco mais de 4 mil associados. Sem querer revelar o nome, esse diretor diz que os números apresentados pela Coomigasp são falsos. “São pelo menos 600 toneladas de ouro ali”, diz. “Vivemos 24 anos de mentiras. Essa é mais uma delas”, rebate Sobrinho.
No escritório da Colossus em Parauapebas, a informação era de que toda a diretoria estava em recesso e fora do estado, com retorno previsto para o próximo dia 10 de janeiro.
Na vila que abriga os ex-garimpeiros de Serra Pelada, sete mil moradores tocam a vida em compasso de espera. Num local onde o Relatório de Impacto Ambiental mostrou que a água é completamente imprópria para consumo e o peixe não deve ser consumido porque pode estar contaminado com mercúrio acima do nível considerado suportável para o ser humano, os garimpeiros que perambulam de um lado a outro adotam outras atividades, mas no fundo esperam pelo dia em que poderão sentir de novo o que chamam de ‘febre de garimpeiro’. “Eu ainda tenho esperança de que vamos acabar com esses 30 anos de sofrimento”, resume o garimpeiro Raimundo Nonato de Oliveira.
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