Jade
a pedra dos deuses
Jade é um material usado desde os tempos pré-históricos, devido à sua
dureza, era apreciado para confecção de armas e instrumentos.
Na China, seu uso fazia parte da fabricação de figuras e
símbolos religiosos utilizados em cultos aos deuses. Na América
Central pré-colombiana, a jade era mais valorizada que o ouro. Na
joalheria, por volta do século XVII, descobriu-se que a jade
era perfeita para compor adornos e acessórios.
O termo jade origina-se do espanhol “piedra de ijada”, que significa
“pedra para dor do lado”. Recebeu esse nome quando os espanhóis,
exploradores da América Central, viram que os nativos usavam a pedra
para curar os rins. Os chineses se referem à jade como “yu”, que
significa “celestial” ou “imperial”, e a tem como “pedra dos deuses”.
Na China, a jade é considerado tão preciosa que há um ditado chinês que
diz: “o ouro é valioso; jade é inestimável”. Eles acreditam que ela
tenha propriedades de fortalecimento da saúde e da longevidade. Os
chineses frequentemente esculpem a jade em figuras tradicionais que
trazem ainda mais significado, tais como dragões, que são símbolos de
poder e prosperidade.
Na Nova Zelândia, a jade também tem um papel importante. Foi usada por muitos anos na confecção de armas, formões e anzóis.
Em 1863, foi descoberto, na França, que a pedra conhecida como jade é
composta de duas espécies de minerais, que foram denominados jadeíta e
nefrita. Como a distinção das duas é difícil, o termo jade continua
sendo utilizado para as duas formas.
A jadeíta é resistente e dura,
composta de silicato de sódio e alumínio, em feltro de fibras. Já a
nefrita é um silicato de cálcio, magnésio e ferro, mais resistente que a
jadeíta, formada em cristais fibrosos reticulados.
Sendo mais rara, a jadeíta é mais valiosa. A jade imperial é uma jadeíta de um verde impressionante, considerada a mais valiosa.
Tanto a jade como a nefrita tem uma textura bonita, tenacidade e cores,
que vão dos tons pastéis a tons intensos e terrosos e o verde mais
conhecido. Na joalheria é muito utilizada e apreciada.
No passado, algumas pessoas se encantaram tanto que se tornaram obcecadas por ela.
Durante os séculos, em relatos históricos, a jade aparece com uma
importante participação, pois essa obsessão inflamou guerras, como a do
Imperador Chinês Qianlong que era fanático pela gema e invadiu a antiga
Birmânia em busca de suas jazidas. A coleção de esculturas, peças e
joias da dinastia Qin, a qual faz parte o imperador, é conhecida como
uma das mais maiores e mais valiosas.
O valor da jade incentivou, também, os saques dos tesouros imperiais,
por franceses, britânicos e japoneses, além de aventureiros e bandidos.
Ela ainda cativou os ricos e famosos que passaram a colecionar peças com
a gema -, tudo isso ajudou a levar seu preço às alturas.
E todas essas histórias geraram a ideia de um livro, idealizado por dois
jornalistas - Adrian Levy e Cathy Scott-Clark, que fizeram um estudo
ambicioso para mostrar a história intrigante dessa gema valiosa.
Em
1997, a “Christie” vendeu o famoso colar de jade “Doubly Fortunate” por
quase 10 milhões de dólares e, em 2014, esse recorde foi quebrado com a
venda do colar Hutton Mdivani, com fecho de rubi da Cartier por mais de
27 milhões de dólares.
A jadeíta apresenta um característico espectro de absorção na região
da luz visível, observado através das bordas nas gemas mais opacas.
Apresenta um brilho mate nas superfícies de fratura que, quando polido,
se torna um brilho gorduroso.
A nefrita é uma variedade agregada fibrosa da série do mineral
actinolita-tremolita, por isso sua estrutura é mais forte que a da
jadeíta. A maioria delas apresenta manchas e bandas, entretanto, podem
ser encontrados exemplares com cores homogêneas.
Os principais depósitos de jadeíta são encontrados em Myanmar
(Birmânia), também é a única fonte da jadeíta imperial - falaremos mais
sobre ela mais adiante. Há, também, minas no Japão, Canadá, Guatemala,
Cazaquistão, Rússia, Turquia, Cuba e na Califórnia.
Os depósitos de nefrita são encontrados na Nova Zelândia, com muitos
exemplares verdes. E, também, na China, Birmânia, Austrália, Brasil,
Canadá, Zimbábue, Rússia, Taiwan e Alaska.
Variedades de jadeíta e nefrita
A jadeíta pura é branca. Tanto a jadeíta como a nefrita, devido à
presença de impurezas como por exemplo, ferro e manganês, podem se
apresentar em diversas cores como já citamos. As cores tendem a ser
pastéis e opacas, com exceção da jade imperial, que tem um brilho
especial e é translúcida ou semi transparente. As jadeítas com cores
uniformes são mais valorizadas. No Ocidente, verde esmeralda, espinafre e
maçã verde são consideradas particularmente valiosas. No Extremo
Oriente, por outro lado, o branco puro e o amarelo com um fundo rosa
claro, são muito apreciados.
Jade imperial
Tem uma cor verde esmeralda de translúcida a transparente. É a
variedade mais apreciada e procurada, consequentemente, a mais cara.
Essa cor vívida se dá devido à presença de cromo.É uma jadeíta
encontrada na Birmânia, em Myanmar (foto lado esquerdo).
Alguns exemplares podem apresentar pequenas inclusões negras. Em relação ao tamanho, são menores, porém perfeitas.
Jade yünan
Esse é o nome chinês dado à jadeíta, devido ao nome da província
chinesa pela qual a jade era importada da Birmânia (foto lado direito).
São jadeítas de menor qualidade quando comparadas à jade imperial.
São encontradas no norte da Birmânia em depósitos secundários como
conglomerados ou seixos rolados. Apresentam-se, também, em camadas
intercaladas com serpentina.
Jade albita
Duas variedades recebem esse nome. Uma é a mescla de jadeíta com
albita, é verde com manchas negras, vem da Birmânia. A outra é uma
cloromelanita.
Composta de kosmoklor, uma material relacionado à jadeíta, combinada
com albita, jadeíta e outros minerais. A presença de clorita, dá à ela
uma cor verde profunda, com veios e pontos verdes escuros.
Também é encontrada na Birmânia.
Jade nefrita
A nefrita é constantemente chamada somente de jade. As cores são
menos delicadas e puras que da jadeíta. Vão de verde escuro (com
presença de óxido de ferro) aos tons pastéis (ricos em magnésio). Podem
apresentar manchas, bandas ou serem homogêneas.
O tom típico da nefrita é o verde sálvia ou espinafre. O verde muito escuro aparenta ser preto.
Se as fibras da nefrita estiverem alinhadas paralelamente é possível
conseguir um efeito “chatoyance” (efeito olho de gato, brilho), que não
se consegue na jadeíta por sua composição granular.
Cor e Tingimento
A jade é, frequentemente, submetida à tratamentos. Pode ser
branqueada com ácido para remover os pigmentos ou manchas. Esse
tratamento faz com que a gema se torne mais porosa e mais propensa à
ruptura, então, geralmente é feito um preenchimento das fraturas com um
polímero, que melhora a sua aparência. Esse tratamento ou até um
tingimento pode ser verificado com um “filtro de Chelsea” (é um filtro
que foi desenvolvido para distinguir esmeraldas puras de imitações,
porém é muito usado para outras gemas). Apesar de uma grande quantidade
de jade ser tratada, não é difícil encontrar jades naturais.
Classificação
A indústria de jade chinesa utiliza um sistema de classificação para
classificá-las, de acordo com a quantidade de melhorias que recebeu.
Esse sistema é descrito em graus - de A a D:
Grau A - a jadeíta não é tingida nem preenchida, mas pode ter recebido um revestimento, é considerada estável.
Grau B - pode ter sido preenchida e branqueada mas não é tingida.
Grau C - tingida e preenchida.
Drau D - não é uma jade natural.
Lapidação e Aplicação
A jade é extremamente versátil e pode ser tanto lapidada como
esculpida, até mesmo em formas intrincadas. É esculpida em uma variedade
de figuras tradicionais chinesas, como Budas, cães, dragões, morcegos e
borboletas mas também em formas arredondadas, geométricas, enfim, ela
tem muitas possibilidades que variam de acordo com o design da peça que a
utilizará. Outras opções, esculpidas a partir de seixos e cascalhos,
são as miçangas, em forma de pérolas para anéis, broches e pingentes.
Pulseiras inteiras também são feitas de jade. A maioria das jades são
cortadas em Taiwan, China e Hong Kong.
O cabochão é uma das escolhas preferidas para jade, para os anéis, ou
em esferas ou discos, para colares. Jade é ideal para homens e
mulheres. Pode ser misturado com outras pedras preciosas, com ouro ou
prata. Sua versatilidade é tão grande que pode ser utilizada em peças
com preços acessíveis ou em peças sofisticadas e caras.
Para os homens, os itens mais populares são anéis robustos,
prendedores de gravata, abotoaduras e pingentes. Para as mulheres, a
jade pode ser usada como pingentes, colares de contas ou braceletes,
pulseiras, anéis, brincos e, até, enfeites de cabelo. No Oriente, os
pais costumam dar pulseiras de jade para as crianças.
Cuidados
A jade é um material resistente, porém, deve ser tratada com cuidado
para manter seu brilho. Pode ser lavada com água e sabão neutro, deve
ser bem enxaguada e seca com um pano macio. Produtos de limpeza e
abrasivos não devem ser utilizados. Não deve ser usada ao fazer
exercícios. E, como outras pedras preciosas, deve ser armazenada em
caixas de veludo ou cobertas por um pano macio para evitar riscos.
Mitos e lendas
No período pré-colombiano, os maias, astecas e olmecas davam à jade
importância maior que ao ouro. Os Maoris da Nova Zelândia entalhavam
armas e instrumentos de culto acreditando no poder da gema. No antigo
Egito, jade era considerada a pedra do amor, da paz interior, da
harmonia e do equilíbrio. Por volta de 3000 aC, a jade era conhecida na
China como “yu”, a “verdadeira jóia”. Além de usada em objetos e figuras
de culto, as joias de jade eram usadas pelos altos membros da família
imperial.
Hoje, a jade também é considerada como um símbolo do bem, do belo e do
encantador. Na Antiguidade e na Idade Média, as pessoas acreditavam que o
cosmos é refletido em pedras preciosas, atribuindo à jade as energias
de Júpiter e Plutão.
No esoterismo são atribuídos à ela, poderes de cura para doenças renais,
que já eram mencionados durante séculos por curandeiros e pajés.
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