domingo, 17 de janeiro de 2016

Uma junior company brasileira

Uma junior company brasileira

" A esmeralda podia ser catada no colúvio superficial (30cm) mas era proveniente de zonas cisalhadas e pegmatitos em corpo ultramáfico. "

 
Uma junior company brasileira
 A verena E OS SEUS SÓCIOS Jad Salomão Neto –
 Após deixarem a Billiton em Julho de 1985, os geólogos Jad Salomão Neto e Oscar Neto de Gouveia Carvalho, foram para Porto Nacional-TO onde tinham uma sociedade numa fazenda que compraram. Foram então escolher um nome para a fazenda. Palpite cá, palpite lá, decidiram pelo nome VERENA, que significa uma junção dos nomes de suas esposas na época: VERA e LORENA. Com 3 meses lá, sem muito jeito para fazendeiros, verificaram que a maior movimentação na região era a garimpagem de ouro em veios de quartzo gigantes na região de Monte do Carmo, um pequena cidade próximo a Porto Nacional.
 Notaram então que a BHP (Colorado) tinha cerca de 50.000ha de área requerida lá, mas o principal garimpo estava numa pequena brecha em forma de “L” entre as áreas da BHP. Não deu outra. Requereram esta área com seiscentos e poucos hectares que foi o prelúdio de tudo e que até hoje pertence a eles. Começaram então a negociar com os garimpeiros e, em pouco tempo, adquiriram uns equipamentos e começaram a garimpar. Arrumaram um parceiro nordestino, um técnico especialista em explosivos, que trouxe uns 15 nordestinos bons de lavra. Garimparam, ou sobreviveram, até Junho de 1986 quando resolveram criar uma empresa para que pudessem ter mais alternativas em termos de negociações, empréstimos, etc. Para escolher o nome da empresa não deu outra, foi VERENA MINERAÇÃO LTDA.
Em pouco tempo, negociaram, em troca de royalties, todas as áreas da BHP de Porto Nacional em favor da VERENA, assim como requereram várias outras ocorrências de ouro na região. Tinham um bom portfólio.
Em 1989 negociaram com a Rio Tinto, onde o Elpídio Reis era diretor. Apesar do grande investimento feito pela Rio Tinto na área, não foi definido nenhum depósito de porte e deixaram o projeto após um ano embora tenha sido definido um pequeno depósito de ouro, por enquanto anti-econômico, justo no veio de quartzo onde garimpavam. Também em 1989, fizeram uma Joint Venture com um empresário de Brasília, para implantar uma pequena mina a céu aberto em um outro veio de quartzo mineralizado em ouro – Projeto Torre. Foram investidos US$640.000 e implantaram uma mina de ouro com o sistema de lixiviação em pilhas.
Na época, em função do câmbio paralelo, o ouro valia no Brasil entre US$750 e 800/oz (US$27-28/grama) com uma média de US$17/g nos últimos 10 anos. A primeira produção foi em 5/Março/90 mas ainda precisava alguns ajustes. No dia 15/Março, 10 dias depois, o Fernando Collor, que tinha acabado de assumir a presidência do Brasil, anunciou “aquele” pacote. Como sabem, de um dia para o outro, o ouro passou a valer US$8-10/g e todo o capital de giro da VERENA e da empresa sócia foi confiscado. Resultado: Quebraram.
Passaram então a vender o minério como brita. Várias ruas de Porto Nacional foram asfaltadas com brita de 4,6gAu/t. Passaram por maus bocados. Em 1991, fizeram um bom negócio com a Paranapanema, que também investiu na área mas saiu em 1993 sem definir um depósito. Em 1994, já com um portfólio mais ajeitado, negociaram com a TVX do Eike Batista. Foi mais um ano de pesquisas em Porto Nacional e Natividade-TO, mas nada de depósito.
1995 foi mais um ano de aperreio. Ao final de 1995, o ex-presidente da Billiton no Canadá, Frank Guardia, que também estava sem muitas alternativas e era muito amigo do Jad, ligou e disse que gostaria de visitar os projetos da VERENA. Veio imediatamente, visitou e gostou. Fez contato com um amigo seu em Toronto no Canadá, o Stephen Roman, que por sua vez conhecia o Stephen Shefsky. Toparam na hora uma negociação e o Jad, juntamente com seu irmão Elmer Prata Salomão, foram para o Canadá em Dezembro/95.
Constituíram a VERENA MINERALS CORPORATION, com sede em Toronto e a listaram na bolsa de valores em Março de 1996, tudo com base nos projetos da VERENA MINERAÇÃO LTDA, que passou a ser uma subsidiária no Brasil. Tinham ainda a empresa Intergemas Mineração e Industrialização Ltda., constituída em 1991 na qual, além do Elmer, o Walid El Koury Daoud também era sócio. A empresa tinha o objetivo de pesquisar gemas no Brasil e na época tinha um bom portfólio para esmeraldas, alexandrita, topázio imperial etc. Com isto também se tornou uma subsidiária da VERENA.
A VERENA entrou então no mercado acionista canadense em Março de 1996, que ainda era uma época muito boa. Foram muito bem sucedidos e em um ano conseguiram levantar mais de US$7 milhões para investimentos nos projetos da empresa, cujas ações em pouco tempo já valiam mais de 3 dólares canadenses.
A maior parte dos investimentos foram feitos nos projetos de Porto Nacional embora tenham enriquecido o portfólio com áreas em Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Norte. Em 1997 entretanto, ocorreu o fato Bre-X, que foi um golpe da ordem de 6 bilhões de dólares no mercado. Concomitante a isto, o preço do ouro começou também a despencar e o mercado acionário esfriou muito, além da adoção de normas muito rígidas, principalmente para as Júnior Companies. O valor das ações despencou e começaram então os tempos de dificuldades. O Frank deixou a empresa por motivos pessoais. Começaram então a trabalhar uma área para esmeraldas no município de Monte Santo-TO. A esmeralda podia ser catada no colúvio superficial (30cm) mas era proveniente de zonas cisalhadas e pegmatitos em corpo ultramáfico.
A VERENA comprou a fazenda e as pesquisas já estavam bem adiantadas e com boas definições quando a fofoca rolou. Com isto a área foi invadida por 280 garimpeiros à base de porretes, foices, picaretas, armas e até dinamites com 1cm de estopim, e lá estavam o Jad e o Oscar no meio deles com promessas de morte. A negociação com os garimpeiros foi muito difícil mas conseguiram cercar a melhor área. Como a barra estava muito pesada, fizeram a Operação Colúvio: contrataram uma pá mecânica , 10 caminhões caçamba e 3 policiais civis com escopetas. Numa noite retiraram grande parte do colúvio mineralizado, cerca de 300m3, e levaram para a fazenda do pai do Gilsimar, um geólogo que tem uma participação na área, pois foi ele quem trouxe a oportunidade. Montaram uma pequena planta e em poucos dias produziram cerca de 35kg de esmeraldas, das quais cerca de 1,5% era de excelente qualidade e chegou a ser considerada por especialistas canadenses como sendo das melhores do mundo. A área já foi invadida umas dez vezes depois disto, principalmente porque, em função de interesses, que incluía políticos de renome no estado, conseguiram complicar a situação legal, e a Verena não pôde ainda implantar o projeto.
A VERENA passou então a trabalhar no sentido de promover joint ventures ou parcerias para os seus projetos. Conseguiram negociar um projeto para diamantes secundários em Frutal-MG com a Trans Hex, onde investiram mais de US$4,5 milhões em três anos. Também com a Rio Tinto na mesma região com pesquisa para fontes primárias de diamante e em Bonfim para ouro/tungstênio no Rio Grande do Norte, com investimentos da ordem de US$1 milhão. Com a saída da Rio Tinto, por motivos internos de mudança da diretoria e estratégia da empresa, negociaram a área de Frutal com o Charles Fipke/BHP Billiton, cujo contrato ainda é vigente mas até hoje não investiram na área a despeito do bom potencial. Em Brejinho do Nazaré, próximo a Porto, têm um projeto para ilmenita associada a anortositos, num corpo máfico-ultramáfico acamadado, com potencial para um dos maiores depósitos de titânio do mundo.
Durante todos esses anos portanto, a VERENA conseguiu, entre recursos próprios e de terceiros, investimentos da ordem de US$18 milhões em seus projetos. Embora não tenham tido o sucesso esperado que é uma mina, a empresa detém ainda bons projetos, inclusive um pequeno depósito polimetálico de Au/WO3/Bi/Mo no Projeto Bonfim-RN, onde têm cubado cerca de 105.000 onças de ouro equivalente e potencial para um depósito de médio a grande porte, para os qual estão à procura de recursos. Além disso, têm também um pequeno depósito definido de alexandrita em Goiás, o qual tem potencial para se tornar talvez o maior depósito de alexandrita do mundo. Falta capital.
Além de continuarem tentando investimentos para seus projetos, o objetivo da VERENA hoje é implantar uma pequena produção no Bonfim que possa gerar um fluxo de caixa para a empresa. Se eventualmente não conseguirem e tudo der errado, VÃO PROCURAR EMPREGO. Se não acharem emprego, pois já estão cinqüentões, VÃO GARIMPAR no Bonfim. Se garimpar não der certo, VÃO ... ??????? VÃO O QUÊ? Não tenham dúvidas, VÃO CONSTITUIR UMA NOVA JUNIOR COMPANY pois o esforço vale a pena.
O problema vai ser a razão social da empresa uma vez que vai ser difícil agregar os nomes das atuais esposas e companheiras dos seis sócios Elmer, Jad, Oscar, Walid, S. Shefsky e S. Roman.

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